a. decréscimo da população absoluta.
c. diminuição da proporção de adultos.
d. expansão de políticas de controle da natalidade.
e. aumento da renovação da população economicamente ativa.
Gabarito: B
Justificativa: O declínio das taxas de fecundidade registradas no Brasil, de acordo com o gráfico apresentado como suporte, reflete diretamente na redução do crescimento vegetativo da população brasileira, uma vez que este dado considera apenas a dinâmica vertical da população, ou seja, a diferença entre o número de nascimentos e óbitos registrados num determinado período. Se o número de nascimentos diminui, a tendência é que haja uma redução na taxa de crescimento vegetativo, confirmando a alternativa b como a correta. A alternativa a está incorreta, pois o conceito de população absoluta leva em consideração outros aspectos, como as migrações. Dessa forma, não necessariamente uma redução das taxas de fecundidade resultará em decréscimo da população absoluta. A alternativa c está incorreta, pois a redução das taxas de fecundidade afeta o contingente de população jovem, e não da adulta, até porque a estatística apresentada no suporte não revela ou considera a tendência de envelhecimento da população brasileira. A alternativa d está incorreta, pois o comando da questão aponta para supostas consequências do fenômeno descrito, e não possíveis causas dele. Mesmo se a relação causal fosse inversa, a alternativa ainda estaria incorreta, pois não houve qualquer política de controle de natalidade aplicada no Brasil no período mencionado no gráfico apresentado como suporte. Finalmente, a alternativa e está incorreta, pois a redução das taxas de fecundidade pode provocar a redução, e não o aumento da renovação da população economicamente ativa.
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Historicamente, a formação da população brasileira congregou diferentes grupos humanos. Nos primeiros séculos da nossa história, esse processo envolveu principalmente os povos indígenas (Tupi, Jê, Aruaque, Cariri etc.) que originalmente habitavam as terras brasileiras; os portugueses que vieram se apropriar das riquezas existentes nas terras indígenas; e os povos africanos (Nagô, Jejê, Haussá, Benguela, Moçambique etc.) trazidos para trabalhar como mão de obra escrava nas atividades econômicas coloniais.
Arquivo G. Ermakoff
Brasileiros que congregaram a população do país.
Na realidade, o encontro entre os povos indígenas, os europeus (a princípio, basicamente portugueses) e os africanos não ocorreu de forma harmoniosa. A interferência da sociedade europeia na cultura indígena dizimou grupos inteiros que haviam se constituído milhares de anos antes. O contato com os povos trazidos à força da África também foi marcado pela violência.
A partir da segunda metade do século XIX, povos de outras origens passaram a fazer parte da composição da população brasileira. Eram sobretudo europeus (espanhóis, italianos, alemães, eslavos etc.) e asiáticos (árabes e japoneses), povos que, fugindo de guerras e da pobreza que assolava seus países de origem, aportaram no Brasil em busca de melhores condições de vida.
Os movimentos migratórios foram fundamentais para a composição étnica e cultural de nosso país. Os movimentos migratórios ou migrações são deslocamentos que a população realiza de um lugar para outro e levam a uma mudança do local de residência. Existem dois tipos de movimentos migratórios: o movimento de saída do local de origem para a fixação em outra localidade ou país, denominado de emigração; e o movimento de entrada no local de destino para a fixação, denominado imigração. Dessa forma, denomina-se a pessoa que se muda para outra localidade ou país de emigrante; essa mesma pessoa ao chegar ao local ou país de destino é considerada um imigrante. Como já foi mencionado, de maneira geral, as pessoas migram para buscar melhores condições de vida e de trabalho no lugar de destino. É o que estudaremos a seguir.
. Acesso em: 7 mar. 2016.
Mapa: ©DAE/AllMaps
Fonte: ATLAS histórico IstoÉ Brasil. São Paulo: Três, 2003. p. 80.
O principal elemento de atração de imigrantes para o Sudeste foi o trabalho na lavoura cafeeira, quando substituíram a mão de obra escrava, proibida no país a partir de 1888. Já no Sul, eles promoveram a efetiva ocupação das terras e asseguraram a posse do território nacional. Nessa região, os imigrantes instalaram-se em pequenas propriedades rurais de áreas interioranas ainda não desbravadas.
Veja, no mapa ao lado, as áreas onde se fixaram os principais contingentes de imigrantes no Brasil.
Após a década de 1930, as restrições impostas pelo governo brasileiro atenuaram os fluxos imigratórios. Com isso, a entrada de estrangeiros deixou de ser um fator demográfico de destaque para o país durante as décadas seguintes.
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Culturas em foco
Vida de imigrante
O processo de estabelecimento dos imigrantes, no fim do século XIX e início do século XX, ocorreu de maneira distinta nas regiões do Brasil. O texto 1 caracteriza o processo nos núcleos agrícolas coloniais implantados pelo governo na Região Sul, e o texto 2 mostra como ocorreu, em grande parte, o processo nas fazendas de café no interior da Região Sudeste.
Texto 1
[...] Mas havia aqueles que já vinham para o Brasil com a promessa de se transformarem em proprietários, recebendo um lote em um núcleo de colonização oficial. Entretanto, a despeito da enorme diversidade [...], as condições de vida enfrentadas por esse [...] tipo de colono também não foram fáceis. Isto porque, sobretudo no caso dos italianos, os quais chegaram ao sul do país após os alemães, os núcleos coloniais para os quais foram encaminhados estavam mais distantes das regiões já habitadas, situando-se em áreas pouco férteis e desprovidas de meios de comunicação que permitissem o escoamento de produtos ou uma maior integração com a sociedade brasileira.
Assim, muitas vezes após meses de espera chegavam a regiões cobertas por florestas, algumas em fronteira com povos indígenas, onde deviam, por dever contratual, construir casas e realizar plantações, ignorando as características do solo, as técnicas agrícolas adequadas e a forma de usar as sementes de que dispunham. Nestas tarefas, embora fossem os “brancos civilizadores”, foram em muito ajudados por negros e caboclos que atuaram como agentes transmissores de um saber vital para a sobrevivência em nosso “paraíso” tropical.
IBGE. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro, 2000. p. 167-168.
Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, Caxias do Sul
Imigrantes italianos posam com cestas e balaios usados na colheita de uva. Em Caxias do Sul (RS), por volta do ano de 1907.
Texto 2
Partiam para as fazendas muitas vezes amontoados nos vagões das ferrovias [...].
Alcançando a fazenda, que olham como um oásis desejado e o fim dos seus males, qual é o desalento em que caem quando encontram tudo diferente daquilo que lhes tinha sido pintado [...].
Distante da casa do fazendeiro se estende uma fileira de casinhas, normalmente construídas com barro e cobertas de palha, minúsculas para o número de pessoas que devem abrigar e com portas assinaladas por números progressivos, porque, de agora em diante, cada família, mais do que pelo sobrenome, devia se reconhecer pelo número da casa em que mora [...].
É um espetáculo desolador, de enternecer o mais duro coração, assistir à tomada de posse de semelhante moradia [...]. Vi velhos [...] circundados dos filhos, noras e netos irromper em prantos inconsoláveis e aumentar com seus gemidos profundos o desespero na pequena família [...]. Depois da primeira e triste refeição [...] começa-se a falar um pouco com a família e entre os vizinhos. Enxugam-se as lágrimas [...] se levantam do monte de palha onde normalmente estão sentados e saem para seus trabalhos. Os mais corajosos animam os outros.
CARLOS, Eduardo; FILIPPINI, Elizabeth. Cem anos de imigração italiana. In: História da vida privada no Brasil, São Paulo: Companhia das Letras, 1998. v. 3. p. 252.
Acervo Iconographia
Chegada de imigrantes ao porto de Santos (SP), por volta de 1900.
Responda
1. Aponte diferenças no estabelecimento dos imigrantes nas regiões Sul e Sudeste, no que diz respeito ao processo de adaptação das famílias.
2. Aponte diferenças no que diz respeito às condições de trabalho oferecidas aos imigrantes.
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Os movimentos emigratórios de brasileiros
Durante as décadas de 1980 e 1990, milhares de brasileiros deixaram o país para trabalhar no exterior, devido a sucessivas crises econômicas pelas quais o Brasil passou neste período. As altas taxas de desemprego e os elevados índices de inflação levaram muitas pessoas a emigrarem em direção aos países ricos de Hemisfério Norte, sobretudo para os Estados Unidos, Japão, Canadá e vários países da União Europeia, como Portugal, Espanha e Inglaterra. Além disso, conflitos pela posse da terra e o processo de concentração fundiária também levaram milhares de brasileiros a buscar novas oportunidades de trabalho em países limítrofes ao território nacional, como no Uruguai, na Venezuela e, sobretudo, no Paraguai. Calcula-se que, no período destacado, cerca de quatro milhões de brasileiros tenham deixado o país.
Jeffrey Blackler/Alamy/Fotoarena
Muitos brasileiros que emigram procuram estabelecer-se como comerciantes, muitas vezes tendo como clientela os próprios compatriotas. Na imagem, restaurante de comida brasileira em Londres, Inglaterra. Foto de 2013.
A partir do final da década de 2000, uma parte significativa desses emigrantes retornou ao país, devido à crise econômica mundial, desencadeada em 2008, e às melhorias socioeconômicas observadas no Brasil. Contudo, o Ministério das Relações Exteriores calculou que em 2014 ainda existiam aproximadamente três milhões de brasileiros vivendo fora do país. Esses emigrantes enviam boa parte de seus ganhos para os familiares no Brasil, injetando todos os anos cerca de dois bilhões de dólares GEM_2071 em nossa economia. Veja no planisfério, quais são as principais comunidades de emigrantes brasileiros no mundo.
Mapa: ©DAE/AllMaps
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10 países com mais brasileiros no mundo
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1. Estados Unidos
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1315000
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2. Paraguai
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349842
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3. Japão
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179649
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4. Portugal
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166775
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5. Espanha
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128638
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6. Reino Unido
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120000
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7. Alemanha
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113716
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8. Suíça
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80000
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9. França
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70000
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10. Itália
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69000
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Fonte: BRASIL. MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES. Brasileiros no mundo. Estimativas populacionais das comunidades brasileiras no mundo – 2014. Disponível em: . Acesso em: 7 mar. 2016.
Os movimentos imigratórios da atualidade
Como vimos, os fluxos migratórios de estrangeiros para o Brasil foram pouco significativos durante boa parte do século XX. Contudo, na última década registra-se um aumento na entrada de imigrantes em nosso país. Segundo dados da Polícia Federal, o Brasil possui atualmente cerca de 1,8 milhão de estrangeiros residindo em território nacional, a maioria em grandes centros urbanos das regiões Sudeste e Sul, como São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba. Muitos fogem da pobreza e do desemprego de seus países, como é o caso dos bolivianos, dos angolanos e dos senegaleses, outros das consequências de desastres naturais, como é o caso dos haitianos, ou ainda de conflitos militares, como ocorre com os sírios e os palestinos. Há ainda um contingente significativo de imigrantes que entraram no país para trabalhar
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em grandes empresas, sobretudo multinacionais, transferidos das matrizes ou das filiais localizadas em países desenvolvidos, como Estados Unidos e Espanha. Esses grupos têm se dirigido ao Brasil, atraídos principalmente pelo crescimento econômico alcançado pelo país na última década.
Marcia Minillo/Olhar Imagem
A praça Kantuta foi transformada no principal ponto de encontro dos imigrantes bolivianos na cidade de São Paulo (SP). Na foto, de 2013, apresentação de bloco carnavalesco com roupas típicas.
Trabalho escravo é ainda uma realidade no Brasil
Os imigrantes oriundos de países pobres da América Latina e da África têm buscado o Brasil para trabalhar de forma digna e ter uma renda que possibilite o envio de recursos para as famílias que ainda se encontram nos países de origem. Como boa parte deles acaba entrando no país de maneira ilegal, ou seja, sem a documentação que permite sua permanência, acabam se submetendo a trabalhar em subempregos, muitas vezes em condições similares ou análogas as de escravo, como vem ocorrendo com diversos bolivianos e chineses. Mas o que é considera o trabalho escravo contemporâneo? Para entender esse conceito na atualidade, leia o texto a seguir.
O trabalho escravo não é somente uma violação trabalhista, tampouco se trata daquela escravidão dos períodos colonial e imperial do Brasil. Essa violação de direitos humanos não prende mais o indivíduo a correntes, mas compreende outros mecanismos, que acometem a dignidade e a liberdade do trabalhador e o mantêm submisso a uma situação extrema de exploração. [...]
Qualquer um dos quatro elementos abaixo é suficiente para configurar uma situação de trabalho escravo:
• Trabalho forçado: o indivíduo é obrigado a se submeter a condições de trabalho em que é explorado, sem possibilidade de deixar o local seja por causa de dívidas, seja por ameaça e violências física ou psicológica.
• Jornada exaustiva: expediente penoso que vai além de horas extras e coloca em risco a integridade física do trabalhador, já que o intervalo entre as jornadas é insuficiente para a reposição de energia. Há casos em que o descanso semanal não é respeitado. Assim, o trabalhador também fica impedido de manter vida social e familiar.
• Servidão por dívida: fabricação de dívidas ilegais referentes a gastos com transporte, alimentação, aluguel e ferramentas de trabalho. Esses itens são cobrados de forma abusiva e descontados do salário do trabalhador, que permanece sempre devendo ao empregador.
• Condições degradantes: um conjunto de elementos irregulares que caracterizam a precariedade do trabalho e das condições de vida sob a qual o trabalhador é submetido, atentando contra a sua dignidade, como descrito no diagrama a seguir.
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Trabalho escravo contemporâneo
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Anulação da dignidade
Alojamento precário
Falta de assistência médica
Péssima alimentação
Falta de saneamento básico e de higiene
Maus tratos e violência
Ameaças físicas e psicológicas
Jornada exaustiva
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ee/ou
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Privação da liberdade
Dívida ilegal/servidão por dívida
Isolamento geográfico
Retenção de documentos
Retenção de salário
Maus tratos e violência
Ameaças físicas e psicológicas
Encarceramento e trabalho forçado
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Quem é o trabalhador escravo? Em geral, são migrantes que deixaram suas casas em busca de melhores condições de vida e de sustento para as suas famílias. Saem de suas cidades atraídos por falsas promessas de aliciadores ou migram forçadamente por uma série de motivos, que pode incluir a falta de opção econômica, guerras e até perseguições políticas. No Brasil, os trabalhadores provêm de diversos estados das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, mas também podem ser migrantes internacionais de países latino-americanos – como a Bolívia, Paraguai e Peru –, africanos, além do Haiti e do Oriente Médio. Essas pessoas podem se destinar à região de expansão agrícola ou aos centros urbanos à procura de oportunidades de trabalho.
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Tradicionalmente, o trabalho escravo é empregado em atividades econômicas na zona rural, como a pecuária, a produção de carvão e os cultivos de cana-de-açúcar, soja e algodão. Nos últimos anos, essa situação também é verificada em centros urbanos, principalmente na construção civil e na confecção têxtil.
No Brasil, 95% das pessoas submetidas ao trabalho escravo rural são homens. Em geral, as atividades para as quais esse tipo de mão-de-obra é utilizado exigem força física, por isso os aliciadores buscam principalmente homens e jovens. Os dados oficiais do Programa Seguro-Desemprego de 2003 a 2014 indicam que, entre os trabalhadores libertados, 72,1% são analfabetos ou não concluíram o quinto ano do Ensino Fundamental. [...]
SUZUKI, Natália; CASTELI, Thiago. Carta Educação. Disponível em:
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