da de todas é o sentimento da paixão. Um olhar, uma voz, um
sorriso... Alguma coisa da ordem do encantamento captura o apai-
xonado. Trata-se de um amor sofrido, cujo desenlace é sempre a
frustração, porque o apaixonado quer ser amado do jeito que ima-
gina que deveria ser amado.
na medida em que coloca em cena o fascínio. É o amor de transfe-
rência. Um pouco diferente da paixão, esse associa o amor à su-
posição de saber. Chamo atenção para o fato de que não disse
reconhecimento, mas suposição de um saber. O que se supõe que
o outro saiba? A verdade. De quem? Do próprio sujeito. Uma
espécie de segredo sobre si mesmo que será revelado pelo outro.
acontece em outras formas de relações sociais, como por exem-
plo, entre aluno e professor. Alguns se apegam ao amor de trans-
ferência para criticar o tratamento psicanalítico. Aqui, justamente
aqui, se inscreve a ética da psicanálise, cuja prática depende, ex-
clusivamente, do desejo do analista. Não se trata das aspirações
de quem ocupa o lugar de analista. Absolutamente não. Mas de
um desejo que se sustenta no relançamento do desejo. Dito de ou-
tra maneira: o ser humano sofre e paga um preço muito caro, toda
vez que renuncia ao mais próprio de si. O desejo do analista apos-
ta que todo falante é um ser desejante. A direção de um tratamento
analítico, sustentado por este desejo, se dirige para o despertar do
sujeito. Não se trata nem de alimentar, nem de recusar o amor de
transferência, mas sim de não exacerbá-lo, introduzindo o equívo-
co e redirecionando a demanda, a fim de que este amor caia por
terra e junto com ele a suposição de saber.
limite que demarca o impossível.