Dos primeiros humanos ao renascimento manual do professor gislane azevedo


é muito diferente do que acontecia em Roma



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é muito diferente do que acontecia em Roma. Além disso, as atividades lúdicas têm grande importância na vida do ser humano, funcionando não somente como formas de diversão, mas também como maneiras de se relacionar com o mundo e com a sociedade.

Na Roma antiga, a principal reação ao crescimento das desigualdades sociais ficou a cargo dos irmãos Tibério e Caio Graco, que, como tribunos da plebe, lutaram por uma distribuição de terras mais justa, que pusesse fim ao êxodo rural e limitasse as propriedades rurais. Os irmãos Graco, em seu combate contra os desmandos do Senado, foram brutalmente assassinados. Paralelamente a isso, além da mobilização dos plebeus, ocorreram revoltas de escravos. A mais famosa delas foi a Revolta de Espártaco, tratada com mais detalhes no boxe da página 145 e na seção Interpretando documentos: texto e imagem, na página 148. O declínio da República Romana se consolidou com a ascensão dos militares ao poder, tema da sexta e última parte do capítulo. A disputa extremamente violenta entre os generais, que passaram a governar Roma por meio dos triunviratos, e que terminou por instaurar, no final do século I a.C., o Império Romano, evidencia como a luta por direitos pode ser imperfeita, contraditória e marcada pela violência. A seção Hora de refletir, na página 152, que fecha o capítulo, atualiza essa questão e propõe uma atividade acerca das atuais formas de luta dos movimentos sociais. Nesse sentido, ressalte-se que, hoje em dia, se as mobilizações sociais são mais organizadas e menos violentas do que na Roma antiga, isso é um sinal de humanização dos debates, e não de acomodação ou passividade.



ORGANIZANDO AS IDEIAS

(p. 140)


1. O avanço dos etruscos fez com que as diversas aldeias independentes de italiotas que viviam na região do Lácio fossem unificadas na forma de uma grande cidade. Isso implicou a imposição dos costumes etruscos, bem como do seu governo monárquico para a região. A sociedade etrusca estava dividida em quatro grupos sociais principais: os patrícios eram os grandes proprietários de terra, que detinham o poder político e econômico na cidade; os plebeus eram os comerciantes, os artesãos e os pequenos proprietários, que não tinham direitos políticos nem podiam se casar com patrícios, mas cuja participação era obrigatória no exército; os clientes eram ex-escravos ou filhos de escravos nascidos livres, que mantinham relações de dependência com os patrícios, de quem recebiam terras para cultivar e que deviam substituir nas convocações para a guerra; os escravos, que eram capturados em guerras ou por dívidas.

2. Em latim, República significa coisa pública(res publica). Uma das características dessa forma de governo é a escolha dos governantes por um período determinado, em contraste com a monarquia, na qual o rei governa até a morte, a menos que seja deposto ou abdique do trono. A República Romana se baseava numa complexa estrutura político-administrativa formada pelo Senado, pela Magistratura e pelas Assembleias. A Magistratura era responsável pela administração, sob a liderança de dois cônsules, eleitos anualmente para cuidar das questões administrativas e do comando do exército. O Senado concentrava a maior parte do poder político e era formado por membros das famílias patrícias. Os senadores eram vitalícios, faziam as leis e tomavam as decisões políticas mais importantes. Finalmente, as Assembleias completavam o poder da república, elegendo os cônsules e tomando diversas decisões.

3. a) O avanço romano se deu a partir da criação de uma poderosa força militar e da formação de alianças com povos que aceitavam sua liderança. Isso permitiu, inicialmente, a conquista de toda a península Itálica, entre 272 a.C. e 265 a.C., que estava ocupada por etruscos no norte e colônias gregas no sul. Depois da conquista da península Itálica, Roma passou a conquistar territórios na região do Mediterrâneo, como as cidades-Estado gregas e Cartago. Dessa forma, Roma se tornou a potência dominante na região do Mediterrâneo nesse período.

b) O avanço territorial romano possibilitou o crescimento das riquezas e dos privilégios dos patrícios, especialmente em razão da expansão do número de escravos que esse grupo social controlava. Já os plebeus não se beneficiaram desse processo, enfrentando apenas o crescimento das desigualdades sociais. Isso provocou diversas revoltas plebeias. Como a base do exército era formada por plebeus, em 494 a.C. eles se negaram a continuar combatendo em nome da república, exigindo o direito de participar da vida política de Roma. Essa situação obrigou os patrícios a realizarem reformas políticas e sociais para ampliar os direitos dos plebeus e melhorar suas condições de vida.



INTERPRETANDO DOCUMENTOS: TEXTO

(p. 141)


a) Espera-se que os alunos associem a narrativa de Troia com a tradição cultural grega, o que indica o valor desse cultura para o desenvolvimento da cultura romana. Assim, associar a fundação de Roma com as ações de um herói de um importante episódio da história dos gregos era uma maneira de indicar a continuidade dessa tradição na própria história dos romanos.

b) Virgílio não descreve a fundação de Roma como o resultado da pura ação humana, mas como a combinação de ações humanas e divinas. O herói e fundador de Roma, Eneias, chegou à região onde se localiza a cidade de Roma por conta do destino, um elemento divino. Além disso, ele sofreu como joguete nas mãos dos deuses. Porém, mesmo assim foi capaz de fundar a cidade e prestar homenagem aos seus deuses.

c) A narrativa de Virgílio é diferente daquela proposta pelos historiadores. Enquanto o poeta identifica a fundação de Roma com um passado

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antigo e glorioso, por meio das ações de um herói troiano, os historiadores explicam a fundação de Roma a partir da ocupação da península Itálica por diferentes povos, em especial as ações dos etruscos, que unificaram diferentes aldeias e originaram a cidade de Roma.



SUA COMUNIDADE

(p. 143)


Esta atividade pretende levar o aluno a refletir sobre a coleta e o tratamento do lixo na cidade em que vivem, em geral sob responsabilidade das prefeituras municipais, por intermédio da Secretaria de Meio Ambiente, da Secretaria de Limpeza Urbana ou de Serviços Públicos. Em geral, as prefeituras oferecem informações sobre esse tema na internet ou por meio de um serviço telefônico. Além disso, há legislação federal sobre o tratamento dos vários tipos de lixo (como o lixo hospitalar, industrial, doméstico e, recentemente, o lixo eletrônico, composto de computadores, televisores, etc.). Munidos dessas informações, os alunos podem identificar pela observação direta como se realiza a coleta de lixo nos locais onde moram, por exemplo, se há caminhões da prefeitura diferenciados para a coleta seletiva. Outro dado importante a ser trabalhado é o fato de que não é apenas o serviço público que cuida do lixo, especialmente nos grandes e médios municípios. Há, por exemplo, catadores de material reciclável que circulam pelas ruas com suas carroças, recolhendo papelão, plástico, vidro e latinhas de alumínio. Nos depósitos de lixo também podem ser encontradas pessoas que separam e vendem uma parte dos resíduos (caso não haja coleta seletiva), além de reutilizarem roupas e outros objetos encontrados no lixo. Além disso, existem diversos depósitos privados que compram o material reciclado para revendê-lo a usinas de tratamento ou a setores da indústria que o reaproveitam. Também é importante mostrar aos alunos que, em geral, as pessoas mais pobres, que quase sempre moram em regiões com pouca ou nenhuma infraestrutura urbana, são as mais prejudicadas pelos problemas ambientais porque estão mais vulneráveis ao excesso e ao acúmulo de lixo. A coleta, por exemplo, costuma ser mais precária nos bairros mais afastados dos centros urbanos ou dos bairros com mais infraestrutura. Entretanto, todos os moradores do município sofrem com a falta de uma política urbana eficiente e capaz de coletar e tratar o lixo corretamente. Professor, você pode ainda propor aos alunos uma reflexão sobre ações individuais ou coletivas que interajam no quadro apresentado. Pode-se, por exemplo, pensar na separação doméstica do lixo, no debate com as autoridades do município sobre a coleta seletiva ou em uma ação coletiva que denuncie algum problema identificado pelo grupo.

SUA COMUNIDADE

(p. 146)


Esta atividade tem por finalidade incentivar a pesquisa sobre os movimentos migratórios internacionais e como isso tem se manifestado na sociedade brasileira, em especial na comunidade em torno da escola (ou do lugar onde o aluno mora). Pretende-se que o aluno seja capaz de identificar grupos e pessoas que precisaram migrar, apontando as causas que provocaram esse deslocamento, bem como a maneira como elas foram recebidas em nossa sociedade. Nesse caso, é especialmente importante destacar os direitos que lhes são garantidos pelo Estado brasileiro, mas também as oportunidades de inserção desses grupos na sociedade. A atividade pode ser dividida em quatro etapas: 1) identificar e mapear a existência de imigrantes na cidade em que os alunos vivem; 2) distribuir e planejar as atividades de pesquisa (entrevistas, leitura dos documentos escritos, registros fotográficos das organizações, contribuições culturais dos imigrantes, etc.); 3) realizar a pesquisa, preferencialmente, por meio de visitas dos alunos às instituições responsáveis pela acolhida aos imigrantes; 4) finalmente, os alunos devem apresentar os resultados da pesquisa à classe. Professor, caso não existam imigrantes na comunidade em torno da escola, é possível propor a pesquisa sobre os fluxos migratórios que se direcionam ao Brasil. Nesse caso, pode-se lembrar da vinda de grandes grupos de haitianos, de sírios, entre outras pessoas de países que enfrentam conflitos ou problemas sociais.

ESQUEMA-RESUMO

(p. 147)


A monarquia romana teve início a partir da unificação promovida pelos etruscos das aldeias existentes na região do Lácio em apenas uma cidade. Esse período foi marcado por uma sociedade dividida em quatro grandes grupos (patrícios, plebeus, clientes e escravos) e pela existência de um governo monárquico, mas que era acompanhado por instituições políticas como o Senado. O período monárquico se encerrou após uma sublevação de patrícios, que derrubou a monarquia e instaurou o novo governo. Já a república foi marcada pelo fim do poder monárquico e pela divisão do poder político em diferentes instituições, como o Senado, a Magistratura e as Assembleias. Além disso, a sociedade romana passou a ter novos grupos sociais, como os nobres e os cavaleiros. O período republicano chegou ao fim após a intensificação dos conflitos sociais, que provocaram o fortalecimento dos generais e culminaram em uma guerra que derrubou a república e instaurou o império em Roma.

ORGANIZANDO AS IDEIAS

(p. 148)


1. A política do "pão e circo" baseava-se em duas ações articuladas da nobreza: a distribuição de esmolas e alimentos (trigo, por exemplo) aos pobres e a organização (financiamento) de festas e espetáculos com gladiadores que atraíam grande número de plebeus. Com essa política, a nobreza pretendia conquistar o apoio dos plebeus mais pobres e, assim, ter maior controle do Senado e dos principais cargos da Magistratura. Além disso, a política do "pão e circo" contribuiu para amenizar as tensões sociais na República Romana.

2. Tibério Graco, eleito tribuno da plebe em 133 a.C., defendia uma reforma agrária que limitava

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o tamanho da propriedade da terra e, com isso, evitasse o êxodo rural. Ele e seus seguidores foram assassinados pelos senadores, que eram donos dos maiores latifúndios de Roma. Anos depois, seu irmão, Caio, foi eleito tribuno da plebe com o propósito de retomar as lutas de Tibério. Caio Graco propunha que as principais decisões da república não ficassem mais nas mãos do Senado, mas fossem tomadas em uma assembleia popular. Em 121 a.C., Caio foi morto em uma emboscada. A morte dos Graco agravou ainda mais as desigualdades sociais e as tensões entre o povo e a aristocracia, levando a guerras civis que duraram quase um século.



3. O crescimento das desigualdades sociais em Roma provocou uma crescente crise na república. Para tentar desviar a atenção popular dos efeitos da crise, os senadores ampliaram as campanhas militares romanas. Entretanto, o êxito dessas campanhas elevou também o prestígio dos generais, que passaram a se envolver mais diretamente na política. Em algumas décadas, alguns desses generais assumiram o controle do Estado, o que enfraqueceu ainda mais as instituições republicanas.

4. Ao assumir o poder como ditador vitalício, Júlio César assumiu para si vários cargos e funções, como os de cônsul, Pontífice Máximo e supremo comandante militar, já que tinha o apoio do exército e de diversas camadas sociais. Com ele, teve início a personificação do poder do Estado. César não era representante específico de nenhum grupo social nem tinha interesse nas instituições republicanas. Suas medidas econômicas e sociais, como a distribuição de terras e a ampliação da cidadania, foram tomadas segundo seu critério e vontade. Essas medidas eram vistas por muitos como uma tentativa de acabar com a república e implantar uma nova monarquia. Ainda que grupos tenham tentado barrar a concentração de poderes assassinando César, isso não impediu que um novo general assumisse o poder em Roma, o sobrinho de César, Caio Otávio.

5. a) Durante a monarquia, apenas os patrícios eram considerados cidadãos. Isso se alargou durante a república, quando os plebeus também conquistaram a cidadania. Porém, a maior parte da população, composta de povos das regiões conquistadas pelos romanos, nunca teve acesso a esse direito.

b) Os escravos originários das conquistas militares tornaram-se a principal força de trabalho na República Romana. Eles eram responsáveis pelas atividades agrícolas, pela produção artesanal nas cidades, pelo trabalho doméstico e até mesmo por atividades educacionais. Os escravos desempenharam importante papel no processo de expansão da economia romana. Porém, além de não terem liberdade, os escravos eram submetidos a péssimas condições de vida, o que contribuiu para a eclosão de revoltas frequentes. Muitas delas eram reprimidas rapidamente, com a morte dos escravos envolvidos. Outras, porém, duravam anos e envolviam milhares de cativos. A rebelião de Espártaco, por exemplo, ocorreu entre 73 a.C. e 71 a.C. e envolveu cerca de 60 mil escravos, que chegaram a vencer várias legiões romanas.

c) Nossa noção de cidadania está baseada na igualdade de todos. Isso implica que toda a população de um país precisa de direitos e de liberdades para praticar a cidadania, sem o que a democracia não poderia funcionar plenamente. Assim, pode-se dizer que a noção romana de cidadania não estaria de acordo com a que temos hoje num ambiente democrático.

INTERPRETANDO DOCUMENTOS: TEXTO E IMAGEM

(p. 148)


1. a) Segundo Plutarco, a derrota de Espártaco ocorreu por causa da insubordinação de seus homens. A vitória na batalha anterior fez com que os escravos ficassem arrogantes e passassem a desobedecer seus chefes. Com isso, eles acabaram se dirigindo ao encontro das tropas romanas, sendo derrotados.

b) De acordo com Apiano, a batalha foi marcada por grande bravura e resistência por parte dos escravos, especialmente do líder Espártaco, que continuaram lutando mesmo feridos. O restante do exército de Espártaco só entrou em pânico após a morte de seu líder. Apesar do massacre, os escravos conseguiram impor grande resistência e matar cerca de mil soldados romanos.

c) O texto de Plutarco expressa uma visão negativa das forças de Espártaco, na medida em que elas se tornaram desobedientes. Além disso, é possível afirmar que ele também representa os líderes da revolta negativamente, dado que eles não conseguiram manter a autoridade e perderam o controle de suas forças. Já Apiano representa os escravos como um grupo de combatentes corajosos, apesar da derrota que os romanos lhes impuseram.

2. a) Na imagem, é possível observar os deuses lado a lado, abraçados. Isso indica que eles formam um casal. Na frente dos deuses é possível observar uma carruagem sendo puxada por cavalos. Além dos dois deuses em destaque na imagem, é possível observar outros seres, em tamanho reduzido, bem como algumas embarcações e animais marinhos. Essas características podem indicar que tais divindades tinham relações com os mares e os seres que neles vivem.

b) Espera-se que os alunos identifiquem que Netuno era uma das principais divindades greco-romanas. Chamado pelos gregos de Poseidon, o deus Netuno era irmão de Júpiter e uma das divindades associada ao mundo aquático. Além dele, existiam os deuses Oceano, Tétis e outras divindades que comandavam os mares e os rios.



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Netuno era invocado pelos navegantes e pelos negociantes para proteger as viagens e garantir sucesso na travessia dos mares. Já Anfitrite era a filha de Nereu e uma ninfa por quem Netuno se apaixonou. Isso a transformou na rainha dos mares.

c) A helenização de Roma foi a lenta transformação da cultura romana sob forte influência das tradições culturais, religiosas e artísticas da Grécia antiga. Esse processo se acentuou a partir do século III a.C. Valores estéticos e princípios filosóficos foram incorporados pela cultura romana; artistas plásticos e escultores gregos eram imitados em Roma; os filhos de muitos patrícios eram educados por escravos ou cidadãos gregos. Além disso, a religião romana foi enriquecida com práticas e deuses originários da Grécia. Netuno é um exemplo disso, já que era uma divindade originalmente dos gregos e que foi incorporada ao panteão de deuses romanos.

TESTE SEU CONHECIMENTO

(p. 150)


1. B

2. V, F, V, F

3. B

4. B

5. Apenas as afirmativas III e IV estão corretas; assim, a alternativa correta é a letra E. O erro da primeira afirmativa é apontar que o rei romano governava sozinho e hereditariamente. Ele dividia o poder com o Senado e era esta instituição que escolhia o novo rei quando morria o anterior. Já o erro da segunda afirmativa é indicar que o Senado só surgiu durante a república, quando ele era uma das instituições políticas já existentes durante a monarquia.

6. Apenas as afirmativas I e II estão corretas; assim, a alternativa correta é a letra D. O erro da terceira afirmativa é indicar que todos os conflitos sociais envolveram patrícios e plebeus. É preciso lembrar que ocorreram revoltas e conflitos envolvendo outros grupos, como é o caso das revoltas de escravos. Já o erro da quarta afirmativa é apontar que Júlio César foi coroado imperador e que depois dele todos os governantes de Roma eram generais. César foi assassinado e não foi coroado imperador. Também nem todos os imperadores foram generais antes de ocupar o poder em Roma.

HORA DE REFLETIR

(p. 152)


1. O objetivo da atividade é que os alunos identifiquem práticas utilizadas pela população, especialmente pelos grupos marginalizados da sociedade, para lutar por direitos e por ações que diminuam as desigualdades sociais. Nesse sentido, vale destacar que, atualmente, os movimentos sociais não costumam adotar estratégias violentas para alcançar seus objetivos, mas buscar instrumentos democráticos e outros meios para pressionar a opinião pública. Como exemplos podemos citar a organização de protestos, marchas, caminhadas, a publicação de manifestos e outros textos, a utilização das redes sociais como maneira de compartilhar ideias e organizar a luta política, as greves e outras formas de impedir a continuidade da rotina normal de trabalho, os protestos nos espaços legislativos (câmaras municipais, assembleias legislativas, câmara dos deputados ou senado), a ocupação de espaços (como as terras devolutas ou prédios abandonados), entre outras possibilidades. Caso julgue oportuno, é possível solicitar aos alunos que leiam suas respostas e debatam com os colegas as ideias apontadas. Isso é um modo de socializar as ideias e aprofundar o tema coletivamente.

2. O objetivo desta atividade é refletir sobre o papel da democracia e dos direitos do cidadão no mundo contemporâneo, com base na abordagem de dois assuntos polêmicos: o futebol e os programas de televisão. O futebol, como a televisão, são fenômenos de massa, isto é, envolvem milhões de pessoas, exigem certa padronização dos comportamentos e movimentam vultosos recursos financeiros. Ambos se alimentam de certo "fanatismo": as torcidas organizadas de futebol e os telespectadores de alguns programas (como as telenovelas). Pode-se apontar que existem pessoas que se envolvem profundamente com o futebol ou se tornam "dependentes" de programas de televisão, desinteressando-se de outras manifestações da vida em sociedade, como o teatro, a literatura, o cinema, as exposições e a atividade política. Por outro lado, pode-se lembrar também que o futebol tem um papel importante na construção da identidade individual e coletiva e pode ser um caminho para estimular discussões que vão além do esporte, inclusive temas relacionados à cidadania (ocupação do espaço público, importância de atividades esportivas como forma de socialização, entre outros). Além disso, no âmbito do futebol, não são poucas as reflexões sobre a condução política dos clubes, a relação entre os homens de negócios e os atletas, entre políticos e times de futebol, etc. A televisão também pode ser pensada como um espaço de difusão cultural importante, especialmente quando estimula a criação de programas jornalísticos mais comprometidos com a investigação social e com práticas de cidadania, mas também por meio de filmes e outras obras culturais relevantes. Assim, é importante perceber que o futebol e a televisão podem tanto afastar como aproximar as pessoas de reflexões políticas, e é importante considerar isso durante os debates.

Texto complementar

O texto a seguir foi retirado do artigo "O cidadão romano na república", de Maria Luiza Corassin, uma das principais pesquisadoras brasileiras dedicadas ao estudo de Roma antiga. Nele, a autora trata de alguns aspectos do sistema de cidadania romana e da importância do censo de maneira geral.



Para obter a adesão e o consenso dos cidadãos, é preciso atender ao interesse de cada um, mediante uma moral coletiva, que os envolve desde a infância, transmitindo

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o espírito cívico, de sacrifício e resignação. Se os encargos forem mal repartidos, a adesão se quebra e os laços cívicos se rompem. Portanto, a distribuição do ônus deve ser equilibrada, com alternância dos encargos; nem todos os encargos para uns e nem todos os benefícios para os outros. Os romanos sabiam que tinham um sistema sólido e estruturado, ao procurar distribuir as vantagens e os inconvenientes de modo proporcional.

A massa de cidadãos participa pouco da atividade diretiva, pois são excluídos da minoria governante, encarregada dos comandos militares, das magistraturas e que engloba os membros do Senado. Mas todos os cidadãos são eleitores, participando da escolha de magistrados e também diretamente da aprovação de leis nas assembleias do povo. É preciso reconhecer, porém, que o voto é mais eficaz para os mais ricos.

O sistema romano era baseado em uma operação fundamental, o census, na qual eram levados em consideração inúmeros fatores determinantes: a idade, o sexo, a origem, o local de nascimento, a família, o mérito e a riqueza dos cidadãos. Esses critérios definem a opinião de todos sobre cada um e a posição de cada um na comunidade.

O censo, ou seja, o recenseamento dos cidadãos era realizado periodicamente pelos magistrados encarregados, os censores, que distribuem a cada um o papel exato a ser desempenhado na vida cívica: o posto no exército, o montante do tributo a ser pago, mas também o grau de participação nas deliberações políticas e o acesso às honras da cidade. Os honores (as dignidades) e os onera (os encargos ou obrigações) eram distribuídos proporcionalmente. Os encargos militares e fiscais recaíam mais pesadamente sobre os mais ricos, poderosos e bem-nascidos; os que têm algo a defender são os bons soldados e contribuintes leais. Em compensação, nas assembleias, eles têm mais influência. Esses são os princípios que podem nos parecer pouco democráticos, mas é preciso lembrar que a república olhava com desconfiança a igualdade entre os cidadãos uma vez que estes ocupavam posições diferentes e desiguais.

CORASSIN, Maria Luiza. O cidadão romano na república. In: Projeto História. PUC/SP. n. 33, dez. 2006, p. 278.



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