CAPÍTULO 10
A censura inglesa
Os delitos da ortodoxia
Em 1599, por ordem do arcebispo de Cantuária, foi queimado o livro de John Marston intitulado The Metamorphosis of Pigmalions Image (1598). Jaime I da Inglaterra, em 1603, mandou destruir todos os exemplares de A discovery of Witchcraft, de Reginald Scott, membro do Parlamento, que publicou em 1584 seu livro com a esperança de demonstrar a inexistência das bruxas.
Cerca de seis mil exemplares do Novo Testamento, traduzido por William Tyndale, levados como contrabando para a Inglaterra, desapareceram quando um grupo de sacerdotes, escandalizados por essa vulgarização das escrituras, armou uma fogueira enorme e queimou todos os exemplares.
O expurgo de livros perpetrado na Inglaterra de 1536 a 1540, por ordem de Henrique VIII, foi religioso. Em 1550, os partidários de Eduardo VI queimaram e roubaram os livros da biblioteca da Universidade de Oxford:
Os trabalhos dos estudiosos, como P. Lombardo, T. Aquino, Scoto e seus seguidores com suas críticas também, e os que tinham os Esclarecimentos Papistas neles, foram expelidos de todas as Bibliotecas da Universidade e Estudos Particulares [...] Não satisfeitos com isso, caluniaram os nobres autores como culpados de barbarismo, ignorância das Escrituras e muito engano, e, na medida em que puderam, condenaram sua memória para a eternidade. E para que sua impiedade e tolice chegassem mais longe, trouxeram certos jovens grosseiros que levaram os despojos dos livros para a cidade em caixões e os puseram no mercado comum e ali os queimaram, para dor de muitos, tanto dos protestantes como de outras partes [...].
Thomas Bodley foi o único que pôde, na época de Elizabeth I, devolver a fama perdida a essa biblioteca (com o tempo lhe deu até seu nome: hoje a conhecemos, de fato, como biblioteca Bodleiana).
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