Dos primeiros humanos ao renascimento manual do professor gislane azevedo



Yüklə 2,51 Mb.
səhifə42/51
tarix06.09.2018
ölçüsü2,51 Mb.
#77868
1   ...   38   39   40   41   42   43   44   45   ...   51

3. Os macedônicos assimilaram a cultura grega e passaram a criar centros de irradiação cultural que promoviam a divulgação da ciência e das artes gregas nos territórios conquistados. Graças a esses centros, a religião, a cultura e os costumes gregos difundiram-se por grandes territórios, e a língua grega tornou-se o principal idioma das pessoas instruídas. Porém, esse processo não implicou a simples absorção da cultura grega nos novos territórios conquistados pelos macedônicos. Houve, também, a interação das culturas desses povos com as ideias gregas, que deu origem a novas manifestações artísticas e científicas. Essa relação entre a cultura grega e a de outros povos recebeu o nome de cultura helenística.

4. Alexandre morreu sem deixar herdeiros. Assim, com o objetivo de ocupar o lugar deixado vago pelo imperador, seus generais lançaram-se em uma sangrenta disputa pelo poder, que levou o império à fragmentação. No início do século III a.C., os territórios antes pertencentes aos domínios de Alexandre encontravam-se divididos em três grandes reinos. Esses reinos sobreviveram por mais de um século, graças aos laços de língua, ao comércio e à cultura. No entanto, as lutas internas e o aumento da pobreza os enfraqueceram pouco a pouco. Além disso, nesse período surgiu uma nova potência no Mediterrâneo: Roma. Em 148 a.C., os romanos dominaram a Macedônia e, em seguida, a Grécia.

5. O objetivo dessa atividade é fazer com que o aluno reflita criticamente sobre as relações entre força política e difusão cultural. Em primeiro lugar, pode-se lembrar que existe hoje no mundo a disseminação de valores e padrões de comportamento de uma sociedade sobre as demais. Para nós, brasileiros, o maior exemplo é o dos Estados Unidos em relação a outros países, sobretudo aqueles em que houve maior incidência da política econômica estadunidense após a Segunda Guerra Mundial, como é o caso do Brasil e de outros países de economia periférica. Em segundo lugar, é importante destacar que a disseminação de valores e padrões faz parte de uma corrente de influências que englobam vários segmentos da vida cultural, como o cinema, a música, a moda (vestuário), a alimentação etc. Isso pode ser mais bem compreendido quando se constata o volume majoritário de filmes e músicas estadunidenses nas salas de cinema, nas redes de TV e nas emissoras de rádios do país ou nos muitos estabelecimentos fast-food (cuja denominação já é, em si, altamente reveladora dessas influências) instalados nas cidades brasileiras e que condicionam hábitos alimentares de uma considerável parcela da população. Em terceiro lugar, é importante lembrar que apesar da grande disseminação de uma cultura e sua influência nas demais, esse processo não ocorre apenas passivamente. A cultura brasileira, por exemplo, também modificou a cultura estadunidense, criando novas formas de expressão cultural. Exemplo disso é a música brasileira, com movimentos como o tropicalismo, que se apropriou de elementos estéticos estadunidenses, mas os dotou de novos sentidos. Assim, fica evidente que não é possível encontrar um sentido único nesse processo. Para aprofundar a questão, é interessante organizar um debate e incentivar os alunos a expor seus argumentos e a defender seus pontos de vista.

6. As fontes históricas sobre a Grécia antiga são relativamente extensas se comparadas com outros povos da Antiguidade, como os mesopotâmicos ou os fenícios. Neste capítulo, são feitas referências a documentos literários, como a Ilíada e a Odisseia, e a ruínas arquitetônicas, como as do palácio de Creta. Além disso, há documentos pictóricos, como afrescos, vasos, esculturas, entre outros.

INTERPRETANDO DOCUMENTOS: TEXTO E IMAGEM

(p. 128)


1. a) Demóstenes caracteriza o rei Filipe II negativamente, afirmando que ele era, no início, um "anãozinho" e que se tornou um "gigante". Essas características atribuídas ao rei tinham a

332

intenção de mostrar que Filipe II era fraco e que só se tornou poderoso pela incapacidade dos próprios gregos em resistir ao seu avanço.

b) Para Demóstenes, o avanço dos macedônicos foi possível devido à maneira como o mundo grego estava organizado. Como as pólis não formavam uma aliança unida, o rei dos macedônicos pôde fazer o que quisesse contra cada uma delas. Isso permitiu o fortalecimento das forças de Filipe II, transformando-as em uma real ameaça ao mundo grego.

c) A maneira como o discurso está estruturado revela a intenção do autor de fazer tanto uma denúncia da fraqueza de Filipe II quanto um alerta para a ameaça que ele representa caso não seja detido. Demóstenes afirma que o rei dos macedônicos só se tornou poderoso pelas decisões políticas das pólis gregas, que permitiram seu avanço. Assim, o discurso tinha o objetivo de criar uma aliança entre os gregos a fim de deter o avanço de Filipe II antes que ele conseguisse dominar as pólis.



2. a) O relevo representa um combate. Podemos ver três guerreiros montados em cavalos atacando animais que parecem leões. A cena foi composta para ressaltar a bravura dos guerreiros diante do animal bastante ameaçador, que ataca com ferocidade um dos cavalos.

b) Esse adorno é um exemplo da cultura helenística por indicar a disseminação de elementos da cultura grega entre outros povos. A forma como as figuras humanas foram representadas, por exemplo, segue os padrões artísticos dos gregos. Além disso, essa obra foi pensada para homenagear uma liderança persa, reforçando a ideia do helenismo de intercâmbio cultural entre gregos e povos conquistados pelos macedônicos, até mesmo entre povos que foram historicamente adversários. Outro elemento que pode ser destacado como um exemplo da cultura helenística é a presença de leões na representação, já que esses animais não são nativos da península Balcânica. Esse aspecto ressalta que o helenismo não se deu por uma via única, mas também implicou a incorporação de elementos culturais de outros povos, além dos gregos.

c) Sim. Pode-se formular a hipótese de que essa imagem tinha o objetivo de reforçar a autoridade de Alexandre e afirmar seu caráter guerreiro e conquistador, já que ele é representado em posição de combate, enfrentando o animal selvagem com bravura e se arriscando nesse processo. Assim, ele não se limitaria a comandar suas tropas a distância, mas está diretamente envolvido nos riscos do combate.

TESTE SEU CONHECIMENTO

(p. 129)


1. C

2. B

3. A

4. A

5. As afirmativas II e III estão corretas; assim, a alternativa correta é a letra D. O erro da primeira afirmativa é indicar que os aqueus e os dórios disputaram a hegemonia da península do Peloponeso, enquanto os cretenses se desenvolviam nas ilhas do mar Mediterrâneo. Na realidade, os aqueus se tornaram hegemônicos na região após dominar as cidades cretenses. E essa hegemonia durou até as invasões dóricas, quando os aqueus foram derrotados e sua civilização entrou em colapso. Já o erro da quarta afirmativa é indicar que os aqueus eram provenientes do Egito. Eles eram um povo indo-europeu.

6. As afirmativas I e IV estão corretas; assim, a alternativa correta é a letra E. O erro da segunda afirmativa é indicar que a ágora era o espaço no qual os trabalhadores agrícolas produziam seus alimentos. Na realidade, a ágora era a praça central da pólis e o espaço dedicado às suas decisões políticas. Já o erro da terceira afirmativa é indicar que o regime democrático foi estabelecido tanto em Esparta quanto em Atenas. Isso não ocorreu em Esparta, mas apenas em Atenas.

HORA DE REFLETIR

(p. 132)


Espera-se que os alunos reflitam sobre a participação dos idosos em nossa sociedade. Para tanto, é fundamental que destaquem aspectos diversificados, como as condições para o exercício da cidadania, a participação política, a existência ou não de medidas para a integração e a acessibilidae dos idosos em espaços públicos, a existência de políticas culturais voltadas para esse grupo social, a maneira como eles estão inseridos em atividades produtivas ou econômicas, bem como aspectos relacionados à aposentadoria, aos programas de saúde, entre inúmeros outros. É importante destacar não apenas os pontos positivos, mas também os problemas que ainda precisam ser superados, especialmente no que diz respeito às políticas públicas voltadas aos idosos para a garantia de direitos e o exercício da cidadania. Para a apresentação dos cartazes, é importante que os alunos selecionem registros visuais de modo a ressaltar as informações obtidas no debate do grupo. Para ajudar na reflexão sobre o papel dos idosos na sociedade, sugerimos aos alunos que consultem o site da Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal. Lá é possível encontrar uma seção com dados estatísticos e outras informações sobre os idosos no Brasil. (Disponível em: www.sdh.gov.br/assuntos/pessoa-idosa. Acesso em: 13 abr. 2016).

Texto complementar

A seguir, reproduzimos um trecho do livro O julgamento de Sócrates, do jornalista Isidor F. Stone (1907-1989), no qual o autor, com base nas ideias de Aristóteles, apresenta as principais características da pólis grega.



Para os gregos antigos, pólis era mais do que o termo "cidade" representa para nós, que vivemos em Estados nacionais modernos. Não significava apenas meio urbano, em oposição ao meio rural. A pólis era

333

um Estado integralmente independente e soberano, no sentido moderno desses termos. A pólis formulava as leis que vigoravam dentro de suas fronteiras, e fazia a guerra ou a paz com outras entidades fora de suas fronteiras como bem entendia.

Mas quando afirmou, no início de sua Política, que o homem era um "animal político", Aristóteles não se referia às manifestações externas da pólis enquanto entidade soberana, mas às relações internas que viabilizavam a existência interna da cidade. O que Aristóteles estava dizendo é que apenas o homem possuía as qualidades que tornavam possível a existência em comunidade, e para ele, como para a maioria dos gregos, a forma mais elevada de koinonia - literalmente, "comunidade" - era a pólis. Segundo Aristóteles, ela era possível porque só o homem, dentre todos os animais, possuía logos. O logos era mais do que a capacidade de falar. O termo denotava também a razão e a moralidade. [...]

Para os gregos, a pólis tinha uma característica especial que a distinguia das outras formas de comunidade humana. Era, segundo Aristóteles, "uma associação de homens livres", ao contrário de outras formas mais antigas de associação, como a família, governada pelo patriarca, ou a monarquia, ou a relação entre senhor e escravo. A pólis se autogovernava. Os governados eram os governantes. Nas palavras de Aristóteles, o cidadão "alternadamente governa e é governado". Tanto nas oligarquias, em que a cidadania era restrita, quanto nas democracias como Atenas, em que todos os homens nascidos livres eram cidadãos, os principais cargos públicos eram preenchidos por eleição, mas muitos outros eram ocupados por sorteio, para que todos os cidadãos tivessem as mesmas oportunidades de vir a participar do governo. Todo cidadão tinha direito de votar e de falar na assembleia na qual as leis eram elaboradas, e de participar dos tribunais que aplicavam e interpretavam essas leis. Eram essas as características básicas da política grega - ou seja, a administração das cidades gregas - muito antes do quarto século antes de Cristo, época em que Aristóteles as analisou.

STONE, Isidor F. O julgamento de Sócrates. Tradução de Paul Henriques Britto. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 29-30.



Sugestões de livros

BULFINCH, Thomas. O livro de ouro da mitologia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2012.

· Este livro apresenta as histórias dos deuses e heróis da mitologia greco-romana, o que permite compreender melhor a dimensão religiosa da sociedade grega antiga, assim como sua visão de mundo.

CANFORA, Luciano. O mundo de Atenas. Tradução de Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

· O livro de Luciano Canfora, filólogo, filósofo e historiador italiano, trata especificamente da cidade-Estado de Atenas e, através de uma pesquisa feita sobre documentos primários, visa desconstruir os mitos e as interpretações que se cristalizaram acerca dessa pólis.

FINLEY, Moses I. Os gregos antigos. Tradução de Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 2002.

· Obra de autoria de um dos mais famosos helenistas do mundo, o livro de Moses I. Finley realiza, através de uma divisão temática, um vasto panorama da civilização grega antiga.

FINLEY, Moses I. Democracia antiga e moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1988.

· Nesta obra, o autor se dedica a trabalhar o conceito de "democracia", estabelecendo proximidades e distinções entre as concepções antiga e moderna.

MOSSÉ, Claude. A Grécia arcaica de Homero a Ésquilo. Tradução de Emanuel Lourenço Godinho. Lisboa: Edições 70, 1989.

· O historiador francês Claude Mossé aborda neste livro um período específico da história da Grécia antiga, aquele que se convencionou chamar de "arcaico". O enfoque do autor, apesar de bastante variado, se orienta, sobretudo, pela produção literária da época.

STONE, Isidor F. O julgamento de Sócrates. Tradução de Paul Henriques Britto. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

· I. F. Stone, renomado jornalista estadunidense e estudioso da Antiguidade greco-romana, enfoca neste livro o tema da liberdade de pensamento por meio do julgamento de Sócrates, filósofo que, acusado de corromper a juventude ateniense com suas ideias, foi obrigado a tomar cicuta como pena de morte.

VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. Tradução de Rosa Freire d'Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

· Esta obra do helenista Jean-Pierre Vernant funciona como um guia de introdução à mitologia grega, reunindo histórias e mostrando como os mitos, com suas tragédias e dramas, podem se renovar constantemente nas relações que estabelecemos com o mundo que nos cerca.

VIDAL-NAQUET, Pierre. Os gregos, os historiadores, a democracia: o grande desvio. Tradução de Jônatas Batista Neto. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

· Obra de um dos maiores especialistas em história da Grécia antiga, o livro de Pierre Vidal-Naquet mostra como a concepção grega de democracia foi interpretada ao longo dos tempos de acordo com as exigências de cada momento histórico.

. O mundo de Homero. Tradução de Jônatas Batista Neto. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

· Neste livro, Pierre Vidal-Naquet trabalha com os poemas épicos Ilíada e Odisseia e com o tema identidade de Homero, estabelecendo relações com os principais pontos da história da Grécia antiga.

Sugestão de filme

Um filme falado (Manoel de Oliveira, 2002).

· O filme conta a história de uma professora universitária de História que embarca com a filha em um cruzeiro. O navio parte de Lisboa com destino a Bombaim, na Índia. Ao longo da viagem, o navio atraca em



334

alguns dos principais portos do mar Mediterrâneo, como Marselha, Pompeia e Atenas, lugares marcados pela cultura greco-romana clássica.



Sugestões de sites

Civilização grega. Disponível em: www.the-mapas-history.com/demos/tome09/1-ancient_greece_demo.php. Acesso em: 30 mar. 2016.

· Animação (em inglês) sobre a evolução da civilização grega.



Museu da Acrópole de Atenas. Disponível em: www.theacropolismuseum.gr/en. Acesso em: 30 mar. 2016.

· Site oficial (em inglês) do Museu da Acrópole de Atenas. Apresenta diversas imagens e informações sobre vestígios arqueológicos relacionados ao templo ateniense.



Museu Arqueológico Nacional de Atenas. Disponível em: www.namuseum.gr. Acesso em: 30 mar. 2016.

· Site oficial (em inglês) do Museu Arqueológico Nacional de Atenas. Apresenta um bom conjunto de imagens e de informações detalhadas, divididas por períodos, sobre vestígios arqueológicos da Grécia antiga.



Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga (Labeca). Disponível em: http://labeca.mae.usp.br/. Acesso em: 30 mar. 2016.

· Site oficial do Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga e vinculado ao Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo. Nesse site é possível encontrar diversas informações sobre os projetos realizados pelo laboratório, como textos, vídeos, glossário, bibliografia, etc., relacionados à história da Grécia antiga.

CAPITULO 7

Os primeiros séculos de Roma

Procedimentos pedagógicos

O capítulo 7, que trata dos primeiros séculos de Roma, trabalha desde as origens mitológicas da cidade até o estabelecimento do império, no final do século I a.C. O capítulo está dividido em seis partes. A primeira delas aborda a formação e a organização da sociedade romana; a segunda, o estabelecimento da monarquia e de suas instituições; a terceira, o período republicano; a quarta, a cultura greco-romana; a quinta, o lento declínio da república; e a sexta, por fim, a tomada do poder pelos militares romanos, que resultaria no estabelecimento do império. Apesar dessa variedade de assuntos, há um tema que vai nortear e estar presente em boa parte das discussões do capítulo, trata-se da luta por direitos e participação política na Roma antiga. A partir dessa orientação, é possível abordar tópicos importantes da história romana e, ao mesmo tempo, conectá-los com o eixo conceitual da Unidade 3, direito e democracia.

O capítulo começa com um breve comentário sobre o mito de Rômulo e Remo. Essa narrativa mitológica apresenta características muito interessantes de serem abordadas em sala de aula. O mito de fundação, evidentemente, é sempre criado a posteriori e apresenta uma narrativa exemplar da criação de uma cidade ou um país. Nesse sentido, é possível imaginar o alcance que ele pode ter junto à população, tornando-se uma história conhecida de todos e um efetivo elemento de identidade. Contudo, os mitos também podem estar na origem de exclusões e violências contra aqueles que não participam dessa comunhão imaginária; contra aqueles, portanto, que são estranhos a essa coletividade. Acerca do caso de Rômulo e Remo, é fundamental perceber que a narrativa mitológica mostrava a ideia de que todo romano deveria defender sua cidade, nem que fosse contra seus próprios irmãos. Por meio de uma narrativa simples, difundia-se a ideia de que, para usufruir os direitos de ser um romano, era preciso estar disposto a cometer sacrifícios. O próprio mito, dessa forma, convertia-se em um elemento de cidadania. Um exemplo que pode ser citado sobre o tema se refere à organização social romana, na qual grupos de patrícios se apresentaram como descendentes de Rômulo e herdeiros do fundador para justificar seus privilégios.

Sobre a relação entre os mitos e a História, pode ser interessante organizar, com os alunos, uma Atividade Alternativa. Os estudantes, possivelmente, devem conhecer outros mitos, como histórias ligadas ao folclore brasileiro, aos deuses greco-romanos, às tradições afro-brasileiras ou indígenas, à fundação de alguma cidade ou país, entre outros temas. Para aprofundar o assunto, os alunos podem fazer uma pesquisa sobre algum desses mitos e, em seguida, redigir um pequeno resumo sobre ele. Depois, pode ser agendado um dia especial, no qual cada um deverá apresentar e narrar o mito que selecionou, indicando qual foi o entendimento que teve dele e se existe alguma ideia ou mensagem que perpassa a narrativa. Além disso, é importante, assim como no caso da estátua da loba romana, que os estudantes também procurem por representações de seus personagens mitológicos: podem ser desenhos, pinturas ou esculturas. No dia das apresentações, pode ser montada uma pequena exposição com essas imagens.

Ainda acerca das questões mitológicas, vale lembrar que a seção Interpretando documentos: texto, na página 141, analisa outro mito fundador de Roma, o poema épico Eneida, de Virgílio (70 a.C.-19 a.C.). Nesse poema, a origem de Roma é ligada à saga do herói troiano Eneias, que teria fugido de sua terra natal com o objetivo de fundar uma nova pátria. Percebe-se, nesse caso, como o funcionamento do mito visa conectar Roma a uma tradição cultural ampla, a um passado glorioso e respeitado, que remonta aos gregos. Sobre esse assunto, na quarta parte deste capítulo, trabalha-se com mais profundidade a cultura greco-romana, da qual fazia parte a "Eneida". É importante ressaltar aqui que, ao mesmo tempo que se valorizavam a cultura e a religião gregas, os setores romanos mais tradicionais olhavam essa helenização com desconfiança, interpretando-a como uma deturpação das virtudes típicas de Roma.

Após esses comentários iniciais, é fundamental retomar, ao se tratar do capítulo 7, alguns assuntos que já foram abordados em outras unidades. A exemplo da



335

Grécia, Roma também foi criada a partir do encontro e da miscigenação de diferentes povos (sabinos, úmbrios, équos, oscos, volscos, samnitas e latinos). A formação da cidade se deu por volta do século VII a.C., quando os etruscos invadiram a região do Lácio, impuseram seus costumes e unificaram todos os vilarejos em torno de uma única cidade, que viria a ser Roma.

Como já foi comentado no capítulo 5, os etruscos eram conhecidos por produzirem objetos de marfim e metal (ouro, bronze, prata e ferro), que comercializavam na região do mar Mediterrâneo. Eram também exímios engenheiros e urbanistas. Construíram túmulos suntuosos para seus mortos e introduziram, na península Itálica, o artifício arquitetônico dos arcos de volta perfeita.

Estabelecer essa retomada dos conteúdos é um movimento pedagógico fundamental, para dar continuidade e circularidade aos assuntos abordados em sala de aula. A História, apesar de extremamente diversa, não surge aos olhos dos alunos como uma série de fatos fragmentados e desconexos. No caso dos etruscos, por exemplo, os dados que apareceram anteriormente têm seu sentido ampliado neste momento. Lembre-se de que, com a unificação de Roma, houve uma fusão entre os alfabetos etrusco e grego, o que está na origem do alfabeto latino. Esse é um assunto que também já foi trabalhado no capítulo 5, quando se estudaram os fenícios. E, ao longo da Unidade 2, foi constantemente reafirmado que as obras de estrutura feitas nas cidades antigas e a criação de mecanismos culturais padronizados, a exemplo do alfabeto, são elementos de grande importância para o estabelecimento de poderes centralizados e organizações sociais complexas. E esse será o caso de Roma.

Ao longo das aulas, pode-se sempre ressaltar como a história dos primeiros séculos de Roma foi marcada pela luta interna por direitos políticos e sociais. A tensão era candente, sobretudo, entre patrícios e plebeus. Nesse sentido, lembre-se de que a República Romana - tema da terceira parte do capítulo - foi fundada no final do século VI a.C., quando os etruscos foram expulsos do Lácio, em uma ação coordenada pelos patrícios, mas que contou com o fundamental apoio da plebe. No que se refere aos plebeus, portanto, criou-se uma grande desproporção entre deveres e direitos. A frustração deles se fazia sentir, por exemplo, no que se refere à escravidão por dívidas e ao serviço militar. Sobre o serviço militar, é importante ressaltar que ele era uma condição da grandeza de Roma. Afinal, mesmo que parte significativa da expansão romana se devesse à diplomacia, que agia por meio de tratados e acordos, e à expansão da cidadania aos povos conquistados, a parte mais evidente das conquistas se dava por meio de guerras. Dessa forma, o censo militar, que ocorria a cada cinco anos, era um mecanismo fundamental para o governo romano. A seção Olho vivo, na página 138, apresenta um relevo do século II a.C. que representa um desses censos. Nessa imagem, fica perceptível a complexidade do evento, que envolvia uma forte dimensão religiosa. Outro aspecto que fica perceptível é a desigualdade presente no serviço militar, haja vista que os mais ricos ficavam com os postos na cavalaria e os demais eram encaminhados à infantaria. Percebe-se, assim, como os plebeus que lutavam pela expansão romana o faziam sem seus direitos assegurados e dentro de uma lógica de patente desigualdade (ver Texto complementar).

Professor, levando em conta a idade de seus alunos e sabendo que em breve eles atingirão a faixa etária do serviço militar, pode ser interessante realizar, nesse momento, uma Atividade Alternativa. Sempre pensando na relação entre temporalidades diversas, pode-se realizar um debate em sala de aula acerca do serviço militar no Brasil e, no caso dos rapazes, da sua obrigatoriedade. Qual é a opinião dos alunos sobre esse assunto? Hoje, as diferenças sociais ainda pesam no momento do serviço militar? Há pertinência na obrigatoriedade? Alguém pensa em servir o Exército de maneira voluntária? Alguma das meninas tem interesse nesse tipo de atividade? Ao final da atividade, é importante organizar as informações do debate em gráficos ou tabelas, indicando quantos alunos são a favor do serviço militar, quantos querem participar, quantos têm membros da família que já serviram o Exército, entre outros índices.

No que se refere às lutas por direitos na Roma antiga, é preciso ressaltar como a situação de desigualdade que vigorava na República Romana resultou em revoltas plebeias, sobretudo com o grande enriquecimento dos patrícios por causa da expansão das fronteiras. As revoltas plebeias foram contornadas por meio de reformas legais, sobretudo com a criação do Tribunato da Plebe, em 493 a.C., o que permitiu aos plebeus fazer frente ao Senado e aos magistrados. Os plebeus também conseguiram acabar com a escravidão por dívidas, derrubar as barreiras que proibiam o casamento entre plebeus e patrícios e a aprovação de um código de leis, chamado Lei das Doze Tábuas (sobre o qual há um boxe na página 139). Posteriormente, já no século IV a.C., conquistaram o acesso às magistraturas, o ingresso de representantes no Senado e a possibilidade de transformar em leis as resoluções tomadas em forma de plebiscito. Essa breve narrativa das conquistas plebeias revela dois fatores. Primeiro, como a luta por direitos é sempre um processo, marcado por avanços e recuos, por vitórias e derrotas. Segundo, a importância dos textos legais, pois são eles que, ao menos em termos oficias, tornam a paulatina conquista dos direitos concreta. Isso permite retomar o exemplo da Constituição, abordado no Procedimento pedagógico anterior, na abertura da Unidade 3. Se um código legal é desrespeitado na prática cotidiana, isso não significa que ele seja ilegítimo; como temos visto, as leis escritas são resultados de processos de luta e, de fato, podem servir de base para novas conquistas.

Em razão dos direitos conquistados, em meados do século II a.C., alguns plebeus se consolidaram como uma nova classe, a nobreza. A fim de aliviar o crescente clima de tensão nas cidades, os nobres promoveram a conhecida política do pão e circo, que se baseava em espetáculos esportivos e festivos e na distribuição de esmolas e alimentos aos plebeus mais pobres. Sobre esse tema, é importante ressaltar que a dimensão que os esportes, as festas populares, os meios de comunicação e a política assistencialista têm no mundo atual



Yüklə 2,51 Mb.

Dostları ilə paylaş:
1   ...   38   39   40   41   42   43   44   45   ...   51




Verilənlər bazası müəlliflik hüququ ilə müdafiə olunur ©muhaz.org 2024
rəhbərliyinə müraciət

gir | qeydiyyatdan keç
    Ana səhifə


yükləyin