CAPÍTULO 4
Censura e auto-censura literárias modernas
Os ataques a Joyce
O escritor irlandês James Joyce (1882-1941) é uma das referências obrigatórias da literatura universal. No entanto, a censura o perseguiu durante toda a vida. Quando publicou Dublinenses (1912), numa edição de mil exemplares, o impressor chamado John Falconer, radicado em Dublin, queimou 999 cópias porque lhe pareceu que o livro não tinha uma linguagem apropriada. Joyce, enquanto esperava o trem numa estação de Flushing, escreveu então um poema intitulado Gas from a burner, para satirizar o biblioclasta. As linhas finais do poema expressavam:
[...] Quem foi que disse: não resista ao pecado. Queimarei este livro, o diabo me ajudará [...].
Em 1914, reeditou o livro de contos.
Um dos romances mais polêmicos e influentes do século XX é exatamente o seu Ulisses (1922). Quando apareceu um trecho na Little Review, Nora Barnacle, a mulher do escritor, repeliu o texto com nojo. Os membros do Correio americano, herdeiros do pensamento de Anthony Comstock e alheios aos gostos dessa mulher delicada, queimaram exemplares da revista para manifestar sua repulsa. Em outubro de 1920, a Sociedade para o Combate ao Vício, em Nova York, processou os diretores da revista e, em 1921, Margaret Anderson e o resto da equipe de redação foram condenados a pagar cinqüenta dólares de multa ao mesmo tempo em que se proibia a publicação de outros capítulos.
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