Por toda parte



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AMPLIANDO
Manifestos artísticos são produções e publicações de textos coletivos que defendem ideias sobre a arte em cada ideologia e contexto de grupos.
Movimento modernista foi uma manifestação artística, política e estética brasileira do início do século XX que teve como tema a influência de outras culturas sobre a nossa arte e a defesa de uma arte nacional e engajada com o seu tempo.
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MAIS DE PERTO

- Roda da imaginação

Observe as imagens a seguir.

Figura 28

Maluana (maruana ou maruanan) é considerada um objeto de proteção pelos povos Wayana e Aparai. É uma roda de madeira confeccionada para ser posta no teto das casas comunitárias. No Brasil, representantes desses povos são encontrados na região do Amapá e do Pará.

Memorial da América Latina. São Paulo. Foto: Renato Soares/Imagens do Brasil



Figura 29

Ilustração da maluana.



Figura 30

Ilustração de casa comunitária dos Wayana e Aparai, chamada tukusipan.

Ilustrações: Frosa
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Observe para a imagem da maluana (ou maruana, maruanan) acima.

Veja os desenhos. O que representam essas imagens? Será que são seres imaginários?

A maluana, também chamada de maruana ou maruanan, é um artefato criado em pintura sobre madeira feito pelos povos indígenas Wayana e Aparai, habitantes da região Norte do Brasil, da Guiana Francesa e do Suriname. Trata-se de um objeto de proteção. Nas aldeias desses povos, costuma existir uma oca muito grande, uma casa comunitária que os indígenas chamam de tukusipan.

O teto de uma tukusipan é muito alto e bem no centro dele é colocada a maluana, uma roda de madeira pintada com pigmentos naturais.

Figura 31

Desenho feito pelos indígenas na maluana.



Figura 32

Desenho feito pelos indígenas na maluana.



Figura 33

Maluana completa, com detalhes do centro e dos animais e seres imaginários.

Figura 34

Desenho do centro da maluana.


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Figura 35

Desenho feito pelos indígenas na maluana.



Figura 36

Detalhe da figura do lagarto da imagem da maluana instalada no teto.

Ilustrações: Frosa

Atualmente, os povos Wayana e Aparai vivem em diversas comunidades situadas ao longo do rio Paru d’Este, no norte do Pará. Sua arte é muito rica em imagens que reproduzem em tudo que criam, como cestarias, cerâmicas, pintura corporal e rodas de tetos como a maluana.

Os desenhos feitos na maluana são repletos de significados. Agora, veja-os em detalhes nestas páginas. O que você acha que significam?

As imagens criadas são inspiradas em elementos naturais, como os animais, porém repletas de simbologias e mitos que fazem parte das culturas dos povos indígenas.


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PALAVRA DO ARTISTA

Lúcia Hussak van Velthem

A antropóloga, museóloga e fotógrafa Lúcia Hussak van Velthem pesquisou a arte e a cultura dos Wayana e Aparai. Ela conta as imagens da maluana representam grandes serpentes, especialmente temidas por esses povos. São necessários muitos conhecimentos para a criação deste objeto de arte. Por esse motivo, o preparo da maluana é especial.

Para a confecção da maluana destinada à casa de uso comunitário, os homens reúnem-se em mutirão. A matéria-prima empregada é a raiz tubular, a sapopema da sumaúma, que é cortada com um machado e aplainada com terçado, formando uma roda. Essa roda tem então uma de suas faces carbonizada através da lenta combustão de folhas secas de bananeira, enquanto o disco se apoia sobre curtas estacas. Depois disso, os grafismos específicos deste artefato são marcados com faca. Quando são aprendizes, os jovens utilizam moldes recortados em folhas de sororoca. A roda é pintada coletivamente com tintas minerais e pincéis de nervura de palmeira bem finos por dois ou três homens e também mulheres. A maluana não deve ser preparada nem pintada na aldeia, mas em lugar afastado, na periferia.

VELTHEM, Lúcia Hussak van; VELTHEM, Iori Leonel van (Org.). Livro da arte gráfica Wayana e Aparai: Waiana anon imelikut pampila – Aparai zonony imenuru papeh. Rio de Janeiro: Museu do Índio – Funai/Iepé, 2010. p. 45. Disponível em: . Acesso em: 24 abr. 2015.



Figura 37

Detalhe da borda da maluana, mostrando os desenhos com triângulos que representam borboletas às margens dos rios.

Frosa
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MAIS DE PERTO

- Tramas da arte indígena

Observe os desenhos a seguir.

Você já notou alguma imagem que se pareça com estes desenhos?

Que tal procurar nas páginas anteriores? Imagine que você está em um jogo de investigação e suspense e aventure-se!

Figura 38

Padrões de trançados de cestas dos Ye’kuana, indígenas da Amazônia. (A) Woroto sakedi (chifres demoníacos); (B) Awidi (cobra-coral); (C) Mawadi asadi (o povo Wayana interpretou esses desenhos tanto como Apuweika, a onça-preta, quanto como a face dos Tamokós).

Frosa

Agora, observe este objeto do artesanato indígena.



Figura 39

Urupêm ou urupema, um tipo de peneira de buriti com trançado típico da etnia Kaiabi.

Renato Soares/Imagens do Brasil
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AMPLIANDO
Sobrenatural é um termo comum nas culturas indígenas, usado para explicar ou citar coisas e seres que estão além das leis naturais.
Tamokós são figuras mágicas, seres em forma de homens pertencentes à cultura indígena. Os Tamokós podem proteger ou destruir, por isso há vários rituais para eles realizados entre os grupos indígenas.

Cada desenho pode representar um ser mítico, suas ações, suas pinturas de corpo. Há grafismos que representam figuras mitológicas, como os Tamokós, (Tëmok Tamokoh) ou então onças, cobras, jabutis, além de outros seres considerados mágicos pelos indígenas, como serpentes e onças sobrenaturais.

Veja a padronagem de uma serpente sobrenatural na imagem a seguir.

Figura 40

Desenho de grafismo de cestaria dos Wayana e Aparai representando a uma serpente sobrenatural.

Iandé - Casa das Culturas Indígenas

Na cultura dos Wayana e Aparai, existe o mito da lagarta grande, também chamada de cobra grande. Conta o mito que existiu um tempo passado em que esses dois povos indígenas viviam no alto de um rio. Eles tentavam se encontrar, mas não conseguiam. Muitos perderam a vida tentando. Não compreendiam o que acontecia e, assim, culpavam uns aos outros. Os indígenas que viviam de um lado da margem achavam que aqueles que viviam do outro lado eram responsáveis pela morte de seus parentes.

Na lenda, era um ser sobrenatural em forma de uma lagarta/cobra gigante que atacava as canoas. Um dia, dois guerreiros, um de cada povo indígena, descobriram a verdade e resolveram se unir para acabar com o monstro. Quando a luta acabou, o monstro estava morto, esticado na margem do rio, e os dois guerreiros viram que a sua pele era bonita e repleta de detalhes. Então, revolveram usar esses desenhos em tudo o que faziam: nas pinturas corporais, em objetos de cerâmica, entre outras situações; aprenderam a imitar a pele da grande lagarta até no trançar da palha para fazer cestos decorados.

Essa mesma história tem variações em que se conta que o ser sobrenatural que emerge das águas é uma colossal lagarta de duas cabeças. Uma comia os índios Wayana e a outra comia os Aparai.


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Agora, veja este cesto, em que o grafismo representa a lagarta de duas cabeças.



Figura 41

Cesto dos povos Wayana e Aparai, com desenhos representando a lagarta de duas cabeças.

Renato Soares/Imagens do Brasil

Na ampliação do detalhe, a seguir, você pode observar esse grafismo com mais atenção.



Figura 42

Detalhe do cesto dos povos Wayana e Aparai, com a representação da lagarta de duas cabeças.

Renato Soares/Imagens do Brasil
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PALAVRA DO ARTISTA

Povo Kaingang

Observe a imagem a seguir.



Figura 43

Indígena artesão do povo Kaingang e família vendendo as suas obras. Município de Não-Me-Toque, Rio Grande do Sul, 2011.

Delfim Martins/Pulsar

Nos estados da região Sul, principalmente no Paraná, e nos limites com o estado de São Paulo, encontramos a comunidade indígena dos Kaingang. Entre várias produções artísticas e artesanais, o povo Kaingang cria cestos usando padronagens com as tramas e os trançados característicos de sua cultura. Os desenhos que vão sendo criados ao fazerem as tramas da taquara têm relação com suas crenças no mito de Kamé e Kairu.



AMPLIANDO
Kamé e Kairu são personagens da mitologia do povo Kaingang. Segundo essa cultura, eles representam a origem desse povo.

Esse povo conta que:

[...] nesta floresta tinha uma montanha, desta montanha surgiu um ser forte e alto, que nasce ao nascer do sol, que se chama Kairu e nesse mesmo dia surgiu outro ser, no pôr do sol, esse ser era mais baixo e se chamava Kamé.

NÖTZOLD, Ana Lúcia Vulfe; MANFROI, Ninarosa Mozzato da Silva (Org.). Ouvir memórias, contar histórias – mitos e lendas Kaingang. Santa Maria: Pallotti, 2006.

Veja mais exemplos do artesanato do povo Kaingang.

Figura 44

Cestos e outras peças do artesanato dos Kaingang à venda. Município de Não-Me-Toque, Rio Grande do Sul, 2011.

Delfim Martins/Pulsar
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LINGUAGEM DAS ARTES VISUAIS

- Mito e imagem

Vimos que os desenhos representam mais que somente traços nas culturas indígenas. Agora, vamos observar os desenhos criados pelos povos Aparai e Wayana em várias imagens nesta seção. São leituras de mundo, observações sobre o universo da floresta que criam, no imaginário, seres fantásticos e simbólicos para essa cultura. Em vez de retratar os animais com suas formas originais, esses povos criam relações entre eles, com muitos significados e histórias.

Em várias culturas, podemos identificar diversas lógicas e ideias para criar imagens. Vamos estudar duas dessas visões de mundo: o realismo mental e o realismo visual.

Realismo mental (imaginação)

No realismo mental, podemos criar seres que têm alguma relação com a natureza: em sua aparência (cores, texturas, tamanhos, formatos e outros); em sua personalidade (animais ferozes, dóceis, astutos, rápidos...); ou, ainda, em relação a narrativas mitológicas. Contudo, esses seres não são exatamente iguais aos que encontramos na natureza.

Assim, podemos dizer que muitos desenhos produzidos pelos indígenas brasileiros apresentam, de certa forma, realismo mental.

Observe as imagens a seguir.



Figura 45

Detalhe de maluana dos indígenas Wayana e Aparai. Feita de madeira queimada e pintada com tintas naturais, o desenho em destaque representa a “Lagarta de Duas Cabeças”.

Memorial da América Latina, São Paulo. Foto: Renato Soares/Imagens do Brasil

Figura 46

Detalhe de maluana dos indígenas Wayana e Aparai. O desenho em destaque representa o “Bicho D’Água”.

Memorial da América Latina, São Paulo. Foto: Renato Soares/Imagens do Brasil
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Veja o detalhe da borda de uma maluana (roda de teto) dos indígenas Wayana e Aparai.



Figura 47

Detalhe da borda da maluana, mostrando os desenhos com triângulos que representam borboletas às margens dos rios.

Frosa

Os desenhos da maluana representam seres que habitam as florestas distantes, as serras e o fundo dos rios. Na Amazônia, grupos de borboletas de várias cores juntam-se nas margens dos rios no verão. Essa imagem natural é representada de forma estilizada, na borda das maluanas, por pequenos triângulos.



O nome maluana possivelmente nasceu do termo Maluanaimë. Na cultura dos Wayana e Aparai, Maluanaimë é o nome de um ser sobrenatural, a representação de uma grande arraia de água doce.

Nas rodas de teto dos Wayana e Aparai também são encontrados desenhos de tartaruga, tamanduá-bandeira, garça-maguari, gavião-tesoura e lagarta de duas cabeças.

Veja a seguir alguns dos animais representados na maluana como são na realidade, soltos na natureza. A relação entre as pessoas e a floresta provoca o nascimento de uma arte rica em imagens de seres reais e imaginários.
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Figura 48

Borboletas às margens do Rio Juruena, no Parque Nacional Juruena, Mato Grosso, 2006.

Zig Koch/Natureza Brasileira

Figura 49

Jabuti no Pantanal Mato-grossense, 2010.

Artur Keunecke/Pulsar

Figura 50

Tartarugas e borboletas na beira do rio. Andes peruanos, Peru, 2011.

Joan Egert/Dreamstime/Isuzu Imagens

Figura 51

Tamanduá-bandeira, animal ameaçado de extinção. Miranda, Mato Grosso do Sul, 2010.

Palê Zuppani/Pulsar

Figura 52

Arraia gigante de água doce no Rio Negro, no Pantanal, Mato Grosso do Sul, 2010.

Luciano Candisani/Minden/Pictures/Latinstock

Figura 53

Garça-maguari, Belém, Pará, 2013.

Fabio Colombini

Figura 54

Gavião-tesoura no Pantanal de Poconé, Mato Grosso, 2002.

Zig Koch/Natureza Brasileira
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Realismo visual (observação)

A observação é muito importante para a criação. Ao observarmos, criamos memória, compreendemos melhor as coisas. Assim, quando vamos criar algo, podemos pesquisar no nosso baú de ideias, ou seja, na nossa cabeça.

Outra forma de criar imagens é fazê-las o mais próximo possível da realidade. Há artistas contemporâneos que nos impressionam com suas imagens incrivelmente realistas, muitas vezes até hiper-realistas, isto é, que seguem a realidade em seus mínimos detalhes.

Observe a imagem a seguir.

Você considera este trabalho um exemplo de realismo visual?

Figura 55

Menina índia, de Oséias Leivas Silva, 2003. Óleo sobre tela, pintura hiper-realista, 50 cm × 70 cm.

Oséias Leivas Silva. 2003. Óleo sobre tela. Coleção particular

Representar as coisas procurando capturar os aspectos mais realistas requer uma constante pesquisa sobre o que se vê. São os artistas hiper-realistas, como o gaúcho Oséias Leivas Silva (1971), que se dedicam a esse trabalho. Embora a intenção seja a produção de uma imagem explorando o realismo visual, toda imagem passa pela interpretação de quem a cria.
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AÇÃO E CRIAÇÃO

- Imagens e imaginários

Vamos experimentar criar seres imaginários?

Você pode escolher um tema qualquer, como animais e seres da floresta, por exemplo.

Escolha três animais e crie a sua arte misturando essas formas.

Outra ideia é escolher histórias e lendas brasileiras e criar seres com base nessas narrativas.

Você também pode criar personagens vindos diretamente de sua criatividade e imaginação!

Vamos lá?

PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS

Que tal criar rodas como as que vimos nas culturas dos povos Wayana e Aparai? Desta vez, crie os seus próprios desenhos, com base na sua leitura de mundo. Cada um de nós tem, na mente, a memória visual e cultural do nosso mundo. Como suporte, você pode usar uma embalagem de pizza.

Suportes e tintas

Figura 56

1 Prepare uma das partes da embalagem de papelão usada para colocar pizza. Pinte o fundo de uma cor escura. Pode ser preto ou azul, você escolhe! Para as tintas, você pode usar guache ou tinta acrílica.

Rafa Anton


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Figura 57

2 Passe uma demão de tinta, espere secar e depois passe outra demão. Crie os seus desenhos em um papel enquanto a base da sua roda está secando.

Figura 58

3 Com a base pronta e os esboços dos desenhos, vamos passar as imagens que você criou para o suporte. Como a base é escura, você pode passar giz de lousa na parte de trás da folha de desenho e aplicá-lo desenhando por cima.

Figura 59

4 Depois, use mais tinta colorida para fazer as pinturas das imagens. Abuse de cores claras, como branco e amarelo. Com o fundo escuro, essas cores vão dar ótimos efeitos de contraste!

Ilustrações: Rafa Anton



Exponha as rodas que você criou na escola.

Que tal pendurá-las ou encaixá-las em algum lugar mais alto, como se fosse no teto?

Converse com os professores para que façam a exposição juntos e em segurança.
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LINGUAGEM DAS ARTES VISUAIS

- Simetrias

Observe estas imagens da arte de cestaria indígena.



Figura 60

Bahtiaka, cesto de arumã feito por indígenas Wayana, do noroeste do Amazonas.

Iandé - Casa das Culturas Indígenas



Figura 61

Kunhú, cesto usado na pesca, com timbó, feito pelos indígenas Yawalapiti, do Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso.

Iandé - Casa das Culturas Indígenas



Figura 62

Xotó, cestos de cipó titica feitos pelos indígenas Yanomami, do Amazonas.

Rosa Gauditano/Studio R


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Vimos o quanto as pessoas que vivem as culturas indígenas observam a natureza para criar sua arte.

Você consegue calcular quantas coisas você já viu em sua vida? E de todas elas, quantas são repetidas? Praticamente impossível, não é?

Sabemos que muito antes da chegada dos primeiros colonos às nossas terras, a cultura local indígena já existia em toda a sua pluralidade.

As técnicas usadas até hoje na construção da arte de cestarias, por exemplo, são passadas de geração para geração. Podemos perceber, também, que há imagens desenhadas sobre objetos e bonecas feitas em cerâmica. Nas pinturas corporais, notamos certos padrões de imagens. Assim como nas cestarias, em cada trama é feito um desenho que cria combinações e imagens sequenciais. Esses padrões podem apresentar vários tipos de simetrias.

Quando um tipo de composição tem simetria, ou seja, quando uma figura, forma ou objeto é simétrico, significa que há partes correspondentes em relação a uma linha divisória, um plano médio, um centro ou um eixo. A simetria pode se apresentar de três formas: especular (espelhada), translação e rotação.



Simetria espelhada

Observe os padrões encontrados na arte da cestaria indígena e encontre as relações de simetria.

No balaio feito pelo povo Wayana, visto na página anterior, encontramos um tipo de simetria espelhada, também chamada de especular.

Observe o detalhe da trama do cesto e imagine uma linha dividindo o desenho bem ao meio, como representado a seguir.



Figura 63

Frosa


Exemplificação da simetria espelhada do cesto feito pelo povo Wayana.
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Você percebe que os padrões são exatamente iguais aos do outro lado?

Outro exemplo é o grafismo encontrado na representação do homem sobrenatural Tamokó. Observe na imagem a seguir.

Figura 64

Detalhe de banco de madeira com representação do homem sobrenatural Tamokó, grafismo presente nas etnias Wayana, no Pará.

Fernando Chaves

Agora, observe a simetria na ilustração a seguir.



Figura 65

Exemplificação da simetria espelhada do detalhe do banco de madeira com representação do Tamokó.

Frosa
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Simetria de translação

Observe novamente os desenhos na padronagem das tramas Kunhú do povo Yawalapiti, na abertura desta seção.

Você vê um mesmo padrão se repetindo?

Um está ao lado do outro, formando uma sequência de desenhos. Um corresponde ao outro na combinação de cores e formas.

O mesmo tipo de simetria é encontrado nas cestarias que mostram a cultura dos povos Wayana e Aparai, representando a figura sobrenatural da lagarta de duas cabeças, que também aparece na cultura de outros povos indígenas.

Observe a imagem a seguir.



Figura 66

Cestos dos povos Wayana e Aparai cujos trançados também trazem figuras representantes da lagarta de duas cabeças.

Renato Soares/Imagens do Brasil

Simetria rotacional

Observe a ilustração a seguir.



Figura 67

Representação da simetria vista na cestaria dos Yanomami, mostrada no início desta seção.

Frosa
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No trançar dos fios de cipó dos índios Yanomami, a simetria forma uma roda. Os desenhos vão sendo formados em simetria rotacional. Existe um núcleo, um eixo central, a partir do qual surgem os padrões. Esse tipo de simetria é a própria essência da criação no tramar dos fios de cipós como o arumã, a fibra de tucum ou o capim dourado.

Na arte da cestaria, inicia-se o trançado fazendo um transpasse entre duas, três, quatro talas ou fios (dependendo do material utilizado). O número de talas a ser usado no início de uma trama de cestaria é definido em função da largura das talas ou do tipo de desenho. Há tipos de tramas específicos para fazer peneiras, para fazer cestos, carregadores, e peças em formatos quadrados ou circulares.

Para fazer peças com mais de uma cor, as tiras devem ser pintadas antes. Geralmente, os povos indígenas utilizam materiais encontrados na natureza, como o urucum, para criar suas tintas.

Nas comunidades que já têm maior contato com o meio urbano, os indígenas mudaram ou adaptaram alguns de seus costumes, como a compra de pigmentos industrializados para tingir seus materiais. Observe a ilustração a seguir.

Figura 68

Os indígenas próximos de centros urbanos já mudaram ou adaptaram vários de seus hábitos, como a utilização de roupas e calçados e o uso de materiais industrializados em seu artesanato. Na imagem, exemplo de confecção de cesto utilizando a simetria rotacional.

Frosa
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AÇÃO E CRIAÇÃO

- Padrões abstratos

Desenhos em padrão são compostos por elementos visuais iguais que se repetem sequencialmente ou periodicamente. Vimos que as culturas indígenas criam padronagens geométricas, em realismo mental, com grafismos simbólicos inspirados na natureza e nos seus mundos mitológicos. São imagens que os povos da floresta aprenderam a ver, interpretar e criar. Assim, cada grupo cultural pode atribuir significados simbólicos diferentes para cada desenho nas padronagens que criam.

Veja, no quadro a seguir, exemplos de padrões de grafismos usados por alguns povos indígenas.

Exemplos de padrões de grafismo com temas de animais (usados por indígenas de várias etnias das Américas)

Figura 69

Fonte de pesquisa: DÉLÉAGE, Pierre. Les répertoires graphiques amazoniens. Journal de la Société des Américanistes. Disponível em:


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