L-0358 acapo aprender a ensinar, en$inar a aprender



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criança não seja separada em espaços e tempos antagónicos, mas que se

estabeleça um contínuo enraizado em objectivos comuns.

O que é, então, pedido aos pais é que não se demitam das suas res 

ponsabilidades educativas, atribuindo à escola a culpa pelo fracasso acadé 

mico e/ou pessoal dos filhos. É ainda pedido que partilhe responsabilidades

na definição do percurso escolar dos filhos tais como opções de áreas cur 

riculares, projectos individuais educativos e avaliação.
Ao longo deste capítulo traçámos algumas das linhas orientadoras que

poderão estar na base de uma optimização da relação escola/fam0ia. Não

restam dúvidas a qualquer profissional de educação ou a qualquer pai que

desta sinergia a criança sai a ganhar. No entanto, este < entre

pais e professores reveste se de pertinência especial para o aluno com difi 

culdades de aprendizagem ou com necessidades educativas especiais. Nestes

casos, a não cooperação entre pais e professores significa quase sempre a

não rentabilização do potencial educativo da criança.

Um dos problemas com que os professores se debatem quando ensi 

nam estas crianças é a difculdade que muitas vezes elas apresentam na

aplicação e transferência dos conhecimentos adquiridos. O conhecimento

e a aprovação por parte dos pais das tarefas escolares dos seus filhos per 

mite Ihes complementarem em casa essas aprendizagens, facilitando Ihes

a sua generalização a situações do quotidiano. Não é só a nível das dificul 

dades cognitivas que esta cooperação traz benefícios para a criança. O

conhecimento, por parte dos professores, das características emocionais

das crianças em casa (timidez, agressividade, insegurança. .), e vice versa,

permite uma melhor compreensão dos comportamentos, uma melhor

adequação das atitudes educativas e uma intervenção integrada em objec 

tivos comuns.

ii
COCLSO

A opção pelo título APRENDER A ENSINAR, ENSINAR A APRENDER

assenta numa concepção do processo de ensino aprendizagem como o en 

contro de dois c>: o aprnder do professor e o aprender do aluno.

Se num primeiro olhar estes percursos parecem qualitativamente dife 

rentes e desligados um do outro, um olhar mais aprofundado faz nos ver/

/compreender que se trata de um processo dinâmico e recíproco, onde a

concretização de um tem em conta o de outro. O aprender a ser professor

mantém uma relação real e simbólica com a forma como este representa

o aluno enquanto agente de aprendizagem, assim como o aprender a ser

aluno interfere na relação que se estabelece com o professor enquanto

orientador de aprendizagens.

Ao conceptualizar a tarefa de ser professor como <

está inerente a convicção de que ensinar mais do que uma arte é uma

ciência, ou seja, é possível ensinar a ser professor. A vantagem desta pers 

pectiva é introduzir o rigor do método científco na análise do acto peda 

gógico e, ao mesmo tempo, reenviar para um referencial teórico, securiza 

dor das intervenções educativas.

Não podemos deixar de salientar que é no momento em que se co 

meça a fazer investigação acerca do processo de ensino aprendizagem que

a pessoa do professor como profissional passa a ter relevo e, simultanea 

mente, se abandona a ideia de que para ser bom educador basta ter jeito

e gostar de crianças. Existe hoje um corpo de conhecimentos, uma lingua 
gem que se reconhece como sendo matriz própria do professor e que

está a contribuir para a auto e heteroconstrução de uma identidade profis 

sional. A existência deste enquadramento teórico cria a necessidade de

uma formação contínua, onde os professores são actores privilegiados na

construção do saber, ainda que este seja continuamente redimensionado

nas situações concretas de ensinar os alunos a aprender.

Sendo assim, aprender a ensinar tem sentido na medida em que se

reverte num ensinar a aprender melhor. O aprender do aluno não é um

acto individual e isolado, mas interactivo com os dispositivos instituídos no

ensino; o aprender tem que deixar de ser uma questão de sorte ou azar

para passar a ser considerado como previsível, controlado e estudado.

Ao escrever um livro sobre o aprender e o ensinar, há pelo menos

duas posições opostas que podem ser tomadas: uma, entender esta tarefa

como uma compilação de conhecimentos teóricos ou uma resenha de

pesquisas que valem por si próprias; outra, como uma compilação de

exemplos práticos e sugestões concretas para a prática lectiva, na medida

em que vê o processo de ensino aprendizagem como algo de empírico,

fruto das experiências e das características pessoais dos professores tais

como a intuição, dom,. . Pretendemos estabelecer uma relação dinâmica

entre estas duas posições, pois se ensinar contém em si algo de único, a

reinventar em cada situação educativa, também possui algo de geral, con 

trolável, não se podendo por isso fazer tábua rasa das produções científicas.

O acto pedagógico foi sempre aqui entendido como uma síntese

destas duas posições   o professor traz para a sala conhecimentos cientí 

ficos prévios que são reactivados na reflexão sobre a prática, produzindo,

desse modo, novos conhecimentos

Enquanto autoras, entendemos que este livro valeu a pena se contribuir

para fundamentar reflexões, estimular mudanças, valorizar o professor

enquanto profissional e por último, se ajudar a escola a tornar realidade o

sucesso educativo de todos os alunos


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_

!

:I


IIlDICE

Introdução 5

Capítulo I 9 A criança em desenvolvimento

Capítulo 2 I 7 Aprender e as suas dificuldades

Capítulo 3 29Interacção na sala de aula

3 I 3. I . Relação professor aluno

Capítulo 4 35O processo de ensino aprendizagem

364. I . A organização da sala de aula

484.2. Métodos de ensino

Capítulo 5 59Avaliação e intervenção

6 I 5 I A avaliação como processo que inicia,

acompanha e encerra o acto de aprendizagem

7 I 5.2. Intervenção

Capítulo 6 17Alguns jogos e estratégias psico pedagógicas

Capítulo 7 9IO binómio fami1ia escola

947 I . Estratégias de cooperação pais escolas



ConclusãoI 0 I

Bibliografia I 03

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