Português: contexto, interlocução e sentido



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. Acesso em: 24 fev. 2016.

6. Qual é o tema desenvolvido em “Sem ter você”?

a) Que elementos indicam que se trata de um texto atual?

b) Poderíamos dizer que ele desenvolve um tema semelhante ao da cantiga de Nuno Fernandes Torneol (texto 1)? Por quê?

7. Quais são os sentimentos que o eu lírico expressa pela mulher amada?

> A relação entre o eu lírico e sua amada se dá do mesmo modo que na cantiga de amor? Explique.

8. Que elementos formais e de conteúdo da canção permitem compará-la a uma cantiga de amor?

As novelas de cavalaria

As novelas de cavalaria são os primeiros romances, ou seja, longas narrativas em verso, surgidas no século XII. Elas contam as aventuras vividas pelos cavaleiros andantes e tiveram origem no declínio do prestígio da poesia dos trovadores. Tiveram intensa circulação pelas cortes medievais e ajudaram a divulgar os valores e a visão de mundo característicos da sociedade desse período.

Estão organizadas em três ciclos, de acordo com o tema que desenvolvem e com o tipo de herói que apresentam:

Ciclo clássico: novelas que narram a guerra de Troia e as aventuras de Alexandre, o Grande. O ciclo recebe essa denominação porque seus heróis vêm do mundo clássico mediterrâneo.

Ciclo arturiano ou bretão: histórias envolvendo o rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda. Nessas novelas podem ser identificados vários núcleos temáticos: a história de Percival, a história de Tristão e Isolda, as aventuras dos cavaleiros da corte do rei Artur e a demanda do Santo Graal.

Ciclo carolíngio ou francês: histórias sobre o rei Carlos Magno e os 12 pares de França.

Dos três ciclos, o arturiano permanece como um dos temas literários mais explorados, sendo objeto de romances, poemas, filmes e óperas até hoje.

Há várias cenas de violência nas muitas batalhas retratadas em Cruzada. Sugerimos que o professor assista ao filme para verificar se é compatível com o nível de maturidade de seus alunos.

De olho no filme

A dura jornada do cavaleiro

0061_001.jpg

20TH CENTURY FOX FILM CORP/EVERETT COLLECTION/KEYSTONE BRASIL

Cena do filme Cruzada, de Ridley Scott. Inglaterra/Espanha/Alemanha/EUA, 2005.

“Não demonstre medo diante de seus inimigos. Seja bravo e justo, e Deus o amará. Diga sempre a verdade, mesmo que isso custe a sua vida. Proteja os mais fracos e seja correto. Este é o seu juramento”. Com essas palavras, Godfrey de Ibelin eleva seu filho bastardo, o ferreiro Balian, à condição de cavaleiro cruzado. Neste épico, o diretor inglês Ridley Scott faz uma cuidadosa reconstituição da Jerusalém medieval e tematiza os conflitos e interesses individuais que estavam por trás de muitos atos cometidos em nome de Deus.



Cronicões, nobiliários e hagiografias

Textos de caráter mais documental foram produzidos na Idade Média. Eram conhecidos como cronicões e nobiliários. Os cronicões registravam os acontecimentos marcantes da vida dos nobres e dos reis em ordem cronológica. Os nobiliários registravam os nascimentos, os casamentos e as mortes de uma determinada família de nobres. Outros textos que circulavam pelas cortes medievais eram as hagiografias, relatos da vida dos santos.


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TEXTO PARA ANÁLISE

Lancelot, o cavaleiro da charrete

No trecho transcrito, vemos a bravura de Lancelot durante o combate que trava com Meleagant, que havia sequestrado a rainha Guinevere. Ao vê-la na torre do castelo em que era prisioneira, o cavaleiro empenha-se ainda mais na luta.

[...]


Sem mais tardança, os dois combatentes fazem recuar toda gente. Ambos partem em grande galope e, a duas braçadas de distância, através dos escudos mergulham as lanças, tão de rijo que elas coriscam como tições. Com tal impulso os cavalos se entrevêm frente a frente que os dois cavaleiros embatem peito contra peito. Os escudos entrechocam-se e também os elmos; seu crepitar parece o pronto atroar de forte trovão. Não resta gamarra, nem cilha, estribos, rédeas nem espendas que não se espedacem. Não é grande vergonha para os dois cavaleiros se ambos tombam por terra, pois os arreios cederam. Mas de um só salto já estão de pé e lutam sem falar, mais ferozmente que dois javalis. Não perdem tempo em se desafiar. Com as espadas de aço entreaplicam fortes golpes, como gente que tem grande ódio. Mas não era possível que o cavaleiro que atravessara a ponte não fraquejasse com as mãos feridas. Vendo seus golpes menos certeiros, os que torciam por ele sentem grande receio. Temem que seja vencido. Já lhes parece que o cavaleiro leva a pior e Meleagant a melhor. Discutem entre si a respeito.

Dentro da torre estava uma donzela muito ajuizada, que diz consigo mesma que o cavaleiro não empreendeu a batalha por causa dessa gente miúda que ali veio. Jamais a teria empreendido se não fosse pela rainha. Pensa que se o cavaleiro soubesse que a rainha está à janela olhando e vendo, isso lhe daria força e ousadia. Se a rainha soubesse seu nome, de mui bom grado gritaria ao cavaleiro que olhasse para cima! Então, a donzela ajuizada vai até a rainha e lhe pergunta se sabe o nome do cavaleiro.

Damizela, seu nome é Lancelot do Lago, pelo que sei.

— Deus, como tenho o coração jubiloso e rindo de contente! — torna a donzela.

Então ela avança e o chama tão alto que todo o povo a ouve em alta voz:

— Lancelot, volta-te e olha quem por ti se inquieta!

Quando Lancelot ouve chamar, não tarda a se voltar. Vira-se. Vê no alto a pessoa que, no mundo todo, mais desejava ver, sentada na bancada da janela. Desde o momento em que a avista, não se move mais nem desvia o rosto. Defendia-se por trás, porém Meleagant o acossava o mais que podia, mui jubiloso por pensar que o cavaleiro estava agora sem defesa. Os do país sentiam grande alegria, mas os exilados cativos estavam em tal pesar que em pé nem podiam parar. Muitos se deixavam cair por terra, desnorteados, ou de joelhos ou deitados. Havia grande alegria e também grande tristeza. Então novamente a donzela da janela bradou:

— Ah! Lancelot, por que tão loucamente combates, lançando para trás teus golpes, lutando de costas? Vira-te, que fiques de frente para cá e vejas sem cessar esta torre, pois é bom e bonito vê-la!

Lancelot considera grande vergonha e fealdade o que fez. De fato, bem sabe que por longo tempo levou a pior. Salta para trás e vira Meleagant, colocando-o à força entre ele próprio e a torre. Meleagant faz grandes esforços para voltar ao outro lado. Mas várias vezes Lancelot o rechaça e faz cambalear, sem lhe pedir consentimento. Em Lancelot crescem força e ousadia! Amor lhe traz grande valia. Jamais odiou alguém quanto esse com quem está lutando. Jamais Meleagant encontrou nem conheceu cavaleiro tão audaz. Jamais nenhum o prostrou assim. De bom grado se afasta, desvia, esquiva-se. Lancelot não o ameaça; mas atacando de ponta e de corte empurra-o para a torre, onde a rainha está à janela. Ela acendeu a chama em seu corpo, a rainha que muito o contempla. E essa chama torna-o tão ardente que ele persegue Meleagant e o leva por toda parte onde lhe apraz. Mau grado seu, Meleagant é conduzido como um cego ou um bobo com perna de pau.

O rei Bandemagus vê que seu filho está tão atingido que não mostra mais empenho nem defesa. Sente o coração opresso e toma-se de piedade. Se for possível, irá interferir. Para bem fazer, precisa suplicar à rainha. Então, lhe fala assim:

— Senhora, sempre vos amei muito, muito vos servi e honrei desde que aqui estais em meu castelo. Dai-me recompensa! Quero pedir-vos um dom que me deveríeis
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conceder, ao menos por grande amizade. Bem vejo que esta batalha meu filho perde sem falha. Não vos dirijo súplica por lamentar isso, mas para que não o mate Lancelot, seu vencedor, que tem poder para tal. Essa morte não deveis querer, embora meu filho vos haja feito mal, a vós e a Lancelot também. Mas suplico, senhora, para agradar-me dizei a Lancelot que cesse de lhe bater. Assim poderíeis recompensar-me, se bem vos parecer.

— Caro sire, pois que me suplicais, assim o quero — responde a rainha. — Tivesse eu mortal ódio de vosso filho que não posso amar, inda assim tão bem haveis me servido que desejo, para vos aprazer, dizer a Lancelot que deixe vosso filho viver.

Lancelot e Meleagant ouviram essas palavras. Quem ama é obediente. De pronto e de bom grado (pois é verdadeiro amigo) Lancelot faz como quer sua amiga. Não mais acerta Meleagant, não mais combate. Sanhoso de cólera e de vergonha, Meleagant entendeu que está tão decaído que precisam interceder por ele. Para o chamar à razão, o rei desce do alto da torre e vem até o lugar do combate. Diz então ao filho:

— Como? É bonito golpear quem não toca em ti? És demasiado cruel e furioso. Estás valente a contratempo. Sabemos com certeza que ele é teu vencedor.

Então Meleagant, desenfreado de vergonha, responde ao rei:

— Talvez que perdestes a visão. Pelo que sei, não enxergais a um palmo! É preciso ser cego para duvidar que levei a melhor!

— Procura então quem creia em ti! — responde o rei. — Toda a gente que aqui está sabe se dizes a verdade ou se mentes. Bem sabemos a verdade!

O rei ordena aos barões que puxem seu filho para trás. Prontamente lhe obedecem. Meleagant é dominado. Para segurar Lancelot não foram precisos muitos esforços. O outro poderia lhe fazer grande mal antes que seu braço rebatesse.

— Por Deus — diz o rei ao filho —, agora precisas fazer a paz, devolver a rainha, encerrar toda disputa!

— Dissestes grande tolice! Estou farto de vos ouvir! Fugi! Deixai-nos combater! Não deveis interferir neste afazer!

O rei responde que vai interferir, pois diz —, bem sei que ele te matará se eu vos deixar combater!

— Matar-me ele? Eu é que o matarei! Seria eu o vencedor, se não viésseis nos atrapalhar e nos deixásseis como quero!

— Por Deus, tudo o que dizes nada vale!

— Por quê?

— Porque não te quero escutar! Não confio em tua loucura e em teu orgulho, que te matarão. É louco quem deseja a própria morte! Bem sei que me odeias porque te quero proteger. Mas espero que Deus não me deixe ver tua morte, pois demasiado seria meu pesar.

[...]

TROYES, Chrétien de. Lancelot, o cavaleiro da charrete. In: TROYES, Chrétien de. Romances da Távola Redonda.



Tradução de Rosemary Costhek Abílio. São Paulo: Martins Fontes, 1998. p. 163-166. (Fragmento).

Rijo: no contexto, significa com muita força, vigor. Coriscam: faíscam, cintilam. Atroar: fazer grande barulho, estrondo.
Gamarra: parte do arreio que consiste numa correia passada das cilhas à focinheira.
Cilha: cinta larga, de couro ou de tecido reforçado, que cinge a barriga das cavalgaduras para apertar a sela ou a carga.
Espendas: partes da sela em que se apoiam as coxas do cavaleiro.
Damizela: moça solteira e jovem.
Jubiloso: repleto de alegria.
Acossava: atacava.
Mui: muito.
Fealdade: falta de brio ou de dignidade.
Rechaça: repele, força a recuar.
Prostrou: derrubou, venceu.
Apraz: no contexto, significa, deseja, quer.
Opresso: apertado.
Sire: variação de sir; tratamento dispensado aos reis da França, senhores feudais, cavaleiros e nobres.
Sanhoso: raivoso, irado.

1. Qual é o acontecimento central apresentado na cena transcrita?

2. Um fato leva Lancelot a alterar sua atitude durante o combate. Que fato é esse?

> Que comportamento o cavaleiro passa a adotar depois desse fato?

3. Lancelot é o mais nobre cavaleiro do rei Artur e considerado um grande guerreiro. Transcreva, no caderno, os trechos em que essas características da personagem são destacadas.

> Além das características de Lancelot, que outros elementos do trecho revelam que o texto pertence à produção literária do período?

4. A reação de Lancelot ao ver a rainha Guinevere revela seus sentimentos por ela. Que sentimentos são esses? Explique.

a) Que relação é possível estabelecer entre os sentimentos demonstrados por Lancelot e a manifestação do amor cortês, que você estudou neste capítulo?

b) Que passagens do trecho sugerem que os sentimentos de Lancelot seguem esse código de comportamento amoroso?
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Diálogos literários: presente e passado

No mundo contemporâneo, nos mais diferentes contextos de circulação (teatro, televisão, cinema, quadrinhos, etc.), a sátira aparece como um importante recurso para revelar criticamente comportamentos inadequados que vemos em nosso cotidiano.

A estratégia de promover a reflexão e realizar críticas por meio da sátira remonta à Antiguidade, quando Plauto (c. 254-184 a.C.) deu origem a essa tradição no teatro. Outros teatrólogos de grande renome e influência, como Shakespeare e Molière, buscaram inspiração nas sátiras do autor romano para criar suas obras. No teatro de língua portuguesa, Gil Vicente, no Humanismo, e Martins Pena, no Romantismo brasileiro, dialogam com essa tradição.

Como veremos no próximo capítulo, a sátira de costumes, inserida na tradição da ridicularização de comportamentos como instrumento de crítica social, destacou-se no período de transição entre a Idade Média e o Renascimento, conhecido como Humanismo.

A característica definidora das sátiras de costumes é a utilização de personagens estereotipadas que representam grupos de pessoas, os tipos populares. Por meio deles, autores retratam de forma exagerada e bem-humorada comportamentos, atitudes e valores considerados condenáveis.

Os textos apresentados a seguir, modernos e contemporâneos, ilustram algumas das manifestações da sátira em diferentes gêneros e linguagens.



Os tipos do sertão em Ariano Suassuna

Auto da Compadecida

[...]
CHICÓ


[...] Padre João! Padre João!
PADRE, aparecendo na igreja
Que há? Que gritaria é essa?
[...]
CHICÓ
Mandaram avisar para o senhor não sair, porque vem uma pessoa aqui trazer um cachorro que está se ultimando para o senhor benzer.

[...]
PADRE


Não benzo de jeito nenhum.
CHICÓ
Mas padre, não vejo nada de mal em se benzer o bicho.
JOÃO GRILO
No dia em que chegou o motor novo do major Antônio Moraes o senhor não benzeu?
PADRE

Motor é diferente, é uma coisa que todo mundo benze. Cachorro é que eu nunca ouvi falar.


[...]
JOÃO GRILO
É, Chicó, o padre tem razão. Quem vai ficar engraçado é ele e uma coisa é benzer o motor do major Antônio Moraes e outra benzer o cachorro do major Antônio Moraes.
PADRE, mão em concha no ouvido
Como?
JOÃO GRILO
Eu disse que uma coisa era o motor e outra o cachorro do major Antônio Moraes.

PADRE


E o dono do cachorro de quem vocês estão falando é Antônio Moraes?
JOÃO GRILO
É. Eu não queria vir, com medo de que o senhor se zangasse, mas o Major é rico e poderoso e eu trabalho na mina dele. Com medo de perder meu emprego, fui forçado a obedecer, mas disse a Chicó: o padre vai se zangar.
PADRE, desfazendo-se em sorrisos
Zangar nada, João! Quem é um ministro de Deus para ter direito de se zangar? Falei por falar, mas também vocês não tinham dito de quem era o cachorro!
[...]
CHICÓ
Que invenção foi essa de dizer que o cachorro era do major Antônio Moraes?
JOÃO GRILO
Era o único jeito de o padre prometer que benzia. Tem medo da riqueza do major que se pela. [...]

SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014. p. 23-27. (Fragmento).



Ultimando: morrendo, chegando ao fim da vida.
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O objetivo dessa atividade é levar o aluno à reflexão a respeito das diversas formas que a arte encontra para satirizar comportamentos e atitudes condenáveis dos indivíduos de uma sociedade. Para a realização da atividade, os alunos devem, inicialmente, reler os textos da seção, identificando tais comportamentos: a malandragem e a esperteza de João Grilo, em oposição à subserviência do padre aos poderosos, no texto de Suassuna; a futilidade e a superficialidade das mulheres do poema de Vinicius de Moraes; a bajulação na tira de Laerte. Depois, devem pesquisar, em novelas, filmes e séries de TV, personagens e tipos retratados de forma satírica em função dos comportamentos típicos, condenáveis ou equivocados que apresentam. É importante que os alunos possam reconhecer, nas personagens humorísticas que escolherem, os mesmos elementos presentes nos textos lidos, embora tratados com linguagens diferentes. Pode ser necessário sinalizar aos jovens a diferença entre crítica social e preconceito, a depender das personagens escolhidas. Essa pode ser, inclusive, uma maneira de estimular o debate em sala, uma vez que é frequente, em especial em programas de humor mais populares, o tratamento preconceituoso dado a mulheres, homossexuais, idosos, etc. As conclusões da análise dos textos e das personagens devem ser apresentadas oralmente, de acordo com regras estabelecidas pelo professor (tempo, grau de formalidade da linguagem utilizada, etc.).

Vinicius de Moraes e a percepção da superficialidade

As mulheres ocas

Nós somos as inorgânicas


Frias estátuas de talco
Com hálito de champagne
E pernas de salto alto
Nossa pele fluorescente
É doce e refrigerada
E em nossa conversa ausente
Tudo não quer dizer nada.

Nós somos as longilíneas


Lentas madonas de boate
Iluminamos as pistas
Com nossos rostos de opala.
Vamos em câmara lenta
Sem sorrir demasiado
E olhamos como sem ver
Com nossos olhos cromados.

[...]


Inorgânicas: no contexto, sem vida, inanimadas.
Longilíneas: de forma longa, delgada.
Opala: pedra transparente ou opaca.
Cromados: no contexto, metálicos.

MORAES, Vinicius de. As mulheres ocas. Para viver um grande amor. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 92-93. (Fragmento).



O traço crítico no humor de Laerte

FAGUNDES, O PUXA-SACO

LAERTE

0065_001.jpg

© LAERTE


COUTINHO, Laerte. Disponível em:
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