Sugestões de livros
BLOCH, Marc. A sociedade feudal. Lisboa: Edições 70, 2009.
· Nesta obra clássica, o historiador francês Marc Bloch (1986-1944) aborda um período que vai de meados do século IX até meados do século XIII, tratando de diversos aspectos da sociedade feudal que se formou na Europa ocidental e central.
DUBY, Georges. O tempo das catedrais: a arte e a sociedade, 980-1420. Tradução de José Saramago. Lisboa: Editorial Estampa, 1993.
· A partir de exemplos retirados da arquitetura e das obras de arte, Georges Duby (1919-1996) analisa as condições sociais e as representações sociais da sociedade medieval, mostrando como, durante o período feudal, a Igreja esteve à frente da produção artística, uma situação que mudaria nos anos subsequentes.
DUBY, Georges. Guerreiros e camponeses: os primórdios do crescimento europeu, séc. VII-XII. Tradução de Elisa Pinto Ferreira. Lisboa: Editorial Estampa, 1993.
· Nesta obra, Georges Duby, a partir de um enfoque interdisciplinar, com recursos metodológicos que dialogam com a Economia e a Antropologia, traça um panorama da economia europeia entre os séculos VII e XII.
DUBY, Georges. Idade Média, idade dos homens. Tradução de Jônatas Batista Neto. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. (Edição de bolso).
· Neste livro, uma coletânea de textos marcados por uma verve ensaística, Geoges Duby se interroga sobre diversos aspectos da sociedade feudal, sobretudo o amor, o casamento e as relações de gênero, evidenciando como a sociedade feudal era eminentemente masculina.
DUBY, Georges. As damas do século XII. Tradução de Paulo Neves e Maria Lucia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. (Edição de bolso).
· Focando em mulheres da nobreza, Georges Duby mostra, nesta obra, como algumas mulheres conseguiam se sobressair na sociedade eminentemente masculina do século XII.
GEARY, Patrick J. O mito das nações. Tradução de Fábio Pinto. São Paulo: Conrad, 2005.
· Neste livro, o medievalista estadunidense Patrick J. Geary, professor da Universidade de Princeton, estuda os mitos que remontam até a Idade Média e que foram formulados para justificar políticas nacionalistas dos Estados Nacionais europeus nos séculos XIX e XX.
HOBSBAWM, Eric J. Nações e nacionalismo desde 1780: programa, mito e realidade. Tradução de Maria Celia Paoli e Anna Maria Quirino. São Paulo: Paz e Terra, 2013.
· Neste livro, o autor se dedica a analisar profundamente o tema do nacionalismo e de suas manifestações desde 1780, dando destaque às suas formas de consolidação e divulgação em meio à população.
HOBSBAWM, Eric J; RANGER, Terence (Org.). A invenção das tradições. Tradução de Celina Cardim Cavalcante. São Paulo: Paz e Terra, 2008.
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· Nesta coletânea de artigos, renomados historiadores analisam casos daquilo que tratam como invenção das tradições, o que engloba desde o uso dos kilts escoceses até a formação dos Estados nacionais africanos no período pós-independência.
Sugestões de fimes
O processo de Joana d'Arc (Robert Bresson, 1962).
· Filme que, por meio de uma rigorosa pesquisa documental, trata da história da prisão, do julgamento e da execução de Joana d'Arc.
O leão no inverno(Anthony Harvey, 1968).
· Em 1183, durante o natal, o rei Henrique II, da Inglaterra, reúne seus três filhos para decidir quem o sucederá no trono. Durante o encontro, revelam-se os interesses de cada um, criando uma disputa pelo poder.
Sugestão de site
Museu Carnavalet. Disponível em: www.carnavalet.paris.fr/. Acesso em: 4 abr. 2016.
· Site oficial, em francês, inglês e espanhol, do Museu Carvalet, que se dedica à história da cidade de Paris. No acervo do museu existem importantes peças sobre o período medieval.
CAPITULO 13
Fim da Idade Média, Renascimento e Reforma protestante
Procedimentos pedagógicos
O capítulo 13, que trata do fim da Idade Média, do Renascimento e da Reforma protestante, está dividido em seis partes. A primeira delas aborda o período conhecido como Baixa Idade Média; a segunda, o Renascimento artístico, científico e intelectual; a terceira, o contexto das críticas à Igreja católica, que resultariam no início da Reforma; a quarta, as teses de Martinho Lutero; a quinta, o calvinismo e a Igreja Anglicana; e a sexta, por fim, as reações da Igreja católica aos movimentos reformista.
Antes dessas partes, contudo, há uma breve introdução do capítulo que apresenta alguns dados sobre os cristãos protestantes no Brasil. Eles estão divididos em três correntes: os históricos, caso dos presbiterianos e luteranos, os pentecostais e os neopentecostais. Esses dois últimos casos representam as igrejas cujo número de fiéis mais cresce no Brasil e que têm uma forte presença nos meios de comunicação e na política. Dadas essas informações, este momento inicial pode ser interessante para organizar uma Atividade Alternativa. A intenção é organizar uma pesquisa sobre as vertentes protestantes pentecostais e neopentecostais no Brasil. Com o auxílio da internet, os alunos podem fazer um levantamento de dados acerca da presença dessas igrejas no Brasil e de suas principais características e, divididos em grupos, organizar seminários sobre o tema. É de fundamental importância que o objetivo dessa atividade esteja bastante claro: conhecer a diversidade dessas igrejas e a maneira como elas se organizam. Não se trata, portanto, em hipótese alguma, de reforçar estereótipos ou preconceitos.
Feitos esses comentários iniciais, é possível adentrar os conteúdos específicos do capítulo 13. Na primeira parte, trabalha-se com a Baixa Idade Média. Essa é uma subdivisão do período medieval compreendido entre os séculos XI e XV. Neste momento, a Europa passaria por algumas importantes transformações: revitalização do comércio, surgimento e crescimento das cidades, consolidação da burguesia, enfraquecimento dos senhores feudais e fortalecimento dos reis. Como foi visto no capítulo anterior, estas transformações acarretaram, no cenário político-administrativo, na estruturação de Estados modernos centralizados em monarquias nacionais. No campo da produção agrícola, novas tecnologias, como a aragem com tração a cavalos e os moinhos de água e vento, possibilitaram melhoras na qualidade e na produtividade agrícola. Outra inovação que contribuiu para o incremento da produção foi o uso de adubo nas plantações, a partir do século X.
Como já foi comentado, em torno de castelos e abadias, surgiram aglomerações populacionais que dariam origens às cidades. Em muitas dessas cidades organizou-se, a partir de pequenas oficinas de trabalhos artesanais, uma economia urbana. Nessas oficinas, existia uma divisão simples do trabalho, pautada na diferenciação entre mestres, os donos das oficinas; os oficiais, também conhecidos como jornaleiros; e os aprendizes. A partir de meados do século XII, muitas dessas oficinas começaram a se organizar em corporações de ofício, isto é, congregações que visavam defender os interesses de setores específicos, controlar a qualidade da produção e, em uma medida que impedia a baixa dos preços, evitar que certas oficinas produzissem além do necessário. Sobre esse assunto, é imporotante, ainda, destacar a participação das mulheres nas atividades produtivas. Elas tiveram fundamental atuação na indústria têxtil, assim como na metalurgia e na construção, trabalhando como pedreiras, carpinteiras, ferreiras etc.
Toda essa renovada dinâmica econômica gerou riquezas para setores da burguesia, que detinham os meios de produção e coordenavam as atividades comerciais. Um exemplo disso pode ser observado na seção Olho vivo, na página 248, que analisa uma famosa pintura de Jan van Eyck (c. 1390-1441), na qual foi representado um casamento burguês. Contudo, não se pode entender, a partir desse exemplo e do que foi comentado acima, que a Baixa Idade Média tenha sido um período somente de prosperidade e enriquecimento para a Europa ocidental. Como tratado no capítulo, o século XIV também apresentou uma forte crise. As conquistas dos turcos sobre o território bizantino diminuíram o fluxo das mercadorias orientais, o que retraiu a atividade comercial. Além disso, entre 1340 e 1350, cerca de 25 milhões de pessoas, quase um terço da população europeia, morreram por conta de um surto de peste negra.
Paralelamente a isso, a Igreja católica, em razão da corrupção do clero, vivia em constante instabilidade. As relações sociais, por sua vez, eram marcadas por crescente tensão, seja no campo, onde senhores
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feudais tentavam evitar a fuga de camponeses para as cidades e se empenhavam em aumentar os impostos, o que acarretava em violentas revoltas camponesas; seja na cidade, onde a alta burguesia entrava em rota de colisão com os artesãos. A crise do século XIV mostra como a História deve ser sempre pensada em sua complexidade, para além de quaisquer segmentações e simples sistematizações.
A segunda parte do capítulo 13 trata do Renascimento artístico, científico e cultural. As mudanças e as crises do século XI resultaram em transformações na maneira de se pensar a relação dos indivíduos com o mundo, o que afetou a filosofia, as artes e as ciências. Símbolo disso foi o desenvolvimento do antropocentrismo, corrente de pensamento que, ao se opor ao teocentrismo, afirmava a importância dos seres humanos enquanto obras máximas de Deus. Ao colocar os seres humanos como referência central de medida e compreensão do mundo, criava-se um pensamento de ordem racionalista, que negava a primazia da fé sobre a razão. Essa forma de pensar deu origem ao Humanismo, corrente de pensamento que também tinha o objetivo de resgatar certas referências estéticas e concepções ideais da Antiguidade clássica.
Elemento fundamental para a consolidação e difusão do pensamento humanista foi a (re)invenção dos tipos móveis para impressão, no século XV, por Johannes Gutenberg. Com o aprimoramento das técnicas de impressão, superou-se a reprodução lenta e limitada de livros feita pelos copistas, aumentando, assim, a capacidade de circulação das ideias. Os tipos móveis de impressão são tratados em um boxe específico, na página 255; nesse mesmo boxe, propõe-se uma atividade Sua opinião, que trata do acesso à internet no Brasil, atualizando e problematizando o tema da circulação de ideias e do acesso ao conhecimento, algo que permeia todo o debate atual sobre educação, direitos e cidadania.
Como se pode imaginar, o pensamento renascentista, dentre as inovações que propôs em diversas áreas, não se fez sem conflitos com a Igreja católica. Isso foi particularmente sensível no domínio da Astronomia, sobretudo com a teoria do heliocentrismo, que negava o geocentrismo. Esse tipo de inovação teórica colocava em cheque as ideias defendidas pela Igreja católica, o que levou alguns filósofos e cientistas a serem perseguidos pela Inquisição (ressalte-se que a seção Enquanto isso..., na página 262, ao tratar dos estudos dos Tupinambá sobre as constelações estelares, mostra como, na mesma época, a Astronomia também era repensada pelos povos indígenas).
Contudo, é importante ter clara a noção de que o Renascimento, apesar das desavenças que poderiam surgir com a Igreja, não representou uma ruptura com o pensamento religioso. No domínio das artes, isso é bastante perceptível, principalmente na península Itálica, onde a Igreja contratou pintores e arquitetos renascentistas e onde diversos mecenas, geralmente comerciantes urbanos, desejosos de se afirmar socialmente, patrocinavam obras de arte, muitas das quais representavam motivos religiosos. Sobre a importância das cidades italianas no Renascimento, a seção Interpretando documentos: imagem, na página 256, trabalha com uma vista da cidade de Florença, obra atribuída a Francesco di Lorenzo Rosselli, produzida entre 1471 e 1482 (ver Texto complementar ao final das orientações deste capítulo).
Sobre o tema das artes plásticas, ressalte-se que os conhecimentos de ótica, as novas técnicas de luz e sombra, as variações de cor e as inovações na produção de tintas a óleo são fatores que possibilitaram mudanças estéticas. A mais importante dessas inovações foi a perspectiva, técnica que possibilitou estabelecer a noção de profundidade nas pinturas. Esse tema é tratado no boxe As três dimensões da pintura, na página 253. Além disso, a seção Interpretando documentos: imagem, na página 265, propõe uma atividade com a pintura O nascimento da Vênus (1485), de Sandro Botticelli, que apresenta diversas inovações técnicas típicas da arte renascentista.
A terceira parte do capítulo aborda o contexto das críticas à Igreja católica, que resultou nas propostas de Reforma e no surgimento do protestantismo. Para os críticos, a riqueza e os prazeres físicos tinham se tornado mais importantes do que a fé e a moralidade, sobretudo no que se refere ao alto clero, junto ao qual medrava forte corrupção. Alguns filósofos cristãos, influenciados pelo pensamento humanista, passaram a ver na estrutura da Igreja católica e em seus dogmas fatores que perpetuavam as mazelas e a ignorância da sociedade europeia cristã. Em 1517, o monge Martinho Lutero (1483-1546) protestou abertamente contra o comportamento do alto clero e do papado. Um dos principais motivos de suas reprimendas recaía sobre a venda de indulgências. Na página 258, há um boxe específico sobre esse assunto, a partir do qual é possível compreender a complexidade que a venda do perdão assumiu no período.
A quarta parte do capítulo trata especificamente das 95 teses e das ideias de Lutero. É importante ressaltar que as críticas de Lutero e de outros reformistas baseavam-se no pensamento de base humanista e repercutiam sobre temas sociais. Contudo, as ideias de Lutero não visavam a uma reforma de cunho social, e sim a uma reavaliação das práticas e preceitos da Igreja católica. Apesar disso, ocorreu algo contraditório, pois grupos de camponeses, inspirados pelas críticas de Lutero e instigados por religiosos, chegaram a se rebelar contra a situação de pobreza e exploração em que viviam. No boxe Convulsão social contra a Igreja, na página 259, apresenta-se o caso da revolta que foi liderada pelo monge franciscano Thomas Münzer, em 1524, que visava acabar com as diferenças entre ricos e pobres, abolindo a propriedade privada. Nesse mesmo boxe há uma atividade Sua opinião, que atualiza o tema contestação política e social ao abordar os movimentos sociais no Brasil. Evidentemente, ao tratar desse assunto, é importante não perder a dimensão histórica dos eventos: não se pode confundir uma longa revolta ocorrida no século XVI, que custou a vida de 100 mil camponeses, com as manifestações atuais no Brasil. Ainda sobre o tema, na seção Interpretando documentos: texto e imagem, na página 264, trabalha-se com um manifesto dos camponeses revoltosos, publicado em 1525, que permite compreender melhor suas ideias.
As ideias de Lutero inspiraram outros movimentos de reforma, como o do frade João Calvino (1509-1564)
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e a fundação da Igreja anglicana, na Inglaterra, temas abordados na quinta parte do capítulo. Esses dois casos deixam entrever claramente como o protestantismo, em suas diferentes vertentes, teve suas concepções espirituais baseadas sobre alicerces econômicos e políticos bastante mundanos. No caso do calvinismo, a sua difusão esteve diretamente ligada àquilo que o sociólogo Max Weber (1864-1920) chamou de o "espírito do capitalismo". De acordo com as ideias de Calvino, somente a predestinação poderia garantir a salvação; cabia ao indivíduo de fé se sujeitar a um destino que já estava traçado. Contudo, haveria sinais terrenos da predestinação; um deles seria o sucesso no trabalho e nos negócios. Nessa leitura do protestantismo, paralelamente à dedicação ao trabalho, era preciso levar uma vida austera e regrada. O calvinismo andou, nesse sentido, paralelo ao desenvolvimento das atividades mercantis, tendo muito sucesso nos Países Baixos, tradicionalmente ligados ao comércio. No caso do anglicanismo, igreja fundada pelo rei Henrique VIII, em 1534, as relações com o poder são evidentes, na medida em que esta é uma religião de Estado, surgida a partir de desavenças com o papado, controvérsias muito mais de cunho político do que religioso.
A sexta parte do capítulo 13, por fim, trata da Contrarreforma. Sobre esse assunto é fundamental comentar a criação de ordens evangelizadoras, sendo que a principal delas foi a Companhia de Jesus. Fundada em 1540 e estruturada a partir de uma lógica militar, essa ordem teve grande importância na expansão marítima europeia sobre a África, a Ásia e a América, tendo atuado com grande força no Brasil. A Contrarreforma teve suas principais diretrizes estabelecidas durante o Concílio de Trento, ocorrido entre 1545 e 1563. Essas diretrizes tinham como base a afirmação dos sete sacramentos, do celibato dos padres, da proibição da venda de indulgências e do clero enquanto intermediário entre as palavras sagradas e os fiéis. Além disso, também foram estabelecidas medidas mais ofensivas, como o estabelecimento de uma lista de livros proibidos pela Igreja e a intensificação das atividades da Inquisição.
A seção Hora de refletir, na página 267, toca justamente nesse tema ao propor uma reflexão sobre a tolerância religiosa e as medidas que podem ser tomadas para, dentro do ambiente escolar, instigar o respeito à diversidade religiosa. Para além disso, essa atividade abre a possibilidade de trabalhar com a atividade Fechando a unidade, na página 268. Neste momento final, são apresentados três documentos. O primeiro deles é o trecho de um artigo que fala da intolerância religiosa no Brasil, sobretudo contra as religiões afro-brasileiras, fenômeno que é pensado em paralelo ao racismo; o segundo, uma fotografia de um encontro realizado na ONU, em 2015, que reuniu diversas lideranças religiosas; o terceiro, um grafite do artista francês Combo, que prega a coexistência entre o cristianismo, o islamismo e o judaísmo, e que foi feito após os ataques contra a sede do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris, em janeiro de 2015. Esses três documentos, ao mesmo tempo que revelam a imensa diversidade religiosa das sociedades humanas, assunto que norteou o eixo conceitual da Unidade 4, demonstram que o contato entre as diferenças pode se dar de forma pacífica ou não. Como foi comentado ao longo dos últimos capítulos, a melhor forma de criar uma cultura de tolerância é combater os estereótipos, o que somente pode ser feito por meio do conhecimento e da informação. Estudar e respeitar a história das religiões, portanto, é a primeira atitude a tomar no sentido da paz e da coexistência, tal como aparece no grafite do artista francês. Mais ainda, é uma atitude que permite compreender como a diversidade é fundamental, como ela engrandece as sociedades e a cultura dos seres humanos.
SUA OPINIÃO
(p. 255)
Resposta pessoal. Professor, é importante avaliar a capacidade de argumentação dos alunos. Como forma de estimular o debate, você pode elaborar algumas perguntas: pode-se dizer que a democratização da comunicação se resume apenas à livre circulação de informações? Com a internet, a sociedade está mais bem informada, ou apenas uma parcela tem mais acesso às informações? Embora ainda restrita a uma porcentagem menor que 50% da população mundial, pode-se dizer que a internet vem contribuindo para a democratização das informações e do conhecimento. Assim como no passado a publicação de uma grande quantidade de livros, a partir do invento de Gutenberg, possibilitou um novo modelo de disseminação do conhecimento, a internet, hoje, permite a disseminação de informações de forma rápida, independentemente da distância, atingindo diferentes regiões do planeta quase que instantaneamente. A internet possibilita que os chamados "formadores de opinião", organizações da sociedade civil, pesquisadores e professores tenham acesso a informações importantes e também as disseminem para outros segmentos da população. Assim, ainda que exista uma exclusão digital, a internet já vem propiciando certa democratização e uma mudança no ritmo das trocas virtuais de informação e conhecimento. Solicite aos alunos que escrevam o texto na forma de carta, respeitando os procedimentos desse tipo textual. Na elaboração do mural, lembre os alunos que é importante destacar dados variados e incluir o máximo possível das informações pesquisadas.
ORGANIZANDO AS IDEIAS
(p. 255)
1. Os avanços tecnológicos, a expansão da produção agrícola e as Cruzadas possibilitaram o crescimento das atividades comerciais, já que se tornou possível comercializar o excedente agrícola. Com isso, o dinheiro voltou a circular e as cidades começaram a crescer. Esse processo de monetarização das atividades produtivas fez com que o poder dos senhores feudais diminuísse, principalmente pelo fato de que muitos camponeses conseguiram acumular rendas para comprar a liberdade e abandonar as terras de seus senhores. Vale destacar que, além da comercialização dos excedentes agrícolas, o crescimento do comércio estava relacionado também à circulação
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de novas mercadorias vindas do oriente, que foi possibilitada pela abertura de novos mercados e rotas comerciais por conta do movimento das Cruzadas.
2. O Humanismo foi a corrente de pensamento que afirmou a importância central do ser humano, considerado a obra suprema de Deus. Conhecida como antropocentrismo, essa concepção tinha inspiração no princípio grego segundo o qual "o homem [o ser humano] é a medida de todas as coisas". Desse modo, o interesse principal desse movimento era a atividade humana.
3. As inovações do ponto de vista artístico foram inúmeras. Entre elas, pode-se destacar o desenvolvimento da perspectiva na pintura e outras artes visuais e a renovação literária em diversas regiões da Europa. Do ponto de vista da reflexão política, uma das principais inovações foi a obra O príncipe (1513), escrita por Nicolau Maquiavel (1469-1527). Nela, o florentino analisou as formas pelas quais os líderes exerciam e se mantinham no poder em sua época e em períodos anteriores. Para ele, um governante (rei ou príncipe) não deveria se deter diante de nenhum obstáculo para conservar o poder do Estado. Do ponto de vista científico, ocorreram importantes avanços no conhecimento do corpo humano, bem como a formação de novas ideias sobre o funcionamento do Universo. Uma das principais inovações do período foi a elaboração de uma visão heliocêntrica do Universo, abandonando a ideia de que a Terra estivesse no centro de tudo.
INTERPRETANDO DOCUMENTOS: IMAGEM
(p. 256)
a) É possível observar que a imagem foi construída utilizando o efeito da perspectiva. Isso significa que ela cria no observador a sensação de possuir três dimensões: a largura, a altura e a profundidade. É possível observar isso na diferença entre o primeiro plano e o plano de fundo da imagem. Quem observa a pintura sente que o primeiro plano está mais próximo de si, enquanto o plano de fundo aparece em profundidade e distante. Sem o desenvolvimento das técnicas de perspectiva, que envolviam a aplicação de princípios matemáticos na pintura, não seria possível criar esse efeito no espectador.
b) O espaço urbano de Florença é representado de forma bastante densa, com a presença de um grande número de construções próximas umas das outras. Dessa forma, a imagem transmite a ideia de que a cidade era um centro urbano importante e já abrigava um grande número de habitantes. É possível também observar a presença de construções mais altas, com vários andares, o que reforça a sensação de densidade e de crescimento. Assim, pode-se dizer que a vista de Florença criada pelo artista resulta numa representação da cidade como um espaço dinâmico e em expansão.
c) A contraposição entre o espaço urbano e a paisagem campestre pode ser relacionada ao processo de crescimento dos espaços urbanos e do comércio ocorridos a partir do início da Baixa Idade Média. Isso foi propiciado por diversas razões, entre as quais pode-se destacar o desenvolvimento tecnológico, a criação de novas rotas comerciais por conta das Cruzadas e a possibilidade de comercialização do excedente agrícola. O crescimento de Florença pode ser visto como um desdobramento desse processo. Além disso, a contraposição entre os dois espaços pode ser vista também como uma forma de representar dois tipos diferentes de atividade econômica, já que o centro da vida econômica das cidades girava em torno do comércio e das atividades artesanais, enquanto o da vida rural baseava-se na produção agrícola.
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