5. São inúmeros os exemplos que podem ser apontados sobre a maneira como o advento da agricultura modificou a forma como os seres humanos viviam e se organizavam. É possível destacar que a agricultura permitiu o abandono do modo de vida nômade, permitiu a formação de grupos humanos mais amplos e vivendo juntos num mesmo espaço, deu origem a vilas e cidades, permitiu o avanço tecnológico e o desenvolvimento de novas ferramentas, possibilitou a domesticação de animais que passaram a ser utilizados em diversas finalidades, permitiu o maior controle na produção de alimentos, bem como a criação de uma dieta mais estável baseada nos gêneros agrícolas, modificou as moradias, já que o modo de vida sedentário permitiu o desenvolvimento de técnicas mais complexas para a construção de edifícios, etc.
6. Uma das consequências do domínio da agricultura e do crescimento das comunidades humanas foi o início do processo de divisão do trabalho humano. Como algumas tarefas exigiam conhecimento mais específico ou tinham maior importância na comunidade, aqueles que a realizavam passaram a ganhar destaque na comunidade. Por isso, pode-se dizer que a divisão de tarefas provocou o início da estratificação social. Esse movimento está associado diretamente ao processo de surgimento de governantes, como os chefes tribais ou os primeiros reis, já que os grupos com mais privilégios passaram a ter autoridade e poder dentro da comunidade e puderam definir aqueles que comandariam e os que obedeceriam.
INTERPRETANDO DOCUMENTOS: MAPA E IMAGENS
(p. 34)
1. a) Essa atividade propõe uma reflexão a partir do mapa sobre o surgimento dos primeiros núcleos urbanos. Proponha aos alunos que observem atentamente o mapa antes da realização da atividade, observando todos os elementos gráficos que são utilizados para representar as informações sobre os primeiros núcleos urbanos que surgiram a partir do século X a.C. Lembre-os de que a atenta observação dessas informações é fundamental para a interpretação de mapas. Com base nisso, é possível destacar que o mapa representa uma região que engloba parte da África, do Oriente Média e da Ásia. Vale destacar que não foi apenas nessa parte do mundo que surgiram núcleos urbanos no período, mas isso também ocorreu em outras regiões, como na América.
b) O mapa traz as datas de surgimento dos diversos núcleos urbanos que se desenvolveram na região representada. Por meio da observação dessa informação, é possível destacar que nem todos os núcleos urbanos surgiram no mesmo período. Os primeiros surgiram por volta do ano 10000 a.C., enquanto os últimos surgiram por volta de 3000 a.C.
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c) As cores presentes no mapa são utilizadas para destacar as regiões onde se desenvolveram diferentes civilizações na Antiguidade, como as civilizações mesopotâmica, egípcia e hebraica. Espera-se que os alunos formulem hipóteses que tratem dessa relação, reconhecendo que as primeiras cidades não se formaram apenas no interior de uma dada sociedade ou cultura, mas que isso foi um processo que ocorreu entre diferentes povos e num espaço bastante vasto.
2. a) Espera-se que os alunos comparem os dois objetos encontrados na cidade de Jericó de modo que reflitam sobre as transformações tecnológicas e sociais provocadas a partir do domínio da agricultura. Uma forma de trabalhar essa questão, antes de realizar a análise propriamente dita dos dois artefatos, é propor a comparação das imagens dessa atividade com a imagem do Interpretando documentos da página 28. Pela comparação das imagens, já é possível formular hipóteses sobre o desenvolvimento de técnicas mais complexas de produção de artefatos de um período para o outro, já que os objetos encontrados em Jericó apresentam formas mais detalhadas e finalidades mais especializadas que o objeto produzido pelo Homo erectus. Com base nisso, os alunos poderão descrever os objetos localizados em Jericó, destacando que o primeiro tem o formato de um pente, enquanto as ferramentas que aparecem na segunda imagem têm o formato de instrumentos de costura. O fato de serem objetos especializados e com formas mais complexas justifica a ideia de que houve um desenvolvimento tecnológico no período.
b) É possível identificar que os objetos não foram produzidos com materias metálicos. Pode-se levantar a hipótese de que foram utilizados ossos, pedras ou madeira para a sua elaboração. Com base nisso, pode-se supor que a sociedade que viveu em Jericó não tinha o domínio da metalurgia no período. No entanto, essa questão só é possível de ser comprovada se agregarmos informações vindas de outras fontes.
TESTE SEU CONHECIMENTO
(p. 35)
1. A única alternativa correta é a letra A.
2. A alternativa correta é a letra E. Assim, as afirmativas I, III e IV são falsas. A afirmativa I é falsa por indicar que existem outras espécies do gênero Homo vivendo atualmente. A única espécie ainda viva desse gênero é o Homo sapiens sapiens. O erro da terceira afirmativa é apontar que a Biologia não contribuiu muito para o estudo da história e da evolução humana. Muitos dos conhecimentos que temos sobre a evolução humana durante o Paleolítico e Neolítico são decorrentes do diálogo da Biologia com a História, bem como de outros conhecimentos científicos. Já a quarta afirmativa está errada por defender que o clima e o meio ambiente não tiveram impacto na evolução humana. Esses fatores tiveram grande importância no modo como os seres humanos evoluíram ao longo do tempo.
3. A única alternativa correta é a letra D.
4. A alternativa correta é a letra B. Assim, as afirmativas II e IV são falsas. A afirmativa II é falsa por defender que a invenção do plástico fez com que os seres humanos deixassem de utilizar a cerâmica. Essa técnica de produção de objetos é ainda muito comum e importante em diferentes regiões do planeta. Já a afirmativa IV é falsa por indicar que o plástico não prejudica o meio ambiente. Ao contrário da cerâmica, que era de fácil descarte, os objetos de plástico demoram um período muito grande de tempo para se decompor, o que resulta em grande poluição do meio ambiente.
5. A única alternativa correta é a letra D.
6. A única alternativa correta é a letra C.
HORA DE REFLETIR
(p. 38)
A proposta da atividade é que os alunos reflitam sobre a divisão do trabalho em nosso mundo. É importante lembrar que o processo que teve início após o domínio da agricultura se intensificou muito ao longo da História, já que a especialização do trabalho resultou numa divisão extremamente intensa, inclusive com a fragmentação das etapas de produção dos processosmais simples. Assim, por meio do exemplo do "pãozinho", ou de outros alimentos e objetos de grande consumo, os alunos poderão lembrar que a produção está dividida em inúmeras etapas, começando com a produção agrícola, passando pela transformação dos grãos em farinha, já em moldes industriais. Em seguida, o produto é distribuído e comercializado para, finalmente, chegar às padarias, onde o pão será produzido e vendido ao consumidor. Nesse caso, o trabalho foi dividido entre trabalhadores diferentes, os quais dominam as técnicas necessárias apenas para a realização de parte do trabalho de produção de pães. O ideal é que os alunos abordem diferentes temas para produzir um painel mais rico e diverso sobre a divisão do trabalho.
Texto complementar
Apresentamos, a seguir, um trecho do artigo "História e Ciências Sociais. A longa duração", publicado pela primeira vez em 1958 na revista francesa Debates e Combates. Nesse texto, Fernand Braudel discorre sobre a importância de se pensar uma "dialética da duração" e de se estabelecer um diálogo entre as ciências humanas.
As outras Ciências Sociais são muito mal informadas a respeito da crise que nossa disciplina atravessou no decorrer desses últimos vinte ou trinta anos, e sua tendência é desconhecer, ao mesmo tempo que os trabalhos dos historiadores, um aspecto da realidade social do qual a História é boa criada, senão hábil vendedora: essa duração social, esses tempos múltiplos e
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contraditórios da vida dos homens, que não são apenas a substância do passado, mas também o estofo da vida social atual. Uma razão a mais para assinalar com vigor, no debate que se instaura entre todas as ciências do homem, a importância, a utilidade da história, ou, antes, da dialética da duração, tal como ela se desprende do mister, da observação repetida do historiador; pois nada é mais importante, a nosso ver, no centro da realidade social, do que essa oposição viva, íntima, repetida indefinidamente entre o instante e o tempo lento a escoar-se. Que se trate do passado ou da atualidade, uma consciência clara dessa pluralidade do tempo social é indispensável a uma metodologia comum das ciências do homem.
Falarei, pois, longamente da História, do tempo da História, [...] para nossos vizinhos das ciências do homem: economistas, etnógrafos, etnólogos (ou antropólogos), sociólogos, psicólogos, linguistas, demógrafos, geógrafos, até mesmo, matemáticos sociais ou estatísticos - todos vizinhos que, há longos anos, seguimos nas suas experiências e pesquisas porque nos parecia (e ainda nos parece), que, colocada a seu reboque ou ao seu contato, a História se ilumina com uma nova luz. Talvez, de nossa parte, tenhamos alguma coisa a lhes dar. Das experiências e tentativas recentes da História, depreende-se - consciente ou não, aceita ou não - uma noção cada vez mais precisa da multiplicidade do tempo e do valor excepcional do tempo longo. Essa última noção, mais que a própria história - a história de cem faces - deveria interessar às Ciências Sociais, nossas vizinhas.
BRAUDEL, Fernand. História e Ciências Sociais. A longa duração. In: Escritos sobre a História. Tradução de J. Guinburg e Tereza Cristina Silveira da Mota. São Paulo: Perspectiva, 2005. p. 43-44. (Debates: 131).
Sugestões de livros
BRAUDEL, Fernand. Escritos sobre a História. Tradução de J. Guinburg e Tereza Cristina Silveira da Mota. São Paulo: Perspectiva, 2005. (Debates: 131).
· Coletânea de ensaios do historiador francês Fernand Braudel, figura de grande relevo na consolidação da Escola dos Annales. O principal tema dos artigos é a necessidade de aproximação entre as diversas áreas do conhecimento, o que possibilitaria um aprimoramento teórico e metodológicos dos estudos historiográficos, assim como uma melhor compreensão do passado.
JOHANSON, Donald C.; EDEY, Maitland A. Lucy: os primórdios da humanidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996.
· Em 1974, cientistas descobriram, na Etiópia, um crânio que teria pertencido a um hominídeo. O fóssil, que recebeu o nome de Lucy, foi objeto de diversas pesquisas acerca da evolução da espécie humana. O livro de Johanson e Edey apresenta essas pesquisas, assim como teorias e hipóteses sobre os primórdios da humanidade.
NOVAIS, Fernando. Aproximações: ensaios de história e historiografia. São Paulo: Cosac Naify, 2005.
· O livro reúne artigos do historiador brasileiro Fernando Novais, dividindo-os entre dois campos: estudos históricos e crítica historiográfica. Ao longo dos textos, que abordam os mais variados assuntos, Novais apresenta importantes noções teóricas e metodológicas que pautam seus trabalhos.
SILVA, Alberto da Costa e. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.
· Obra do embaixador e historiador brasileiro Alberto da Costa e Silva, esse livro lança luz sobre a África pré-colonial, dando conta da grande diversidade de povos que se formaram no continente africano, com suas formas de vida e organização diferentes.
Sugestão de filme
2001: Uma odisseia no espaço (Stanley Kubrick, 1968).
· Baseado na obra de ficção científica de Arthur C. Clarke, o filme de Stanley Kubrick, um dos maiores clássicos do cinema mundial, aborda, na trilha de um misterioso monolito negro, desde os primórdios da espécie humana até as viagens espaciais, em uma odisseia acerca das possibilidades e dos riscos do conhecimento humano.
Sugestão de site
Origens da humanidade. Site em inglês do Instituto Smithsonian sobre as origens da humanidade. Disponível em: http://humanorigins.si.edu/. Acesso em: 14 jan. 2016.
CAPITULO 2
Origens do ser humano na América
Procedimentos pedagógicos
O capítulo 2, dando continuidade aos temas do capítulo anterior, vai abordar a chegada dos seres humanos à América. Este capítulo está dividido em duas partes. Na primeira delas, apresentam-se algumas teorias que se propõem a explicar o povoamento do continente americano; como se tratam de teorias, chama-se a atenção para as diferenças e controvérsias que possam existir entre elas. Na segunda, o foco recai sobre os sítios arqueológicos que se localizam em diferentes partes do atual território brasileiro, o que permite compreender melhor as origens e as culturas dos povos paleoíndios que habitaram as regiões desses sítios.
Um tema que estará presente ao longo de todo o capítulo 2 é o da Arqueologia. Essa é uma ciência que, por meio de escavações, estuda a vida e a cultura de povos antigos por meio de resquícios materiais, que podem ser objetos, monumentos, tumbas, fósseis etc. Uma boa opção para começar a trabalhar com este capítulo é sondar os estudantes acerca dos conhecimentos que eles detêm sobre a Arqueologia. Nesse sentido, nota-se um dado interessante: mesmo que as pesquisas mais difundidas desse campo de conhecimento estejam ligadas a vestígios de épocas muito antigas, a Arqueologia não
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necessariamente se dedica somente a elas. A respeito do período que se convencionou chamar de Idade Média, por exemplo, diante da pouca quantidade de documentos escritos, a Arqueologia se mostrou fundamental para ampliar as fontes e as informações.
Outra informação importante acerca da Arqueologia diz respeito aos próprios materiais que são encontrados nas escavações e como eles podem ser utilizados enquanto fontes históricas. Os objetos descobertos em escavações são vestígios do passado, ou seja, são resquícios que precisam, assim como qualquer outro documento histórico, ser pensados e interpretados. Apesar da evidente materialidade da qual esses vestígios são feitos, eles não encerram, em si mesmos, uma verdade acerca do passado. Dessa maneira, quando um arqueólogo realiza uma escavação e encontra um objeto, este pode ser qualquer coisa; cabe aos pesquisadores, portanto, realizar estudos e levantar hipóteses.
A Arqueologia, por trabalhar com diversas possibilidades ligadas à cultura material, é uma área do conhecimento que está pautada por dúvidas. Por meio dessas indagações, é possível organizar uma Atividade Alternativa com os alunos. Pode-se armar um pequeno sítio arqueológico na escola, no qual serão enterrados vestígios de objetos variados. Os estudantes, em grupos, deverão realizar escavações e, considerando as características desses objetos, levantar hipóteses sobre esses vestígios. A partir dessa atividade prática, eles poderão compreender com mais clareza o trabalho que os arqueólogos realizam, tal como se deu no caso dos vestígios encontrados no Rio de Janeiro, quando da realização de obras para o metrô - caso abordado no texto de abertura do capítulo. Essa atividade alternativa também tem boas possibilidades de ser uma Atividade de Inclusão. Esse experimento arqueológico, por se basear na cultura material, permite o contato tátil e físico com os objetos. Alunos com deficiência visual, por exemplo, podem dar importantes contribuições na análise dos objetos e no levantamento de hipóteses.
Acerca do povoamento da América, uma opção para conduzir os trabalhos em sala de aula é abordar com os alunos as discussões sobre as incertezas do conhecimento que temos do passado remoto. Nesta primeira parte do capítulo são apresentadas três teorias diferentes sobre o povoamento da América: a teoria Clóvis, a teoria defendida por Walter Neves e a teoria defendida por Niède Guidon. Cada uma delas tem uma particularidade e apresenta conclusões formuladas a partir de determinados vestígios arqueológicos, que estão ligados ao deslocamento de grupos humanos pelo continente americano. Isso, contudo, em vez de representar uma controvérsia insolúvel, demonstra a pluralidade do passado e a transitoriedade do conhecimento. Como tem sido tratado ao longo desta unidade, o conhecimento e a criatividade são forças transformadoras, e isso vale, como se pode notar, inclusive para as próprias possibilidades de conhecimento que podemos ter do passado. No final da primeira parte do capítulo, as seções Organizando as ideias e Teste seu conhecimento, ambas na página 41, são importantes ferramentas para consolidar, junto aos alunos, as ideias referentes a essas três teorias do povoamento.
Sobre a segunda parte do capítulo, quando se trata dos sítios arqueológicos espalhados pelo Brasil, uma possibilidade de trabalho é focar o tema da diversidade das culturas e dos modos de vida. Isso pode ser percebido a partir dos próprios vestígios encontrados nos sítios arqueológicos brasileiros, cada um dos quais mostra como os povos paleoíndios se relacionavam com o ambiente que os cercava, encontrando alternativas de habitação (caso dos paleoíndios do Sul e Sudeste, que moravam em grandes buracos para se proteger do frio), de instrumentos de caça (caso das boleadeiras usadas nas tradições Umbu e Humaitá) e de organização social (caso dos sofisticados grupos humanos da população sedentária do Alto Xingu e da civilização marajoara).
Além desses exemplos, também se destacam mais dois casos de criatividade e conhecimento aplicados na vida prática. O dos sambaquis ou concheiros, estruturas formadas por conchas nas quais as populações que habitavam o atual litoral brasileiro, entre 6 e 7 mil anos atrás, moravam e enterravam seus mortos - um tipo, portanto, muito peculiar de tecnologia, totalmente adaptado aos costumes de uma população que não se deslocava com frequência e que vivia dos recursos marinhos. E o caso da Terra preta, exemplo abordado em um boxe específico, na página 47, que demonstra, por meio do diálogo com a Geologia e a Química, como certos povos paleoíndios da região amazônica, de acordo com recentes pesquisas, dominavam práticas agrícolas, sendo capazes de criar, por meio de recursos naturais e do manejo do solo, áreas férteis para o cultivo de lavouras. A seção Hora de refletir, na página 52, pode ser trabalhada em paralelo ao tema da terra preta. Nessa seção, faz-se um comentário acerca das práticas agrícolas dos povos Kuikuro, que habitavam a região do Alto Xingu. O objetivo é fazer com que os alunos pensem a respeito das origens dos povos e das tradições indígenas amazônicas e que compreendam as relações que os Kuikuro estabeleciam com o meio ambiente. Abordado historicamente e dentro de uma dialética temporal, esse tema pode nos fazer questionar as práticas agrícolas predatórias da sociedade capitalista ocidental, assim como lançar uma nova perspectiva sobre as tradições e culturas indígenas ainda existentes. Tratar os assuntos nesses termos pode evidenciar que as formas de conhecimento e criatividade predominantes em nossas sociedades não são as únicas existentes nem as melhores. Esse tipo de reflexão se faz muito importante no mundo atual, onde medra a imprevisibilidade e a incerteza sobre o futuro.
Por fim, pode-se concluir o trabalho do capítulo 2 por meio de outros exemplos de criatividade e conhecimento: as pinturas rupestres da Serra da Capivara, tratadas na seção Olho vivo, nas páginas 42 e 43, e da Pedra do Ingá, esta última abordada na seção Interpretando documentos: imagens, na página 49. A fim de aprofundar o conhecimento dos alunos acerca dessas pinturas, pode-se organizar, como proposta de Atividade Alternativa, uma exposição de pinturas rupestres. Usando pesquisas na internet, os alunos, divididos em grupos, podem preparar cartazes sobre sítios arqueológicos espalhados pelo mundo ou pelo Brasil. Esses cartazes poderão ser expostos na sala
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de aula ou em outro ambiente da escola. Com isso, será possível compreender, com clareza e em termos práticos, a importância das pinturas rupestres como fontes para o estudo da História em diversos lugares do mundo e, com comparações, notar as peculiaridades de cada pintura e dos grupos sociais que as produziram.
As pinturas rupestres permitem ainda mais uma reflexão, que pode ser realizada tendo em vista a seção Fechando a unidade, na página 53. A conclusão da unidade pode partir de uma indagação: as pinturas rupestres são somente imagens funcionais, meios de registro e de comunicação, ou podem ser entendidas, também, como obras de arte, imagens portadoras de uma estética e de um sentido cultural próprios? Essa pergunta permite pensar nas dimensões que a criatividade e o conhecimento adquiriram nas sociedades humanas, pois, ao longo dos tempos, foram sendo criados inúmeros objetos com funções e utilidades distintas, tal como é o caso do fragmento de lã, os seres humanos transpuseram a dimensão funcional e criaram objetos com estética e sentido artístico bastante elaborados, como é o caso da blusa/obra de arte feita por Arthur Bispo do Rosário. Essa dimensão estética, hoje, é parte incontornável de nossa vivência e de nosso cotidiano, haja vista, por exemplo, as variações da moda, como é o caso do casaco. Um simples agasalho, portanto, por conta da criatividade e do conhecimento humanos, é tanto um artefato para se proteger do frio, que apresenta variações conforme as mudanças tecnológicas empregadas em sua produção, quanto uma criação estética e identitária. Portanto, pode-se questionar os alunos: será que o mesmo valia para as pinturas rupestres? Essa é uma questão fascinante e que pode, de maneira bastante proveitosa, ser abordada em sala de aula, tendo em vista a conclusão da Unidade 1.
ORGANIZANDO AS IDEIAS
(p. 41)
1. a) Segundo a teoria Clóvis, há cerca de 15 mil anos, grupos de caçadores-coletores teriam saído da Ásia e chegado ao Alasca pelo estreito de Bering. Isso teria ocorrido no mais recente Período Interglacial, durante a qual as águas dos oceanos baixaram, deixando descoberto o fundo do estreito. A partir do Alasca, essa população teria ocupado todo o continente entre 10 mil e 12 mil anos atrás. Professor, um globo terrestre pode ajudar ainda mais os alunos a compreender o trajeto dos primeiros habitantes para o continente que atualmente é chamado América. Nas representações cartográficas em forma de mapas, a Ásia aparece separada do continente americano; por isso, pode haver certa dificuldade na identificação do estreito de Bering pelos alunos. Se o globo terestre não for acessível, observe em detalhes a região do estreito de Bering indicada no mapa reproduzido no livro.
b) Para o arqueólogo Walter Neves (e outros cientistas também), a onda de migração que atravessou o estreito de Bering não era proveniente apenas da Ásia, mas também originária da África.
2. Os estudos de Niède Guidon contestaram as teorias que indicavam que houve apenas uma leva migratória durante o povoamento da América. Segundo suas pesquisas, grupos humanos teriam tomado diferentes caminhos para chegar ao continente americano. Além disso, suas pesquisas reforçaram a hipótese de que o povoamento da América foi anterior ao que era defendido na teoria Clóvis, com a chegada de grupos humanos já por volta de 50 mil anos atrás.
TESTE SEU CONHECIMENTO
(p. 41)
Apenas a afirmativa III está incorreta; assim, a alternativa correta é a letra E. O erro da afirmativa III é indicar que o crânio de Luzia tinha características morfológicas de traços asiáticos. Na realidade, seu crânio tinha traços africanos, por isso ele reforça a validade das teses de Walter Neves e ajuda a questionar a teoria Clóvis.
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