Charia: código de leis islâmico, adotado por várias sociedades. O termo significa 'caminho' ou 'rota para a fonte de água' e é a estrutura legal dentro da qual os aspectos públicos e privados da vida do adepto do islamismo são regulamentados.
Fim do glossário.
Outro ponto problemático no Sudão é a região de Darfur. Localizada no oeste do país, essa província sofre com problemas como guerra, fome e secas frequentes. A luta acontece entre uma milícia (os janjawids), formada por indivíduos de tribos nômades que falam árabe, e a população não árabe. Nesse caso não há, como nas duas guerras civis, muçulmanos lutando contra não muçulmanos. A maioria da população é muçulmana, incluindo os janjawid. Trata-se de um conflito de origem política, impulsionado por interesses econômicos, como o fortalecimento das relações comerciais com outros países e a questão do petróleo.
Ruanda, Burundi e República Democrática do Congo
Hutus e tútsis, etnias que habitam principalmente Ruanda e Burundi, são protagonistas de um dos mais violentos e longos conflitos da África central. O genocídio de Ruanda, limpeza étnica promovida por hutus contra tútsis, expôs um contexto de rivalidade étnica que se acentuou com o tempo, culminando num dos maiores massacres da História. Estima-se que as guerras que envolveram hutus e tútsis provocaram, direta ou indiretamente, a morte de cerca de 5 milhões de pessoas, provavelmente o maior conflito em número de vítimas fatais desde a Segunda Guerra Mundial.
O que no início caracterizava uma guerra doméstica entre os dois países misturou-se ao conflito da República Democrática do Congo, que envolveu países próximos, como Angola, Chade, Zimbábue, Uganda e Namíbia, e que ficou conhecido como Primeira Guerra Mundial Africana (1998-2003).
LEGENDA: Compradores em mercado na cidade de Al Fashir, capital do Darfur do Norte. Foto de 2015.
FONTE: Zekeriya/Gunes/Anaddu/Getty Images
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Embora a guerra tenha terminado em 2003, os combates continuaram a acontecer. Em 2008, rebeldes tomaram a província de Kivu do Norte, desafiando o governo da República Democrática do Congo. Os combates nessa província e na província de Katanga continuavam em 2014. Em 2015, a situação no país se caracterizava pela instabilidade e pela falência do Estado.
FONTE: Adaptado de: DURAND, Marie-Françoise et al. Atlas de la mondialisation. Paris: Sciences Po, 2013. p. 91. CRÉDITOS: Banco de imagens/Arquivo da editora
Mali
Esse país se apresenta "dividido" pela natureza e por diferenças étnicas: o sul, chamado Mali Verde, banhado pelo rio Níger, onde está a capital, Bamako, tem população predominantemente negra; o norte, localizado na área do Sahel, região de transição entre a savana e o deserto do Saara, é habitado por populações árabes e pelos tuaregues, povo de origem nômade (veja a localização no mapa "Principais conflitos pelo mundo", na página 259). Há muito tempo, esses povos reivindicam a independência da região, que denominam Azawad.
A luta pela autonomia dessa região - de governo secular - é chamada "rebelião tuaregue" ou "guerra de Azawad", liderada pelo Movimento Nacional de Libertação da Azawad (MNLA).
Em 2012, um golpe derrubou o governo e lançou o país no caos.
Os grupos radicais islâmicos Ansar Dine (Defensores da Fé) e o Movimento para a Unidade e Jihad na África ocidental (Mujao), que pretendem manter o Mali unido, mas sob um governo regulamentado pela Charia, entraram em confronto com o MNLA no norte do país.
Os extremistas islâmicos destruíram grande parte das relíquias da cidade de Tombuctu, declarada Patrimônio Cultural pela Unesco. A cidade abriga mausoléus de líderes espirituais do sufismo, uma corrente do islã. Os radicais alegam que as relíquias precisam ser destruídas porque a linha mais tradicional dessa religião proíbe a adoração de ícones. Também proibiram a execução de músicas populares, tradicionais na cultura do Mali.
Glossário:
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