de tutores?, estarão os objectivos ou as estratégias desadequadas? . .
os pares devem rodar para que não se estabeleçam papéis fixos.
Crenças irracionais:
do pressuposto de que só os bons alunos sabem coisas para ensinar.
aluno com mais dificuldades possa servir de supervisor. O professor
papéis representados.
das tarefas. Ora, muitas vezes, o que acontece é que não se deu o
fez uma tentativa pouco investida na capacidade de sucesso.
turmas difi'ceis. Convém ainda referir que os agrupamentos dos alunos se
pressão e afirmação de ideias.
cutir com o professor o esboço de planificação). Os outros elementos que
da sua auto eficácia.
de aprendizagem dos alunos. Para isso, torna se antes de mais necessário
obstáculo à unidade do aprender na sala.
cácia. O propósito deste modelo é a subdivisão de objectivos gerais em
sub objectivos e estes em passos sequencializados. Na elaboração de um
projecto individual de ensino.
avaliar e registar.
culares. Para issó, o professor tem à sua disposição vários instrumentos,
alguns dos quais por nós sugeridos no Capítulo 5.
aos conhecimentos médios da turma. Fundamentalmente, a pertinência
por exemplo em matemática, também vai apresentar noutras. Esta represen
sempre o aluno no grupo daqueles que precisam de mais apoio em tudo.
tudo, com a professora. . ) e em diferentes modalidades (expressão escrita,
oral, plástica. . .)
de grupo. No entanto, em todas elas está subjacente a concepção de
que aprender tem que ser uma situação de bem estar. Para isso, muito
importará que alguns princípios sejam tidos em consideração. São eles:
* Reformulação pela positiva do problema, em vez de se centrar nas
dizagens adquiridas.
dores.
* Especificar as dificuldades da criança através de feedbacks específicos
backs gerais e incondicionais (tu não sabes nada de matemática).
* Exploração positiva do erro: os insucessos também são fontes de
em função desse fracasso.
CKpïTllLO
já que ambos supostamente fazem coisas com o objectivo de ajudar as crian
ças No entanto, uma realidade significativa parece desmentir tal ideia e
confirmar estes dois grupos como inimigos, predestinados a desconfiarem
uns dos outros>> (Waller, I968). A nossa experiência com professores diz
nos que em Portugal, em certa medida, se assiste a uma situação seme
Ihante. Algumas das razões que em nosso entender suportam tal atitude
são:
¨ Do ponto de vista da escola
falta de tradição de trabalho com os pais;
falta de formação inicial e contínua dos professores neste domínio;
não reconhecimento da importância dos pais como parceiros educa
tivos;
a escola representada como uma instituição de ensino e não de tra
balho com os pais ou comunidade;
é difícil trabalhar com pais, sobretudo das classes sócio económica e
culturalmente mais desfavorecidas;
é desprestigiante pedir ou dar informações de caracter pedagógico à
fami1ia.
Do ponto de vista da família
não consideram que tenham informações úteis para fornecer à
escola;
não se consideram capazes, especialmente as classes socialmente
mais desfavorecidas, de acompanhar o percurso escolar dos seus filhos;
sentem que a escola não Ihes pertence;
é mais fácil desresponsabilizar se do que intervir;
receio de que a sua ida à escola possa trazer consequências negati
vas para os filhos.
Provavelmente, a esta altura, o leitor, professor ou pai, não se está a
reconher nas razões apresentadas, pois as suas experiências desmentem
ou, pelo menos, não confirmam estes dados. Se não duvidamos que para
muitos professores e pais a relação é de sucesso, não deixamos contudo
de dar razão a Waller quando diz que esse conflito está frequentemente
coberto (nenhum dos grupos o admite), mas em certas ocasiões ele poderá
tornar se manifesto Com efeito, é quando ocorrem problemas de apren
dizagem, de ordem, de comportamento ou quando as expectativas dos
pais não correspondem àquilo que a escola diz ser o seu flho, que a insa
tisfação se instala É tambem nessa altura que as representações esterioti
padas do que é a fami1ia ou a escola vão ser matriz de uma comunicação
disfuncional.
A escola apresenta, frequentemente, um discurso normalizador de um
modelo de fami1ia (pai, mãe e filhos) onde outras composições familiares
(mãe solteira, pais divorciados, fam0ias reconstruídas, ligações homosse
xuais) são, muitas vezes, por si só, justificativas de todos os problemas dos
alunos.
Por seu lado, as fami1ias têm representações tradicionalistas da função
formativa da escola e das metodologias pedagógicas desejáveis, con
siderando mesmo que existem áreas educativas que são da sua exclu
siva responsabilidade, como é exemplo a educação sexual ou os valores
morais
A disfunção comunicacional entre estes dois sistemas com culturas,
regras, prescrições e exigências diferentes, e por vezes opostas, podem
fazer sentir a criança como refém de conflitos relacionais que a ultrapassam
(Evequoz, I 987): Os alunos, quando não articulam estes grupos de per
tença, vivem de forma angustiada uma sensação de traição. Com efeito,
frequentemente, aprender é desaprender a cultura de origem, é ter que se
dividir entre dois códigos de conduta e diversas opções do quotidiano (gíria,
preferências estéticas, música de que se tem que gostar ou dizer mal, marcas
de roupa na moda. . .).
Dada a importância de que parece revestir se a sincronia/dessincronia
entre estes dois sistemas de vida, Montadon e Perrenoud (I987) analisam
o papel de mensageiro desempenhado pela criança. Neste papel compete
Ihe levar e trazer as comunicações (por favor diz aos teus pais que a reuniõo
é na próxima terça l por favor diz que eu não posso ir nesse dia, mas que
dej>ois eu o contacto), recriminações (diz ao teu encarregado de educação
que a reunião é na próxima terça e que não se esqueça, como é costume l diz
ao teu professor que chegou ir uma vez para perceber o ambiente) e as opiniões
valorativas (diz lá ao teu pai que que venha à reunião na terça porque eu não
posso fazer nada quando os pais não se interessam l diz à tua professora que
não são horas para marcar uma reunião; eu trabalho e o meu patrão não é o
estado Que marque antes ao sábado)
Face a estas injunções a criança tem, pelo menos, duas hipóteses: ou as
transmite e toma manifesto o conflito fami1ia escola ou filtra as mensagens e
interioriza o conflito. Como é obvio, o facto de possuir e transmitir mensa
gens dá poder ao mensageiro, pois gere a circulação da informação (trans
mite integralmente, acrescenta, retira ou transforma o conteúdo da mensa
gem) e possibilita Ihe argumentos a utilizar, se necessário (eu bem te tinha
avisado que se não fosses à reunião a professora me ia tomar de ponta).
Quando a escola e a fam0ia estão complementarmente envolvidas nas
tarefas educativas, ou na concretização de projectos comuns, a comunicação
passa a ser mais visível e transparente e, subsequentemente, os recursos
são potencializados.
A Lei de Bases do Sistema Educativo aponta claramente para uma parti
cipação activa dos pais na escola. Exemplo disso é o carácter de obrigatorie
dade da participação dos pais sempre que se trate de uma avaliação especia
lizada, sendo necessário o seu acordo prévio para o projecto individual e
ainda o direito de serem informados da realização de uma avaliação suma
tiva extraordinária.
A par desta preocupação de envolver os pais, individualmente, na par
ticipação do percurso escolar dos filhos, está igualmente prevista a partici
pação representativa dos encarregados de educação na gestão da escola.
Se para muitos professores e escolas esta lei se enquadra perfeita
mente nas suas práticas profssionais ou institucionais, para outros implica
uma mudança conceptual e de relacionamento
Muitos professores, com prática de trabalho com fam0ias, transmitem
nos a ideia de que quando se implementa um trabalho de cooperação com
os pais, há vantagens para todos: os professores referem que os resultados
dos seus estudantes melhoram, que é mais fácil mantê los motivados na aula
e que conseguem dar respostas mais individualizadas aos alunos; os pais
dizem nos que compreendem melhor os objectivos e os métodos de ensino,
são mais capazes de acompanhar os filhos e estes estudam mais em casa.
ESTRATÉGIAS DE COOPERAÇÃO PAIS ESCOLA
As reuniões
Uma das estratégias que os professores têm para comunicar com as
fam0ias são as reuniões.
Organização da reunião:
I . Preparação. Para que a reunião tenha sucesso é necessário que
vários aspectos sejam previamente pensados e antecipados: número pre
visto de pais, características da população 'z, arranjo físico da sala em função
das finalidades da reunião, orientação e planificação da reunião (o simples
exercício de planifcar, com enunciação de objectivos e metodologias, per
mite clarificar o sentido da reunião e antecipar potencialidades, dificuldades
e imprevistos implicados na implementação da reunião). Nesta fase, convém
definir se o que se pretende é unicamente favorecer um trabalho entre
pais e professores de uma determinada turma ou se se integra num pro
jecto global de escola
2. Convocatória. A feitura da convocatória vai depender do meio que
vai ser utilizado para a divulgar (correios, alunos, cartaz, etc.) Esta deve ser
clara e graficamente cuidada, devendo conter várias informações hora, dia,
local e duração '3, os temas e/ou objectivos da sessão e quem vai estar
presente
3. Implementação
3. I . Recepção fazer uma reunião de pais é de alguma forma seme
Ihante a receber visitas, o que implica dizer que a recepção deve facilitar
um clima de bem estar e dar a conhecer o espaço escolar.
3.2. Início o arranque de uma reunião tem, basicamente, como
objectivos a apresentação do corpo docente e dos pais (quando
iz Quando os professores desconhecem a origem sócio cultural dos pais, devem preparar uma
reunião flexível que facilmente se adeque aos diferentes participantes. Quando se conhece
os pais esta tarefa preparatória fica facilitada.
I3 $empre que possível, a escola deve previamente informar se acerca do horário mais conve
niente para a maioria dos pais.
necessário), agradecimento da participação na sessão e apresentação
sumária da ordem de trabalhos
3.3. Desenvolvimento esta fase deve ter como preocupação o
estabelecimento de uma relação empática, onde a expressão e a partilha
de opiniões acontece espontaneamente. Assim, devem os orientadores
precaver se contra a tentação de: informar mais do que ouvir; um dis
curso excessivamente técnico ou superFcial; ceder a pressões de lide
rança por parte de alguns pais ou fomecer informações acerca de uma
criança em particular '% Quando a reunião é co orientada, as inter
acções entre os dois orientadores devem ser objecto de uma reflexão
conjunta que permita a construção de um clima de bem estar entre
todos os participantes. A necessidade desta reflexão deve se ao facto de
assistirmos frequentemente a situações de concorrencialidade que difi
cultam a coesão do grupo.
3.4. Encerramento se a recepção marca o <> que queremos
imprimir à reunião, também a despedida marca o <> parti
Ihado. A reunião poderá terminar com uma síntese que agregará o
grupo em torno dos conteúdos mais significativos Esta síntese ganha
relevo especial quando o grupo é muito diversificado culturalmente.
Terminar uma reunião é também saber dar Ihe continuidade, perspec
tivar futuras sessões e/ou outras actividades
4. Avaliação. Como qualquer outra avaliação, também esta deve ser
pensada e executada em função dos objectivos previamente enunciados
(oral/escrita; individual/grupo . ). Assim, podemos distinguir dois momen
tos de avaliação: um diz mais respeito à instituição (deu esta reunião conti
i% pela importância de que se reveste, salientamos um perigo que, em nosso entender, facil
mente se encorre. Falamos daquelas situações em que um ou mais pais nos pedem, ou quase
exigem, informações acerca do filho.
nuidade oo projecto de escola.%) e outro aos participantes na reunião (estão os
pais motivados para dar continuidade à cooperação?).
O atendimento individual aos pais
As runiões de pais não cobrem todos os assuntos ou situações necessá
rias para uma cooperação eficaz pais/escola. Com efeito, enquanto nesta se
pretende encontrar o denominador comum àquela turma, os atendimentos
individuais permitem particularizar e aprofundar o conhecimento daqueles
alunos enquanto pessoas. Este processo facilita uma resposta centrada nas
necessidades específicas de cada estudante, onde os pais e professores são
parceiros educativos. Tal como as reuniões, também o atendimento exige
cuidados especiais. Assim, atender no corredor, fazer esperar sem justificação,
fazer sentir que está a incomodar, manifestar indisponibilidade, sentir como
críticas os problemas, tratar os pais como <>, tecnologizar o
discurso. . . não é concerteza a melhor forma de dar corpo a uma interacção
que, quando conseguida, traz vantagens para os professores, pais e crianças.
Atender um pai implica estabelecer uma relação onde a comunicação
flua. Para isso, os professores deverão desenvolver competências de aten
dimento facilitadoras de uma relação empática, onde desde a organização
do espaço até atitudes de escuta e de aceitação deverão estar presentes.
Salientamos alguns cuidados a ter em conta no atendimento:
Não moralizar: acontece com alguma frequência os professores verem
se face a situações familiares que do seu ponto de vista não são desejáveis.
Nestas ocasiões há tendência para emitir juizos valorativos e frequente
mente culpabilizadores que levam a atitudes ora defensivas ora agressivas
por parte da fami1ia. Esta atitude moralizadora por parte dos professores é,
muitas vezes, resultado da dificuldade de gerir os sentimentos envolvidos
em algumas histórias de vida. A resposta a esta dificuldade passa frequen
temente por escutar e compreender.
H P H E II E H H
Não trair a confança: o bom senso ajudará a saber que informação
deve circular entre pais/alunos/professores. Para se evitar situações de
perda de confança pode ser acordado entre os parceiros aquilo que pode
e não pode ser dito.
Não exagerar nos defeitos: não é agradável para os pais ouvirem um
conjunto de queixas sobre os filhos. Mesmo nos casos em que os aspectos
negativos do estudante terão que ser abordados é aconselhável o professor
começar por salientar os aspectos positivos dessa criança.
Não exagerar os problemas: quando se apresentam as dificuldades é
importante saber falar delas como sendo solucionáveis. Os problemas sus
citam e favorecem a continuidade de colaboração entre professores e pais.
Desenvolvemos duas das formas de comunicação directa fam0ia/escola
(reuniões de pais e atendimento individual). No entanto durante o espaço
de tempo que medeia os encontros, a comunicação é geralmente mantida
de forma indirecta, através de modalidades como a cademeta do aluno, as
fichas de avaliação e os testes.
Estes contactos requerem também atenção, pois podem prestar se a
leituras ambíguas ou a mal entendidos que forçosamente irão marcar os
próximos encontros. Não é raro os pais, especialmente aqueles que menos
dominam a cultura escolar, sentirem dificuldades na compreensão das
mensagens inseridas na ficha de avaliação
Porquê esta actual insistência na cooperação pais/escola? Será uma
moda? Será uma panaceia desculpabilizadora? Ou corresponderá a uma
mudança de paradigma, de função da escola e dos actores sociais implicados?
São muitos os estudos que mostram ganhos académicos significativos
quando os pais e a escola trabalham em parceria. Algumas das razões
apontadas para tal prendem se com a consonância nos dois meios de vida da
criança (vamos fazerjuntos o <> dojomal ajuda a concen
trar), melhoria e aumento de tempo de estudo (é melhor agora trabalhares
para Nlatemática, pois o professor contou que vai fazer revisões das equações),
mútuo interesse pela vida escolar do aluno (o que estás agora a dar em
Estudos Sociais?; disseste aos teus pais para verem contigo a Estrela Polar.
Estes exemplos pretendem ilustrar algumas das possibilidades para um
trabalho em conjunto. Muitas vezes os professores consideram que não é
possível envolver os pais, sobretudo os das classes culturalmente mais des
favorecidas, nas actividades académicas dos filhos. De facto, se não temos
dúvidas que não é possível a uma grande maioria dos pais apoiarem os seus
filhos em conteúdos curriculares específicos, temos em contrapartida cer
tezas de que todos ou quase todos podem assumir atitudes educati
vas que valorizem e mostrem o significado que tem a vida escolar do filho.
O que é, então, pedido à escola é que envolva as fami1ias nas activi
dades escolares, que valorize a função parental de forma a que a vida da