Dos primeiros humanos ao renascimento manual do professor gislane azevedo



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Sugestões de livros

CORASSIN, Maria Luiza. A reforma agrária na Roma antiga. São Paulo: Brasiliense, 1988.

· O livro de Maria Luiza Corassin se dedica ao tema da reforma agrária, abordando os projetos, os debates e os conflitos que emergiram dessas tentativas de reforma.

CORASSIN, Maria Luiza. Sociedade e política na Roma antiga. São Paulo: Atual, 2004.

· O livro traça um panorama da sociedade e da política romanas, tratando de suas instituições, grupos sociais e práticas, desde a monarquia até o império.

FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2002.

· O livro de Pedro Paulo Funari, com base em um enfoque bastante didático, tenta esclarecer os motivos pelos quais ainda é fundamental continuar a estudar as sociedades gregas e romanas da Antiguidade, mostrando como essas culturas atravessam séculos e problematizam o presente.

VEYNE, Paul. O Império Greco-romano. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

· Neste livro, Paul Veyne defende a tese de que se deveria estudar gregos e romanos antigos como constituintes de um mesmo império. O historiador mostra como a divisão entre eles se deu por conta da universidade francesa, que criou uma cátedra para cada assunto.

VEYNE, Paul. Pão e circo. Tradução de Lineimar Pereira Martins. São Paulo: Editora Unesp, 2015.

· A obra de Paul Veyne faz uma análise minuciosa da prática conhecida como "pão e circo". Desconstruindo a visão estereotipada sobre o assunto, o autor contextualiza historicamente essa prática, indicando que ela poderia ter sentidos que iam muito além da simples manipulação da massa.

Sugestões de filmes

Cleópatra (Joseph L. Mankiewicz, 1963).

· Uma das mais grandiosas produções já feitas pelo cinema estadunidense, o filme narra as estratégicas relações de Cleópatra com Júlio César e, depois, Marco Antônio.



Júlio César (Stuart Burge, 1970).

· Filme que trata da vida e do drama de Júlio César, dando ênfase, sobretudo, à traição que o levou à morte.



Sugestões de sites

Roma. Disponível em: www.the-map-as-history.com/demos/tome12/12_03_founding_of_rome_downfall_empire.php. Acesso em: 31 mar. 2016.

· Animação em inglês sobre as origens, o auge e a desagregação do Império Romano do Ocidente.



Laboratório de Arqueologia Romana Provincial (Larp). Disponível em: www.larp.mae.usp.br/. Acesso em: 31 mar. 2016.

· Site do Laboratório de Arqueologia Romana Provincial dedicado ao estudo dos vestígios encontrados nas antigas regiões de dominação romana, dentro e fora da esfera do mar Mediterrâneo. O Larp é vinculado ao Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo. Nesse site é possível encontrar diversos recursos sobre Roma antiga, como publicações, imagens, dados de pesquisas, interativdade 3D, bibliografia, etc.

CAPITULO 8

Império Romano e Império Bizantino



Procedimentos pedagógicos

O capítulo 8, que trata dos Impérios Romano e Bizantino, está dividido em quatro partes. A primeira



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delas aborda os tempos iniciais do Império Romano; a segunda, as invasões e a divisão do império; a terceira, o Império Bizantino; a quarta, por fim, o declínio do Império Bizantino e a tomada de Constantinopla. Apesar da variedade de assuntos, alguns aspectos vão estar presentes em boa parte das discussões deste capítulo, como a migração, a diversidade e a intolerância. Esses temas, todos relacionados entre si, serão fundamentais , por meio da problematização histórica, para aproximar os assuntos do capítulo dos debates do tempo presente. Com isso, é possível dar um fechamento ao eixo conceitual da Unidade 3, direito e democracia.

No início do capítulo 8, propõe-se uma reflexão acerca do atual fluxo de migração para o continente europeu, originário principalmente do Oriente Médio e do norte da África. A pobreza e os violentos conflitos políticos e religiosos são alguns fatores que forçam muitas pessoas a abandonar seu país natal e seguirem rumo ao estrangeiro em busca de melhores condições de vida. Atualmente, com a guerra civil síria e o avanço de grupos radicais islâmicos, cresce drasticamente o número de imigrantes que tentam ser acolhidos em outros lugares, principalmente na Europa. As difundidas cenas de desespero e violência, como as embarcações superlotadas no mar Mediterrâneo e o fechamento de fronteiras no leste europeu, chocam cada dia mais o mundo. Na mesma proporção, crescem os casos de xenofobia e de preconceito contra os imigrantes. As dúvidas e os dilemas que surgem dessa trágica situação são prementes: o que fazer para ajudar esses e outros imigrantes e refugiados? Como garantir a eles uma vida digna e o direito de ir e vir?

Sobre esse assunto, na página 160, há uma atividade intitulada De olho no mundo, na qual se pede aos alunos que realizem um trabalho acerca das migrações contemporâneas, abarcando-as em sua ampla variedade (motivos, origens e destinos).

Percebe-se, assim, como é absolutamente fundamental tratar desses assuntos dentro de uma problemática histórica. Os Impérios Romano e Bizantino, inseridos no eixo conceitual da Unidade 3, permitem essa reflexão, mas desde que isso seja feito levando-se em conta a dialética de temporalidades e evitando aproximações arbitrárias entre realidades distintas. Dessa forma, sobre a primeira parte do capítulo 8, pode ser interessante dar destaque ao tema intolerância religiosa que se fez sentir no começo do Império Romano, sobretudo contra os cristãos.

Otávio, além de ter sido aclamado imperador pelo exército, em 27 a.C., recebeu do Senado os títulos de Augusto e Sumo Pontífice, o que deixa claro como, mais do que um cargo político, o posto imperial trazia consigo uma importância religiosa, dado que o imperador era venerado como um deus. A religião no Império Romano, portanto, tinha certa dimensão oficial, o que tornava suspeitas quaisquer manifestações e doutrinas que surgissem de maneira autônoma. Contudo, desde o fim do período republicano, ganhavam espaço entre a população ideias religiosas que defendiam o aperfeiçoamento interior e a vida após a morte. A mais importante delas foi o cristianismo. Essa nova doutrina entrou em desacordo tanto com os sacerdotes judeus, que não reconheciam Jesus como o Messias enviado por Deus, quanto com as autoridades romanas, que só reconheciam o imperador como possuidor de um caráter divino. O cristianismo, contudo, se espalhou por diversas regiões do mundo, sendo muito influente no ocidente - haja em vista, por exemplo, nossa própria maneira de medir o tempo, que se divide antes e depois do nascimento de Cristo. É importante ressaltar que esse momento inicial de perseguição ao cristianismo aconteceu em um período da vida política romana marcado pela violência, quando eram frequentes as perseguições, conspirações e assassinatos.

Na página 155, junto ao boxe Difusão do cristianismo, há uma atividade, intitulada Sua opinião, que atualiza o tema da intolerância religiosa. Nessa tarefa, fala-se das perseguições religiosas que acontecem no Brasil, mesmo que a Constituição assegure a liberdade de culto. A atividade Hora de refletir, na página 170, também aborda a intolerância religiosa no Brasil e no mundo, ressaltando os perigos que esse tipo de ação representa para a democracia no mundo atual. Ainda sobre esse tema, pode ser interessante organizar uma Atividade Alternativa. No Brasil, para combater atitudes discriminatórias, foi criado, em 27 de dezembro de 2007, por meio da Lei 11 635, o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, que se celebra todos os anos no dia 21 de janeiro. Os alunos, divididos em grupos, podem realizar pesquisas para investigar qual o motivo da escolha do dia 21 de janeiro para essa celebração. Nesse dia, em 2000, faleceu a Iyalorixá Gildásia dos Santos e Santos, conhecida como Mãe Gilda, que fora, no ano anterior, vítima de graves agressões físicas e verbais por causa de sua religião. Depois, podem escrever uma dissertação que comente as seguintes questões: a) Por que é importante o estabelecimento de datas especiais, como o Dia Nacional do Combate à Intolerância Religiosa? b) Por que são criados mecanismos legais contra a discriminação religiosa, como a Lei 11635? c) Os mecanismos legais, por si sós, podem acabar com a intolerância religiosa?Com essa atividade, os alunos poderão pensar sobre a importância da criação de dias de consciência e de leis de combate aos preconceitos. Como afirmamos anteriormente, se não bastam as leis e as datas comemorativas para acabar com as práticas discriminatórias, isso não significa que elas sejam desimportantes, posto que representam uma iniciativa importante do poder público, com dimensões práticas e simbólicas fundamentais na vida das pessoas.

Antes de tratar da segunda parte do capítulo, é importante fazer algumas breves considerações sobre as concepções que se criaram acerca da crise do Império Romano. Como uma grande potência territorial e militar pôde ruir e se fragmentar, lançando a história ocidental nos tempos da "Idade Média"? É importante ter consciência de que existe, por trás desse tipo de reflexão, um debate historiográfico que tem suas origens no Renascimento e que atravessou séculos, ganhando contornos nacionalistas na Europa do século XIX, quando se buscavam tradições histórico-culturais para embasar os Estados nacionais que se afirmavam. Aquilo que se pensa como a passagem da Antiguidade clássica para a época medieval talvez seja um dos



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momentos mais fundamentais para se entender a maneira como pensamos a História. Na seção Você sabia?, na página 159, fica claro como a noção de "Idade Média" é uma convenção historiográfica criada com nítidas intenções políticas e culturais e que, hoje, é utilizada como um recurso didático, e não como uma definitiva divisão temporal (ver Texto complementar 1).

Nesse sentido, é sempre importante matizar a famosa ideia das invasões bárbaras, termo que se tornou um efetivo chavão para se pensar o declínio de Roma. Esse tipo de formulação dá conta apenas de uma parte da História (sobretudo no que se refere ao substantivo invasão), e não de toda a crise do Império Romano. No final do século II, a pax romana dava claros indícios de que não duraria para sempre; algumas fronteiras do império começaram a ser transpostas por povos vindos do norte da Europa e da Ásia, a quem os romanos chamavam, depreciativamente, de bárbaros. Note-se que a prática de desqualificar estrangeiros como bárbaros não foi criada pelos romanos; o termo já era utilizado pelos gregos para designar pessoas que não falavam seu idioma e que, portanto, seriam incompreensíveis e incapazes de partilhar de seus padrões culturais. Na seção Interpretando documentos: imagem, na página 161, trabalha-se com um detalhe da Coluna de Trajano, do século II, na qual se representa o imperador Trajano recebendo cabeças de guerreiros drácios, povo considerado bárbaro. Trata-se de uma imagem que revela claramente como os romanos se julgavam superiores em relação aos "bárbaros" e que nos faz pensar a respeito da linguagem que empregamos ao pensar a História.

A concepção de "invasões bárbaras", portanto, revela-se equivocada na medida em que faz uso de um adjetivo carregado de sentido depreciativo. Além disso, ela encobre séculos de História e uma grande variedade de povos - no boxe Invasões ao Império Romano, na página 160, apresenta-se essa diversidade de povos que adentraram no território imperial romano.

Por fim, a terceira parte do capítulo 8, que trata do Império Bizantino. No plano externo, o imperador Justiniano, que assumiu o posto em 527, foi responsável, após fortificar as fronteiras e fortalecer o exército, por expandir as fronteiras bizantinas, avançando sobre o norte da África e a península Itálica. Em 550, chegou a conquistar parte da península Ibérica. No plano interno, seu governo se dedicou a restaurar valores do antigo Império Romano; sua principal medida foi sistematizar, em um código, os preceitos legais do direito romano. Em 529, o Código Justiniano tornou-se público, e, em 533, foi divulgado outro conjunto de leis, o Digesto. Além disso, durante o governo de Justiniano foram reestruturadas escolas de Direito e produzidos manuais sobre a legislação bizantina. Ainda nos dias de hoje, o direito europeu e o fundamento de muitas leis ocidentais estão baseados no legado jurídico do Império Bizantino (ver Texto complementar 2 ao final das orientações desse capítulo).

Essa questão dos direitos legais abre um precedente para trabalhar com o fechamento da Unidade 3. Na seção Fechando a Unidade, na página 171, são apresentados dois documentos: o trecho de um relatório feito pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) (Documento 1) e uma charge feita pelo cartunista Carlos Amorim (Documento 2). Ambos tratam de um tema comum: a importância da internet na política atual, sobretudo na mobilização de grupos sociais. No relatório do PNUD, aponta-se como a internet potencializou o debate sobre a tomada de decisões em questões globais cruciais. Há, assim, uma hiperconectividade de grupos diversificados e a rápida troca de informações, que contribuem para o surgimento de novas formas de solidariedade em escala internacional. As redes sociais, ao possibilitar novas formas de mobilização, que escapam do controle estatal e das estruturas partidárias, foram fundamentais, por exemplo, para os movimentos que ficaram conhecidos como "Primavera Árabe". Na charge, mostra-se como essas redes sociais se transformam em efetivos instrumentos de luta contra a repressão, ampliando a capacidade de arregimentação e de denúncia. Se isso tem um lado positivo, tal como expresso nos dois documentos, é importante ressaltar, também, que existe um lado negativo. A mobilização pela internet se faz de maneira diluída, podendo ser excessiva e anônima. Com isso, podem diminuir a capacidade de triagem e interpretação de informações, assim como desvirtuar-se o comprometimento público e a responsabilidade de quem se envolve nas lutas sociais e políticas. Nesse sentido, em vez de se estruturar uma mobilização construtiva e democrática, ocorre exatamente o contrário. Os inúmeros casos de racismo nas redes sociais, que ocorrem com frequência no Brasil, são um exemplo disso. Ficam evidentes, portanto, as potencialidades e os riscos que a internet representa no mundo atual.



SUA OPINIÃO

(p. 155)


Nesta atividade, espera-se que os alunos reflitam coletivamente sobre os limites da tolerância religiosa no mundo contemporâneo e, especialmente, no Brasil. O direito legal à diversidade religiosa é algo bastante recente na história do país. Até o fim do império, a Igreja católica e o Estado estavam juridicamente ligados e a prática das demais religiões era proibida no espaço público, sendo somente permitido seu culto doméstico. Atualmente, o Estado deve assegurar a liberdade religiosa, garantindo que todos pratiquem publicamente suas religiões, sem precisar ocultar suas escolhas religiosas ou praticá-las apenas no interior do espaço doméstico. Porém, há ainda muito preconceito e intolerância entre pessoas de religiões diferentes. A desconfiança, os estereótipos e as anedotas depreciativas em relação a grupos minoritários, como judeus e muçulmanos, revelam um tipo de tratamento desigual. As representações sobre cultos afro-brasileiros também mostram sinais de intolerância. Em termos comparativos, não há mais ações organizadas pelo Estado de perseguição religiosa, como no Império Romano, mas certos preconceitos, atitudes violentas ocasionais e rivalidades ainda precisam ser vencidos para que possamos viver em uma sociedade que seja tolerante com a diversidade religiosa.

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SUA OPINIÃO

(p. 157)


Pretende-se com esta atividade propiciar uma reflexão sobre o papel do Direito nas sociedades contemporâneas, especialmente no Brasil. Nesse caso, é importante que os alunos reflitam que a existência das leis por si só não é garantia de que todos sejam beneficiados por elas, e que, por isso, é necessário refletir sobre o acesso igualitário ao Direito e às leis. É importante observar que esse acesso ao Direito é muitas vezes desigual, já que muitas pessoas, por exemplo, encontram dificuldades para serem juridicamente representadas por advogados ou outras figuras que possam garantir a realização das medidas previstas nas leis. Outra situação que demonstra o acesso desigual às leis é quando o Direito é utilizado para garantir a manutenção do status quo, beneficiando poderosos grupos econômicos ou dificultando a atuação dos movimentos sociais e das organizações sindicais. Ainda assim, há muitas situações nas quais o Direito também pode contribuir para combater a desigualdade, criando estratégias de distribuição de renda, garantindo o uso social da terra e da riqueza produzida no país e combatendo a impunidade. Por isso, é fundamental que o acesso ao Direito seja democratizado em nosso país, contribuindo para que as leis sejam utilizadas para diminuir as diferenças sociais e garantir maior inclusão social.

DE OLHO NO MUNDO

(p. 160)


Enquanto os fluxos de capital e de informações se globalizaram nas últimas décadas, em certas regiões do mundo o controle sobre as fronteiras se tornou mais rigoroso. Esse controle tem dificultado a migração de pessoas dos países empobrecidos ou mergulhados em anos de guerra civil para países mais desenvolvidos, à procura de emprego ou simplesmente para proteger a própria vida e a de seus familiares. Essa situação criou o "imigrante ilegal", que atualmente abarca milhões de pessoas em todo o mundo. Além da figura do imigrante ilegal, existe a crescente quantidade de refugiados, indivíduos que precisaram fugir das regiões onde viviam para escapar da violência, de perseguições ou de violações aos direitos humanos. Atualmente, existe um grande número de refugiados que se dirigem aos países da União Europeia, mas também para outras regiões do mundo, inclusive o Brasil. Segundo dados de 2015, o número de refugiados que vivem no Brasil dobrou em apenas quatro anos. Apenas o conflito na Síria fez com que, também em 2015, cerca de 3,6 milhões de refugiados chegassem à Turquia, ao Líbano e à Jordânia. Os intensos fluxos migratórios, sejam eles de imigrantes ilegais, refugiados ou mesmo de pessoas que migram voluntariamente e de acordo com as regras de imigração dos países de destino, têm provocado muitos debates e contribuído para que muitos países criassem medidas políticas para conter a entrada de estrangeiros. Nesse sentido, espera-se que os alunos reflitam sobre o tema e levantem dados que ajudem a entender a dinâmica migratória contemporânea, bem como a maneira como ela afeta a política e as relações sociais em diversas partes do planeta. Para ajudar a orientar essa temática, sugerimos os artigos "Refugiados ou imigrantes? A discussão sobre os termos para descrever a crise", disponível em: www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/08/1674827-refugiados-ou-imigrantes-a-discussao-sobre-os-termos-para-descrever-a-crise.shtml; "Por que é que ninguém chama refugiados aos imigrantes da América Central?", disponível em: www.publico.pt/mundo/noticia/porque-e-que-ninguem-chama-refugiados-aos-imigrantes-da-america-central-1707691; e "Os países que mais recebem refugiados sírios", disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/os-paises-que-mais-recebem-refugiados-sirios.html. Acessos em: 13 abr. 2016.

ORGANIZANDO AS IDEIAS

(p. 161)


1. O governo de Otávio foi marcado por inúmeras reformas na sociedade romana. Quando assumiu o poder, ele manteve o Senado e os cônsules, símbolos importantes da república, mas também tomou medidas para ampliar seus poderes, destituindo senadores acusados de corrupção, perdoando as dívidas dos camponeses com o Estado, criando um tribunal que julgava casos corriqueiros, distribundo alimentos e recursos para os pobres e incentivando os espetáculos públicos. Isso lhe garantiu estabilidade para governar por um longo período. Seu sucessor foi Tibério, que governou entre 14 e 37. Nos 31 anos seguintes, houve uma sucessão de imperadores que enfrentaram problemas diversos, como perseguições, assassinatos e conspirações. Esses imperadores perseguiram e condenaram muitas pessoas à morte e foram vítimas também de práticas violentas para tomar o poder. Calígula, por exemplo, foi assassinado e Cláudio foi envenenado pela própria mulher.

2. Do ponto de vista cultural, pode-se dizer que, durante o Império Romano, houve o desenvolvimento de uma produção literária e artística com características próprias, tipicamente romanas, separando-se da forte influência grega. Surgiram poetas como Virgílio, e também muitos outros escritores, filósofos e historiadores importantes. Na arquitetura, a invenção de arcos sustentados por pilares permitiu a construção de pontes e aquedutos, e a invenção do cimento impulsionou a construção de grandes edifícios. O período imperial também foi marcado pelo desenvolvimento e pela sistematização do Direito Romano, que se tornou um modelo de referência à Justiça ao longo da História. Outro aspecto importante, do ponto de vista cultural, foi a difusão do cristianismo no território romano. Isso provocou uma lenta mudança nas práticas religiosas do império até que o cristianismo se tornou a religião oficial dos romanos.

3. a) O primeiro mapa representa o território romano no auge da pax romana, período de esplendor do império, que foi alcançado graças à dominação militar de muitos povos e ao controle

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das fronteiras romanas. Pode-se observar esse aspecto no mapa pelo tamanho do território ocupado pelos romanos, que, nesse período, alcançou sua maior extensão. Já o segundo mapa representa o período de crise do império, com o fracasso no controle das fronteiras, motivado por crises políticas, econômicas e sociais. É possível observar, no mapa, a intensa movimentação dos povos germânicos, que invadem e circulam por todo o Império Romano.

b) A maioria dos povos que invadiram o Império Romano do Ocidente era de origem germânica. No entanto, havia também povos de outras origens, como os hunos, apontados no mapa. Antes das invasões, os germanos habitavam uma extensa região a leste e ao norte do Império Romano. Em sentido norte-sul, essa região ia desde o mar do Norte até o mar Negro. As invasões ao império foram provocadas, por um lado, pelas incursões dos hunos sobre a planície russa e a Europa oriental, que forçaram diversos grupos germânicos que viviam na região a migrar para dentro do Império Romano; por outro, pela crise interna do império, que enfraqueceu as defesas militares, diminuindo a proteção das fronteiras romanas e, assim, facilitando a penetração de povos germânicos. Os grupos que viviam para além das fronteiras do império eram chamados pelos romanos de bárbaros. A expressão vem do grego e significava, a princípio, "não grego", mas foi incorporada pelo idioma latino e passou a designar os "não romanos" e, em consequência, "não civilizados". Até hoje, a palavra "bárbaro" tem um sentido negativo e depreciativo.

INTERPRETANDO DOCUMENTOS: IMAGEM

(p. 161)


a) A Coluna de Trajano é um monumento que celebra a vitória militar dos romanos sobre os dácios. Por isso, ela passa a ideia de superioridade dos romanos em relação aos povos germânicos, não apenas do ponto de vista cultural, mas também bélico, já que os dácios aparecem derrotados e mortos (cabeças arrancadas). A superioridade implica a ideia de que qualquer resistência dos germânicos ao avanço romano seria punida com grande ferocidade, como mostra a cena dos cavaleiros romanos segurando as cabeças de seus inimigos.

b) Espera-se que os alunos identifiquem que a Coluna de Trajano é um monumento que destaca o poderio militar dos romanos durante a pax romana. Esse é o momento no qual o império atravessava um período de estabilidade e esplendor, conquistado principalmente pela dominação de povos em diferentes regiões da Europa, da Ásia e da África. Nesse sentido, os romanos se apresentavam como a cultura superior em relação aos povos chamados por eles de bárbaros. Dessa forma, a paz era uma imposição da força e quem não a aceitasse seria punido com violência. Nesse caso, pode-se imaginar que uma das finalidades da Coluna de Trajano era reafirmar esse princípio e transmitir a mensagem de que qualquer outro povo que agisse como os dácios, ou seja, que resistisse à dominação romana, seria punido de maneira exemplar e derrotado no campo de batalha.



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