ção e intervenção com a finalidade de responder a problemas encontrados,
problemas considerados de interesse pelo grupo e com enfoque social>>
(Leite et al., I 989, p I 40).
Os alunos envolvidos desenvolvem comportamentos e atitudes como:
aprender a observar, a reflectir, a debater, a questionar se a si e à realidade
exterior, a procurar fontes de informação e a seleccionar dados, a autono
mizar se, a resolver conflitos cognitivos e relacionais, a ser criativos, a intervir
socialmente, a arriscar, a empreender, a manter e a terminar tarefas.
Os pressupostos inerentes a esta pedagogia referem que o saber se
constrói através de uma pesquisa no contexto social, o que dá significado
ao tema em estudo, e que a verdadeira motivação é intrínseca ao envolvi
mento e ao interesse que suscita o aprender.
Como refere Milice R. Santos (s/d), <
dos conteúdos obtidos e da qualidade desses mesmos conhecimentos,
deve desenvolver o aluno enquanto aprendedor. A experiência da acti
vidade de aprender é também uma aprendizagem, pois possibilita ao aluno
aprender a estruturar se e a agir de forma mais capaz no mundo envolvente.
O sujeito compreende o seu papel activo no processo de aprendizagem,
as estratégias mentais usadas. O estudante adquire assim um estatuto não
6 <
nhecimentos empreendido por aquele que aprende e não uma recepção passiva de saberes
pré construídos pelos educadores. Esta concepção apareceu com os trabalhos psicogené
ticos de Jean Piaget e de Henri Wallon. Ela foi partilhada, explícita ou Implicitamente, por
todas as pedagogias activas das quais ela fundamenta as práticas>> CRESAS, I 9 I , pp. I 5 I 6.
infantilizado, mas de poder e de domínio na gestão dos meios de aquisição
de saben.
Ao implementarem projectos, os alunos compreendem os efeitos e as
vantagens das aprendizagens e do seu significado nas suas histórias de vida.
Não existe, pois, uma separação entre o saber adquirido e a sua aplicação
na concretização de um projecto. A aquisição, a aplicação e a transferência
do saber interagem processualmente.
Cabe ao professor apoiar a pesquisa na dimensão metodológica e na
dimensão informativa do tratamento dos conteúdos. Os alunos em traba
Iho de campo compreendem a relação dinâmica entre a teoria e a prática
e o verdadeiro significado e abrangência do aprender.
Esta metodologia indicada para a årea Escola e para o Projecto de Es
cola pode ser utilizada em todas as disciplinas com tempos e modalidades
variadas.
Fases do Trabalho de Projecto
I Identificação do problema.
2. Identificação e escolha dos problemas parcelares.
3. Constituição dos grupos de trabalho.
4 Planificação do trabalho
5. Trabalho de campo
6. Dinâmica da teorização e pesquisa no terreno.
7. Produção dos registos e apresentação ao grande grupo.
8. Crítica avaliativa dos trabalhos de grupo.
9. Globalização.
I 0 Avaliação do Trabalho de Projecto.
A apresentação das etapas do Trabalho de Projecto baseia se no livro de SANTOS, Milice
Ribeiro dos, 0 Trabalho de Projecto e a formação, Lisboa, Instituto do Emprego e Formação
Profissional, Colecção Formar Pedagogicamente (no prelo).
Na Bibliografia referenciam se outras obras sobre esta metodologia.
I . Identificação do problema
O primeiro passo do Tabalho de Projecto é a idéntifcação do campo
de problemas, podendo esta revestir várias formas (debate aberto, traba
Iho de grupo, sugestão do professor . ).
O campo de problemas seleccionado dará lugar ao problema que será
identificado pela turma, após debate, e que será a questão central de estudo.
É comum dizer se que os problemas apresentados pelos grupos devem
ser formulados em forma de pergunta Esta característica tem apenas o
interesse de orientar para uma problematização das temáticas.
2. Identificação e escolha dos problemas parcelares
Identìficado o problema, segue se agora a escolha dos problemas parce
lares que os grupos irão pesquisar. As propostas poderão ser feitas pelos
alunos, tendo em conta a sua integração no campo de problemas, ou indi
cadas pelo professor
Os problemas parcelares, tal como o problema central, devem ser reais,
lucrarem com um estudo no meio social e terem um significado afectivo
para os alunos. A escolha dos problemás deve ser cuidada, pois nem todos
os problemas são adaptados, nem todos ganham com este tratamento
metodológico.
3. Constituição dos grupos de trabalho
Esta constituição dos grupos pode fazer se de várias maneiras, nomea
damente por inscrição livre nos temas.
O Trabalho de Projecto desenvolve se em trabalho de equipa, e em
grande parte o seu êxito depende da forma como, nos grupos, os alunos
trabalham na tarefa e vivenciam essa actividade. Isto é, na qualidade da pr
dução obtida e nos objectivos socializadores obtidos com esta experiência
O professor, nesta metodologia, tem um importante papel de anima
dor. Ele deve observar os grupos, compreender o que se passa, estimular
segundo as necessidades. Terá que estar atento aos alunos individual
mente e ao grupo como entidade própria, terá que ser sensível ao traba
Iho dos diferentes grupos e à globalidade da turma, cuidarído das relações
inter grupos.
4. Planificação do trabalho
Os grupos vão agora fazer uma tarefa que nem sempre é fácil, mas que
é muito importante, quer para o êxito do Trabalho de Projecto quer pelo
carácter fom,ativo de que se reveste.
Assim, os alunos vão esboçar uma planificação que deverá contemplar
diversos aspectos (interrogações, hipóteses, finalidades, calendarização das
etapas, locais previstos, recursos humanos e materiais, métodos e técnicas
de recolha de dados, distribuição das tarefas no grupo. .).
5. Trabalho de Campo
O trabalho de campo é a saída para o exterior, a pesquisa no ter
reno.
Esta fase já foi preparada no esboço de planificação. Os grupos enun
ciaram os objectivos do trabalho de campo, estabeleceram uma calendari
zação, previram locais e pessoas a contactar, distribuíram tarefas e respon
sabilidades entre os elementos do grupo.
São ainda exigidos, para a recolha de dados, métodos e técnicas de
pesquisa diversificadas tais como a observação, o questionário, a entrevista,
meios audiovisuais que já foram estudados com o professor.
O tratamento de dados exige a organização e análise qualitativa e/ou
quantitativa dos conteúdos colhidos. Esta fase começa a ser feita durante o
trabalho de campo, porque é este organizar que vai permitir o ar as diferentes contribuições em função do
campo de problemas identifcado pela turma
O professor deverá preparar esta globalização, procurando uma linha
estruturadora que evidencie a complementaridade das produções dos dife
rentes grupos no Trabalho de Projecto os dados colhidos, as possíveis
soluções, os questionamentos .
I0. Avaliação do Trabalho de Projecto.
Uma avaliação contínua, ao longo do Trabalho de Projecto, deve ter
permitido aos alunos compreender e avançar no processo de estudo.
Nesta fase a avaliação poderá incidir na:
avaliação da experiência, implicando alunos e professor numa refle
xão que complemente a que acompanhou a apresentação dos tra
balhos de grupo (etapa 8);
avaliação sumativa sobre o trabalho de grupo e/ou dos alunos indivi
dualmente.
Ensino Directo
Uma outra metodologia é o Ensino Directo. O termo foi introduzido
pela primeira vez em I 976 por Rosenshine para referir a metodologia que
pretende estruturar a actividade do professor em função dos materiais a
aprender e das condições que favorecem as aprendizagens. A actividade
do professor não se restringe só ao modo como ele organiza os conteú
dos de ensino, mas também ao modo como estrutura a sala de aula e à
forma como o tempo de ensino é utilizado Pode assim dizer se que o
Ensino Directo propõe se descobrir caminhos para ensinar mais em menos
tempo. Sendo uma metodologia de ensino passível de ser utilizada com
quaisquer alunos, ela traz vantagens inegáveis nos casos das crianças com
necessidades educativas especiais.
O fim último do Ensino Directo é passar de uma situação de ensino
aprendizagem dirigida pelo professor a uma situação de ensino aprendiza
gem autodirigida (resolução pessoal de problemas). Para isso, o modelo ela
bora uma sequência de etapas de aprendizagem onde o papel dìrecto do pr
fessor se vai esbatendo progrssivamente. Enquanto numa primeira fase o edu
cador conduz activamente o aluno nas tarefas, numa segunda fase os passos
seguidos pela criança vão deixando de ser observados. Este procedimento
permite e dá tempo ao aluno para interiorizar o método de resolução de pr
blemas e a ser capaz de generalizar para outras situações e problemáticas.
Segundo Becker e Camine ( I 977), as chaves do modelo são: todas as
crianças podem ser ensinadas; ajudar crianças com necessidades educativas
especiais é ensinar mais e não menos; a tarefa de ensinar mais requer uma
tecnologia educativa e tempo.
Para concretizar o modelo, os autores consideram que o professor
deverá cuidar de vários aspectos de que salientamos:
A organização da sala de aula
Tem como objectivo primeiro a rentabilização do tempo de ensino, espe
cialmente o tempo de supervisão directa dó professor (evitando as perdas
de ritmo nas transições das mudanças de actividades escolares e estabele
cendo rotinas de trabalho associadas a uma programação prvia do ensino).
Técnicas de apresentação do professor
A forma como o professor apresenta os conteúdos deverá envidar todos
os esforços no sentido de orientar a atenção do estudante. Esta atenção é
conseguida através da sequencialização das tarefas, da clareza da apresen
tação, da variedade das actividades durante a aula, do encorajamento das
ideias dos alunos durante a discussão, do uso de uma gama variada de per
guntas e subsequente feedback.
Especificação dos objectivos
O professor deverá formular os objectivos de forma a poder saber
quando são alcançados, assim como os alunos deverão conhecer o que
se espera que eles aprendam. Importa, assim, que para cada objectivo os
professores indiquem tipos de tarefas a realizar e a serem objecto de ava
liação.
Especificação da cadeia sequencial das realizações
Silbert, Camine e Stein ( I 98 I ) consideram fundamental qúe se tenham
em conta as sequências envolvidas em cada unidade de matéria, caso
contrário toda a estratégia de ensino pode ser votada ao fracasso. Assim,
recomendam que:
as unidades de informação devem ser analisadas em termos de pré
competências necessárias à sua aprendizagem;
se averigue até que ponto o aluno as possui em caso negativo,
deverão ser ensinadas antes da unidade sobreorrlenada;
no ensino das pré competências deve começar se pelas mais fáceis
para depois se chegar às mais difíceis.
Ensino passo a passo
O ensino visa a anulação da discrepância entre o presente estado de
conhecimentos e um estado mais elevado, devendo o professor atenuá la
de forma a que as aprendizagens sejam percebidas pelo aluno como logi
camente sequenciadas. Para isso, o professor deve começar por ensinar a
actividade em contextos simples, nos quais salienta as características mais
relevantes do novo conceito e, por fim, as aplicações mais complexas da
generalização do conhecimento.
RuRcucRR
Revisões cumulativas
Estas sínteses revestem se de extrema importância para a retenção
dos conteúdos adquiridos. Apesar de cada revisão dever ser adaptada ao
caso específico, há duas fases identificadas por Burton, citadas em Silbert et
al. (op. cit ), que devem ser respeitadas:
uma fase integrativa onde a percepção do signifcado é desenvolvida;
uma fase de repetição na qual se desenvolve a mestria.
Feedback e avaliação
Neste modelo as consequências do ensino, isto é, o que é que o aluno
faz quando acaba uma tarefa (por exemplo, fica à espera que todos aca
bem ou tem uma actividade previamente planeada. .) ou quando comete
um erro, devem ser tão sistematicamente planeadas como as estratégias
de ensino. A avaliação neste modelo é essencial na recolha de dados com
o fim de tomar decisões educacionais como, por exemplo, elaborar pro
gramas adequados ao aluno e à turma.
Resumindo, o modelo considera que uma aprendizagem só está com
pleta quando o aluno atinge a fluência na evocação das respostas e está
capaz de as aplicar a outras situações. Assim, o Ensino Directo sublinha, de
modo especial, pontos como a especificação dos objectivos e das cadeias
sequênciais das aprendizagens, o ensino passo a passo, as revisões cumula
tivas, a manipulação das consequências para o comportamento dos alunos
e as actividades de avaliação contínua.