. Acesso em: 22 set. 2015.
LatinStock/Alamy/Custom Medical Stock Photo
Sinais assimétricos podem ser indício de câncer
de pele.
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Virando deserto
Segundo a Convenção para Combate à Desertificação (UNCCD), ligada às Nações Unidas, a desertificação é “a degradação da terra nas regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas, resultante de vários fatores, entre eles as variações climáticas e as atividades humanas”.
O desmatamento é uma das principais causas dos processos de desertificação. Como você viu no capítulo anterior, além de comprometer a biodiversidade, o desmatamento, para fins de agricultura, pecuária ou outra atividade, deixa os solos descobertos e expostos à erosão.
O uso intensivo do solo, bem como a falta de descanso e de técnicas de conservação e correção, também provoca erosão e compromete a produtividade. Em regiões semiáridas, é muito comum a atividade pecuária ser desenvolvida além da capacidade que a terra suporta, tornando o solo endurecido, compacto e propenso à desertificação. A irrigação malconduzida, que pode provocar a salinização do solo, e a mineração também são causas frequentes desse processo. Esses fatores estão, muitas vezes, correlacionados e, assim, podem ocasionar outros problemas. O assoreamento de cursos de água, por exemplo, pode causar erosão, que, por sua vez, é desencadeada pelo desmatamento, provocado por atividades econômicas desenvolvidas sem cuidados.
Do ponto de vista ambiental e climático, as consequências da desertificação são: perda de biodiversidade (flora e fauna) e de solos por erosão, diminuição de recursos hídricos devido ao assoreamento de rios, etc. Em termos econômicos, a desertificação significa queda na produtividade agrícola, diminuição da renda familiar, etc. No aspecto social, intimamente ligado ao econômico, ocorrem abandono de terras pelas populações mais pobres, diminuição da qualidade e da expectativa de vida, aumento da mortalidade infantil, desestruturação de famílias e de comunidades, migração para os centros urbanos, etc.
Observe, no mapa abaixo, as principais áreas de desertificação e de desmatamento no mundo. No Brasil, não há desertos, mas existem áreas submetidas ao processo de desertificação, que leva à degradação dos solos, dos recursos hídricos e da vegetação, afetando a qualidade de vida da população.
Instituto Nacional do Semiárido (Insa)
. Acesso em: 1º out. 2015.
Instituto que faz parte do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Apresenta pesquisas e trabalhos relacionados à água e à desertificação, com ênfase ao semiárido brasileiro.
Mundo: desertificação e desmatamento (2006)
João Miguel A. Moreira/Arquivo da editora
Fonte: Adaptado de GIMENO, Roberto; MITRANO, Patrice. Déforestation et désertification. Disponível em: sciences-po.fr/en/environnement-d-forestation-et-d-sertification-2006>. Acesso em: 9 fev. 2015.
Perigo! Lixo radioativo
O lixo radioativo, ou lixo atômico, é o conjunto de resíduos das usinas nucleares formado a partir do urânio. Em tais usinas, o urânio é o combustível usado para a produção de energia elétrica. Como é um elemento instável, ou seja, o núcleo de seu átomo (daí o nome energia nuclear) tem excesso de nêutrons, o urânio emite radiações, eliminando esses nêutrons e outras partículas na tentativa de estabilizar-se. Enquanto não conseguir isso, continuará ativo ou, melhor, radioativo, porque emite radiações.
As constantes explosões, que liberam a energia necessária para a usina, deixam “restos”, que formarão outros elementos. Dependendo do número de prótons – outra partícula do núcleo do átomo –, esses resíduos, que podem continuar radioativos por centenas de anos, serão denominados cobalto, césio-137, nióbio, estrôncio, bário, etc. A radioatividade penetra no organismo de animais e vegetais, produzindo alterações nas células e causando doenças genéticas, que podem levar à morte.
O armazenamento do lixo atômico requer depósitos invioláveis, geralmente localizados em minas abandonadas, em especial nas mais profundas, ou no fundo dos oceanos. Mesmo nesses locais, os resíduos radioativos precisam ser envolvidos em protetores de cimento, resistentes à corrosão, para evitar que escapem e contaminem o ar ou a água.
Atualmente, a indústria nuclear gera uma enorme quantidade de resíduos radioativos que não têm (ou deixaram de ter) utilidade. A exploração de urânio nas minas também produz enormes quantidades de resíduos perigosos, inclusive partículas que podem contaminar a água e os alimentos.
Segundo o Greenpeace, nenhum país do mundo encontrou uma solução satisfatória para “guardar” o lixo radioativo. No Brasil, por exemplo, os rejeitos nas usinas de Angra são classificados conforme seu teor de radioatividade. Os materiais de baixa radioatividade, como papéis, plásticos, vestimentas e ferramentas, primeiramente passam por um processo de descontaminação para se reduzirem os níveis de radioatividade. Para a diminuição de seu volume, alguns são triturados, prensados e, posteriormente, acondicionados em recipientes que impedem a passagem dessa radiação. Já os resíduos de média radioatividade, como filtros e resinas, são guardados em uma matriz de cimento e mantidos dentro de recipientes de aço.
Césio-137: o pesadelo de Goiânia
Direção de Roberto Pires. Brasil: Grupo Coplaven, 1990.
115 minutos.
Trata do acidente que ocorreu em Goiânia (GO), em 27 de setembro de 1987, quando dois catadores encontraram um aparelho usado em radioterapia que continha césio-137, material radioativo.
Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben)
. Acesso em: 2 out. 2015.
Apresenta documentos a respeito da energia nuclear no Brasil.
Pulsar Imagens/Ricardo Azoury
Usinas nucleares de
Angra 1 (à direita)
e 2 (à esquerda), em Angra dos Reis (RJ), 2013.
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Para saber mais
Uma lição de Fukushima
Há quatro anos [em 2011], um dos mais graves acidentes nucleares do mundo aconteceu. Um tsunami provocado por um terremoto atingiu a costa do Japão e quatro reatores nucleares da usina de Fukushima Daiichi. Ar e água contaminados com radiação foram liberados para o ambiente. O desastre ainda está presente na vida de muitas pessoas – hoje [2015], existem mais de 120 mil refugiados – e os impactos ambientais também permanecem mesmo com esforços de descontaminação por parte do governo japonês. Toneladas de água extremamente radioativa continuam a ser lançadas ao mar todos os dias.
Apesar de todos estes problemas, o governo japonês quer retomar o uso de energia nuclear. O primeiro-ministro, Abe, tem afirmado que usar energia nuclear é necessário para que o país consiga alcançar suas metas de emissão de gases de efeito estufa. No entanto, investir em energia nuclear visando evitar as mudanças climáticas significa ameaçar o futuro do planeta e das próximas gerações.
E quão “segura” e “limpa” é essa fonte de energia? Se formos acreditar nos defensores da energia nuclear, ela é bastante segura. Acidentes catastróficos – como o de Fukushima – aconteceriam apenas uma vez a cada 250 anos. Não são necessários cientistas para dizer que o mundo teve muito mais do que um acidente nos últimos 70 anos. Fukushima, Chernobyl e o acidente de Three Mile Island e Fermi 1, ambos nos Estados Unidos, provam o contrário. [...]
[...] O próprio Japão pós Fukushima está há quase 18 meses com todos seus reatores desligados e não teve nenhum apagão como consequência dessa decisão. Além disso, se tornou o segundo maior mercado para energia solar no mundo e implementou medidas de eficiência energética, como, por exemplo, a troca de todas as lâmpadas do país que devem gerar uma economia de 9% de toda a eletricidade consumida.
Outros países, como a Alemanha, também aprenderam a lição. Com um plano de transição, a expectativa é de que até 2022 todas as usinas nucleares alemãs estejam desligadas. “Enquanto isso, o Brasil segue na contramão, indicando que finalizará a construção de Angra 3 segundo o mais recente Plano Decenal de Energia”, diz Thiago Almeida, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.
Obra bilionária prevista para 2012, cujo custo mais do que dobrou – saltou de R$ 7 bi para R$ 14,9 bi –, Angra 3 tem previsão de entrega para apenas depois de 2018. Com o que foi investido em Angra 1 e Angra 2, US$ 12 bilhões, na época, para instalar 2 GW, seria possível, hoje, instalar cinco vezes mais de energia eólica.
O Brasil precisa seguir o caminho da modernidade e investir em recursos que possui em abundância, como sol e vento. As duas fontes, limpas e renováveis, seriam capazes de abastecer todo o país sem a ameaça de grandes acidentes. “É difícil acreditar que um dos países com maior irradiação solar e potencial eólico do mundo siga investindo em energias sujas, caras e, no caso da nuclear, perigosa”, conclui Almeida.
UMA LIÇÃO de Fukushima. Greenpeace, 11 mar. 2015. Disponível em:
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