Tempos modernos tempos de sociologia helena bomeny

. Acesso em: maio 2016.

Portal das Ciências Sociais Brasileiras. Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais/ Anpocs: . Acesso em: maio 2016.

Comentários e gabaritos

Leitura complementar

O texto discute a importância da “imaginação sociológica” para os leigos, por se tratar de uma habilidade que possibilita a construção de conexões entre biografia e história, agência e estrutura, particular e geral. É importante que os alunos compreendam o sentido dessa expressão, que os acompanhará durante todo o curso de Sociologia. Use as atividades propostas e as cenas dos filmes indicados para consolidar a aprendizagem.

Sessão de cinema

Forrest Gump: o contador de histórias Memórias póstumas de Brás Cubas

Os dois filmes sugeridos possibilitam explorar a ideia de “imaginação sociológica” desenvolvida por C. W. Mills. Os dois protagonistas contam histórias da vida deles conectando-as a seu tempo, propondo interpretações sobre o contexto social em que estavam inseridos e travando um conhecimento espontâneo sobre o mundo social. O sociólogo, por sua vez, observa o mundo social apresentado por teorias e conceitos, recorta seu objeto, escolhe uma metodologia de pesquisa, controla seus dados e desenvolve uma explicação. Isso não significa que um tipo de conhecimento seja superior ao outro, mas que, ao aprendermos a olhar o mundo social do ponto de vista da Sociologia, podemos ver, sob uma nova perspectiva, os fatos a que estamos acostumados e, com isso, aprender coisas novas sobre o mundo que nos cerca.

Página 404

Construindo seus conhecimentos

Monitorando a aprendizagem

De acordo com o Dicionário Aurélio Online, jargão significa: 1) Linguagem incompreensível; 2) Linguagem característica de um grupo profissional ou sociocultural; 3) Linguagem artificial usada por determinado grupo e que é incompreensível para as pessoas que não fazem parte desse grupo.

A linguagem que os sociólogos usam para expressar suas descobertas frequentemente é chamada de jargão sociológico. Em certo sentido, é um dialeto compreendido apenas por aqueles que participam do grupo profissional dos cientistas sociais ou por leigos que foram “iniciados” nesse campo de conhecimento e passaram a conhecer seus fundamentos (processo pelo qual os alunos do Ensino Médio passarão durante as aulas de Sociologia). Isso não ocorre apenas com as Ciências Sociais: os jargões estão presentes nos demais ramos da ciência. O vocabulário de uma ciência não foi inventado em um único momento. Assim como a linguagem corrente, o léxico científico reflete o desenvolvimento das ciências e expõe o acúmulo de conhecimentos ao longo do tempo. Alguns conceitos permanecem, outros são superados e outros são propostos, mediante as regras científicas. Termos como socialização, estratificação, mobilidade social, classes etc. são conceitos sociológicos fundamentais usados para delimitar determinados fenômenos e processos sociais estudados nessa área de conhecimento. Essa linguagem específica é necessária para possibilitar a comunicação entre os cientistas de todo o mundo. Para ajudar os alunos a compreender como a linguagem científica das Ciências Sociais se distingue do linguajar cotidiano, convide-os a ler alguns conceitos que estão na seção Verbetes do Livro do Aluno.

Olhares sobre a sociedade

Nosso conhecimento, seja do mundo natural, seja do mundo social, é resultado de diferentes formas de conhecer. Nesse capítulo mencionamos a forma de conhecer científica e o senso comum (também chamado de conhecimento popular, empírico ou prático). Compreender as diferenças e os pontos de contato entre essas duas formas de produzir conhecimento é fundamental para o estudo não só da Sociologia, como de todas as outras disciplinas científicas, como Física, Química, Biologia, História, Geografia etc.

É fundamental que, no desenvolvimento dessa atividade, os alunos consigam identificar as diferenças entre senso comum e ciência sem que se produzam hierarquias entre eles ou juízos de valor. Caso você queira se aprofundar nessa discussão para melhor contribuir com o trabalho dos alunos, recomendamos a leitura do livro de Boaventura de Souza Santos intitulado Um discurso sobre as ciências (Cortez, 2008, 5. ed.). Nele o autor mostra como a visão hierarquizante entre ciência e senso comum vem sendo problematizada por algumas abordagens teóricas que compreendem que a própria ciência produz seus sensos comuns e que estes, por sua vez, muitas vezes são fonte de inspiração para construção de hipóteses científicas.

Exercitando a imaginação sociológica

A exigência da Sociologia como parte do currículo do Ensino Médio tem, aproximadamente, uma década. O desafio que você tem pela frente é apresentar ao aluno secundarista uma disciplina científica. Recomendamos que desde o início do percurso você provoque a reflexão nos alunos sobre a importância de conhecer como as Ciências Sociais produzem conhecimentos sobre o mundo social e sobre o sentido de sua presença no currículo escolar.

O tema proposto para a redação possibilita-lhe dar um primeiro passo nessa direção. O texto defende que a ciência deve ser divulgada para leigos, pois, por meio da compreensão das descobertas científicas, eles poderão avaliar os impactos socioculturais das descobertas na vida em sociedade. Sugerimos que os argumentos favoráveis e contrários à divulgação científica sejam debatidos antes do desenvolvimento da atividade propriamente dita. Superada essa etapa, sugira aos alunos que dissertem levando em conta as diversas áreas de conhecimento, mas que expressem suas posições sobre a divulgação do conhecimento científico a respeito do mundo social.

Capítulo 1: A chegada dos “tempos modernos”

Orientações gerais

Objetivos

Ao longo das aulas, os alunos deverão:

• compreender as transformações sociais na transição do feudalismo para o capitalismo e construir uma visão geral da consolidação das sociedades modernas;

Página 405

• compreender os fundamentos da ciência moderna e o sentido cultural da ruptura entre ciência e religião (dogma);

• relacionar os contextos político, cultural e econômico entre si, que propiciaram o nascimento das ciências da sociedade: Sociologia, Antropologia e Ciência Política.

Recursos e questões motivadoras

Esse capítulo apresenta o contexto histórico que favoreceu a constituição das Ciências Sociais. O conteúdo pode ser trabalhado como uma unidade inserida no programa do ano letivo ou o texto didático pode ser usado como fonte de consulta no estudo dos capítulos 2, 3 e 4, que tratam do surgimento e do desenvolvimento da Sociologia, da Antropologia e da Ciência Política.

Os processos destacados no texto serão aprofundados nas aulas de História. Nosso objetivo é apresentar em linhas gerais a formação do mundo moderno e abordar as questões sociais que contribuíram para o desenvolvimento das teorias sociais clássicas.

“Modernidade” e “tempos modernos” são termos centrais na construção deste curso de Sociologia. A percepção de que se vivia em uma época diferente das anteriores começou a germinar no século XV, com o Renascimento, mas a compreensão de que havia uma “sociedade moderna” nasceu com o Iluminismo no século XVIII. Essas duas “revoluções culturais” são exploradas para que os alunos compreendam as inquietações dos pensadores sociais que antecederam a institucionalização das Ciências Sociais no final do século XIX. O surgimento dessas disciplinas ocorreu no contexto da desagregação do mundo feudal e da consolidação da sociedade capitalista.

Recursos complementares para o professor

Leitura

BRESCIANI, Maria Stella M. Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da pobreza. 8. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Coleção Tudo é História).

EHLERT, João Marcelo; PEREIRA, Luiz Fernando A. Pensando com a Sociologia. Rio de Janeiro: FGV, 2009.

EISENSTADT, S. N. Modernidades múltiplas. Sociologia: Problemas e Práticas, Oeiras: Mundos Sociais, n. 35, p. 139- 163, abr. 2001. Disponível em: