58) Andrea Navagero, 1423-1529.
E. Cicogna: Delia vita e delle opere di Andrea Navagero. Vene
zia, 1855.
E. Lamina: "Andrea Navagero, poeta". (In: Ressegna Nazionale, 61)
CLX, 19O8.) 62)
Cf. "O `Cinquecento-, nota
Bernardino Baldi, 1553-1617.
Egloghe (159O).
G. Zaccagnini: Delta vita e delle opere di Bernardino Baldi. 2 vols. Reggio Em., 1918.
Cf. "Pastorais, Epopéias e Pícaros", nota 36. Cf. nota 12.
9.
É
r
558 OTTO MARIA CARPEAUX
evocam tôda a atmosfera da poesia bucólica; mas a música verbal de Garcilaso é inconfundível. Entre os inúmeros sucessores espanhóis de Garcilaso, na poesia idílica,
distingue-se Pedro de Espinosa (63), reabilitado por Cossío, depois de esquecimento multissecular; na sua Fábula de Genil, a personificação de um rio - lugar-comum
da poesia bucólica - dá ocasião para criar um mundo úmido de côres e reflexos, antecipação imediata da paisagem barrôca das Soledades, de Góngora.
A écloga portuguêsa começou fora dos moldes classicistas: Bernardim Ribeiro e Cristóvão Falcão são poetas autóctones, e o que parece idealização sentimental nas
suas églogas, é feitio nacional, já se encontrando assim na poesia galaico-portuguêsa. Também as églogas de Camões (64) diferem caracteristicamente das églogas do
seu modêlo Garcilaso; o tom é mais elegíaco, às vêzes desesperado.. Na Égloga I, diálogo dos pastôres Umbrano e Frondelio, uma paisagem muito parecida com a da Égloga
I, de Garcilaso, dá "quieto sono aos cansados", as lamentações se acumulam, e quando o poeta pretende enfim resolver a dissonãoncia em harmonia, termina a égloga
em língua castelhana. Grande parte da poesia portuguêsa quinhentista é bilíngüe assim. A paisagem aparece com contornos mais visíveis na poesia de Diogo Bernardas
(65) : a
63) Pedro de Espinosa, 1578-156O.
A Fabula de Genil encontra-se na coleção Primeira parte de Ias Flores de poetas ilustres de Espana (16O5), editada pelo próprio Espinosa.
Edição das Obras de Espinosa por F. Rodríguez Marín, Madrid, 19O7.
F. Rodríguez Marín: Pedro Espinosa, estudio biográfico, bibliográfico y critico. Madrid, 19O7.
I. M. Cossío: "La Fábula de Genil de Pedro Espinosa". (In: Siglo XVII. Buenos Aires, 1939.)
A. Lumsden: "Pedro de Espinosa". (In: Liverpool Studies an Spa
nish, II, 1946.)
64) Cf. nota 55.
65) Diogo Bernardas, c. 153O - c. 16OO.
Rimas várias, Flores do Lima (1596).
Edição por Marques Braga, 3 vols. Lisboa, 1945/1946.
HISTÓRIA DA LITERATURA OCIDENTAL 559
"doce música", muito censurada, dos seus versos, oculta êsse espírito rústico que o distingue de Camões, e a sua Égloga Sylvia não é certamente das piores; em Coimbra
permanecerá a sua memória. O último dêsses bucolistas portuguêses da Renascença será Francisco Rodrigues
Lôbo (66) ; é, outra vez, transição para o Barroco.
O bucolismo encontrou os seus amadores mais pertinazes na Inglaterra; a poesia da Natureza constitui uma das tradições nacionais mais permanentes. Alexander Barclay
(67) é um espírito meio medieval; traduziu para o inglês o Narrenschiff, a sátira carnavalesca do alemão Sebastian Brant. Mas também é o primeiro poeta europeu que
imita em língua nacional as églogas latinas de Baptista Mantovano. O papel excepcional da poesia bucólica na história da literatura inglêsa revela-se por outro fato,
mais importante: as 12 éclogas do Shepheardes Calender (1579),
de Edmund Spenser (68), são éclogas como tôdas as ou
tras; os amôres rústicos de Colin Clout com a sua Rosalind constituem confissão autobiográfica, e as alusões políticas a acontecimentos contemporâneos são numerosas;
a imitação de Marot e Baptista Mantovano é manifesta. Mas foi nessas églogas que Spenser criou a linguagem da poesia inglêsa moderna. Os poetas que continuaram a
poesia bucólica, tornando-a cada vez mais inglêsa, já se mencionaram: Samuel Daniel, Michael Drayton, William Browne
(6O). Phineas Fletcher (7O) acrescentou a variedade italia66) Églogas (16O5). (Cf. nota 8O.) 67) Alexander Barclay, c. 1475-1552.
Eclogues (c. 1515) ; The Shyp of Folys o} the Worlde (15O9; tradução do Narrenschiff de Sebastian Brant).
Edição das Eclogues (com introdução) por B. White, London, 1928.
68) Cf. nota 45.
69) Cf. notas 38, 39, 44.
7O) Phineas Fletcher, 1582-165O.
Piscatory Eclogs (1633).
Edição das obras por A. B. Grosart 4 vols., London, 1869. A. B. Langdale: Phineas Fletcher. New York, 1934.
56O OTTO MARIA CARPEAUX
na das églogas pescatórias. Enfim, Milton conseguirá a síntese da forma classicista com o espírito da paisagem inglêsa: no Allegro, no Penseroso, no Lycidas. Na
Inglaterra, a égloga classicista de Milton substitui a fase barrôca; depois começará a dissolução do gênero, e a écloga inglêsa do século XVIII será coisa diferente:
instrumento de reivindicações sociais e enfim transição para o préromantismo.
Existe muita poesia campestre na literatura francesa; mas difere se°isivelmente da poesia bucólica. Quando os poetas franceses foram para os campos, brincaram como
anacreônticos, ou ocorreu-lhes sómente o lugar-comum do "Beatos ille qui procul negotüs", ou então resolveramse a voltar logo para a cidade. Marot exerceu influência
sôbre a poesia bucólica; mas os seus rondeaux lembram antes Charles d:"Orléans. As Bucoliques de Ronsard (71) são mais clássicas do que renascentistas. O único legítimo
poeta bucólico da Pléiade é Belleau (71) : a sua Bergeria inicia a série dos idílios à maneira do Rococó. Muito tarde, em 1569, François de Belleforest deu na sua
Pastorale amoureuse a primeira imitação francesa de Garcilaso. Os motivos da impossibilidade de aclimar na França a égloga italiana revelam-se, em parte, na poesia
de Claude Gauchei (73) : a descrição bastatne realista e sincera da vida rústica é interrompida pelas amargas lamentações dos cam
71) Cf. nota 25.
As Bucoliques compõem-se de 7 éclogas: HV (156O), V-VI (1564), VII (1567).
72) Remi Belleau, 1328-1577.
La Bergerie (1565).
Edição de La Bergerie na edição das obras de Belleau, por M. Marty-Laveaux, 2 vels., Paris, 1877-1878.
A. Eckhardt: Remi Belleau, sa vie, sa bergerie. Budapest, 1917.
73) Claude Gauchet (não é possível verificar os anos de nascimento e morte; o poeta estava ainda vivo em 162O).
Le Plaisir des chames en quatre parties selou les saisons de l:"année (1583).
Edição (com introdução) por E. Jullien, Paris, 1879.
HISTÓRIA DA LITERATURA OCIDENTAL 561
pônios, que aparecem, por sinal, com nomes franceses, como Phlippot e Michaut, em vez dos convencionais nomes gregos; queixam-se da devastação do país pelas guerras
religiosas, da brutalidade dos mercenários e da indiferença dos grandes com respeito aos sofrimentos do povo. É evidente que campos assim maltratados não se prestavam
para teatro de idílios de evasão. As últimas églogas francesas são meras peças de salão: tais as Eglogues de Jean Regnauld de Segrais (1624-17O1), poeta "précieux".
O caráter aristocrático da evasão bucólica revela-se, com tôda a evidência, no romance pastoril (74). O modêlo do gênero é uma obra do "Quattrocento" : a Arcadia,
de Sannazaro (75) : série de quadros da vida rústica, idealizada, com poesias bucólicas insertas. Quase não há ação; a evasão do século XV deseja, antes de tudo,
a imobilidade. O romance pastoril do século XVI, apesar da imitação direta de Sannazaro, é diferente. Continua o ideal da "Arcádia", da paisagem fechada, sem litoral,
sem expansão geográfica e transformações sociais, o ideal agrário do feudalismo. Mas a aristocracia do século XVI defende-se; deseja ação, ação bélica, façanhas
românticas como as apresentam Ariosto e Spenser. Para conseguir essa transformação do romance pastoril, junta-se ao idílio arcádico a ação aventurosa do romance
de cavalaria. Na Menina e Môça, de Bernardim Ribeiro (7°), o romance pastoril e o romance de cavalaria estão em mera justaposição. No século XVI, produziu-se a união
completa, envolvendo os doces heróis e heroínas pastoris em aventuras romanescas à maneira do Amadis. O Amadis de Gaula, embora produto de tempos anteriores, publicou-se
em 15O8, e o Palmeirim de Inglaterra, em 1547;
74) H. Rennert: The Spanish Pastoral Romances. Baltimore, 1892. H. Genouy: L:"Arcadia de &dney dares ses rapports avec l:"Arcadia de Sannazaro et Ia Diana de Montemayor.
Paris, 1926.
Cf. "Quattrocento", nota 3O.
Cf- "Outono da Idade Média", nota 16.
75) 76)
#562 OTTO MARIA CARPEAUX
HISTÓRIA DA LITERATURA OCIDENTAL
563
entre êles e depois dêles, há a massa de imitações menores
(77), e não precisamos do testemunho de Cervantes para
saber que a literatura amadisiana era a mais divulgada e lida do século XVI Romance pastoril e romance de cavalaria crescem juntos; em muitos romances de cavalaria
ocorrem cenas pastoris, e o romance pastoril enche-se, em grau maior, de aventuras de cavalaria, para satisfazer o desejo de ação ilusória dos seus leitores. Isto
acontece em tôda a parte, menos na Itália, onde só pode ser citada .a Diana (1627), de Giovan Francesco Loredano, que aliás já é ,imitação da Argenis, do inglês
John Barclay; a aristocracia italiana, sob o domínio espanhol, nem sentiu o desejo de ação.
A união do assunto pastoril com o assunto de cavalaria tornou a Espanha centro do gênero assim transformado: a voga começa depois da primeira metade do século, quando
a grande maioria dos Amadises já existia. O novo modêlo é a Diana, de Montemayor (78). Participa dos defeitos que tornam hoje impossível a leitura das obras dêsse
gênero: a expressão afetada, o artifício dos pastôres e ninfas; até mesmo os "selvagens" que aparecem são muito meigos. Mas pelo menos em Montemayor aquêle estilo
é resultado de uma arte deliberada de prosa musical, e as poesias insertas são de grande beleza. O mesmo elogio restrito se deve à Diana enamorada, de Gil Polo (72),
que é,
em certo sentido, o melhor dos romances pastoris; a paisagem, a da Espanha meridional, é realmente vista. Também a Galatea (1585), de Cervantes, pela qual o seu
autor tinha predileção especial, não merece esquecimento completo. Quanto ao resto, basta citar alguns títulos para demonstrar a divulgação do gênero: Arcadia (1598)
e Pastores de Belén (1612), do grande Lope de Vega, notáveis pela inserção de poesias encantadoras; Pastor de Filida (1582), de Luis Gálvez de Montalvo, Primeira
Parte de Ias Ninfas y Pastores de Henares (1587), de Bernardo González de Bobadilla, Cintia de Aranivez (1629), de Gabriel de Corral, Pastores de Betis (1633), de
Gonzalo de Saavedra, e assim por diante. Em Portugal, a Lusitânia Transformada (16O7), de Fernán Alvarez do Oriente é apenas um título a mais, ao lado dos três romances
pastoris de Rodri
gues Lôbo (8O), poeta interessante e romancista curioso, uma das muitas personalidades notáveis da chamada "decadência" portuguêsa do século XVII.
Do ponto de vista histórico, o mais importante romance pastoril do século XVI é a Arcadia (publicada em
159O), de Sidney (8"1): é a fusão mais completa do romance
pastoril com o romance de cavalaria. Daí as aventuras complicadíssimas e inverossímeis, que, apesar de grande poeta, Sidney não sabia dominar senão numa prosa complicada
e ilegível. O artifício não foi imediatamente aceito. São
mais simples, mais rústicos, ou antes, mais no gôsto ita
liano do que espanhol, o Pandosto, de Greene (82), do qual
77) Cf. "Outono da Idade Média", nota 3.
78) Jorge de Montemayor, c. 152O-1561.
Diana (1558/1559).
Edição por M. Menéndez y Pelayo (Nueva Biblioteca de Autores 8O) Francisco Rodrigues Lôbo, 158O-c. 1623. (Cf. nota 66J
Espanoles, vol. VII). 81) A Primavera (16O1) ; O Pastor Peregrino (16O8) ; O Desenganado
G. Schoenherr: Jorge (1614); A Côrte na Aldeia e Noites de Inverno (1619).
Ric. Jorge: Francisco Rodrigues Lôbo, Estudo Biográfico e Críti
co. Coimbra, 192O.
Cf. nota 4O e nota 74.
de Montemayor, seira Leben und seira
Baltimore, 1892.
Schaeferroman. Marburg, 1886. Romances.
la Novela.
H. Rennert: The Spanish Pastoral
M. Menéndez y Pelayo: Orígenes de
Vol. I. Madrid,
19O5. 82) Robert Greene, c. 1558-1592. (Cf. "Teatro e Poesia do Barroco
79) Gaspar Gil Polo, t 1591. Protestante", nota 47)
Diana Enamorada (1564). Pandosto, or Dorastus and Fawnia (1588).
Edição do romance por P. G. Thomas, London, 19O7.
J. C. Jordan: Robert Greene. New York, 1915.
Edição: Nueva Biblioteca de Autores Espanoles. vol. XVII.
Cf. as obras de Rennert e Menéndez y Pelayo, citadas na nota 78.
#564 OTTO MARIA CARPEAUX
Shakespeare tirou o enrêdo do Winter:"s Tale, e a Rosa
lynde, de Lodge (83), da qual Shakespeare tirou o enrêdo de
As You Like It. O artifício bucólico só venceu na Inglaterra com o triunfo do gôsto barroco. E mesmo então, não venceu em língua inglêsa: a Argenis, de John Barclay
(s4), foi escrita em latim. E o assunto pastoril serve ali de pretexto alegórico para defender a teoria do direito divino dos reis. É o Barroco.
A Argenis foi publicada em Paris e pertence a um gênero algo diferente, à única espécie de romance pastoril que se aclimou na França. Nesta variedade, as aventuras
de cavalaria continuam ocupando os pastôres, mas os guerreiros são retransformados em cortesãos, e os episódios eróticos se confundem com as doutrinas políticas
à maneira como as grandes damas das côrtes barrôcas exerceram influência política. Inicia-se êsse novo subgênero com a famosa Astrée, de D:"Urfé (1% mistura curiosa
do Amadis, da Diana e de diversas teorias pseudociertíficas; a complicada estratégia de amor que D:"Urfé ensina, é alegoria da estratégia de que o cortesão precisa
para alcançar os seus fins políticos e pessoais. O tamanho demasiadamente grande da obra não facilita a leitura; tampouco o
o que a fama de que goza.
um dos heróis da história,
ria fastidiosa e de bucolismo
Mas já se observou que aquela
e da psicologia novelística no
De La Fayette, Racine, Marisseau e Georges Sand herdaram
e outro crítico observou que a mêço do século XVII se reconhece do mesmo modo por que outra is tarde, na Recherche du temes
Astrée não pode, aliás, ser chamada caminho do romance heróico-galante ma da epopéia aristocrática.
e encontraram, por sinal, imitação em burguesa: na Alemanha e na Holanda. iosidades a Batavische Arcadia (1637),
Van Heemskerk, e a Adriatische Rosaalemão Philip von Zesen, cujo enrêdo na Holanda; duas obras apreciáveis, por
toril, transportado para a paisagem holanencanto inesperado. São duas obras signintade da burguesia de imitar o modo aristoer.
tos artifícios, é um descanso encontrar uma 1 que é, de todo, sincera e verdadeira. Mas, so triste. Trata-se da Consolação às Tribula-
ael, do judeu português Samuel Usque (ag), re-ltália, perseguido pela Inquisição. A Consolapoderoso libelo, cheia da fôrça verbal dos proVelho Testamento; e o perseguido,
volvendo os ra trás, para o passado da sua nação infeliz, des
83) Thomas Lodge, c. 1557-1625.
Rosalynde, Euphues Golden Legacie (159O). Edição por W. W. Greg, London, 19O7.
E. A. Tenney: Thomas Lodge. Ithaca (N. Y.), 1935.
84) John Barclay, 1582-1621.
Argenis (1621).
L. Boucher: L:"Argenis de John Barclay. Paris, 1874. K. F. Schmid: John Barelay:"s Argenis. Berlin, 19O4.
85) Honoré D:"Urfé, 1568-1625.
L:"A,strée, ou par plusieurs histoires et sons personnes des berge et d:"autres sont déduits les divers effets de l:"Honnête Amit (16O7/1627).
Edição por H. Vaganay, 2 vols., Lyon, 1925/1926.
O. C. Reure: La vie et les oeuvres d:"Honore D:"Urfe. Paris, J. Bonfiglio: Les sources littéraires de l:"Astrée. Torino, 19 H. Boschet: L:" Astrée, ses origines,
son
importante. Genève M. Magendie: L:"Astrée d:"Honoré D:"Urfé. Paris, 1929.
muel Usque.
nsolaçam às tribulações de Israel. Ferrara, 1953.
dição por Mendes dos Remédios. 3 vols. Coimbra, 19O6/19O8. eixeira Régo: Estudos e controvérsias. Vol. II. Põrto, 1931.
#5616 OTTO MARIA CARPEAUX
cobre lá outra paisagem bucólica, a dos patriarcas de Israel, que eram também pastôres. O idílio é de evasão, mas, desta vez, a evasão, a fuga, era realidade amarga;
é o único romance pastoril de verdade.
A poesia lírica petrarquesca, o poema romântico-fantástico e os gêneros pastoris são as principais formas de expressão da Renascença aristocrática. A aristocracia
é, ao lado da Igreja romana e do Humanismo, uma das fôrças internacionais da época, e, por isso, a Renascença aristocrática foi uma Renascença internacional; partindo
da Itália, conquistou as literaturas que já na Idade Média tinham constituído, sob a liderança da literatura latina e da francesa, o corpus da literatura européia:
a espanhola e a portuguêsa, a francesa e a holandesa, a inglêsa e a alemã, com excursões ocasionais pela Dinamarca e Escandinávia. A Renascença internacional do
século XVI conquistou novas regiões na Europa oriental: a Polônia, a Hungria e a Dalmácia; e essas conquistas têm bastante interêsse para a compreensão das formas
e da mentalidade da época.
Na Polônia, a competição do Humanismo com as questões religiosas da Reforma produziu entre a culta aristocracia rural um movimento comparável à Pléiade francesa,
movimento do qual Jan Kochanowski (87) é o maior representante; um poeta realmente grande. Amigo de Ronsard e estudioso de Petrarca, as suas verdadeiras fontes de
inspiração estão, no entanto, na literatura latina: em Horácio aprendeu o equilíbrio da alma, e em Pontano o tom pes
87) Jan Kochanowski, 153O-1584.
Saltério (1578) ; A Despedida dos Mensageiros Gregos (1578) ; Threny (158O); Fraszki (1584).
Edição por A. Brueckner, 2 vols., Lwow, 1924.
M. Brahmer: Der Petrarchismus in der polnischen Poesie des 16. Jahrhunderts. Kraków, 1927.
St. Windakiewicz: Jan Kochanowski. Kraków, 193O. (Em língua polonesa.)
J. Langlade: Jean Kochanowski, Vhomme, le penseur, le poète lyrique. Paris, 1932.
K. Weintraub: Der Stil Koehanowski:"s. Kraków, 1932.
sol iraram-lhe os Threny, 19, ca de sua filha Úrsula. Tôda a ssim dizer, uma coleção de i sua fôrça de assimilação
essões pessoais: a inspiraade, no dignificado Saltério:"; gédia sofocliana, na peça A. regos, tirada da Ilíada; a poe
que o habitante das florestas 1 aos civilizados. Mas nenhum szki (`Burlas:"), que nem todos cie de diário poético de um hocom espírito de independência ambiente
ainda
meio bárbaro.
tipo "cortegiano" na Hungria é
na Europa oriental do século XVI,
rtesão e mais aventureiro, as lutas
ao mais primitiva. Balassa era hu
modo, um aristocrata e oficial hún
não teria pensado em fazer versos.
entosa, amargas experiências auroro-.
guerra na fronteira, contra os turcos,
poesia tôda pessoal, na qual se re
característicos da poesia popular. Ba
Garcilaso e Sidney, no campo de ba
as suas poesias foram descobertas, e a
empre colocada entre tradições, popula
ocidentais, reconheceu-se no seu primeiro
l
oso4uaM os a uawsa
1dw!s sow
o!aou!F,,oo~ oou anb wn nugOJSa ika JO41J 5,9 wn
P O,)b
JoJla~ o Zoí anb woluas
q op,
9,, 1551-1594.
ivulgaram-se só em manuscrito; redescobertas em ~cadas em 1879.
L. Dézsi, 2 vols., Budapest, 1923.
t: "Balassa e Petrarca". (In: Corvina, I, 1921.)
dt: Az Ismeretlen Balassa Belint. Budapest, 1941.
a húngara.)
#568 OTTO MARIA CARPEAUX
De uma literatura inteira se trata na Dalmácia, onde a cidade de Ragusa conseguiu conservar, contra venezianos e contra turcos, a sua independência nacional e a
sua constituição republicana, à maneira das cidades medievais. Riqueza comercial e relações freqüentes com Veneza e outras cidades italianas criaram em Rag,tsa uma
curiosa civilização, de tipo italiano e expressão croata. A literatura de Ragusa (89) foi, durante mais de dois séculos, o pôsto mais avançado da civilização européia.
A relação de nomes e obras tem pouco interêsse ; mas só assim se pode dar idéia de um dos esforços mais sérios de europeizar os Balcãs, ou antes, manter a civilização
européia num lugar esquecido, em que êsse esfôrço não está, até hoje, plenamente realizado. Os nomes mais antigos são Djordji Drzic (1461-15J1), que escreve sonetos
petrar
quescos, e Petar Hektorovic (1487-1572), tradutor de Ovídio e autor de uma égloga piscatória, Riban je; e Hannibal
Lucic (1485-1553), autor de A Escrava. Andreas Cubranovic (t 155O) publicou em 1527 a Cigana, poema humorístico para o carnaval, uma das poucas obras da literatura
ragusana que sobrevivem na memória dos iugoslavos. Basta
fazer menção rápida de Mavro Vetranic (t 1576), que no Peregrinos pretendeu dar uma visão dantesca, citar o petrarquista Dinko Ranjina (t 16O7), e Dinko Zlataric
(t 16O9), tradutor do Aminta, de Tasso, para chegar ao maior
poeta de Ragusa, e talvez das literaturas iugoslavas: Ivo
89) A. Pavic: História do Teatro Ragusano. Zagreb, 19O1. (Em lín
gua croata.)
M. Medini: História da Literatura Croata na Dalmácia e em Ragusa. Vol. I. Zagreb, 19O2. (Em língua croata.)
As obras de Hektorovic e Lucic foram reeditadas em: Stari Pisei Hrvatski, vol. VI, Zagreb, 1874. Cf. também:
A. Cronia: II Canzoniere raguseo de 15O7. tara, 1927.
J. Torbarina: Italian InJZuence on the Poets of the Ragusan Republic. London, 1931.
MaiAab sawl VOA mIN -
oiaóssa(sorriso)au a}uawsaldwis sow oso#u9o# ós á oou anb wn :ougwplooa{xa Jo;uasa wn
nijgoasap anb iquas
-:"oiial o zol anb wog ool
sua poesia confundem-se, de
tenção de Tasso com o cristia
contra os turcos e a inspiração
A epopéia Osman, tratando das
tra os turcos, já é uma imitação
foi escrita em plena época bar
temporâneo, e o espirito é o dos
ris do povo, mas de nobreza aris
ente, embora também inspirada
de Gundulic, o drama pastoril
dá a impressão de uma ilha de
meio de um mar bárbaro, lem
agusa, que florescem entre os ro
tos frios das montanhas, deixando
Grécia e do mar Jônico. Depois
ia é manifesta. Mas ocorrem os
tic (t 1657), que deu uma versão
ida, e Jacobus Palmotic (t 168O),
ca do terremoto de 1667, que des
a. No século XVIII, ainda haverá
ata, e alguns padres ragusanos po
pulares dos sérvios, para encanto
erimée, e de todos os românticos.
ra ragusana já não existe. O dat
ando-se um dos grandes espíritos
o século XIX, pagará uma dívida
OUIU
o aristocrático do século XVI eno mais poderosa e mais trágica fora
588-1638. vka (1628).
agreb, 1877; Edição crítica por M. Pesetar,
och Osman. Goeteborg, 19OO.
a delta Gerusalemme Liberata del Tasso sul Roma, 1925.
de Gundulic, considerado do Ponto de Vista
9. (Em língua croata.)
#S70 OTTO MARIA CARPEAUX
da literatura na pessoa do imperador Carlos V, que pretendeu, pela última vez, realizar a monarquia universal segundo o conceito de Dante, e que sucumbiu contra
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