Dos primeiros humanos ao renascimento manual do professor gislane azevedo



Yüklə 2,51 Mb.
səhifə47/51
tarix06.09.2018
ölçüsü2,51 Mb.
#77868
1   ...   43   44   45   46   47   48   49   50   51

361

Sugestões de livros

ARNAUT, Luiz; LOPES, Ana Mónica. História da África: uma introdução. Belo Horizonte: Crisálida, 2005.

· Livro escrito por dois pesquisadores especialistas em história da África, esta obra se propõe a ser uma introdução sobre o tema aos leitores brasileiros, chamando a atenção para importantes questões teóricas e metodológicas.

COSTA E SILVA, Alberto da. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.

· Obra do embaixador e historiador brasileiro Alberto da Costa e Silva, este livro lança luz sobre a África pré-colonial, dando conta da grande diversidade de povos que se formaram no continente africano, com suas formas de vida e organização diferentes.

COSTA E SILVA, Alberto da. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008.

· Livro que segue uma tradição muito praticada na historiografia francesa - a de temas explicados a filhos ou netos -, esta obra de Alberto da Costa e Silva trata de aspectos da história e da cultura dos povos africanos, revelando a relação que muitos deles têm com o Brasil.

KI-ZERBO, Joseph (Ed.). História geral da África, I: metodologia e Pré-história da África. Brasília: Unesco, 2010.

· Este é o primeiro volume da uma coleção sobre a história da África patrocinada pela Unesco. Trata-se de uma obra emblemática, pois evidenciou a importância de repensar a história da África e dos africanos. Neste primeiro volume, foram apresentados, sobretudo, textos que fazem fundamentais considerações teóricas e metodológicas.

MELLO E SOUZA, Marina de. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2006.

· A autora traça um vasto panorama do continente africano, abordando a história de seus povos antes e depois da relação com os colonizadores europeus. Além disso, trata da importância que a África teve para a cultura e a sociedade brasileiras.

MOKHTAR, G. (Ed.). História geral da África, II: África antiga. Brasília: Unesco, 2010.

· Neste livro, o segundo volume da coleção sobre história da África patrocinada pela Unesco, o foco recai sobre a África antiga, abordando-se, sobretudo, as maneiras de organização e de vivência das populações que habitavam o continente africano no período antigo.

PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos orixás. Ilustrações de Pedro Rafael. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

· Nesta intrigante obra do sociólogo Reginaldo Prandi, foram reunidos e organizados os mitos dos orixás que fazem parte das tradições afro-brasileiras. O livro conta com importantes informações e comentários, que ajudam a esclarecer e a conhecer melhor essas narrativas.

Sugestão de filme

Pierre Verger: mensageiro entre dois mundos (Lula Buarque de Holanda, 1998).

· Neste documentário, a vida do etnógrafo e fotógrafo francês Pierre Fatumbi Verger (1902-1996) é apresentada por meio de depoimentos. Seguindo a trajetória do pesquisador, o cantor e ex-ministro da cultura Gilberto Gil viaja pelo Brasil, pela França e pela África, indicando as proximidades que Verger estabeleceu entre esses lugares.



Sugestões de sites

Museu Afro Brasil. Disponível em: www.museuafrobrasil.org.br/. Acesso em: 1º abr. 2016.

· Site oficial do Museu Afro Brasil que apresenta diversos vídeos e informações referentes à história da África e dos afrodescendentes no Brasil e em outras regiões da Améria. Além disso, é possível encontrar informações sobre o acervo do museu e possibilidade de visitas.



Centro de Estudos Africanos. Disponível em: http://cea.fflch.usp.br. Acesso em: 1º abr. 2016.

· Site do Centro de Estudos Africanos, órgão de pesquisa interdisciplinar ligado à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP). Nesse site é possível encontrar textos, links e informações sobre cursos referentes à história, à literatura e à cultura africanas.



CAPÍTULO 11

Reinos medievais e fortalecimento da Igreja



Procedimentos pedagógicos

O capítulo 11 aborda desde a formação dos primeiros reinos germanos até a Inquisição, ou seja, compreende o chamado período medieval.

Antes de iniciar o capítulo, é importante pensar o significado do termo "Idade Média". Ele seria, somente, um longo período de cerca de mil anos, que se estende entre a tomada de Roma e a queda de Constantinopla? Para escapar desse tipo de generalização, é necessário problematizar o adjetivo "média", que carrega sentidos bastante pesados, pois esse período não está caracterizado por alguma especificidade própria, e sim pela maneira como ele foi visto em relação a outro tempo.

Afinal, essa "idade" está no meio do quê? "Idade Média" é uma expressão que ganhou forma durante os séculos XVI e XVII, quando alguns pensadores e artistas se empenhavam em retomar obras de arte e ideais estéticos da Antiguidade clássica. Para os renascentistas, a beleza, a filosofia e a razão clássicas teriam sido obscurecidas durante esse tempo que ficava em meio a eles e a Antiguidade greco-romana. Ou seja, a Idade Média era entendida como um período de crise intelectual e marcado pela ignorância e pelo fervor religioso.



362

No século XIX, a Idade Média seria retomada a partir de uma leitura positiva. Isso se deve ao fato de que, como veremos neste capítulo e no seguinte, muitos dos Estados nacionais europeus, ao buscarem as origens e tradições das nações, remeteram-se ao período medieval. Na interpretação marxista, também criada no século XIX, a transição da Idade Média para a Idade Moderna representa um momento de expansão da circulação comercial, o que possibilitou o consequente acúmulo de capitais que sustentaria a Revolução Industrial.

Já no século XX, os estudos sobre a época medieval se renovaram. Contribuíram enormemente para isso as transformações teóricas na historiografia; na França, por exemplo, no escopo da Escola dos Annales e de suas várias gerações, surgiu um conjunto de historiadores empenhados em reavaliar a Idade Média, dedicando-se a importantes assuntos sociais e culturais.

Em suma, conforme afirma o historiador Christian Amalvi: "a Idade Média não existe. Este período de quase mil anos, que se estende da conquista da Gália por Clóvis até o fim da Guerra dos Cem Anos, é uma fabricação, uma construção, um mito, quer dizer, um conjunto de representações e de imagens em perpétuo movimento, amplamente difundidas na sociedade, de geração em geração"6. Professor, ressalte-se que as colocações que têm sido feitas até agora devem ser vistas como uma problematização histórica que, na medida do possível, pode ser levada à prática do ensino. Afinal, como já comentado anteriormente, a própria ideia de Idade Média, por mais questionável que possa ser, tem uma inegável importância pedagógica. Mais ainda: a nossa linguagem, em si, acaba impondo barreiras, e seria quase impossível abolir termos como "Idade Média" e "medieval" de nosso trabalho.

A partir da colocação de Christian Amalvi, é possível organizar uma Atividade Alternativa. Lembre-se de que, em razão do mito da "Idade das Trevas", a época medieval se tornou um grande celeiro de histórias fantásticas, nas quais pululam seres míticos, monstros e praticantes de magia. Isso é muito comum na literatura, nos desenhos animados, nos filmes, nas séries televisivas, nos jogos de videogame etc. Nesse sentido, pode-se pedir aos alunos que busquem, nas mídias de entretenimento, alguns exemplos de uso da Idade Média; depois, divididos em grupos, eles podem discutir acerca das representações que são feitas desse período nos materiais escolhidos, entendendo-os como documentos históricos. As conclusões dos grupos podem ser expostas em breves seminários.

Feitas essas considerações, pode-se adentrar os conteúdos específicos do capítulo. No que se refere à primeira parte, é importante comentar como a formação dos reinos germânicos se deu de maneira gradual, de acordo com a afirmação do historiador Perry Anderson (1938-), por meio de um lento processo de integração de elementos romanos e germânicos. Em termos sociais, o resultado desse processo foi a formação de dois grupos distintos: a aristocracia, composta de grandes proprietários de terras, e o campesinato, que seria dependente dos proprietários. Nesse sentido, é importante ressaltar que os laços de dependência foram fundamentais na estruturação dessas sociedades; assim, em troca de proteção, pequenos proprietários e guerreiros doavam suas terras a chefes locais, passando a estar ligados aos nobres. Aos poucos, o poder da nobreza foi crescendo, em detrimento da autoridade dos reis. Essa situação foi incentivada, no século VI, pelo surto de peste negra (ou peste bubônica) que assolou a Europa, reduzindo drasticamente a população do continente. Sobre a peste, a seção Você sabia?, na página 208, apresenta algumas informações interessantes. Já a seção Interpretando documentos: texto, na página 213, realiza um diálogo com a Biologia ao mostrar como mudaram as concepções sobre a transmissão da peste negra, algo diretamente ligado aos avanços da tecnologia e da medicina.

É importante comentar que, em decorrência da peste, muitas pessoas saíram das cidades e rumaram para o campo, fugindo das insalubres concentrações humanas. Ocorreu, assim, um fenômeno conhecido como ruralização da Europa, não apenas demográfica, mas também no que diz respeito ao eixo político, econômico e social do continente. Antes, os centros de decisão concentravam-se na região do mar Mediterrâneo; com a ruralização, o eixo se deslocou em direção ao norte. Percebe-se isso claramente quando se trata da consolidação do Império Carolíngio. A dinastia dos merovíngios tinha seus centros de poder localizados mais ao sul do atual território francês; já os carolíngios tinham suas sedes mais ao norte. No final do capítulo, na seção Hora de refletir, na página 222, partindo da relação entre os governantes francos e a Igreja católica, propõe-se uma reflexão sobre a atual separação entre Estado e Igreja observada em muitos países, inclusive no Brasil.

Essa aproximação entre os francos e a Igreja católica ficará evidente, sobretudo, em dois eventos: a batalha de Poitiers, em 732, quando os francos barraram o avanço muçulmano e passaram a ser identificados como os grandes defensores do cristianismo; e na coroação do rei Carlos, feita pelo papa Leão III, no ano de 800, como "imperador dos romanos", com o título de Carlos Magno. Esses eventos, como se percebe, são carregados de simbolismos e devem ser abordados sempre com cuidado. Afinal, existe neles um constante diálogo entre temporalidades. A coroação de Carlos Magno visava, por meio de uma operação simbólica, restaurar o Império Romano do Ocidente, o que dava grande legitimidade ao Império Carolíngio, que vivia em tempos de expansão - sobre a militarização e expansão da sociedade carolíngia, a seção Olho vivo, na página 211, trabalha com uma representação de um cavaleiro couraçado.

A organização do Império Carolíngio também deve ser comentada na medida em que a patente hierarquização sobre a qual ela se baseou - com os nobres recebendo títulos de condes, marqueses e duques -, possibilitou, com a crise desse império, o surgimento de poderes locais. Após a morte de Carlos Magno, em

6 AMALVI, Christian. Idade Média. In: LE GOFF, Jacques; SCHMITT, Jean-Claude. Dicionário temático do ocidente medieval. Tradução de Hilário Franco Júnior. Bauru: Edusc, 2006. p. 537.

363

814, o império passou por disputas internas e sofreu com as invasões dos vikings, o que acentuou essa fragmentação. A falência da centralização política e administrativa dos carolíngios, assim, seria fundamental para a origem da sociedade feudal.

No interior da Igreja católica também se estabeleceu uma organização bastante hierarquizada, o que mostra como essa instituição mantinha fortes relações com o poder político. Essa hierarquização, contudo, sempre gerou fortes críticas contra os membros do alto clero, acusados de levar uma vida de luxos e desvios, e proporcionou debates internos na própria Igreja e sátiras fora dela. Sobre isso, na seção Interpretando documentos: texto e imagem, na página 219, trabalha-se com um texto do livro Decameron, de Giovanni Boccaccio (1313-1375), no qual o autor faz críticas ao comportamento dos clérigos. Sobre esse assunto, lembre-se, também, de que a fundação do mosteiro beneditino de Cluny, em 910, e as orientações feitas pelo papa Nicolau II, quando do Concílio de Latrão, em 1059, foram medidas tomadas no sentido de reafirmar os princípios de uma vida monástica e afastada do poder político.

Em 1075, uma bula do papa Gregório VII afirmou essa crescente autonomia da Igreja, que se fazia em paralelo às tentativas de moralização. As Cruzadas e a Inquisição, assuntos das duas últimas partes do capítulo, podem ser entendidas nessa chave interpretativa. As Cruzadas, iniciadas a partir de 1095, revelam como a Igreja era capaz de organizar grandes empreitadas para recuperar seu prestígio, sobretudo após o Cisma do Oriente (1054). Essas expedições militares, contudo, acabaram tendo grande importância política e econômica, na medida em que geraram um desafogo demográfico na população europeia e rearticularam as rotas comerciais com o oriente, trazendo lucros, principalmente, aos comerciantes de Gênova e Veneza. A Inquisição, por sua vez - consolidada como Tribunal do Santo Ofício desde 1233 -, reafirmou a capacidade da Igreja de assegurar seus dogmas, combatendo tudo aquilo que fosse considerado heresia.



ORGANIZANDO AS IDEIAS

(p. 213)


1. No século V, com as invasões germânicas, iniciou o processo de integração de características romanas e germânicas na formação das sociedades europeias. Esse processo resultou na criação de reinos germânicos nos quais as relações pessoais eram fundamentais para estruturar a ordem política, já que os reis consideravam seus reinos propriedades pessoais. Aqueles que se submetiam aos reis ganhavam proteção, o direito de trabalhar nas terras, deveriam obedecê-los e participar das guerras ao lado deles. Outra mudança importante no período foi o abandono das cidades por grande parte da população em razão dos surtos de peste bubônica. A migração para os campos fortaleceu ainda mais o poder dos reis e fez com que a economia rural se tornasse a base da sociedade europeia ocidental.

2. No século V a Igreja católica manteve-se unificada e se tornou uma instituição poderosa graças à acumulação de terras e propriedades e à cristianização dos povos germânicos, principalmente após a conversão de Clóvis, em 496, que deu início a uma longa aliança entre o Estado e a Igreja católica. Graças a ele, a Igreja conseguiu o apoio de uma força militar capaz de garantir sua sobrevivência e ampliar a cristianização dos demais povos no continente europeu. Em contrapartida, Clóvis utilizou a estrutura administrativa católica para fortalecer seu poder e governar um vasto território. Isso continuou no governo de Carlos Magno, que foi coroado imperador dos romanos pelo próprio papa no Natal de 800. Essa coroação reforçou os vínculos entre a Igreja e os carolíngios e colaborou para a disseminação do poder religioso da Igreja para outras regiões.

3. O renascimento carolíngio foi o resultado de transformações promovidas durante o governo de Carlos Magno, que envolviam o estímulo à criação de escolas palatinas e à transcrição de textos clássicos da Antiguidade. Esses dois movimentos possibilitaram uma intensa renovação cultural dentro do território carolíngio. Nesse contexto, os monges copistas tiveram um papel muito importante, já que eram os responsáveis por preservar os textos antigos, garantindo o funcionamento de bibliotecas e a manutenção da cultura letrada num período em que grande parte da população era analfabeta.

4. O Império Carolíngio foi comandado por Carlos Magno. Durante seu governo, Carlos Magno assumiu o controle dos tribunais, padronizou o sistema de cunhagem de moedas, passou a fazer uso crescente de documentos escritos e dividiu o território carolíngio em partes menores. Cada parte recebeu um governante nobre, o que deu origem a uma estrutura hierárquica que seria, posteriormente, utilizada na formação de outros reinos. Com isso, os condados eram governados por condes; as marcas eram administradas pelos marqueses; vários condados reunidos formavam um ducado, sob o comando dos duques. Essa estrutura, porém, entrou em crise após a morte de Carlos Magno, em 814. As disputas pelo poder fizeram com que o território fosse fragmentado, desfazendo sua unidade.

INTERPRETANDO DOCUMENTOS: TEXTO

(p. 213)


a) O médico medieval apresenta um número variado de causas, como a presença de humores pútridos, o excesso de alimentação, sexo ou banhos, a presença de porosidade na pele, a hipersensibilidade ao calor e ao frio, a transpiração excessiva ou ainda a quantidade de cabelos. É importante destacar a presença de critérios morais para explicar a maior suscetibilidade ao contágio, já que a alimentação ou o ato sexual eram fatores que tornavam as pessoas mais suscetíveis de adoecer, e também que todos os critérios dependiam do organismo do indivíduo. Não existia uma explicação sobre a ação de um agente externo que causaria a doença.

364

b) A ciência contemporânea explica o contágio da peste a partir de uma causa microbiológica: o bacilo Yersinia pestis. A bactéria tem a forma de um bacilo curto e ovoide e é transmitida pela picada de pulgas infectadas pela bactéria, que vivem principalmente em roedores. Essas pulgas podem se espalhar para outros animais e atingir os seres humanos. Quando estes são picados pelas pulgas, também são infectados com a doença. Outro fator de contaminação é a forma pneumônica da doença, a mais grave de todas. Nessa forma, a bactéria pode ser transmitida pela tosse ou pelo espirro entre seres humanos.

c) Não, a ciência medieval explicava o contágio da peste a partir de categorias morais e por disposições corporais específicas, enquanto a ciência contemporânea utiliza uma explicação microbiológica para tratar do contágio. Não é mais uma propriedade do corpo ou uma falta moral que faz com que os indivíduos adoeçam, mas a transmissão de um bacilo. Nesse caso, para se proteger da peste, há dois caminhos: impedir a proliferação dos hospedeiros do bacilo ou aplicar uma medicação para combater o bacilo já instalado no corpo humano.

DIÁLOGOS

(p. 216)


Existem diversas edições da obra Dom Quixote de La Mancha, de Cervantes, incluindo versões adaptadas, facilmente encontradas em livrarias, sebos e bibliotecas. De modo geral, pode-se dizer que o personagem de Dom Quixote faz uma sátira aos costumes da cavalaria medieval, entre eles, o amor cortês, as relações de suserania e vassalagem, os princípios morais que regiam a vida dos cavaleiros, etc. Professor, você pode promover uma atividade bem animada de leitura. Para isso, é preciso solicitar aos alunos que preparem previamente a leitura e identifiquem a pronúncia e a entonação corretas do trecho a ser lido. O professor de Arte (Teatro) também pode ser chamado, se você julgar conveniente.

ESQUEMA-RESUMO

(p. 218)


A formação dos reinos germânicos provocou a integração de elementos romanos e germânicos na organização política da Europa. Isso fez com que as relações pessoais de dependência com o soberano se tornassem um dos elementos principais de organização social, bem como provocou a forte militarização da sociedade e a ruralização da economia. Já o fortalecimento da Igreja, graças ao acúmulo de terras e outras riquezas e à posterior aliança com os reinos francos, fez com que ela se tornasse a instituição mais rica e poderosa da Europa durante a Idade Média (séculos V ao XV). Vale destacar que esta passou por mudanças importantes a partir dos séculos X e XI, como inúmeras reformas doutrinais e institucionais, a organização das Cruzadas, a criação do Tribunal do Santo Ofício, etc. Apesar dessas transformações, com o passar dos séculos, a Igreja enfrentou uma lenta crise de seu poder sobre a sociedade europeia.

ORGANIZANDO AS IDEIAS

(p. 219)


1. As Cruzadas eram expedições organizadas pela Igreja católica que tinham objetivos religiosos, especialmente o de retomar a cidade de Jerusalém para a cristandade. Porém, havia também outros interesses em jogo. Com as Cruzadas, o papa pretendia recuperar o prestígio e a unidade da Igreja, abalados pela corrupção e pelo Cisma do Oriente, em 1054. Além disso, nobres tinham interesse em pilhar riquezas e conquistar novas terras. Muitos comerciantes esperavam que as Cruzadas promovessem a reabertura do comércio no Mediterrâneo, dominado pelos muçulmanos. Finalmente, os camponeses ingressaram nas Cruzadas sonhando com a conquista da liberdade. Assim, percebe-se como uma causa religiosa tinha articulação com questões políticas e econômicas na sociedade medieval.

2. A Igreja católica tinha poderes espirituais na medida em que ela era a principal instituição que regulamentava os comportamentos e as práticas religiosas da sociedade medieval. Além disso, a Igreja era uma das mais ricas instituições do período, já que era proprietária de vastas extensões de terra e outros bens materiais. Esse patrimônio, somado ao poder espiritual, tornou a instituição uma importante autoridade no período.

3. No alto da hierarquia, encontravam-se os cardeais, arcebispos, bispos e patriarcas, responsáveis pela organização mais ampla da Igreja e pelo controle das suas riquezas; abaixo vinham os diáconos, os monges e os padres, que cuidavam diretamente das comunidades rurais e dos doentes. O alto clero desfrutava dos mesmos privilégios sociais e econômicos da nobreza, como o acesso à terra e ao poder político. Na base da hierarquia, o baixo clero vivia próximo aos camponeses. Dessa forma, a estrutura hierárquica da Igreja reproduzia características da divisão da sociedade feudal entre senhores e camponeses pobres.

4. A criação do mosteiro beneditino de Cluny tinha por finalidade restaurar o poder espiritual da Igreja, combatendo a corrupção e o abandono das regras canônicas. Essa reforma baseou-se no modo de vida dos religiosos. A partir desse mosteiro, outros foram construídos em quase toda a Europa sob a autoridade do abade de Cluny. Essa iniciativa contribuiu para restaurar por algum tempo a dignidade da Igreja.

5. O Tribunal do Santo Ofício, também conhecido como Inquisição, era o órgão responsável por investigar e punir as pessoas consideradas hereges no período. Desde a fundação da Igreja, a hierarquia católica procurou consolidar a unidade da instituição por meio de uma doutrina única e universal. Inicialmente, as ideias divergentes eram discutidas e provocavam polêmicas entre os dirigentes da Igreja e até entre os fiéis. Mas, a partir do século XII, o papado intensificou o combate aos grupos divergentes. Em 1184, uma bula papal determinou

365

que os bispos deveriam excomungar não apenas os hereges, mas as autoridades que não agissem contra eles. Em 1233, o papa Gregório IX instituiu o Tribunal do Santo Ofício, ou Inquisição, para perseguir e punir os hereges, promovendo a tortura e condenando os acusados à morte na fogueira.



6. Em primeiro lugar, podemos citar as transformações econômicas e sociais provocadas pela reanimação do comércio e das cidades, que favoreceram a centralização do poder nas mãos dos reis. Em segundo lugar, as denúncias cada vez mais comuns contra o luxo e a corrupção do alto clero. Esses dois aspectos enfraqueceram a legitimidade do poder da Igreja.

Yüklə 2,51 Mb.

Dostları ilə paylaş:
1   ...   43   44   45   46   47   48   49   50   51




Verilənlər bazası müəlliflik hüququ ilə müdafiə olunur ©muhaz.org 2024
rəhbərliyinə müraciət

gir | qeydiyyatdan keç
    Ana səhifə


yükləyin