A destruição dos poemas de Empédocles O primeiro testemunho conhecido da destruição de uma obra literária na Grécia antiga aparece, ironicamente, num fragmento conservado de um livro perdido de Aristóteles intitulado Sobre os poetas:
[...] Aristóteles [...] em Sobre os poetas diz que [Empédocles] foi homérico e hábil no uso das frases, metáforas e outras figuras do discurso poético. E que entre outros poemas escreveu Marcha de Xerxes e uma Introdução a Apolo, tudo queimado por uma irmã - ou pela filha, como diz Jerônimo -; a introdução foi queimada contra sua vontade, mas o que se referia à Pérsia voluntariamente, por ser obra incompleta. Também diz que escreveu tragédias e tratados de política [...]."
Não li qualquer comentário sobre essa estranha citação; o texto, no entanto, permite supor graves afirmações religiosas. O filósofo Empédocles (492 a.C.-432/431 a.C.), pouco modesto, acreditava-se um deus feito homem, usava vocábulos insólitos e não é despropositado suspeitar que sua Introdução a Apolo fosse vago, irreverente, direto e profético, capaz de atemorizar a própria irmã do autor.