les-500-premi-res-firmes-multinationales-2012>. Acesso em: 13 out. 2015.
Indústrias tradicionais
São aquelas consideradas mais antigas, pouco automatizadas e que, por essa razão, empregam uma quantidade de mão de obra relativamente numerosa em relação ao valor total da produção.
Do ponto de vista histórico, representam as primeiras indústrias surgidas na Inglaterra, tendo sido a base do desenvolvimento industrial nos séculos XVIII e XIX. Entre as indústrias tradicionais, destacam-se a têxtil, responsável pela evolução tecnológica que foi transferida para os demais setores; a alimentícia; a siderúrgica e a metalúrgica.
Graças a uma combinação de fatores históricos, a Europa e os Estados Unidos foram as primeiras áreas a se desenvolverem industrialmente. Contribuíram para essa concentração industrial elementos como:
▸ difusão do sistema fabril;
▸ acumulação de capital, decorrente da expansão das atividades comerciais;
▸
▸ acelerado progresso técnico;
▸ aproveitamento da expansão do mercado consumidor e de matérias-primas, derivada da dominação imperialista;
▸ grande disponibilidade de mão de obra, decorrente do êxodo rural e do aumento populacional;
▸ criação de infraestrutura básica, como uma rede de transportes ou de comunicações.
As indústrias tenderam a se instalar perto de suas fontes de matérias-primas, com o objetivo de reduzir os gastos com transporte, que oneravam muito a produção. Desse modo, foi nas proximidades das bacias de carvão que se formaram grandes complexos industriais, principalmente quando na região havia jazidas de minério de ferro, matéria-prima essencial para a indústria de base. Assim, a localização industrial pode ser influenciada por determinados fatores. Veja a seguir.
Energia: carvão
Como você viu no Capítulo 4, o carvão mineral é um combustível fóssil encontrado em certas áreas de bacias sedimentares. É a principal fonte de energia da indústria siderúrgica. Diferencia-se do carvão vegetal, obtido por meio da queima da madeira e menos energético.
Formado principalmente no período Carbonífero, o carvão mineral é resultado de transformações físico-químicas que se processaram em grandes florestas soterradas. Naquele período, as massas vegetais, sob determinadas condições de pressão e de temperatura, sofreram fermentação e perderam água e a maior parte do oxigênio e do nitrogênio.
Além de carbono, o carvão mineral contém enxofre, oxigênio e nitrogênio (em pequenas quantidades), silício, alumínio, ferro, cálcio e magnésio. Existem vários tipos de carvão, de acordo com o teor de carbono que possuem. O mais puro é o antracito, que tem mais de 90% de carbono; em seguida, vêm a hulha, a linhita e a turfa. A hulha é o tipo mais consumido no mundo (79%), por ser mais abundante, seguida da linhita (16%) e do antracito (5%), que é muito raro.
O carvão foi o principal combustível da industrialização no século XIX. E não foi por acaso que a industrialização teve maior impulso nos países onde havia reservas carboníferas abundantes, como Inglaterra, França, Alemanha e Estados Unidos.
Atualmente, o carvão mineral ainda é muito utilizado nas usinas termelétricas e na indústria siderúrgica, embora a principal fonte de energia seja o petróleo.
Matéria-prima: ferro e aço
A indústria siderúrgica consiste na redução do minério de ferro – rocha com elevado teor ferrífero – a ferro-gusa e na fabricação de aço. Existem vários tipos de minério de ferro. De acordo com o teor ferrífero, eles recebem denominações diversas: siderita (40% a 50%), limonita (50% a 60%), hematita (60% a 70%) e magnetita (mais de 70%). As duas últimas são as mais valiosas para a indústria siderúrgica.
Os altos-fornos em que o minério de ferro é fundido podem ser aquecidos pela combustão de carvão vegetal ou de coque, resíduo oriundo da queima do carvão mineral.
Observe, no mapa a seguir, os principais exportadores mundiais de ferro. Veja também a produção e o consumo de minério de ferro e a produção de aço.
Fonte: Adaptado de FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas geográfico: espaço mundial. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2013. p. 48.
Mundo: principais exportadores de ferro e aço (2011)
João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora
A existência de carvão e ferro é, ainda, fator de grande importância na localização e na concentração de indústrias que utilizam intensamente essas matérias-primas. Veja alguns exemplos.
Reino Unido – na Grã-Bretanha, por exemplo, particularmente na Inglaterra, berço da Revolução Industrial, o desenvolvimento do setor têxtil foi seguido pelo crescimento da siderurgia. Assim, as regiões industriais se estabeleceram nas proximidades das jazidas de carvão e ferro.
França – na disputada região do rio Reno, muito rica em ferro e carvão, surgiram as primeiras áreas industrializadas da França. Nesse país, a indústria desenvolveu-se cerca de meio século após a industrialização na Inglaterra. Atualmente, além da indústria fundamentalmente pesada (siderurgia, química, mecânica), destacam-se as indústrias automobilística e aeroespacial.
Alemanha – somente após a unificação do país, em 1871, a indústria alemã se desenvolveu. Sua evolução assemelhou-se à da Inglaterra, pois, no primeiro momento, o setor têxtil foi o mais significativo, evoluindo para a siderurgia, a metalurgia, a química, a mecânica, etc. Atualmente, a Alemanha lidera a economia da União Europeia e é uma das grandes potências mundiais.
Reino Unido, França e Alemanha: indústrias (2013)
João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora
Fontes: Adaptado de CHARLIER, Jacques (Org.). Atlas du 21e siècle. Paris: Editions Nathan, 2009; WORLD Atlas Reference.
9. ed. London: Dorling Kindersley, 2013. p. 90.
Comunidade dos Estados Independentes (CEI) – é uma associação de natureza econômica, sobretudo comercial. Os países-membros da CEI apresentam diferentes tipos de produção, seja agrária, seja industrial; portanto, são comercialmente complementares. Os centros industriais e as zonas de influência da CEI formaram-se próximo às fontes de matéria-prima (carvão e ferro). As maiores reservas carboníferas estão em Kuzbass (Sibéria ocidental) e Karaganda (Casaquistão). O ferro aparece principalmente nos montes Urais e em diferentes pontos da Sibéria, uma das regiões da Rússia mais ricas em minerais.
A Rússia ocupa uma situação privilegiada na comunidade, em virtude de sua importância territorial, demográfica, política e econômica. No fim do século XIX, teve um incipiente desenvolvimento industrial; a partir da Revolução de 1917, o país cresceu e se desenvolveu, chegando a ser a segunda potência econômica e industrial ao longo do período da guerra fria. Na atualidade, destaca-se industrialmente ao lado do Azerbaijão.
Ao falar da indústria na CEI, é importante lembrar que três repúblicas bálticas – Estônia, Letônia e Lituânia –, que faziam parte da União Soviética e são tradicionais pela sua produção, não aderiram a essa comunidade. Também a Geórgia, outro considerável destaque econômico da unidade geopolítica socialista, não faz parte da CEI desde agosto de 2008. A Ucrânia também deixou o bloco, em 2014.
Estados Unidos – inicialmente, as indústrias instalaram-se no nordeste do país, próximo às jazidas de ferro e carvão dos montes Apalaches e dos Grandes Lagos. Ainda hoje, essa região é a mais industrializada, além de mais antiga, com destaque para as indústrias siderúrgicas, mecânicas e automobilísticas. A partir da segunda metade do século passado, a industrialização mais expressiva espalhou-se para a costa leste, o sul, o sudoeste e, notadamente, a costa oeste, onde atualmente se localiza a maioria das indústrias mais modernas (equipamentos eletrônicos, robótica, aeroespacial, química fina).
Mão de obra
Além da proximidade das fontes de energia e matéria-prima, a localização das regiões industriais é influenciada pela disponibilidade de mão de obra. Esse fator envolve três aspectos: quantidade, qualidade e, evidentemente, custo.
Quando comparadas aos ramos de ponta, as indústrias pesadas, mais tradicionais, caracterizam-se pela utilização intensiva de mão de obra, em geral, com menor qualificação. Por esse motivo, a disponibilidade de profissionais e o custo têm maior peso para esse tipo de indústria.
Nas primeiras fases de desenvolvimento do capitalismo, as cidades concentravam uma grande reserva de mão de obra, o que constituía um fator de atração para novas indústrias. Isso ocorreu tanto no sudeste inglês e no nordeste estadunidense quanto nas demais regiões anteriormente analisadas.
A instalação das indústrias gerava novos empregos, que atraíam mais mão de obra, aumentando a concentração demográfica. As cidades cresciam e desenvolviam sua infraestrutura. O espaço tornava-se cada vez mais racionalizado, organizado para atender às demandas do capital.
Para os empregados, a situação não era tão confortável. O desenvolvimento industrial dos países da Europa ocidental e da América do Norte ocorreu, em grande parte, à custa dos baixos salários pagos pelas empresas. Somente após uma longa história de lutas e conquistas da classe trabalhadora, iniciada na segunda metade do século XIX, as condições se modificaram. O desenvolvimento econômico, especialmente a partir da segunda metade do século XX, possibilitou a melhoria do nível salarial e a ampliação dos direitos trabalhistas. A mão de obra abundante e barata em países menos desenvolvidos passou, então, a ser um dos fatores de atração de indústrias, especialmente daquelas que exigiam grande quantidade de trabalhadores com pouca qualificação.
Glow images/Alamy/Directphoto Collection
Os altos níveis de poluição causados pelas siderúrgicas instaladas em Pittsburgh, Pensilvânia, no nordeste dos Estados Unidos, renderam à região o apelido de “cidade enfumaçada”. Foto de 2013.
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Indústrias modernas
Durante boa parte do século XX, o eixo do desenvolvimento industrial continuou sendo a indústria pesada, representada pelos setores siderúrgico, metalúrgico, mecânico, etc.
A partir da Segunda Guerra Mundial, contudo, houve um deslocamento da implantação industrial, causado pelo uso crescente de uma nova matéria-prima e fonte de energia: o petróleo.
Petróleo: combustível do mundo moderno
Assim como o carvão, o petróleo é um combustível fóssil. É um produto fundamental no mundo moderno, seja como combustível, seja como matéria-prima para a indústria petroquímica. Além de fornecer gás natural, gasolina, querosene e óleos lubrificantes, o petróleo contém substâncias com as quais se fabricam numerosos produtos, desde borracha sintética até os mais variados tipos de plástico.
Até a década de 1950, a hegemonia da produção de petróleo concentrava-se nos Estados Unidos e na Venezuela (78% da produção mundial). Na década seguinte, já se fazia uma exploração extensiva no Oriente Médio e na ex-União Soviética. Pouco depois, entraram no circuito produtivo do petróleo alguns países africanos, como Angola e Nigéria. Na América Latina, México e Equador também se destacaram.
A produção de petróleo coincidiu com a expansão do capitalismo monopolista. Por isso, rapidamente os negócios petrolíferos foram centralizados por grandes empresas, principalmente estadunidenses.
A partir da década de 1960, o desenvolvimento das indústrias petroquímica e automobilística acabou orientando o modelo de industrialização dos diferentes países do mundo. Ao contrário das indústrias que dependem do carvão e do ferro, aquelas que utilizam o petróleo ou o gás natural como fonte energética ou como matéria-prima não precisaram se instalar perto de reservas fósseis.
Os oleodutos e os gasodutos facilitam o transporte a tal ponto que a escolha dos locais para a instalação dessas indústrias pode ser orientada por fatores como disponibilidade de mão de obra, mercado consumidor e capital. As próprias refinarias e os complexos petroquímicos não estão localizados somente nas fontes de extração, mas também nas proximidades do litoral, tanto de países produtores quanto de consumidores, perto das rotas de tráfego marítimo e nos terminais dos oleodutos. Pode-se concluir, portanto, que o desenvolvimento do sistema de transportes constitui um aspecto importante da dispersão espacial das indústrias.
Em 1973, a Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) passou a reduzir a produção de petróleo e a elevar seu preço, transformando essa matéria-prima em uma importante arma política e econômica. A chamada “crise do petróleo” não apenas gerou uma grave crise financeira mundial, mas também mostrou a enorme dependência do mundo em relação aos países exportadores, principalmente do Oriente Médio. Mesmo os Estados Unidos, um grande produtor de petróleo, recorrem à importação para atender à grande demanda interna de combustíveis e de matéria-prima para a indústria petroquímica.
Levando em conta que os combustíveis fósseis (petróleo, gás, carvão) são esgotáveis, muitas fontes alternativas de energia já são bastante utilizadas, como biomassa, solar, nuclear, eólica e geotérmica.
Sangue negro
Direção de Paul Thomas Anderson. Estados Unidos: Disney/Buena Vista, 2007. 158 minutos.
Um mineiro estadunidense busca petróleo entre o fim do século XIX e o início do século XX. Ele enriquece ao encontrar uma mina, mas vários problemas e conflitos começam a surgir.
©iStockphoto.com/IgorSPb
Plataforma de petróleo em Lagos, na Nigéria, em 2013.
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Indústria na era da globalização
No fim da década de 1970, vários ramos industriais passaram a desenvolver a chamada tecnologia de ponta, voltada a inovações tecnológicas que permitem maior produtividade e rendimento. A tecnologia de ponta acabou por criar as bases para uma nova definição do modelo de desenvolvimento industrial: indústrias de química fina, informática, biotecnologia e eletrônica.
Esse processo teve início na década de 1950, quando as tensões da guerra fria e o desenvolvimento do capitalismo técnico-científico ocasionaram grandes avanços tecnológicos na área militar e nos setores de armamentos e aeroespacial. As novas tecnologias passaram a ser aplicadas em outros segmentos produtivos, em uma transferência da área militar para o setor civil, o que ainda ocorre hoje, embora com certa defasagem.
Atualmente, o avanço da ciência e a busca incessante por maior produtividade e qualidade, na “guerra” da concorrência, constituem os impulsos básicos da aceleração tecnológica. Produtos cada vez mais avançados e modernos aparecem no mercado quase diariamente, seja de bens de consumo, como aparelhos eletrônicos, seja de bens de capital, como máquinas e equipamentos, que podem ser aplicados na produção. Na disputa pelo mercado consumidor, a indústria investe cada vez mais em pesquisas e desenvolvimento.
Na área da informática, a grande conquista é o avanço das comunicações. Novos equipamentos de telecomunicações e a disseminação do uso de computadores facilitam o acesso a conhecimentos, dados, compras, operações bancárias, etc. Na indústria, as técnicas de produção se diversificam com o uso de novos materiais, como fibras ópticas, fibras sintéticas e produtos à base de cerâmica e metal.
Como requerem um consumo energético menor, as novas tecnologias facilitam a dispersão industrial, ou seja, as indústrias podem se instalar em locais mais distantes de suas fontes de energia. Além disso, o desenvolvimento tecnológico nas áreas de comunicações e de transporte também é um fator de dispersão, uma vez que garante o acesso a locais afastados dos grandes centros urbanos. Por conta disso, nos útimos anos, as indústrias têm aumentado os investimentos em pesquisa, com foco no desenvolvimento de novas tecnologias que possam contribuir com o aumento da produtividade.
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
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