Um antigo médico grego
Todos os médicos do mundo, ao completar os estudos, recitam, impacientes e eufóricos, um juramento ético, o denominado Juramento de Hipócrates. Atribui-se esse texto, ainda que haja indícios de que seja espúrio, ao pai da medicina grega, Hipócrates de Cós (por volta de 460 a.C.-377 a.C.).
Platão considerava Hipócrates um seguidor de Asclepíades Entre seus êxitos se destaca a organização sistemática dos sintomas das doenças e sua cura. Era empírico, mas também desconfiado, o que o levava a recomendar seus pacientes aos deuses. O corpo de sua obra, misturada com a dos discípulos, está reunido numa coleção de escritos que no início ocupava setenta volumes, contando hoje só sessenta, pois pelo menos dez desapareceram. O curioso é que todos os tratados estão redigidos em dialeto jônico, o que fez desse dialeto a linguagem da medicina.
Em determinado momento de sua vida, Hipócrates visitou o templo da Saúde de Cnido. Sentia-se desanimado porque havia descoberto que tudo era vão e que a morte e a vida representavam apenas uma metáfora esquecida da divindade. Botou fogo na biblioteca médica do recinto e fugiu. W. H. S. Jones, em sua tradução do Corpus Hippocraticum da coleção Loeb, acolhe essa lenda; a acusação procura apresentar Hipócrates como se se tratasse de um obcecado incapaz de aceitar a possibilidade de deixar em mãos profanas os grandes textos sobre os mistérios da vida e da morte.
Outra versão, menos complacente, é demolidora: Hipócrates destruiu os livros do templo para evitar possíveis acusações de plágio.
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