Tempos modernos tempos de sociologia helena bomeny



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. Acesso em: maio 2016.

Organização Pan-Americana da Saúde (OMS): . Acesso em: maio 2016.



Filmes

Rua de mão dupla. Brasil, 2002, 75 min. Direção de Cao Guimarães.

Identidade roubada. Israel, 2005, 90 min. Direção de Danny Lerner.

Identidade de nós mesmos. Alemanha, 2006, 79 min. Direção de Wim Wenders.
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Práticas inter e multidisciplinares no ensino



A cultura em cada um

Falamos nesse capítulo sobre cultura subjetiva e cultura objetiva. Que tal levar os alunos a uma exposição de museu, uma mostra de arte ou um espetáculo musical?

Programe uma visita com os professores das disciplinas de História, Geografia, Línguas, Arte e Filosofia. Promova um trabalho multidisciplinar, mas não deixe de propor aos alunos uma observação orientada pelos estudos de Georg Simmel: peça a eles que descrevam os aspectos objetivos da cultura que estão conhecendo e dissertem sobre suas impressões, emoções, surpresas etc. Será um bom exercício para tratar da pluralidade, ou diversidade, de percepções e preferências dos alunos.

Comentários e gabaritos

Leitura complementar

Para Simmel, a história das civilizações mantém forte relação com dois princípios – semelhança e diferença. Encontrar a unidade do “nós” e a diversidade dos “outros” é o movimento constitutivo das culturas. Isso ocorre porque a identidade cultural é relacional e se forma mediante o contraste.

Mas a diferença entre as “civilizações” não é a principal preocupação de Simmel. Ele está diante de uma formação cultural ampla chamada cultura moderna, que abriga diferentes sociedades, nas quais existem diferentes grupos. Sua inquietação é saber por que há tantas visões de mundo na mesma sociedade.

O sociólogo, com suas reflexões, desnaturaliza a noção de igualdade a fim de enfrentar a questão da diferença em uma perspectiva científica. As sociedades classificam seus integrantes em grupos com base nas diferenças de sexo, idade, etnia ou em outro critério. Tamanha é a importância que se atribui à diferença que é possível constituí-la – criá-la, fazê-la existir – mesmo quando não há nenhum motivo aparente para isso. Esse é o princípio que cria hierarquias e estratos nas sociedades. Nesse processo, a diferença passa a ser considerada natural, e não uma construção social.

Na vida moderna, os grupos tendem a se diferenciar cada vez mais e a constituir estilos de vida diversos graças à divisão social do trabalho e às especializações. Na época de Simmel, esses fatores eram os que mais sobressaíam e também os que estavam relacionados com o individualismo e a estrutura política que lhes dava suporte.

Sessão de cinema



Motoboys: vida loca

O documentário é um excelente recurso para ilustrar a temática abordada por Georg Simmel: o ritmo do tempo nas grandes cidades (pressa versus lentidão); as manifestações do estresse; paradoxos modernos. Além disso, apresenta uma abordagem dinâmica e atraente para o jovem. Considerando a ideia de paradoxos modernos, proponha aos alunos uma discussão sobre quais foram os possíveis fatores que contribuíram para o aparecimento da profissão de motoboy.



Medianeras: Buenos Aires da era do amor virtual

Com frequência nos perguntamos como é possível transpor as teorias e conceitos sociológicos para uma linguagem acessível a nossos alunos. Sentimos falta de situações que exemplifiquem os problemas discutidos por autores como Georg Simmel e como podemos fazer pontes entre eles e a realidade dos jovens. Medianeras tem o mérito de apresentar experiências juvenis em uma grande metrópole e a presença constante das redes sociais no dia a dia. Assistindo ao filme, a sociabilidade urbana deixa de ser uma ideia abstrata e passa a ter um conteúdo mais concreto e próximo dos alunos. A identificação com as situações mostradas na obra contribui para um ambiente receptível ao estudo desse autor. Sugerimos explorar, por exemplo, o modo pelo qual o longa-metragem aborda a relação entre as formas de sociabilidade e construção do afeto. Isso possibilita aprofundar a questão indivíduo-sociedade, tão trabalhada por Simmel.

Construindo seus conhecimentos

Monitorando a aprendizagem

1. Sim. A excitação aumentou, mas também surgiram especializações que ajudam os indivíduos a enfrentar as complicações da vida nas metrópoles, e mecanismos que os auxiliam a aliviar suas tensões. Exemplos: gestores de tempo (há administradores de empresas especializados nisso); engenheiros de tráfego; locais de relaxamento e espera (happy hour); novas modalidades de lazer etc.

2. São elementos de diferenciação os pontos turísticos de cada cidade, seus monumentos, museus, teatros, áreas verdes, praças e jardins públicos. São elementos de identificação os shopping centers, os espaços com várias salas de cinema, as cadeias de lojas de alimentação, os condomínios fechados voltados para as classes médias e altas, a moda, as discotecas etc.
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De olho no Enem

Nesse conjunto de questões são trabalhados dois temas: cultura e vida urbana. A primeira questão aborda a tecnologia como recurso de superação dos limites humanos (assunto tratado em capítulos anteriores). A segunda aborda intervenções na realidade – ações e políticas públicas para superar problemas no trânsito; e a última versa sobre meio ambiente e saúde (expectativa de vida) dos moradores das metrópoles.



Assimilando conceitos

1. a) Na parte superior da charge aparecem vários carros “presos” no trânsito, com os motoristas sufocados pela poluição e irritados pela espera. Um deles está avisando o chefe, pelo telefone celular, que se atrasará. Na parte inferior, aparecem várias latarias de carros enfileiradas em uma linha de montagem, cujo chefe atende a uma chamada pelo celular. Deduzimos que se trata do chefe do trabalhador que está preso no congestionamento. A charge ilustra um paradoxo: quanto mais carros são produzidos e vendidos, mais extensos são os engarrafamentos nos centros urbanos.

b) Sim. A tecnologia produz os carros que encurtam distâncias e proporcionam conforto a seus usuários, mas, ao mesmo tempo, o acesso de milhares de indivíduos a esse bem provoca problemas que comprometem suas vantagens – lentidão no trânsito, mau humor, poluição etc. Do mesmo modo que a produção de carros aquece a economia, a situação descrita mostra as perdas econômicas causadas pelo atraso dos funcionários no trabalho, por exemplo.

c) Na parte superior da charge, o motorista da direita parece irritado e agressivo; o do meio mostra preocupação com a perda do emprego; o da esquerda está fechado no automóvel, talvez com medo de assaltos. Agressividade, preocupação e medo são impactos subjetivos provocados pelo ritmo de vida nas metrópoles.

2. a) Sim, corresponde ao estilo de vida reservado, descrito por Simmel.

b) É mais frequente nas grandes cidades.

c) Sim. As associações de moradores de bairros são exemplos de sociabilidade na vizinhança, em que as pessoas cooperam umas com as outras para resolver problemas comuns. Há também a convivência em praças públicas, em bairros residenciais etc.

d) As vantagens consistem na liberdade que cada um tem de escolher seu modo de vida sem ficar vulnerável ao controle ou à vigilância dos vizinhos. As desvantagens são o sentimento de isolamento, solidão, devido à baixa intensidade dos contatos sociais, e falta de proteção.

Olhares sobre a sociedade

1. a) Abrir caminho entre a multidão e saber esperar; saber cruzar com as pessoas desviando dos esbarrões; lançar olhares para todos os lados (referência aos estímulos múltiplos); sentir solidão em meio à multidão.

b) O ritmo e a coordenação ao enfrentar aglomerações humanas; a seleção dos estímulos visuais; as expectativas de interação com o outro.

c) É uma referência direta à situação de distanciamento e aproximação que a vida na metrópole estabelece entre os indivíduos.

Exercitando a imaginação sociológica

O tema proposto para a redação possibilita explorar os diversos aspectos estudados ao longo do capítulo de acordo com uma perspectiva sociológica e transversal. O quadro apresentado nos dois artigos nos remete às condições atuais da sociabilidade urbana e à dificuldade de lidar com a igualdade (todos têm os mesmos direitos) e também com a diferença (reconhecendo-a e respeitando-a).

O estresse da vida urbana é um argumento relativizado, e a questão da incivilidade, intolerância, é privilegiada nos textos motivadores.

Antes de dar partida à escrita da dissertação – sugerimos que a atividade seja realizada em duplas ou trios –, peça aos alunos que discutam o tema. Escrever um texto coletivo demanda trocas e colaboração. É um exercício prático de tolerância e respeito. Sendo assim, o produto (texto) é tão importante quanto seu processo de produção.

Com o texto pronto, peça-lhes que avaliem a experiência de fazer esse trabalho de coautoria. Pergunte-lhes: Foi difícil aceitar a opinião do colega? Como as diferenças foram resolvidas durante a realização da atividade?

Os textos finais, depois de serem revistos e corrigidos, poderão transformar-se em um e-book da turma – um projeto realizado em parceria com a área de Linguagem da escola.


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Capítulo 8: Trabalhadores, uni-vos!

Orientações gerais

Objetivos

Ao longo das aulas, os alunos deverão:

• compreender o conhecimento produzido pelas Ciências Sociais como uma forma de explicação da vida em sociedade que, ao mesmo tempo, pode contribuir para a transformação da experiência social;

• entender os fundamentos da teoria social de Karl Marx e Friedrich Engels e suas contribuições para as Ciências Sociais;

• avaliar criticamente conflitos sociais ao longo da história;

• reconhecer a dinâmica dos movimentos sociais e a importância da coletividade na transformação da realidade;

• analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder;

• identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.

Recursos e questões motivadoras

A primorosa cena em que Carlitos aparece solitário brandindo uma bandeira, seguida pelo quadro que o mostra participando de uma manifestação por liberdade e união, oferece-nos elementos para a reflexão sobre a experiência política nos tempos modernos. A possibilidade de manifestar pensamentos próprios ou de fazer reivindicações nem sempre foi vista com bons olhos pelos governantes. As liberdades de expressão, de pensamento, de oposição fazem parte das transformações na estrutura política dos tempos modernos. No entanto, ainda há lugares onde esses direitos não são realidade; e outros, nos quais são limitados.

Sobre a reivindicação dos manifestantes da cena, é interessante notar que Chaplin escolheu justamente dois ideais que a modernidade procurou integrar: “liberdade e união”. Enquanto a união (solidariedade) chama pelo coletivo, a liberdade chama pelo indivíduo. Na visão de Durkheim e de Simmel é acentuada a percepção de que a modernidade está associada ao aumento do individualismo e da diferenciação social. A leitura de Marx e Engels aponta para as novas formas de solidariedade que o mundo moderno trouxe à tona: partidos políticos, organizações sociais, sindicatos etc. Enfim, estamos no campo do associativismo e da participação política dos cidadãos na construção das sociedades democráticas.

No capítulo há um boxe que conta a história de Thomas More, um homem público que viveu nos séculos XVI-XVII, cujas ideias eram diferentes das do monarca absolutista, de quem era súdito. Depois de se calar por algum tempo, expressou sua opinião e foi executado, acusado de traição política. Ao longo dos séculos XVII e XVIII, muitos indivíduos e grupos sociais sustentaram a ideia de que era preciso construir regras constitucionais para conter as arbitrariedades e os abusos da autoridade política. O caso de More pode ser usado como ponto de partida para abordar a construção histórica dos direitos civis, que culminaram com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, em plena Revolução Francesa, resultado da ação coletiva da sociedade.

Além disso, More foi o “inventor” da palavra utopia. As reivindicações e as propostas políticas que partem dos diferentes grupos sociais estão ligadas às expectativas de mudanças na estrutura social – seja por um mundo mais livre, mais igualitário, mais justo, mais ecológico ou mais solidário. Essas “concepções de bem” são o que os cientistas políticos chamam de utopias políticas.

A “ameaça comunista” que a cena do filme mostra nos remete aos críticos do pensamento liberal, que surgiram ao longo do século XIX. Os alunos, ao estudarem o pensamento de Marx e Engels, compreenderão, analisarão e avaliarão as utopias da “esquerda”, que até hoje influenciam muitos partidos e organizações sociais.

Desenvolvimento das aulas

Explore a cena do filme. Chame a atenção dos alunos para o motivo que deu origem à manifestação em que Carlitos se meteu. Pergunte: Em que sentido esses ideais são ameaçadores? O que teria levado a polícia a agir? Hoje é possível ser preso por manifestar o próprio pensamento ou por ter outra proposta de organização social que não a vigente?

Estimule o debate. Aborde os alunos sobre manifestações sociais que acontecem no dia a dia. Sugerimos a sequência: bairro/cidade/estado/Brasil/mundo, pois a ordem do local ao global é fundamental para que você perceba o alcance da compreensão política deles. Use a imagem da manifestação do Movimento dos Trabalhadores no 1º de maio de 1886, que está na página 121, para estimular o debate e peça aos alunos outros exemplos de movimentos e manifestações sociais.


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Com base nos exemplos que forem citados, pergunte como esses grupos apresentam à sociedade suas reivindicações (por meio de passeatas, greves, comícios, paralisações, teatro, panfletagem etc.). Os temas (ou causas) das manifestações políticas abordadas também devem ser considerados, pois indicam o que mais desperta o interesse dos alunos. Pergunte-lhes se conhecem as propostas dos manifestantes e o que esses grupos pretendem. Finalizando a atividade, peça a eles que sintetizem, em uma frase, o que seria a sociedade ideal para cada grupo de manifestantes ou movimentos sociais que foram abordados.

Explore os conceitos. Após essa preparação, é interessante trabalhar o conceito de utopia, que faz parte do pensamento social moderno. O boxe Das utopias é um suporte para mostrar a diferença entre o sentido que a palavra tem hoje e o sentido que ela teve em sua origem. É importante ajudar o aluno a compreender que, no cerne da luta pelas transformações sociais, estão as utopias, isto é, a visão que cada indivíduo e grupo social tem sobre como deveria ser a sociedade ideal.

Recursos complementares para o professor



Leituras

AGUENA, Paulo (Org.). O marxismo e os sindicatos. São Paulo: Editora Instituto José Luis e Rosa Sundermann, 2008.

ANDERSON, Perry. Considerações sobre o marxismo ocidental: nas trilhas do materialismo histórico. São Paulo: Boitempo, 2004.

BARBOSA, M. L.; OLIVEIRA, M. G. M. de; QUINTANEIRO, T. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2002.

HOBSBAWM, Eric. Os trabalhadores: estudos sobre a história do operariado. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

Sites

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST): . Acesso em: maio 2016.

Central Única dos Trabalhadores (CUT): . Acesso em: maio 2016.

Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB): . Acesso em: maio 2016.



Filmes

A culpa é do Fidel. França/Itália, 2006, 95 min. Direção de Julie Gavras.

Adeus, Lênin. Alemanha, 2003, 118 min. Direção de Wolfgang Becker.

Germinal. França, 1983, 158 min. Direção de Claude Berri.

Outubro. Rússia, 1927, 95 min. Direção de Sergei Eisenstein e Grigori Aleksandrov.

O homem que não vendeu a sua alma. Reino Unido, 1966, 120 min. Direção de Fred Zinnemann.

Práticas inter e multidisciplinares no ensino



O Brasil que sonhamos

Convide representantes de movimentos sociais ou sindicais e monte uma mesa-redonda onde eles possam apresentar para os alunos as causas pelas quais lutam, o que sonham para o Brasil e que dificuldades enfrentam. Essa atividade pode ser feita com as disciplinas que compõem o núcleo das Ciências Humanas. Para fixar a atividade, os alunos podem desenvolver em grupo pequenos relatórios sobre os temas debatidos.

Comentários e gabaritos

Leitura complementar

O texto proposto apresenta as condições de vida dos trabalhadores de meados do século XIX – fase conhecida como Segunda Revolução Industrial – dialogando com os conteúdos explorados nos capítulos anteriores: racionalização provocada pela ciência e tecnologia; a ausência e a luta por direitos sociais no mundo do trabalho. O objetivo é realçar o que Marx e Engels pensavam sobre as relações de trabalho da época, ou seja, o trabalhador como mercadoria, e mostrar como o capitalista gerava lucro – por meio da mais-valia. Além de outras estratégias capitalistas, esse fragmento aborda o trabalho de mulheres e crianças como recurso para reduzir os custos com salário.

Esse último ponto levanta a questão da mão de obra de mulheres e crianças atualmente. O contexto atual não é desprovido de regras como era no século XIX, mas alguns problemas relacionados ao mundo do trabalho constituem desafios.

Estimule o debate: Quais são os principais problemas no mundo do trabalho hoje e como superá-los? Surgiram situações novas? O que precisa ser feito?
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Sessão de cinema



Machuca

Aborde o contexto histórico em que a narrativa do filme se desenvolve. Correlacione-o com o contexto brasileiro. Explique aos alunos a importância que o pensamento marxista alcançou na América Latina nas décadas de 1960 e de 1970, quando foi visto por muitos como o caminho para a superação do subdesenvolvimento e das desigualdades sociais, bem como inspiração na luta pela redemocratização dos países submetidos a regimes ditatoriais.



A fuga das galinhas

Como os conceitos de luta de classes, revolução, socialismo e comunismo aparecem na narrativa da animação? Use o filme para ajudar os alunos a compreender esses conceitos. Amplie a visão deles mostrando que, mesmo os filmes considerados infantis, como as animações, podem abordar temas sociológicos.

Construindo seus conhecimentos

Monitorando a aprendizagem

1. Para Max Weber e Georg Simmel, a ciência deveria afastar-se da esfera moral e política; já para Émile Durkheim e Karl Marx, cabia a ela produzir um tipo de conhecimento capaz de conduzir os homens a uma vida melhor e a uma sociedade mais justa.

2. a) A propriedade privada cria pelo menos duas categorias de pessoas: as que têm os meios de produção e as que não os têm. Essas duas categorias mantêm relações antagônicas, já que a primeira explora a segunda. As categorias sociais antagônicas e as formas como ocorre essa exploração variaram ao longo da história.

b) No antigo modo de produção escravista, as classes antagônicas eram senhores de escravos e escravos; no modo de produção feudal, o antagonismo era entre senhores feudais e servos; no modo de produção capitalista, a luta ocorre entre burgueses e proletários.

3. Segundo Marx e Engels, a burguesia desempenhou papel altamente revolucionário na história. Ambos reconhecem as contribuições que esse segmento trouxe para a formação do mundo moderno com seus trabalhos, ideias e realizações. Os burgueses chamaram a atenção desses autores ao mostrar do que a atividade humana é capaz, contribuindo com uma visão ativista da vida e do trabalho. Contudo, apesar de sua alta capacidade criativa, a burguesia restringiu sua ação à acumulação de capital, ou seja, a fazer dinheiro e armazenar excedentes. Todos seus projetos, realizações e inovações foram direcionados para tal fim. Desse aspecto decorre a luta de classes, pois a maioria dos indivíduos é excluída dos benefícios que a modernidade oferece, cabendo-lhes apenas vender sua força de trabalho para os capitalistas.

De olho no Enem

As quatro questões propostas abordam dois conceitos estruturadores da área de Ciências Humanas no Ensino Médio: trabalho e cidadania. A primeira questão trata das contradições da sociedade capitalista consideradas no âmbito do trabalho; a segunda explora a crítica ao modelo liberal, feita pelo pensamento social dos movimentos operários do século XIX; a terceira, com base em um fragmento de Marx, mostra que o trabalho fundamenta a relação entre economia e política; a quarta aborda as atuais condições do trabalho mostrando retrocessos nos direitos e as transformações na estrutura produtiva.



Assimilando conceitos

Vimos nos capítulos anteriores que as inovações tecnológicas têm efeitos positivos e negativos. Nesse capítulo, o principal paradoxo consiste na afirmação da igualdade civil e política no mundo moderno, ao lado da ampliação das desigualdades sociais. Antes de os alunos iniciarem a tarefa escrita e em grupo, promova um debate a respeito desse tema.



Olhares sobre a sociedade

A maior parte do tempo dos trabalhadores é gasta com trabalho. Os trabalhadores não podem desfrutar daquilo que ajudam a produzir, nem desenvolver sua individualidade ou ter tempo para o lazer.



a) O acesso à cultura (arte, balé) e ao lazer (diversão); a liberdade de sair (“a gente quer saída para qualquer parte”); a liberdade de escolher (“a gente quer a vida como a vida quer”); a qualidade de vida (amor, prazer, felicidade).

b) Estimule os alunos a ler o verbete “utopia” na seção Conceitos sociológicos. A proposta desse exercício é suscitar a reflexão sobre as possibilidades de superação dos impasses da sociedade, e não criar uma ficção social. Por isso, sugerimos dar voz aos alunos para que falem de suas necessidades e expectativas no âmbito social, antes de iniciar a atividade escrita.
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Exercitando a imaginação sociológica

Discuta com os alunos o conjunto de textos apresentados e procure problematizar o tema proposto. A reflexão de fundo refere-se às possibilidades de transformação das estruturas sociais. Trata-se de mais um exercício de desnaturalização da realidade. Ao imaginar outro mundo, os alunos automaticamente estarão trabalhando com a noção de que a ordem social é construída em todas as suas dimensões. Nada é natural ou é do jeito que é por determinação sobrenatural. Diante disso, escrever sobre as utopias é um exercício de estranhamento e de crítica da ordem social em que vivemos.

Capítulo 9: Liberdade ou segurança?

Orientações gerais

Objetivos

Ao longo das aulas, os alunos deverão:

• relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades;

• compreender que a combinação dos ideais democráticos com os costumes, as tradições e a cultura gera regimes democráticos singulares;

• entender o que ficou conhecido como “dilema tocquevilleano” – a difícil combinação, nos regimes democráticos, da liberdade com a igualdade;

• perceber as características centrais dos regimes democráticos;

• interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos;

• reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade;

• analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder;

• identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.

Recursos e questões motivadoras

A democracia é tanto ideia quanto realidade. O ideal nos remete ao que é desejável e à experiência concreta, ao campo dos conflitos, das conquistas e dos retrocessos. Entre os séculos XVII e XVIII, a democracia era muito mais objeto de reflexão do que realidade. No século XIX, ela foi tomando corpo e expandindo-se como regime político. Tocqueville presenciou esse processo, o que possivelmente o levou a acreditar que se tratava de uma tendência inexorável.

A manifestação concreta da democracia ficava muito aquém da ideia, mas é importante frisar que essa ideia também passou por transformações no decorrer do tempo. Se a democracia moderna não nasceu amparada no sufrágio universal, os movimentos sociais e as reivindicações dos trabalhadores forçaram a reformulação da concepção de democracia e de cidadania, produzindo efeitos nas legislações dos Estados. Pode-se afirmar que esses conceitos (ideias) sofreram transformações conforme foram se tornando realidade.

Para alguns cientistas políticos, a expansão da democracia foi o principal fenômeno político do século XX. No século XIX, ela estava praticamente restrita aos EUA e à Europa, e no século passado já estava presente em todos os continentes. Diante disso, seria possível sustentar que “a democracia veio para ficar”? Ainda que consideremos a expansão mencionada, no final do século XX, menos da metade da população do mundo era governada por regimes democráticos, e no início do século XXI, constatamos a existência de movimentos antidemocráticos associados ao nacionalismo e ao fundamentalismo religioso de diversos grupos.

Em termos teóricos é importante levar os alunos a refletir sobre quais seriam as condições favoráveis para a consolidação da democracia e, em termos práticos, de que modo eles podem, como agentes, atuar para o aperfeiçoamento desse regime no Brasil.

Desenvolvimento das aulas

Explore a cena do filme. Ao longo do filme, Carlitos encerra uma dicotomia que a modernidade trouxe à tona. Na cena discutida no capítulo anterior, ele aparece como revolucionário, cidadão ativo que deseja mudanças (ainda que tudo não passasse de confusão). Na cena da saída da prisão, ele se mostra um cidadão pacato, ordeiro, conformado com sua condição a ponto de recusar a liberdade. A experiência política que vem à tona nesses tempos de transformação tanto produziu o cidadão ativo quanto o “analfabeto político”. Esse paradoxo surge com as sociedades individualistas que convocam os indivíduos tanto para a ação quanto para atender aos negócios privados, levando-os a se esquecer da vida pública.
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O fato é que os dois arquétipos – representados por Carlitos nas duas cenas – são cidadãos que fazem escolhas políticas: transformar ou manter o statu quo.

Estimule o debate. Pergunte aos alunos de 16 anos se já providenciaram o título de eleitor e por que o fizeram ou não. Pergunte também quantos participam de algum tipo de associação, organização da sociedade civil ou exercem algum cargo representativo na escola. Essa questão poderá ser retomada com a turma no momento da realização da atividade Exercitando a imaginação sociológica. Seria interessante que ela fosse desenvolvida como atividade final, possibilitando a comparação entre as reflexões de ponto de partida e as que resultam da construção do conhecimento com base no objeto de estudo desse capítulo.

Explore as imagens. Analise os intervalos de tempo do gráfico levando em conta os conhecimentos históricos dos alunos e relacionando-os com o estado da democracia no mundo. O mapa, ainda que tenha sido elaborado em outro momento e com critérios diferentes do gráfico, funciona como uma fotografia da expansão da democracia na primeira década do século XXI.

A abordagem de Samuel Huntington sobre as ondas de retrocessos democráticos também pode ajudar a situar os alunos na “linha do tempo”. Se possível, selecione fotografias relacionadas à redemocratização no pós-guerra, Revolução dos Cravos, Queda do Muro de Berlim, eleição de Mandela, Diretas Já, para ilustrar e facilitar a compreensão dos argumentos de Huntington.

Nossa motivação para o uso da construção de Samuel Huntington deve-se a seu caráter didático. Lembramos que é sempre construtivo problematizar as formulações teóricas com os alunos ou pelo menos mostrar suas potencialidades e limitações. Isso contribui para que eles compreendam a dinâmica das pesquisas, da teoria social e dos conceitos das Ciências Sociais. A abordagem de Huntington aponta para o caráter aberto da democracia – que, por ser um regime em permanente aprofundamento, deve ser colocado ao lado da possibilidade de reversões, como a história testemunha. Explore aspectos formativos (ou transversais) do conteúdo relacionados com a formação dos alunos para a cidadania – a importância da participação e da construção de uma cultura cívica.

Explore o gráfico. Um aspecto que precisa ser considerado na análise do gráfico é a importância do sufrágio universal para os regimes democráticos. No período inicial e até o final do século XIX, as mulheres não eram incluídas nos direitos políticos, e muitos homens não tinham participação, pois o voto era censitário. Explore com os alunos a ideia de qualidade da democracia tendo por base a noção de inclusão, não apenas no que diz respeito aos direitos políticos, como também aos direitos sociais e civis e às garantias dos direitos humanos.

Recursos complementares para o professor



Leituras

ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes; Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1990.

DAHL, Robert A. Sobre a democracia. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001.

HUNTINGTON, Samuel P. A terceira onda: a democratização no final do século XX. São Paulo: Ática, 1994.

LIMA, José Antônio. Qual a nota da democracia do Brasil? Revista Época, 17 dez. 2010. Disponível em:


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