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cinco membros, baseadas sobre as binárias (China, Egipto,

Grécia, o reino dos incas, dos maias, etc.), tem profundas

origens psicológicas na consciência do homem. A zoopsi-

cologia contemporânea estabeleceu a ideia de que as dife-

renças entre o obscuro e o luminoso podem ser estabeleci-

das com coerência por espécies inferiores, como os passá-

ros; as mesmas oposições são também acessíveis às «crian-

ças-lobos» em estado selvagem, educadas fora da colectivi-

dade humana. Outras contraposições, como se advertiu an-

teriormente, são comuns às colectividades dos primatas e

às colectividades humanas. As mesmas séries de contrapo-

sições manifestam-se também no que se refere às imagens

mitológicas universais que são comuns para a maior parte

das mitologias (se não para todas): a imagem do animal

universal, da árvore universal (ou bem do homem ou do

animal sobre a árvore ou junto dela). Fica ainda por escla-

recer, todavia, se a série de contraposições é mais antiga do

ponto de vista evolutivo em relação a estas imagens uni-

versais que se conservam como arquétipos.

Notas

,

(1) A. M. Zolotariev, Rodovoi stroi i pervobytnaia Moscovo 1964



p. 174. A monografia de Zolotariev terminada em 1941, tem de

ser colocada, junto com os outros éscritos de Hocart e de Lévi-

-Strauss, entre os estudos mais importantes de carácter geral que

analisam a classificação simbólica dos diferentes povos do mundo.

(2) C. Lévi-Strauss Les arganisations dualistes existent-elles? Este

artigo, depois publicado no volume de Lévi-Strauss, Anthropologie

Prática de Análise: Leituras Semióticas 191

structurale, Paris, 1958, é até ao momento o estudo mais completo

da fúnção desta contraposição Veja-se também o plano dum

povoado dos baroro em Lévi-Strauss, Tristes tropiques, Paris,

1955, p. 188, fig. II.

(3) C. Nimuendaju, The Eastern Timbira, University of California,

Publications in American Archaelogy and Ethnology, vol. XLI,

1946; Lévi-Strauss, Les organisations dualistes, cit., p. 115.

(4) Zolotariev, Rodovoi stroi, cit., p. 171 (com referência aos estu-

dos precedentes de Nimuendaju sobre as contraposições deste

tipo nas tribos do grupo Gê); veja-se, de V. V. Ivanóv e V. N.

Toporov Slavianskie jazykovye modeliruiu.scie semiotichaske sis-

temy, Moscovo, 1965, p. 34, nota 14, e p. 197, nota 21.

(5) P. Radin, aThe Winnebago Tribe". em 37th Annual Report of

the Bureau of American Ethnology (1915-1916), Washington 1923,

fig. 34. Segundo a descrição feita pelos membros da metade, supe-

rior da tribo, a estrutura era distinta, mas estas duas descrições

são complementares entre si, como demonstrou Lévi-Strauss (Le.s

organisations dualistes. cit., pp. 100-103 e 121-122) independente-

mente de Hocart, que fez uma suposição deste género, mas sem

a demonstrar (A. M. Hocart, «Winnebago Dichotomy», em Man,

1933, p. 169; Kings and Councillors, Al Cairo, 1936, p. 246).

(6) B. Malinowski, The Sexual Life of Savages in North-Western

Melanesia volume I Nova Iorque-Londres, 1929, p. 10, fig. I.

Coral Gardens and Their Magic vol. I, Londres, 1935, p. 32; Lévi-

-Strauss, LPs organisations duaÏistes, cit., pp. 102-104 (as observa-

ções de Lévi-Strauss sobre a insuficiente atenção prestada poi

Malinowski à morfologia étnica [ibid., p. 102] coincidem com a

crítica de Hocart em Kings and Councillors, cit., p. 199, nota 3).

(7) A. M. Hocart, Caste. A Comparative Study, Londres, 1950, p. 95

(sobre a preparação da comida por parte dos homens e das mu-

lheres, veja ibid., p. 96). Veja-se o papel dos membros da metade

inferior da tribo, que descrevem a estrutura da aldeia winnebago

como concêntrica.

(8) Kings and Councillors, cit, pp. 249-250. Veja-se a mesma for-

mulação a propósito da unidade de todas as formas de actividade

na sociedade de tipo «total>, em Needham, aAn Analytical Note on

the Kom of Manipur», em Ethnos, vol. XXIV, 1959, n.°s 3-4, p. 134.

(9) Lévi-Strauss, Les organisations dualistes, cit., pp. 104-105 e

122-124.


(10) Relativamente a esta ideia de Platão e do seu nexo com as

outras concepções relativas à geometria do espaço social na antiga

Grécia, veja-se J P. Vernant Mythe et pensée chez les Grecs. ~'tudes

de psychologie historique, Paris, 1965, p. 179.

A semelhança entre a praça melanésia e a ágora grega foi

revelada por Hocart em Kings and Councillors, cit., pp. 250-251.

(11) Vernant, Mythe et pensée, cit., pp. 121-123.

192 Ensaios de Semiótica Soviética

(12) Ibid., pp. 99, 102 e 122.

(13) G. Dumézil, La religion romaine archaïque, Paris, 1966, pp.

309-311.

(14) Ivanóv-Toporov, Slavjanskie Jazykovye, cit., p. 170.

(15) Veja-se Iu. V. Knorozov «Panteon drevnich maija,>, em Do-

klady sovetskoi delegacü na VII Mezdunarodnom kongresse antro-

pologicheskich i etnograficheskich mauk, Moscovo, 1964. Sobre a

contraposição entre centro e periferia, em relação ao símbolo da

árvore universal veja-se o ensaio de V. N. Toporov «L"albero uni-

versale'. Saggio d' interpretazione semiotica', em Richerche..., cit.

(16) Veja-se uma breve mas muito clara exposição dos resultados

em R. Chauvin, Les socié!és animales de 1'abeille au gorille, Paris,

1963, cap. VII, fig. 61.

(17) M J. Meggit «Mnle-Female Relationship in the Highlands oì

Australian New Guinea» em American Anthropologist, vol. LXVI,

1964 nota 4, parte II, p. 219, quadro I; Ivanóv-Toporov, Slavjanskie

jazykovye, cit., p. 75, nota 33.

(18) R. Needham, «The Left Hand of the Muegwe. An Analytical No~

te on the Structure of ~Meru Symbolismp, em Af rica, vol. XXX,

1960 nota I p. 25. Entre os paralelismos curiosos que se referem

também à África, a proibição de cortar com a mão esquerda, em vi-

gor entre os hausas: D. A. Olderogge, Jazyk Khnusa, Leninegrado,

1954, p. 58.

(19) Toporov «L"albero universale'n cit. onde se indica a concor-

dância dos dados arqueológicos e fólclóricos; Ivanóv-Toporov, Sla-

vianskie jazykovye, cit. p. 95 (sobre os paralelos tipológicos novz-

-guineenses veja-se ibid.).

(20) T. O. Beidelman, «Right and Left Hand Among the Kagun;:

A Note on Symbolic Classificationp, em Africa, vol. XXXI, 1961,

nota 3, p. 253.

(21) Ibid.

(22) A conservação da divisão em direita e esquerda, ligada à con-

traposição masculina-feminina, foi observada nas fimções religio-

sas europeias contemporâneas por Hocart, Kings nnd Counciltors,

cit., p. 296. Veja-se a discussão teórica do problema da sobrevi-

vência dos sistemas sígnicos arcaicos no comportamento incons-

ciente (automatizado) do homem contemporâneo em L. S. V ygot.ski,

Razvitie vysich psichicheskich funkcü, Moscovo, 1960.

(23) Ivanóv-Toporov, Slavianskie Jazykovye, cit., p. 94.

(24) A. T. Bryant, The Zulu People as The Were Before the White

Man Came, Pietermaritzburg, 1949, cap. VI.

(25) Ibid., cap. XI (a «mão esquerda de craal" contrapõe-se à «mão

direita,> como as linhas femininas e masculinas).

Prática de Análise: Leituras Semióticas 1~3

(26) A. Lesien, Litauisches Lesebuch, Heidelberg, 1919, p. 4. Sobre

o nexo entre a fábula eslava de magia e o ritual de iniciação, veja-

-se V. Ja. Propp, Istoricheskie korni volsebnoi skazki, Leninegrado,

1946.


(27) R. Needham, «A Structural Analysis of Purum Society», em

American Anthropologist, vol. LX, 1958, pp. 90-91 e 97.

(28) Hocart, Caste, cit., p. 65 (dados sobre Travankor).

(29) Ibid. p. 66~ Hocart, Kings and Councillors, cit., pp. 267-270. Para

mais dados sobre o nexo entre as características feminino e es-

querda veja-se Lévi-Strauss, La pensée sauvage, Paris, 1962 pp. 190-

-191; H. Baumann, Bisexualitüt, Berlin, 1955.

(30) A Leroi-Gourhan, Les religions de la préhistoire (paléolithi-

que), Paris, 1964.

(31) Zolotariev, Radovoi stroi, cit., pp. 56-57.

(32) A. T. Jackson, aPicture-Writing of Texas Indians», em Anthro-

pological Papers a cargo de J. E. Pearce, col. II («The Universitv

of Texas Publications,>, número 3809), Austin, 1938, p. 376; V. J.

Smith, The Human Hand in Primitive Art (~Publications of the Te-

xas Folklore Societyr, IV), Austin, 1925, p. 90, fig. II. No livro de C.

Grant, Rock Art of the American Indian, Nova Iorque, 1967, pp. 54-

-55, estão os dados sobre Santa Luzia Mount (Monterey Cotxnty)

na Califórnia, onde o número das marcas da mão esquerda (à volta

do 15 por cento) corresponde mais ou menos ao número médio de

canhotos em qualquer sociedade. Mas estes dados são únicos em

toda a literatura científica mundial no que se refere a marcas

das mãos.

(33) N. W. G. MacKintosh, «Painting in Beswick Creek Caxe, North-

ern Territoryr, em Oceania, vol. XXII, 1952 p. 258.

(34) Ibid. p. 260 (sobre o desenho num. 66 na sua relação com

o desenho num. 48). Sobre representação australiana das mãos,

vejam-se também N. W. G MacKintosh, «Archeology of Tandajal ca-

ve, Southwest Arnhem Landn, em Oceania, vol. XXI (1951), nota 3,

p. 190; D. J Mulvaney, aThe Prehistory of the Australian Abori-

gines», em Scientific American, 1966, nota 3, p. 91.

(35) S Hummel, «Magische Hãnde und Füsse>,, em Artibus Asiae,

vol. XVII (1954), nota 2, pp 148-154, figs. 1-3. Veja-se a representa-

ção da mão esquerda do chamane na máscara ritual kúakiutliana

em D Waite «Kwakiutl Transformation Masks,> em The Many Fa-

ces o f Primitive Art, Nova Jersey, 1966, pp. 293-294, fig. 15.

(36) R. Hertz, «La prééminence de la main droite: étude sur la pola-

rité religieuse,~, em Revue philosophique de la France, vol. XXXIV,

1909, pp. 553-580.

194 Ensaios de Semiótica Soviética

(37) G. J. Ramstedt, Einführung in die altaische Sprachwissens-

chaft, Helsinki, 1952, apartado 98.

(38) W. B. Henning, ~~Surkh-Kotal und Kaniska», em Zeitschrift der

Deutschen Morgenlündischen Gesellschaft, vol. CXV (1965), fase I,

p. 82.


(39) Lindy Li Mark, «patrilateral Cross-Cousin Marriage Among

the Magpie Miao: Preferential or PrescriptiveN, em Ámerican

Anthropologist, vol. LXIX (1967), nota 61.

(40) N. N. Poppe, Grammatika pis'menno-mongol skogo jazyka, Mos-

covo-Leninegrado, 1937, p. 107.

(41) Entre os dados, essenciais para um exame da encarnação lin-

guística desta contraposição, veja-se também o islandês antigo

hand in h gri `mão direita', literalmente 'mão mais cómoda' onde

o indicador do grau positivo tem... um significado não comum; a

ele não se lhe contrapôe o grau positivo; não se trata da mão mais

cómoda em relação à simplesmente `cómoda', mas da única `mão

cómoda' em relação à esquerda `incómoda'. S. D Kacnel'son, Into-

riko-grammaticeskie isledovanüa, I. Moscovo-Leninegrado, 1949,

p. 233. Os outros dados linguísticos essenciais para a análise desta

contraposição, estão contidos em R Hertz, La prééminence de la

main droite, cit., pp. 563-564; A. Ja. Chaikevich «Slova so znaceniem

`pravyj' i `levye' (opyt sopostavitel'hogo analiza)», em Uciene za-

piski I-go Moskovskogo gosudarstvennogo pedagogicheskogo ins-

titula inostranch jazykov, volume XXIII, pp. 55-74~ N. I Tolstói,

aIz geografil slavianskich slov., 3 Pravuj-levye» em Óbsceslaviansnü

lingvistichesnü atlas (Materialy i issledovaita), Moscovo, 1965 pp. 133-

141; Ivanóv-Toporov, Slavianskie jazykovye cit., pp. 91-98 e 225

(secção II, 4, fórmulas 67-75). As ideias de Marr sobre o abchazo

atma, `mão esquerda', estão deformadas pelo carácter fantástico,

corrente neste estudioso das etimologias (N. Ja. Marr Ojazyke i

istorü abchazou, Moscovo-Leninegrado, 1938, pp. 340-341) e podem

interessar preferentemente a quem queira fazer uma análise psi-

quiátrica das causas pelas quais no próprio Marr se reflecte o com-

posto arcaico `mão'=mulher=`água'.

(42) ~R. Hertz La préémittence de la main droite, cit, p. 575~ J.

Gernet, K~L'âgé du fer en Chine,>, L'homme, vol. I (1961), pp 69-70

(nota 5); ibid., veja-se também a comparação com a cultura chinesa

antiga.

(43) Zolotariev, Rodovoi strai, cit., pp 164-165; F. H. Cusbing «Out-



lines of Zuni Cheation Myths», em Annual Reports of the Bureau

of American Ethnology, vol. XIII (1896), p. 379.

(44) C. G. Segman, The Melanesians of British New Guinea, Cam-

bridge, 1910, pp. 28, 216, 229, 338 e 342~ Hocart, Kings and Council-

lors, cit., pp. 161-162 (ibid., outros paralelos tipológicos) e 178.

(45) Sobre a correlação dos princípios masculino e feminino e das

outras contraposiçôes, veja-se F. Ayscough, «The Symbolism on the

Prática de Análise: Leituras Semióticas 195

Forbidden Cityn, em Journal of the Royal Asiatic Society, North

China Branch, vol LXI (1933), pp. 121 e segs.; M. Granet, La pensée

chinoise, Paris, 1934, pp. 361 e segs.

(46) J. Gernet, L'âge du fer, cit., pp. 69-70 e segs. A singularidade da

situação no chinês é sublinhada por R. D. Jameson, «Hands,>, em

Funk and Wagnalls Standard Dictionary of Mythology, Folklore and

Legend, vol. I, Nova Iorque, 1949, p. 478; R. Hertz, La prééminence

de la main droite, cit.

(47) F Tiefensee, Chinesisch Hdflichkeits-Formen, Tokio, 1924, pp. 32

e 50-51.


(48) G El Lloyd, ~~Right and Left in Greek Philosophy», em Journal

of Hellenic Studies, vol. LXXXII (1962), pp. 55-66 (veja-se também,

sempre de Lloyd, «The Hot and the Cold, the Dry and the Wet in

Greek Philosophy~, em Journal of Hellenic Studies, vol. LXXXIV

[1964], pp. 92-106), G. E R. Lloyd, Polarity and Analogy: Two Types

of Argumentation in Ear1 Greek Thought, Cambridge, 1966.

(49) W. Penfield e L. Roberts, Speech and Brain Meclzanisms, Prin-

ceton, 1959.

(50) Vejam-se os dados sobre a educação social da mão esquerda

como iniciativa na Indonésia em R. Hertz, La prééminence de la

main droite, cit., p. 556. Analogamente podem explicar-se também

os factos de proibições rituais impostas à mão esquerda (veja-se

atrás sobre os hausa e meru).

(51) Veja-se a conclusão análoga no artigo de Needham, A Struc-

tural Analysis of Purum Society, cit., p. 97.

(52) V. V. Bunak, KProischozdenie reci po dannym antropologü», em

Proischozdenie celovka i drevnee raselenie celovestva, Moscovo,

1951, pp. 241-242. Não se aceita universalmente este ponto de vista.

(53) V. I. Vernadskü, Chimicheskoe stroenie biosfery Zemli i ee

okruzenüa, Moscovo, 1965, p. 176 (veja-se, no que diz respeito às

palmas direita e esquerda das mãos como manifestação da sime-

tria da estrutura do corpo humano, ibid., p. 177); A. V. Chub-

nikov, Simmetrüa, Moscovo-Leninegrado, 1940, p. 3.

(54) A correlação do setentrião com a série feminina é caracterís-

tica do hemisfério setentrional, enquanto a correlação do meio-dia

com a série feminina é encontrada no hemisfério meridional (veja-

-se anteriormente sobre os meru); veja-se em relação com esta dis-

tinção Ivanov-Toporov, Slavianskie jazykovye, cit., pp. 206 e 208.

(55) A. C. Fletcher, «A Pawnee Ceremony,>, em 22nd Annual Re-

port of the Bureau of American Ethnography, Washington, 1903,

pp. 38 e segs.

(56) S Seler, aEiniges über die natürlichen Grundlagen mexikanis-

cher Mythen», em Zeitschrift für Etnologie, ano XXXIX (1907),

196 Ensaios de Semiótica Soviética

fascs 1 e 2 (veja-se também E. Seler, Gesammelte Abhanlungen

zur Amerikanischen Sprach-und Alyertumskunde, Graz, 1960). Ve-

ja-se também ibid. a comparação com a canção popular lituana so-

bre o matrimónio entre o SoI e a Lua.

(57) A. C ~Fletcher e F. La Flèche, aThe Omaha Trible», em 27th

Annual Report of the Bureau of American Ethnology, 1905-1906,

pp. 198 e segs.

(58) A. Laming-Emperaire La signification de I'art rupestre paléoli-

thique, Paris, 1962, pp. 93, 113 e 413.

(59) Zolotoriév via neste costume o sinal da existência na Antigui-

dade da propriedade colectiva fratrial da terra (veja-se o seu

Rodovoi stroi, cit. p 142); Hocart, que estudou minuciosamente a

organização social dos omaha (veja-se em particular Kings and

Councillors, cit. pp. 260-162) abandonou este refIexo indirecto da

contraposição direita-esquerda e deixou deste modo um vazio no

seu esquema - «questionário» da estrutura omaha (ibid., p. 274).

A descoberta desta contraposição indica que os esquemas deste

tipo podem ser considerados como uma espécie de tábua periódica

dos elementos, o que é particularmente importante para as inves-

tigações neste campo.

(60) Hummel, Magische Hünde cit , H. Alimen, Préhistoire de

1'Afrique, Paris, 1955, pp. 452, figs. 135 e segs.

(61) Ivanóv-Toporov Slavianskie Jazykovye, cit., p. 93. Veja-se a

frequente partição em diagonal do universo nas representações ar-

caicas dos diferentes povos a qual, quando o universo está represen-

tado como um animal universal (por exemplo a tartaruga), deve

levar à unificação do membro anterior direito e do membro pos-

terior esquerdo.

(62) Além dos paralelismos indicados nos bamiléké (Camarões cen-

trais), vejam-se J Hurault, La structure sociale des Bamiléké, Paris-

-Haia, 1962, p. 92~ P. Delarozière Les institutions politiques et so-

ciales des populafions dites bamzléké, Paris 1950, p. 57~ C. Tardits,

Contribution à I étude des populations Bamiléké de I'Óuest Came-

roun, Paris 1960, p. 44. Sobre a distinção da direita e da esquerda

em relação, ao tambor usado para os sinais pelos bamiléké e os

yaunde (veja-se o tamborzinho chamânico dos povos siberianos)

veja-se R. P. A Stoll, La fonétique des langues bantLc et semi-bantu

du Cameroun Paris, 1955, p. 168, e V. V. Ivanov,

ticeskom archaizme v bamilékéH, em Jazyki Afriki, Moscovo, 1966,

p. 261.


(63) Zolotariev, Rodovoi stroi, cit.

(64) A N Veselovskü Poetika em Sobranie socinenü, série I, vol. II,

fasc. I São Petersbtxrgo 1913, pp. 135-136~ Sravnitel'naia mifologüa

e cie metod, em Sobranie socinenü, vol. X, Moscovo- Leninegrado,

1938, pp. 86 e 123.

Prática de Análise: Leituras Semióticas 197

(65) V. P. Tokarskaia, «Rasskazy o griotach», em Africana Kul'tLcra

i jazyki naradov Afriki, Moscovo-Leninegrado, 1966, p. 29.

(66) Garcilaso de la Vega, Royal Commentaries of the Inca, vol. I,

Londres, 1869, p. 67.

(67) A última contraposição que não foi considerada no esquema

da organização social dos incas que Hocart dá em Kings and

Counciltors, cit., p. 275 (veja-se o espaço vazio na linha 9 do es-

quema V, e compare-se anteriormente o análogo vazio na linha 3

do esquema III do «sistema periódicor de Hocart para os omaha).

Zolotariev, que tal como Hocart estabeleceu o significado parti-

cular deste material para o estudo da classificação binária (dual),

considera incompreensível aa razão pela qual os homens, que des-

cendem do irmão, devam considerar-se irmãos, enquanto aque-

les que descendem da irmã, irmãos menores» (Zolotariev, Rodovoi

stroi, cit., p. 195), mas isto concorda com os dados tipológicos so-

bre os vínculos recíprocos das contraposições velho-jovem, mas-

culino-feminino.

(68) Veja-se anteriormente a função do símbolo setentrião no he-

misfério meridional.

(69) R. Olson, «Clan and Moiety in Native America», em University

of California Publications, vol. XXXIII, nota 4, 1933.

(70) R. Latcham, «The Totemism of the Ancient Andean Peoples»,

em Joscrnal of the RoyaZ Anthropological Institute, vol. LVII, Lon-

dres, 1927, p. 78.

(71) C. Meek, A sudanese Kingdom, An Ethnographical Study of

the Tukun-speaking Peoples of Nigeria, Londres, 1931, pp. 1-2.

(72) A. M. Hocart, «Fijian Heralds and Envoys», em Journal of the

Royal Anthropological Institute, 1913, p. 190; Kings and CoLcncil-

lors, cit., p. 186. Sobre as funções rituais do heraldo nas ilhas Fiji

(em conexão com as outras contraposições, em particular com a do

interior da casa-fora), veja-se Hocart, Caste, cit., p. 91.

(73) Hocart, Kings and Councillors, cit., pp. 134 e 189.

(74) Além dos dados trazidos por Hocart (em Kings and Coun-

cillors, cit., passim), veja-se o texto, particularmente significativo,

da oração de Rapa Nui sobre o rei, portador da fertilidade, de A.

Métraux, Easter Island, Londres, 1957, p. 89. Veja-se também no

cerimonial da corte real do Benin o funcionário competente,

aragwa, que tinha de saber as datas das últimas chuvas: H. Mel-

zian, «Zum Festkalender von Benin,>, em Afrikanistische Studiem,

Berlim, 1955, p. 97. Veja-se também a menção do príncipe feita a

propósito da escassez de água numa canção ritual abchaza: N. Ja.

Marr, O jazyke i istorü abchazov, cit., p. 115.

(75) A citação é extraída de E. H. Sturtevan e G. Bechtel, A Hittite

Chrestomathy, Filadélfia, 1935. Veja-se a nossa tradução russa «Av-

tobiografia Chattusilisa III», em Chrestomatüa po istorü Drevnego

Vostoka, Moscovo, 1936, pp. 326 e segs.

T

198 Ensaios de Semiótica Soviética



(76) Hocart, Kings and Councillors, cit., cap. XII, pp. 158 e segs. (Ve-

jam-se nos períodos sucessivos as agudas observações, às que não

se pode deixar de aderir, nas pp. 99-100) A propósito do material

tibetano, usado por Hocart (ibid., p. 193), veja-se o estudo de G.

Tucci, «The Sacral Character of the Kings of Ancient Tibet», em

East and West, ano VI, Roma, 1955, pp. 197-205 (note-se na p. 199

a indicação de que o chamane principal, gshen gnhan, estava sen-

tado à esquerda do rei).

(77) E. Sapir, «Grading», em Selected Writings, 1951; M. Bierwischi,

«Some Semantic Universals of Germanic Adjectives», em Founda-

tions of Language, volume III (1967), nota 2.

(78) Sobre as formas adoptadas veja-se hI A. hIevskü, Materialy po

govoram jazpka cou, Moscovo-Leninegrado, 1935, pp. 54, 59, 60-70

e 94.


(79) R. M. Reid, uMariage Systems and Algebraic Group Theory»,

em American Anthropologist, vol. LXIX (1967), nota 2, pp. 173-174.

(80) A propósito do iroquês isto mesmo é afirmado na comunica-

ção de F. G. Lounsbery, «The Structural Analysis of Kinship Se-

mantics», em Proceedmgs of the Ninth International Congress of

Linguistics, Haia, 1964, p. 1084.

(81) D. A Ol'derogge «Sistema rodstava bakong v XVII v» em

Afrikanskü e etnograficheskü sborni, III, Moscovo-Leninegrado

1959, pp. 34-35.

(82) Sobre o carácter arcaico desse esquema de designações, re-

ferente às estruturas «elementares,~ de parentesco com as classes

matrimoniais, veja-se Ol'derogge, Sistema rodstava bakong, cit.,


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