professor mais depressa do que o professor consegue conhecê la a ela>>.
A CLASSE SOCIAL COMO FACTOR MEDIATIZADOR NAS
REPRESENTAÇÕES E PERCURSOS ESCOLARES DAS CRIANÇAS
Se é verdade que qualquer criança, independentemente da sua origem
social, representa a escola de determinada maneira, parece não haver dú
vida de que são as crianças das classes mais desfavorecidas aquelas que
constroem a imagem mais desfazada da escola e, subsequentemente, com
mais graves consequências no trajecto escolar. Uma das razões explicativas
prende se com as próprias representações sociais construídas pelos pais. É
que, na maior parte dos casos, estes foram objecto de uma escola mais puni
tiva e rejeitante, onde o insucesso foi marca, quando comparada com os pais
pertencentes às classes mais favorecidas do ponto de vista sócio económico
e cultural. Ainda que a escola actual não corresponda inteiramente a esta
realidade, isso não invalida, como alguns estudos denotam, que prevaleça
representada assim no imaginário destas famas educativas que impregnam
De acordo com uma tal imagem, as prá
quotidianamente o desenvolvimento e a vida da criança estão imbuídas de
uma filosofia e de características que concretizam de alguma forma, as
representações atrás descritas. Senão atentemos numa das investiga
ções maìs paradigmáticas acerca desta problemática. Num estudo com I 24
crianças belgas de cinco e seis anos, Pourtois (I979) pretendeu avaliar as
correlações entre o meio social de pertença (favorecido versus desfavore
cido , o desenvolvimento intelectual e os resultados escolares destas crian
ças. Para isso criou situações de jogo entre as mães e os seus filhos que
foram objecto de observação directa e registo vídeo, com o objectivo de
analisar as práticas educativas. Estas práticas foram relacionadas com a per
sonalidade e o Q.I. da mãe (avaliados através de testes). Para estudar a im
portância dos comportamentos da mãe na criança, foi avaliado o seu de
senvolvimento intelectual (através da Escala WISC, I 967, e de um teste
maturacional de Anne Boehm, I970) e analisados os resultados escolares
(através das informações contidas no boletim escolar e em entrevistas com
os professores) .
Alguns dos resultados encontrados mostram que, em classes sócio
económica e culturalmente favorecidas, as mães eram não só mais estáveis
e tolerantes como também menos ansiosas. Tais características faziam com
que o seu estilo de ensino respeitasse a personalidade e capacidades da
criança, a repreendessem e depreciassem pouco, favorecendo desta forma
uma aprendizagem autónoma. Em contrapartida, em classes sócio econó
mica e culturalmente desfavorecidas as mães tendiam a ser mais punitivas,
irritáveis, mais ambíguas nos afectos, inseguras e controladoras do compor
tamento da criança. Uma das grandes diferenças entre estes dois grupos de
mães tinha a ver com a forma como a informação era transmitida as se
gundas limitavam se a dar a informação enquanto as primeiras promoviam
estratégias que ajudavam a criança a construir por si própria o conhecimento.
A relação mãe filho permitia, nas classes sócio económica e cultural
favorecidas, a participação e a cooperação, o que em termos afectivos faci
litava à criança o seu autoconhecimento e estimulava um desenvolvimento
mais adequado às exigências escolares Estas mães reenviavam às crianças
afectos agradáveis e feedbacks positivos, acompanhavam o processo cogni
tivo da criança através da reelaboração verbal das estratégias de resolução
dos problemas e das tomadas de decisão, o que favoreceu a construção
de uma auto estima positiva
Pelo contrário, em classes sócio económica e culturalmente desfavore
cidas este tipo de interacção era pouco evidente, sendo a relação ocupada
por um clima repressivo, pouco securizador para a criança e, muitas vezes,
desvalorizador das suas capacidades de resolver situações. Tal atitude
traduzia se na criança numa autoconfiança mais diminuída e numa auto
estima mais desvalorizada.
Pourtois (op. cit., p. I 8) afirma então que <
a escola o percurso escolar da criança é hipotecado pela influência que
exercem no seu desenvolvimento os múltiplos factores psicológicos e peda
gógicos do meio familiar>>. O autor refere, ainda, a forma como as dife
rentes estruturas familiares, as modalidades de troca, a natureza da orga
nização afectiva, a disciplina imposta, bem como as imitações cognitivas e
psicomotoras vão influenciar significativamente os modelos de vida e de
pensamento do indivíduo.
Apesar destes resultados, Pourtois chama à atenção para não se cair
numa atitude fatalista sobre o estatuto sócio cultural das famílias. Com
efeito, quando as mães das classes desfavorecidas empregavam meto
dologias de ensino tendo em conta as capacidades e as potencialidades
da criança os resultados eram bons Desta forma, ao eleger as mães
como elemento de estudo através das suas práticas educativas e ao ope
racionalizá las em índices de análise, Pourtois desvia se dos clássicos es
tudos correlacionais entre classe social e sucesso escolar quando afirma
que embora determinadas práticas estejam mais relacionadas com deter
minados meios familiares essa relação não é fatal. Foi possível verificar que
algumas das práticas estão mais ligadas às características pessoais das mães
do que à pertença sócio cultural, o que permite introduzir transforma
ções nos hábitos educativos e implementar projectos de trabalho directo
de dinamização e de reflexão com as fami1ias sobre os seus dimas educa
tivos
Podemos então conduir com Brophy ( I 970) que a privação cultural
parece ser uma privação dos significados nas primeiras relações cognitivas,
na relação mãe/filho, não sendo indiferente nas oportunidades de sucesso
escolar os percursos de vida das crianças.
Corroborando a importância da dasse social das crianças no seu funci
namento cognitivo, afectivo e social, e, subsequentemente, na escola,
Bernstein refere a existência de dois códigos linguísticos diferenciadores
de dasses Assim, enquanto a dasse socialmente favorecida comunica ver
balmente através de um código, o mesmo utilizado pela escola, que o
autor chama de elaborado adjectivação, orações subordinadas, diver
sidade de vocabulário, etc. , a dasse mais desfavorecida utiliza nas suas
verbalizações um código restrito linguagem funcional ligada ao con
creto, menos vocabulário, poucos adjectivos, etc.
Face ao que foi dito, não admira que estas crianças venham a sentir
a escola como mais ameaçadora e desinteressante, identificando se menos
com aquilo que ela tem a transmitir. Não dominando o código linguístico
e social, a comunicação torna se difícil, o comportamento é muitas vezes
desajustado à situação de sala de aula Para alguns alunos, o estar na escola
exige a aprendizagem de uma nova linguagem, de novas regras de socializa
ção, de novos valores, o que implica que a aprendizagem seja um <
sobre o esquecen>, isto é, a escola através do seu currículo oculto (menos
visível, implícito e actuante) desvaloriza e penaliza a cultura de origem
dessas crianças.
A entrada para a escola implica, então, murtas vezes, um processo de des
contextualização, já que os conteúdos a aprender têm pouca ressonância
afectivo cognitiva dado não fazerem parte das suas vivências significativas.
Os modelos do processamento da informação confirmam a
importância de a aprendizagem se processar a partir de conhecimentos
prévios. O acto de aprender implica introduzir conhecimentos novos e
armazená los. Ora, para que seja rápido e possível recuperar essas novas
aquisições é importante que aquilo que se está a aprender possa ser inse
rido em categorias pré existentes. Ausubel ( I 978) diz a este propósito que
a aprendizagem é <, uma vez que os novos conheci
mentos constroem se, não se memorizam, isto é, desenvolvem se a partir
da experiência previamente possuída.
Se as experiências ou tipo de estímulos vividos pelos indivíduos antes
de entrar para a escola não apelavam a que eles organizassem a informa
ção de forma idêntica àquela que agora é exigida, toma se fácil compreen
der por que é mais difícil num primeiro momento, estas crianças lidarem
de forma plástica ou transitiva com as informações. Para que esta situação
não se torne permanente ou impeditiva de aprendizagens futuras, é neces
sário que o professor esteja atento a estas dificuldades e exercite a capaci
dade associativa do aluno.
ESCOLA, EXPECTATIVAS E CLASSE SOCIA
Consonante com as diferentes socializações, corporizadas nas atitudes e
comportamentos da criança/aluno, a escola constrói desde o início uma
expectativa diferenciada para cada um.
Esta representação feita pela escola é, muitas vezes, negada sob a capa
da justiça igualitária para mim, todos os alunos são iguais e, outras
vezes, assumida como verdadeira, já que comprovada empiricamente
quer queiramos quer não, os melhores alunos são os das melhores famí
lias.
Não é raro ouvirmos professores, logo no primeiro dia, prognostica
rem o futuro da criança e da turma face à história escolar e social da sua
fam0ia (passaram por cá todos os irmãos e nunca deram para os estudos, já o
pai foi um problema, a mãe é meia analfabeta).
Ora, sob este dignóstico, dificilmente se constroem expectativas positi
vas A tarefa dessa criança é bem mais difícil: não bastará saber, terá que o
provar De acordo com o que acabámos de dizer os feedbacks recebi
dos por estas crianças face a uma resposta certa são muitas vezes do tipo:
estão a ver meninos, até a Andrea sabe!
Esta tarefa representacional tem frequentemente o consentimento dos
paìs, sendo eles os primeiros a investir negativamente no seu filho face
à professora: a senhora bata Ihe que ele é um preguiçoso, ele não deve dar
muito na escola porque sai a mim A tarefa de comunicar e assmir o insu
cesso ou a dificuldade do aluno está, assim, facilitada no dois meios da
criança, escola e fam1ia. Esta representação dos pais acaoa por funcionar
como desculpabilizadora dos professores, tal como o são as crianças que
apresentam uma deficiência, mesmo que ligeira.
Com efeito, até aos anos sessenta, o modelo teorizador prevalecente
considerava a causa do insucesso dentro da criança modelo diagnós
tico prescritivo Consonante com esta causa, a intervenção também se
centrava na criança. Era assim que a diagnósticos como disfunção cerebral
mínima, hiperacção, perturbação emocional.. , correspondiam interven
ções de técnicos específicos, cabendo ao professor um papel reduzido no
processo ' Para estes, por seu lado, a situação de insucesso da criança era
como se não Ihes dissesse respeito, já que assentava em processos inter
nos e, portanto, fora do controlo pedagógico do professor. Contudo,
a ideia de que o sistema de ensino deverá garantir a cada indivíduo o má
ximo de instrução possível, aparece hoje corporizada em vários dos objec
tivos a atingir pela política educacional. Na origem deste fenómeno encon
trámos razões de índole económica. Com efeito, o ritmo acelerado da
evolução tecnológica, trazendo mudanças radicais na estrutura das relações
produtivas, criou a necessidade de se elevarem os níveis gerais de qualifi
cação dos trabalhadores.
Foram, em grande medida, as exigências económicas que se fizeram
sentir a partir dos anos sessenta que levaram a que os sistemas educativos
de todo o mundo iniciassem, segundo Coombs ( I 978), um processo de
expansão sem precedentes na história humana Em numerosos países, o
número de estudantes cresceu para o dobro, as despesas com a educação
aumentaram a um ritmo galopante e o ensino transformou se na maior
indústria local. Esta democratização trouxe porém consigo novos proble
mas. Um deles foi o aumento do insucesso escolar. Os valores atingidos
por essas taxas mostram a irrelevância das abordagens de raiz médico
epidemiológica que referiam as difculdades de aprendizagem a défices
cognitivos ou afectivos dos alunos. Com efeito, o número de crianças afec
tadas por situações de fracasso excedia grandemente os cerca de I 0%
previstos no modelo Gaussiano que subjaz ao enfoque centrado na distin
ção entre o normal e o patológico. Neste modelo, a realidade pedagógica
existia de um modo não problemático, rotulada e dividida entre os alunos
que aprendiam e os que não conseguiam aprender Ora, tal É que, tal como já referimos, a inoperância do modelo diagnóstico
prescritivo leva a que o sistema escolar seja repensado, passando a assu
mir em pleno os resultados escolares bons ou maus dos seus alunos.
Nesse sentido, o discurso passa a contemplar a escola enquanto causa
do insucesso (toda a criança pode aprender) e local de intervenção (toda
a ciiança pode ser ensinada), modelo psico educacional. Este novo olhar
epistemológico perspectiva a escola com responsabilidades sociais, cabendo
Ihe assim a tarefa de
desenvolver estratégias de ensino aprendizagem ade
quadas às diferentes crianças
As transformações actuais no sistema educativo português, ao impedi
rem a instituição escolar de se defender/organizar através da reprovação
anual, não está mais do que a responsabilizar a escola pelo sucesso educa
tivo das crianças Claro que compreendemos bem a angústia genuína e
interessada de alguns professores face ao exigido no Sistema Educativo
actual. É que estes estão conscientes de que o que se pretende não é
< >, mas conseguir que eles aprendam mais.
Os capítulos seguintes pretendem, através de revisão bibiliográfica, de
reflexões pessoais do que aprendemos no nosso trabalho com professores,
alunos e fami1ias, e do exercício clínico enquanto psicólogas, contribuir para
perspectivar intervenções educativas de sucesso com todas as crianças da
turma.
O PROBLEMA DO RTULO
Quando pensamos que alguém nos considera incapazes numa deter
minada tarefa, nós próprios assumimos essa incapacidade. Processo seme
Ihante passa se com as crianças cujos professores Ihes reenviam mensagens
de incapacidade, de mau comportamento ou e preguiça. Becker ( I 963)
foi o primeiro autor a referir a importância que o rótulo tem no comporta
mento, afrmando mesmo que os problemas começam quando alguém é
rotulado, uma vez que é difícil lutar ou negar o que é insistentemente afir
mado. A este propósito, Hargreaves ( I 976) considera que a facilidade com
que uma criança assume um rótulo tem a ver com:
a frequência de vezes que é dito;
a importância que a pessoa que o diz tem para a criança;
o número de adultos ou de crianças que dizem o mesmo;
a publicidade que se dá ao caso.
Acrescentamos ainda dois factores repetição do rótulo em diferentes
cenários ou actividades (recreio, jogos, na sala. . .); características da perso
nalidade (há crianças mais susceptíveis à opinião que outros delas fazem).
Apelar alguém de preguiçoso, trapalhão, hieractivo, mal educado, irre
quieto ou com dificuldades de aprendizagem poderá então constituir o cami
nho mais curto para a criança cristalizar nesse mesmo comportamento
R p H cu E h H
Uma das saídas altemativas ao rótulo, já que este nos deixa envolvidos
num nevoeiro paralizador da acção, é o recurso a uma maior objectivação
do comportamento e das situações, bem como uma maior compreensão
contextual da situação problema
O problema do rótulo prende se ainda com os aspectos que o pro
fessor prefere salientar no comportamento do aluno Na sala de aula é um
facto que são os comportamentos disfuncionais aqueles que mais chamam
a atenção do professor. Os comportamentos adequados são considerados
como um dever e, como, tal não necessitando de ser elogiados. Ora, se
para muitos alunos esta <> implícita é aceite sem causar problemas,
para outros (em número significativo) esta regra não é facilmente suportada.
De facto, os alunos que mais vezes sofrem o problema do rótulo pois
em cada feedback do professor vai estar presente o seu mau comporta
mento são aqueles que mais precisam, provavelmente, de serem gratifi
cados pelos seus bons comportamentos
A problemática do rótulo prende se, assim, com a escolha de qual o
olhar que é posto sobre a turma Vai o professor optar por caracterizar a
criança ou a turma pela sua atenção ou desatenção, pela sua aprendizagem
ou pela não aprendizagem, pela linguagem formal que é utilizada ou pelos
conteúdos da mensagem, pelos comportamentos disruptivos ou pelos
adaptados. . .
Por último, o rótulo pode ser relacionado com a existência de esterió
tipos sociais Comportamentos interpretados como normais e comuns em
muitas alunos são reinterpretados negativamente quando se conhece a
existência de uma esteriotipia social São exemplos o atribuir se mais facil
mente o rótulo de agressivo a uma criança de pais divorciados, ou o de
<> a uma criança oriunda de um meio social
desfavorecido já que
é consonante com as representações socias existentes.
CftpïTlILO 3
IIlTECÇO Il SL DE IIL
A escola pode ser analisada, no real e no simbólico, como uma institui
ção social complexa. A sociedade pede Ihe determinadas funções e esta
deverá ser compreendida por detrás do discurso com que expõe a sua
funcionalidade.
A classe é um sistema2 de vida e de comunicação de onde emergem
características próprias. Uma turma não é só o conjunto de crianças selec
cionadas, os nomes agrupados no princípio do ano o Manuel, o João
Luis, a Carla, o Abel, a Sofia e os outros , mas sim um grupo com uma
identidade própria construída com a contribuição de todos.
É, assim, uma totalidade formada por todas as participações: os que
gostam de estar ali e os que não gostam, os que estão atentos e os que
estão distraídos, os bons e os maus alunos, os agressivos e os calmos..
Num contexto interactivo não há uma causa única explicativa de determi
nado comportamento, mas sim uma multicausalidade, pois as causas e os
factores interagem numa dinâmica intercausal
z O sistema é definido como <
os outros em função de um fim determinado. Cada sistema é pois uma totalidade, isto é,
um conjunto coerente e indivisível, susceptível de individualização no seu ambiente>>. Berger
( I 980, pág. I 2).
Na medida em que a turma é vista como um todo dinâmico, compete
ao professor, enquanto animador3, rentabilizar a energia aí existente. A
representação de um todo dinâmico é também aplicada ao aluno que é
um actor, isto é, um sujeito activo com vontades próprias, desejos e estra
tégias personalizadas de intervenção.
Todos nós lembramos uma escola passada onde os alunos dispostos
em filas, de face para o quadro e o estrado, numa posição espacial que
privilegiava a comunicação com o professor e a quem era dado o poder
da palavra. Da secretária, colocada no estrado, este podia observar todos
os alunos, estes estavam sob o seu olhar
O corporal tinha (e tem) pouco espaço de aceitação na escola. A proi
bição de virar se espontaneamente para os colegas que falavam, implicava,
assim, ouvi los sem os ver, sem poder conhecer a expressão facial e ges
tual tão importante na compreensão do que é dito. Ora, todos sabemos
que a comunicação comporta dois aspectos verbal (conteúdos expressos
da mensagem) e não verbal (entoação, voz, postura, gestos) que con
substanciam a mensagem e a sua leitura. É, aliás, este facto que faz com
que se comunique sempre, mesmo quando se está calado. Não se pode
não comunicar o silêncio também fala
As crianças são, frequentemente, muito sensíveis aos aspectos não
verbais e afectivos da comunicação interpessoal Encontram se crianças
que só aprendem Matemática porque gostam do professor Muitos au
tores têm estudado o fracasso escolar na complexa teia de regras da
turma (formais e informais), relacionando a difculdade de aprender com
a compreensão e o domínio desse clima interactivo, onde não é alheá o
código linguístico e cultural que o aluno traz para a escola, fazendo o aluno
falar ou calar se.
3 As técnicas de animação de grupo podem ser uma preciosa ajuda.
A RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO
O processo de ensino aprendizagem é mediatizado pelas percepções
professor/aluno, alunos/alunos e professor/aluno(s)/turma.
O professor tem uma função e um papel assentes numa relação de
poder A autoridade é hierarquizada, aceite como legítima e representada
como inerente à função educativa. Hannoun (s/d, p. 62) refere que <
o aluno, a imagem do professor é sempre dupla: é simultaneamente a de
uma pessoa e a de uma personagem>>. De facto, os professores represen
tam para a criança os primeiros adultos, fora da fam0ia, mais intensamente
investidos
O docente estabelece uma relação diferente da familiar, mais distan
ciada e mais colectiva, exigindo ao aluno uma vivêncìa interpessoal difer2n
ciada Apesar disso, não é raro assistirmos nos estudantes à construção de
fantasias positivas, negativas e ambivalentes, no real ou no imaginário
sobre a relação com o professor.
Embora estes climas afectivos escola fami1ia sejam diferentes, a criança
é a mesma, transpondo, frequentemente, os mesmos padrões afectivo
comunicacionais É por isso que muitas das reacções agressivas ao profes
sor podem ser entendidas como a repetição de emoções relativas aos pais.
Mas não são só os alunos que projectam, nas relações interpessoais,
emoções arcaicas. A relação educativa é provocadora de memórias passa
das. O professor na sua relação com os alunos revive, consciente e incons
cientemente, a criança que foi, e esse passado actua, seja para compreen
der, seja para rejeitar. Alguns estudos sobre a identidade profissional têm
mesmo questionado se o desejo de ser professor não reenviará a uma infân
cia passada (ultrapassada?). Face a estes sentimentos, e à importância que
têm na sala de aula, parece nos que mais do que tomar uma atitude defen
siva, denegando a sua existência, é necessário reconhecê los e reflecti los
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