Por que uma idéia de dois mil e quinhentos anos atrás pareceria hoje mais relevante do que nunca? Como os ensinamentos do Buda podem nos ajudar a resolver muitos problemas do mundo



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Desde aquela época é impossível estimar quantos milhões, talvez bilhões de pessoas fizeram essa árdua jornada para homenagear o Buda e seus ensinamentos. E não só budistas, mas indianos, judeus, cristãos, muçulmanos e ateus, todos vão, mesmo que só para visitar um local de importância histórica e significado arqueológico, ou simplesmente para ver uma atração turística. Alguns vão por pura curiosidade. "Quem é esse cara que tanta gente reverencia?" Mesmo os curiosos, acreditam alguns budistas, acabam se beneficiando com isso, apesar de não se darem conta ou reconhecerem.

John C. Huntington, professor de arte e metodologias budistas na Universidade Estadual de Ohio, se aprofunda para explicar o fenômeno da peregrinação no contexto indiano. Em "Sowing the Seeds of the Lotus: A Journey to the Great Pilgrimage Sites of Buddhism", (Semeando lótus: uma viagem aos locais da grande peregrinação do budismo), uma série em cinco partes publicada em Orientations, uma revista de arte asiática sediada em Hong Kong, ele elabora sobre a palavra hindu darsana, que "significa literalmente 'ver' ou Visualizar', mas que também possui um conceito mais profundo da identificação essencial com aquilo que a pessoa vê'".

A idéia é muito maior do que apenas testemunhar ou observar um acontecimento importante, no sentido de que a pessoa que experimenta a darsana de um acontecimento torna-se parte dele e o mérito ou outros benefícios que podem ser auferidos pelos principais participantes também são legados ao observador em nível reduzido. Ou seja, quando um grande mestre budista promove uma iniciação, ele ganha mérito (punya) por estar beneficiando outros. Ao mesmo tempo, o iniciado ganha mérito por se comprometer com o budismo; as pessoas que participam da cerimônia ganham mérito por ajudar os outros a assumir esse compromisso; as pessoas que assistem à cerimônia ganham mérito; e até mesmo aqueles que simplesmente passam por ali casualmente ganham mérito. No budismo, mesmo os seres que nasceram em situações menos afortunadas podem obter méritos pelo simples fato de estarem presentes e de observar acontecimentos em torno dos ensinamentos do dharma.

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Essa última frase soou como um programa Mérito Plus de alguma linha aérea astral. Ah-ah, pensei, há esperança até para mim.

Huntington diz mais: "Esse conceito de receber mérito é a motivação que existe por trás das peregrinações... O principal benefício desejado é, obviamente, influenciar positivamente o renascimento próprio em outro mundo mais elevado."

O benefício que desejava para mim não tinha relação com renascimento, pois não acreditava nisso. Eu esperava ter mundos mais elevados aqui mesmo nesta vida, para poder trocar minhas fichas de mérito pelo menos antes de o próximo evento com as minhas costas me deixar aleijado de novo.

Não que não estivesse precisando de méritos de onde quer que viessem, mas tinha meu próprio motivo para visitar os famosos locais sagrados dos budistas. Pensei que estando onde Buda tinha estado poderia captar completamente a gestalt do que seria de fato aquele homem e talvez isso me ajudasse de alguma forma a desfazer o enigma da caixa que a maior parte das biografias deixam nas nossas mãos para segurar.

Mas levei o conceito de peregrinação budista ainda mais longe. Há um ritual budista de circunvagar pelos lugares sagrados conhecidos como stupas, relicários especiais onde dizem que estão guardados os objetos de Buda. Peguei o globo como a minha stupa e fiz uma peregrinação mundial seguindo os passos do budismo, por assim dizer. Tive a rara oportunidade de caminhar pelas páginas de um livro de história budista. As semanas foram passando e testemunhei variações por vezes sutis, mais vezes evidentes, nos ensinamentos e na prática. Vi, provei e senti profundamente o budismo no Oriente e no Ocidente, o budismo antigo e o novo - às vezes incoerentemente justaposto aos meus valores pessoais.

"Para onde estamos realmente indo? Sempre para casa!", disse o poeta alemão do século XVIII Novalis citado no romance Viagem ao Oriente de Hermann Hesse, um daqueles livros que fez muitos da minha geração reorientar as suas idéias. Esse junto com Pé na estrada (On the Road) e Os vagabundos iluminados {The Dharma Bums) de Jack Kerouac, Mente zen, mente de principiante {Zen


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