Dos primeiros humanos ao renascimento manual do professor gislane azevedo


participando em diversas áreas de exportação e não só como fornecedores de mão de obra escrava



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participando em diversas áreas de exportação e não só como fornecedores de mão de obra escrava. No caso do reino do Mali, que ganhou força com a crise do reino de Gana, essa integração também se fez sentir tanto pelo fornecimento de ouro quanto pelas rotas comerciais que atravessavam o deserto do Saara e chegavam às regiões do Oriente Próximo. Com isso, o reino do Mali passou a ser um polo islâmico na África, com a cidade de Tombuctu funcionando como um importante centro de estudos muçulmanos.

Sobre os iorubás e os bantos, é importante ressaltar que, diferentemente dos casos anteriores, eles não se referem a reinos ou a outros tipos de organizações políticas, mas a diversos povos unidos por laços linguísticos e culturais. Os iorubás, que se localizam na região dos atuais territórios da Nigéria, Benim e Togo, criaram uma civilização caracterizada pela articulação de diversas cidades e aldeias; estas podiam formar reinos independentes, com seu próprio obá (chefe). As crenças religiosas dos iorubás tinham uma origem comum e, de acordo com a tradição oral, o deus supremo era Olorum (ou Olodumaré). Em termos econômicos, os iorubás se destacaram por suas atividades comerciais e pela metalurgia. No final do século XVIII, após a ocorrência de conflitos internos e guerras, muitos iorubás foram escravizados e vendidos para traficantes que os conduziriam à América, sobretudo para a Bahia e Cuba, lugares onde hoje a religião é muito influenciada pelas crenças iorubás. Já os bantos, desde o final do século XIII, ocupavam cerca de dois terços do continente africano, com grande parte da população se dedicando à caça, à pesca, à coleta e à agricultura de coivara. Alguns grupos, contudo, formaram comunidades e Estados, como o Grande Zimbábue, surgido por volta de 1300. Outro reino de destaque foi o Manicongo, que se formou no início do século XV. A exemplo do que aconteceu com os iorubás, milhões de bantos foram escravizados e traficados para o Brasil, sobretudo para a região Sudeste, onde as marcas de suas tradições religiosas e culturais se fazem sentir até hoje. Sobre a fundamental participação desses povos na formação da cultura brasileira, diversas seções e atividades presentes do capítulo trabalham com essa temática e permitem estabelecer contatos com o eixo conceitual da Unidade 4. A seção Você sabia?, na página 198, apresenta exemplos dessa participação; a atividade Diálogos, na página 192, e a seção Hora de refletir, na página 205, tratam das religiões afro-brasileiras e dos estereótipos que podem ser criados acerca delas; e, na seção Interpretando documentos: texto e imagem, na página 201, as atividades 1 e 2 trabalham tanto com o aspecto oral da tradição banta quanto com o mito de um orixá iorubá.

DIÁLOGOS

(p. 192)


A proposta da atividade é que os alunos conheçam mais detalhadamente as características das religiões afro-brasileiras, em especial o candomblé. É importante que a pesquisa busque evidenciar aspectos gerais dessas práticas religiosas e evitem uma perspectiva reducionista ou preconceituosa. Pode-se destacar, por exemplo, que as religiões afro-brasileiras possuem características que se aproximam de outras crenças, como o cristianismo, mas também aspectos que as diferenciam. Além disso, é importante que os alunos observem as variações regionais que existem nas religiões afro-brasileiras, lembrando que, em diferentes estados, estas práticas assumem características próprias e influências distintas.

ORGANIZANDO AS IDEIAS

(p. 193)


1. O continente africano pode ser dividido em duas regiões distintas, separadas pelo deserto do Saara. A região localizada ao norte do deserto é chamada

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de África setentrional, enquanto a região ao sul é chamada de África subsaariana. A primeira região foi marcada pelo desenvolvimento de civilizações bem diversas, como a egípcia ou cartaginense. Já a região subsaariana teve sua ocupação dificultada por fatores geográficos e ambientais, por isso se desenvolveram muitos povos nômades e algumas populações que se sedentarizaram.



2. As sociedades africanas formaram organizações políticas e sociais muito variadas, como grandes reinos, agrupamentos muito pequenos de caçadores e coletores, aldeias, confederações de aldeias, reinos com cidades maiores, entre muitas outras possibilidades. O que havia de comum nas diferentes sociedades que surgiram no continente africano era a fidelidade ao chefe e a existência de relações de parentesco que organizavam as relações sociais.

3. Axum foi um importante reino localizado na região da atual Etiópia. A população desse reino originou-se na península Arábica. Sabe-se que, no século VII a.C., ela dominava a agricultura e a criação de bois, ovelhas e cavalos; conhecia também o arado e utilizava uma escrita com caracteres semíticos. Aos poucos, seus primeiros acampamentos e aldeias cresceram e se transformaram em centros comerciais, tendo se destacado a cidade de Axum, no planalto etíope. O enriquecimento propiciado pelo comércio levou a cidade a expandir-se, conquistar territórios vizinhos e se constituir como reino, controlando o tráfico de mercadorias. Sua prosperidade cresceu a tal ponto que, na segunda metade do século III, os axumitas começaram a cunhar moedas de ouro, prata e cobre. Alguns séculos depois, no entanto, o reino de Axum se enfraqueceu até desaparecer, em virtude de invasões muçulmanas.

INTERPRETANDO DOCUMENTOS: TEXTO

(p. 193)


a) A expressão "perigo de uma história única" é utilizada para destacar os efeitos que uma narrativa única sobre determinado acontecimento ou civilização provocam naqueles que a escutam. No caso, a narrativa única é a forma mais comum de se descrever a história da África e dos africanos, sempre a partir de uma perspectiva estrangeira, o que resulta numa visão inferiorizada do continente em relação ao modelo civilizacional do ocidente. Professor, caso deseje aprofundar esse tema, é possível consultar a palestra completa no seguinte endereço: http://www.ted.com/talks/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story/transcript?language=pt-br. Acesso em: 7 maio 2016.

b) Chimamanda afirma isso para indicar o efeito que a "história única" produziu nela quando era criança e continua produzindo nas pessoas que vivem no continente africano. Ela, quando criança, não criava histórias a partir de elementos de sua própria cultura e do seu cotidiano, porque entendia que os únicos modelos disponíveis

de narrativa eram os estrangeiros (europeus e estadunidenses). Assim, aqueles elementos associados ao continente africano, como a comida, a pele negra e os hábitos culturais, não eram assimilados em seus textos.

c) Os escritores africanos demonstram a possibilidade de se construir histórias diversas sobre a África a partir da criação de novos modelos de narração que considerem a cultura e as experiências das populações africanas e, mais ainda, a história contada do ponto de vista de um africano. Isso ajuda a afastar o modelo único de narrar o continente africano como um lugar inferior ou menos importante.

d) A proposta da atividade é que os alunos reflitam sobre a importância da literatura africana como forma de ajudar a desconstruir modelos hegemônicos de pensamento sobre a África. A discussão pode propiciar o início de uma atividade interdisciplinar entre História e Literatura, criando um espaço para a leitura de livros de escritores africanos dentro da escola. Hoje, já existe um grande número de autores africanos publicados no Brasil que poderiam ser lidos e discutidos em sala de aula. Exemplo disso é a prória Chimamanda, mas também autores como o angolano Ondjaki ou Pepetela, o moçambicano Mia Couto, os nigerianos Chinua Achebe e Wole Soyinka, entre muitos outros.

ESQUEMA-RESUMO

(p. 200)


As diversas sociedades estudadas no capítulo apresentam pontos em comum e também diferenças significativas. É possível apontar, por exemplo, a formação de reinos com diferentes graus de centralização política, como é o caso de Axum e Mali, mas também a existência de reinos que não tinham fronteiras delimitadas, como Gana, ou ainda a articulação de diversas cidades e aldeias como a civilização iorubá. Já a cultura banto não formou um único reino, mas diferentes regiões ocupadas por grupos culturais bantos que criaram formas próprias de organização política, como o Grande Zimbábue e o Manicongo. Do ponto de vista religioso, existiram povos que praticavam religiões politeístas, como os de Axum e os iorubás, mas também povos monoteístas, como o reino do Mali. Axum também adotou uma religião monoteísta a partir do século IV. Do ponto de vista econômico, as sociedades africanas também apresentavam características bastante diversas. Axum se desenvolveu com o comércio, enquanto Gana dependia da exploração da extração aurífera. Já os povos bantos se deslocavam em busca de recursos para sobreviver, enquanto os iorubás controlavam importantes rotas de comércio entre o litoral e o interior do continente africano.

ORGANIZANDO AS IDEIAS

(p. 201)


1. Os povos africanos, em geral, acreditavam que o ser humano era parte integrante da natureza. Para

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eles, diversas plantas, animais e minerais tinham um caráter sagrado. Suas crenças eram politeístas, mas nelas se incluía a representação de um deus supremo (sob diversos nomes, segundo cada tradição). Abaixo dessa divindade, existiriam deuses menores que personificavam elementos da natureza. Também eram aspectos comuns a veneração aos antepassados mais antigos dos clãs, a prática da magia e a produção de esculturas e máscaras para representar as entidades espirituais.



2. A arte africana estava relacionada com as práticas religiosas na medida em que elas eram vistas como o suporte material para entrar em contato com antepassados ou outras forças sobrenaturais. As esculturas, por exemplo, eram vistas como meios de entrar em contato com parentes mortos em busca de ajuda para lidar com problemas cotidianos diversos. As máscaras também tinham finalidades ritualísticas, sendo usadas em danças que tinham a finalidade de atrair espíritos para possuir os corpos dos dançarinos, ajudando-os a entrar em contato com o mundo espiritual.

3. O reino de Gana, situado no extremo sul de uma rota comercial transaariana (na atual Mauritânia), surgiu por volta do século IV. Sua principal atividade econômica era a extração de ouro, tanto que isso transformou aa região no principal fornecedor desse metal para o Mediterrâneo durante a Idade Média. Segundo relatos de viajantes, havia ouro em todo o palácio real, até mesmo nas coleiras dos cães de guarda do palácio. As fronteiras do reino não estavam bem delimitadas, pois o interesse do soberano de Gana era o pagamento de tributos e o fornecimento de soldados das aldeias e cidades que ele conseguia controlar. No século XII, diversos fatores levaram à decadência do reino, que acabou conquistado por outros povos. O reino do Mali, por sua vez, tornou-se importante por volta do século XII, quando o guerreiro Sundiata Keita, líder de diversos clãs vizinhos, libertou a região do controle de Gana e se estabeleceu como soberano do Mali, adotando o título de mansa (rei). Aos poucos, o reino do Mali expandiu seu território, chegando a ocupar uma extensão de terras que ia do Atlântico (nos atuais Senegal e Gâmbia) até o rio Níger, onde os malinenses controlavam jazidas de ouro e rotas de comércio.

4. A religião cristã se disseminou no reino de Axum a partir do século IV, quando o rei Ezana se converteu ao cristianismo. Posteriormente, invasões muçulmanas acabaram provocando o colapso do reino de Axum. Já o reino do Mali se formou a partir da expansão de diversos clãs unificados pelo guerreiro Sundiata Keita. Ele e os demais soberanos do Mali eram muçulmanos. Com isso, a expansão territorial desse reino provocou a disseminação da religião islâmica em diversas regiões do continente africano.

5. A civilização iorubá estava organizada em cidades que contavam com grandes centros de artesanato, onde trabalhavam tecelões, marceneiros, oleiros, ferreiros, etc. Situados entre a floresta e a bacia do rio Níger, na África subsaariana, os iorubás controlaram importantes rotas de comércio entre o litoral e o interior do continente e dominavam a metalurgia. O centro do poder estava na cidade de Ilê Ifé; apesar disso, a civilização iorubá mantinha a autonomia de cada cidade, cuja liderança estava organizada em torno do obá, o chefe político e religioso. A unidade política era garantida pela crença numa mesma origem divina de todas as cidades do povo iorubá. Os obás contavam com o apoio de um conselho formado pelos chefes das principais famílias e pelos representantes dos comerciantes da cidade. No entanto, se o obá fosse um mau governante ou muito autoritário podia ser destituído pelos moradores da cidade.

6. Os bantos eram povos nômades que tinham uma mesma origem linguística. Segundo especialistas, originaram-se nas terras localizadas nas atuais fronteiras entre Camarões e Nigéria. No final do século XIII, esses povos haviam se espalhado por quase dois terços do continente africano, entre a África do Sul e a linha do Equador. Eram agricultores e praticavam a caça e a pesca. Quando se esgotavam os recursos de uma região, eles migravam para outras áreas. Graças a constantes migrações, os bantos ocuparam vastas extensões do continente. A maioria dos grupos bantos permaneceu organizada na forma de comunidades independentes, embora tenham surgido dois reinos de certa importância, o Grande Zimbábue e o Manicongo.

INTERPRETANDO DOCUMENTOS: TEXTO E IMAGEM

(p. 201)


1. a) Os dois textos apresentam algumas prerrogativas de conduta política que poderiam e deveriam fazer parte do comportamento ético do governante africano. Nas entrelinhas do primeiro conto sugere-se que o chefe do reino deve ser, antes de tudo, paciente e sábio para discernir o momento exato de tomar determinada decisão; deve preocupar-se em não atropelar o tempo e em não ser autoritário no afã de conseguir as coisas única e exclusivamente conforme sua vontade. Assim, no primeiro conto, o esquilo, por sua imprudência e impaciência, perde a chance de ser rei depois de ter sido avaliado pelo povo. Já no segundo conto, O cão e a realeza, fica marcada a alta valorização da lisura e da conduta irretocável do governante diante dos bens que não lhe pertencem. O roubo e a usurpação são aqui rechaçados pelo povo, que, diante do fato de o cão roubar um peito de galinha, logo se dispersa e não legitima a indicação do ladrão para o poder.

b) A resposta é pessoal, mas espera-se com esta atividade que o aluno reflita sobre a importância de certos valores para que uma pessoa seja um bom governante. Os alunos podem indicar, entre esses valores, o senso de justiça, a honestidade, a capacidade de trabalho, o conhecimento dos problemas que afligem a população,



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o senso ético, a perseverança, o amor ao país, etc. Professor, você pode aprofundar a reflexão discutindo alguns desses valores e procurando definir quais entre eles são mais importantes e quais não são tão relevantes. Ao elaborar a lista completa, ficará claro que nenhum governante traz consigo, sozinho, todos esses valores. Alguns, entretanto, aproximam-se mais do que outros dessa escala de valores. Desse modo, é possível imaginar que tipo de governante a classe considera mais justo. Isso pode contribuir para a reflexão política dos alunos.

c) Resposta pessoal, mas é importante que os alunos produzam seus textos com base nos contos africanos. Ele deve se organizar em torno de três momentos que podem ser apresentados à classe: uma situação inicial que atribui ao personagem certa responsabilidade (no caso, o convite para ser rei, mas poderia ser outro desafio relacionado ao mundo político, como resolver um problema concreto do município, do estado ou do país, ou liderar setores da população para pressionar o Congresso a aprovar determinado projeto de lei, etc.). No segundo momento, o personagem está na nova situação, prestes a ser coroado, mas a ausência de valores (ser apressado ou roubar um objeto) revela que ele não cumprirá bem suas funções. No caso do esquilo, foi suficiente que as pessoas o imaginassem no papel de rei. Finalmente, no terceiro momento, o personagem perde o direito à nova responsabilidade (a realeza) e a narrativa induz a uma "lição" sobre a importância de certos valores para o bom governante. Professor, você pode solicitar aos alunos que produzam histórias curtas, com base nesse modelo. Assim, você poderá finalizar a atividade com a leitura em voz alta de algumas histórias e uma reflexão sobre os resultados obtidos.

2. a) Segundo a narrativa compilada por Verger, Ossain era a divindade que tinha o segredo das folhas, sabendo como utilizá-las com finalidades terapêuticas, divinatórias ou mesmo para causar doenças ou acidentes. Ele recebera seus poderes de Olodumaré.

b) Os deuses disputam poderes e privilégios entre si. Como Ossain tinha o poder de controlar as plantas, os demais deuses precisavam dele para manter a saúde e alcançar o sucesso. Por conta disso, outros deuses desejavam roubar seus poderes e conhecimentos. Xangô planejou com Iansã, sua esposa, um modo de usurpar os poderes de Ossain. O plano, que não deu certo, evidencia que as relações entre as divindades eram conflituosas, mas que também poderiam se dar de forma harmoniosa e a partir da constituição de alianças, como é o caso da relação entre Xangô e Iansã.

c) A proposta da atividade é que os alunos explorem mais detalhadamente elementos das religiões afro-brasileiras, em especial, o culto aos orixás. Existe um rico e diversificado conjunto de narrativas que compõe a mitologia dos orixás e que marcam as práticas religiosas do candomblé e da umbanda. Pode-se pesquisar quem era Olodumaré, Xangô, Iansã, Exu, Ogum, Iemanjá, Oxalá, entre outros. Uma excelente fonte de consulta para essa temática é a obra de Reginaldo Prandi, especialmente seu livro Mitologia dos orixás (São Paulo: Companhia das Letras, 2001), que traz informações aprofundadas sobre os mais diversos elementos do culto aos orixás.

3. a) A imagem traz, em primeiro plano, a figura de uma mulher carregando o que parece ser uma criança. Ao fundo, vemos duas figuras aladas e que estão armadas com espada. Na cabeça da mulher e da criança, pode-se observar uma espécie de aura brilhante. Outro aspecto importante é que a mulher tem, em sua cabeça, um símbolo que parece uma cruz. Esses elementos revelam que se trata de uma imagem com temática cristã. Assim, a mulher pode ser identificada com a Virgem Maria, a criança como Jesus e as figuras aladas como santos que protegem as duas figuras sagradas.

b) A região onde se desenvolveu o reino de Axum começou a ser povoada no século VII a.C. A população que vivia nessa área tinha práticas politeístas, cultuando diversos deuses em templos, casas de famílias ou ao ar livre. Essas práticas eram bastante distintas das crenças cristãs. Porém, no século IV, o rei Ezana se converteu ao cristianismo, o que provocou o abandono das crenças politeístas na região e a adoção da fé cristã.

c) Espera-se que os alunos observem que as práticas e crenças religiosas são dotadas de historicidade, passando por transformações, rupturas e permanências. Existem elementos que se transformam, como as crenças politeístas de Axum, que foram substituídas por crenças monoteístas. Por outro lado, há também elementos que permanecem, como a importância das práticas religiosas na vida da região, já que tanto no período politeísta quanto no monoteísta elas se mantiveram presentes no cotidiano da população.

TESTE SEU CONHECIMENTO

(p. 203)


1. Apenas as afirmativas III e IV estão corretas; assim, a alternativa correta é a letra D. O erro da primeira afirmativa é indicar que o mansa Sundiata não era um adepto do islamismo. Ainda que o trecho destaque a imagem de rei mágico construída pelos bardos, não é possível afirmar que ele não fosse um adepto do islamismo. O que ocorre é a possível existência de práticas sincréticas na região. Já o erro da segunda afirmativa é apontar que não existiam práticas monoteístas entre o povo mandinga. O trecho do texto indica que já existiam crenças islâmicas há mais de cem anos entre esse povo.

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2. Nenhuma das afirmativas está correta; assim, a alternativa correta é a letra E. O erro da primeira afirmativa é apontar que povos iorubás e bantos migraram para o Brasil com o objetivo de fugir das secas e da fome. O que ocorreu, na realidade, foi a migração compulsória desses povos por conta de práticas escravistas no período. O erro da segunda afirmativa é indicar que a maior parte dos bantos e iorubás foi enviada para Cuba e apenas uma pequena parte para o Brasil. As duas regiões receberam grande afluxo de populações africanas. O erro da terceira afirmativa é apontar que a cultura axumita se disseminou para a América por conta das práticas escravistas. Porém, o reino de Axum deixou de existir séculos antes do início da escravidão para a América por conta das invasões muçulmanas na região. Finalmente, o erro da quarta afirmativa é apontar que a cultura africana pouco se disseminou na América. A cultura africana se tornou um elemento importante da cultura em diferentes regiões da América, já que se combinaram com outras tradições culturais e continuam vivas até o presente.

3. As afirmativas II, III e IV estão corretas; assim, a alternativa correta é a letra B. O erro da primeira afirmativa é indicar que Gana era um exemplo de reino territorial centralizado. Gana não tinha fronteiras delimitadas, o que indica que não se tratava de um reino territorial.

4. As afirmativas I e III estão corretas; assim, a alternativa correta é a letra A. O erro da afirmativa II é indicar que a cultura banto desapareceu no século XVIII. Ainda que combinada com outras tradições, ela continua existindo até o presente, inclusive na América. Já o erro da quarta afirmativa é indicar que a civilização iorubá não tinha um centro urbano importante. Na realidade, o centro da civilização iorubá era Ilê Ifé, que teve origem no século VI.

HORA DE REFLETIR

(p. 205)


A proposta da atividade é que os alunos reflitam sobre a forma como as religiões afro-brasileiras são abordadas na imprensa e em outros canais de opinião pública no Brasil. Nesse caso, os alunos deverão se organizar em pequenos grupos, com 3 ou 4 participantes, e selecionar três reportagens que tratam de religiões afro-brasileiras. É preferível que tais reportagens sejam recentes e que tratem de temas distintos. Também é muito importante que elas sejam pesquisadas em meios de comunicação distintos, dando preferência para a seleção de uma reportagem de jornal, outra de revista e uma terceira de um portal jornalístico. Após a pesquisa das reportagens, os alunos deverão analisar seus conteúdos e a forma como as religiões foram representadas, verificando se elas recebem uma abordagem respeitosa ou estereotipada. Nesse caso, uma forma de enriquecer a realização dessa atividade é propor uma abordagem interdisciplinar entre História e Língua Portuguesa, contando com a colaboração dos professores dessa disciplina durante a análise dos conteúdos das reportagens selecionadas. Com isso,

é possível realizar uma análise mais cuidadosa em relação à forma como as frases foram construídas e aos termos que foram empregados para se referir às religiões afro-brasileiras. Depois de realizada a análise, os alunos poderão apresentar os resultados de suas reflexões aos colegas em sala de aula. Durante a discussão coletiva, é possível recuperar a ideia, proposta por Chimamanda, da narrativa única e discutir como isso também pode ocorrer no caso das práticas afro-brasileiras. Com base nisso, é possível questionar esse modelo narrativo e fortalecer as práticas de tolerância e diversidade religiosa no Brasil, especialmente por meio da valorização das religiões afro-brasileiras.



Texto complementar

A seguir, reproduzimos um trecho da "Introdução geral" que o historiador Joseph Ki-Zerbo (1922-2006), natural de Burkina Faso, escreveu para a coleção História geral da África, patrocinada pela Unesco. O caráter emblemático desta obra fica perceptível nessa passagem inicial, na qual o autor comenta a importância de repensar e rescrever a história da África.



A África tem uma história. Já foi o tempo em que nos mapas-múndi e portulanos, sobre grandes espaços, representando esse continente então marginal e servil, havia uma frase lapidar que resumia o conhecimento dos sábios a respeito dele e que, no fundo, soava também como um álibi: "Ibi sunt leonês". Aí existem leões. Depois dos leões, foram descobertas as minas, grandes fontes de lucro, e as "tribos indígenas" que eram suas proprietárias, mas que foram incorporadas às minas como propriedades das nações colonizadoras.

Mais tarde, depois das tribos indígenas, chegou a vez dos povos impacientes com opressão, cujos pulsos já batiam no ritmo febril das lutas pela liberdade. Com efeito, a história da África, como a de toda a humanidade, é a história de uma tomada de consciência. Nesse sentido, a história da África deve ser reescrita. E isso porque, até o presente momento, ela foi mascarada, camuflada, desfigurada, mutilada. Pela "força das circunstâncias", ou seja, pela ignorância e pelo interesse. Abatido por vários séculos de opressão, esse continente presenciou gerações de viajantes, de traficantes de escravos, de exploradores, de missionários, de procônsules, de sábios de todo tipo, que acabaram por fixar sua imagem no cenário da miséria, da barbárie, da irresponsabilidade e do caos. Essa imagem foi projetada e extrapolada ao infinito ao longo do tempo, passando a justificar tanto o presente quanto o futuro.

Não se trata aqui de construir uma história-revanche, que relançaria a história colonialista como bumerangue contra seus autores, mas de mudar a perspectiva e ressuscitar imagens "esquecidas" ou perdidas. Torna-se necessário retornar à ciência, a fim de que seja possível criar em todos uma consciência autêntica. É preciso reconstruir o cenário verdadeiro. É tempo de modificar o discurso.

KI-ZERBO, Joseph. Introdução geral. In: KI-ZERBO, Joseph (Ed.). História geral da África, I: Metodologia e pré-história da África. Brasília: Unesco, 2010. p. XXXI-XXXII.



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