. Acesso em: 29 set. 2015.
Para saber mais
Poluição forma tapete de espuma no rio Tietê em São Paulo
Uma espuma cobriu 50 km do rio Tietê, no interior de São Paulo. É tudo poluição provocada pelo lançamento de esgoto na água do maior e mais importante rio paulista. Foi a primeira vez que a espuma apareceu este ano, mas o problema já ocorre há décadas.
É tanta espuma que lembra nuvens e em alguns pontos só se vê o branco encobrindo o rio escuro, mas o visual é causado por um péssimo motivo: a poluição. Em um trecho o rio está morto. Para ter vida, peixes, é preciso que a água tenha de cinco a sete miligramas de oxigênio por litro. Mas hoje, segundo a Cetesb [Companhia Ambiental do Estado de São Paulo], a água está com 0,3% miligrama de oxigênio.
O rio também está com pouca água por causa do período de estiagem e, segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, a espuma se forma por causa do esgoto doméstico, que é lançado no rio sem tratamento, e o detergente que usamos para lavar louça, mesmo sendo biodegradável, não se dilui porque falta oxigênio na água.
O rio Tietê nasce em Salesópolis e corta praticamente todo o estado de São Paulo. São 1,1 mil km até Itapura, onde deságua no rio Paraná. O trecho poluído é de Santana de Parnaíba até Salto.
E é justamente no ponto em Pirapora do Bom Jesus que a situação é mais crítica. É tanta espuma que chega a atingir as casas às margens do rio.
O problema é maior durante a manhã. O Tietê fica todo branco. Ao longo do dia os blocos de espuma vão se despedaçando. Eles descem rio abaixo e passam por mais três cidades. Só depois do município de Salto é que a espuma vai se dissipando, até sumir na água.
Além da poluição visível, o mau cheiro é um problema para os moradores dessas cidades do interior paulista. Além disso, o contato com a espuma causa principalmente doenças de pele. Quem mora na região já considera quase um sonho ver de novo o maior rio paulista limpo, como há mais de 30 anos.
“A Cetesb fiscaliza, sob aspecto ambiental, e a Cetesb cobra. Qualquer coisa que não for cumprida desse plano a Cetesb vai tomar as providências cabíveis com base na legislação. São metas progressivas, tanto que o projeto de despoluição do rio Tietê já se arrasta há 20 anos e nós temos percebido uma diminuição dessa poluição, mas é algo que vai demorar”, fala o diretor de engenharia e qualidade ambiental da Cetesb, Carlos Roberto dos Santos.
SCHAFER, Daniel. Poluição forma tapete de espuma no rio Tietê em São Paulo. G1, 23 jun. 2015. Disponível em: . Acesso em: 29 set. 2015.
Fotos Públicas/Rafael Pacheco
Conflitos por água
Ao longo da história da humanidade, a busca incessante por recursos naturais que possibilitam seu desenvolvimento e sua sobrevivência tem impulsionado constantes rivalidades entre nações, reforçadas por causas religiosas, ideológicas e culturais.
Apesar da complexidade, os chamados conflitos territoriais podem se resumir à tentativa de expandir ou confirmar a soberania estatal sobre determinados espaços em que se localizam valiosos recursos.
A água da Terra forma uma emaranhada teia de rios que ignoram fronteiras; surgem, então, conflitos entre países pelo domínio de bacias hidrográficas. Observe no quadro abaixo que, dos cinco rios mais volumosos do mundo, apenas um (Yang-Tsé-Kiang) não é internacional.
Bacia Hidrográfica do Rio
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Volume (km3)
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Países
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Amazonas
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4 901
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Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, Venezuela, Suriname e Guiana Francesa
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Congo/Zaire
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1 296
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República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Angola, Congo, Zâmbia, Tanzânia, Camarões, Burundi, Ruanda, Sudão do Sul, Gabão, Malauí e Uganda
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Orinoco
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980
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Venezuela, Colômbia e Brasil
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Yang-Tsé-Kiang
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789
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China
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Brahmaputra
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620
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China, Índia e Nepal
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Fonte: SANTOS, Sinval Neves. Águas fronteiriças superficiais: o caso da bacia do rio Danúbio. Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas. Departamento de Geografia. Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana. São Paulo, 2005. p. 78.
Tendências mais recentes apontam que três áreas principais correm risco de sofrer severo estresse de água até 2030: Oriente Médio, Ásia do Sul e África. Não por acaso, nessas áreas há constantes conflitos bélicos e/ou graves problemas sociais.
Na maioria dos países do Oriente Médio, a demanda por água ultrapassa, e muito, o abastecimento. No caso do sul da Ásia, o principal aspecto é o grande crescimento da população, que causa desequilíbrio entre a necessidade e a oferta de água. Já com relação à África, a desertificação é um dos fatores que contribuem para o estresse hídrico. Juntamente com a escassez de outros recursos e certas formas de
degradação ambiental, o problema da água torna-se um fator determinante de desestabilização política e de violentos conflitos locais e regionais.
Um exemplo cruel de uso da água como instrumento de pressão envolve, desde a década de 1950, Israel e Palestina. Os israelenses controlam todos os recursos hídricos da região. Os palestinos não têm acesso ao rio Jordão e são obrigados a pedir autorização para construir poços, que não podem ultrapassar 140 metros de profundidade, ao passo que os israelenses podem cavar até 800 metros. Além dos impactos sociais, a ameaça ao ambiente na região é um aspecto relevante no conflito entre israelenses e palestinos, que dependem dos mesmos recursos, principalmente da água.
Outro exemplo da água como recurso bélico foi o que aconteceu na Guerra do
Golfo (1990-1991), em que o Iraque destruiu boa parte da capacidade de dessalinização do Kuwait durante sua retirada.
Na Bósnia-Herzegovina, em 1992, os sérvios bósnios cortaram o suprimento de água para Sarajevo. Em 1999, os sérvios jogavam cadáveres em poços de Kosovo. Nesse mesmo ano, no Timor Leste, opositores à independência também lançavam corpos em poços e valas.
Mesmo quando os países não entram em confronto direto, a questão da água está presente em momentos de tensão. Como você viu no quadro acima, há inúmeros rios compartilhados por dois ou mais países. A população de países situados a jusante de um rio não raro fica sujeita a abusos por parte de países localizados a montante dele.
Muito mar, nem tanto peixe
Os oceanos são imprescindíveis à biodiversidade, ao clima e a muitos recursos naturais essenciais para a humanidade.
Representando cerca de 70% da superfície terrestre, os oceanos e mares agem principalmente como um reservatório de calor, redistribuindo, por meio de sua circulação, o excesso de energia térmica da região tropical para as frias regiões polares. Eles são, portanto, uma espécie de “ar-condicionado” do planeta, responsáveis pela moderação do clima.
Por muito tempo, os oceanos foram considerados um bem que se renovava quase automaticamente. O tempo e a Ciência, porém, provaram que não é bem assim. A sujeira nos oceanos é tanta que agora se fala em degradação, e não mais em renovação.
Ao se alimentar de moluscos, medusas e algas, por exemplo, os animais também engolem o lixo sólido que flutua no mar. Tampinhas, canetas, escovas de cabelo e uma infinidade de entulhos marinhos são achados no estômago deles quando dissecados. Segundo o Greenpeace, o lixo sólido levado por oceanos e mares, desde a Antártida até a Groenlândia, acabou com mais de 250 espécies da fauna marinha.
Muitos pensam que o impacto humano nos oceanos se deve apenas ao vazamento ou derramamento de petróleo. Porém, apesar de ser a forma mais familiar e aparente de poluição das águas marinhas, o impacto dessas ações é pequeno se comparado ao causado por poluentes como esgoto doméstico, dejetos industriais, explosões, abandono de estruturas e ferro-velho, restos de pesticidas ou agrotóxicos, etc. Tráfego naval, fazendas marinhas e fissão nuclear também são fontes de contaminação dos oceanos.
O chamado Grande Lixão do Pacífico é uma prova dos estragos que as sociedades promovem nos mares e oceanos. Situado entre a Califórnia e o Havaí, guarda milhões de toneladas de lixo sólido de todos os tipos, vindos de diversas partes do mundo. Levada pelas correntes marítimas, a sujeira se acumula em um lugar que já foi um paraíso.
Mar Brasil
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