Português: contexto, interlocução e sentido



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. Acesso em: 26 fev. 2016.

A 1ª loja do Brasil certificada AQUA – Alta qualidade ambiental.



3. Qual é o objetivo do anúncio?

a) Que imagem o anunciante apresenta de si mesmo com esse anúncio?

b) O que, no anúncio, permite identificar essa imagem?

4. Na placa, há uma oração que especifica uma das atitudes do anunciante para contribuir com a preservação do meio ambiente. No caderno, transcreva essa oração.

a) Classifique a oração que você transcreveu.

b) De que forma o uso dessa oração contribui para o sentido persuasivo do anúncio?
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Leia a tira a seguir para responder à questão 5.

RECRUTA ZERO

MORT WALKER

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© 2016 KING FEATURES/IPRESS

WALKER, Mort. Recruta Zero. O Estado de S. Paulo. São Paulo, 2 maio 2001.

5. No segundo quadrinho da tira, entendemos o motivo pelo qual o retrato do general Dureza não passou pela porta. Qual é ele?

a) Qual é a explicação dada pela secretária para esse fato?

b) Que relação sintática de subordinação se estabelece entre as orações em que essa explicação é apresentada? Justifique, classificando-as.

c) Reescreva no caderno a oração subordinada adverbial da tira, substituindo as estruturas que indicam a relação sintática por ela estabelecida por outras equivalentes.

Em todos os períodos abaixo, há orações subordinadas adverbiais reduzidas. Leia-os atentamente para responder à questão 6.

I. Afastando-se de Clara naquele momento, João conseguiria esquecê-la.

II. Mantida uma preocupação exagerada com a opinião alheia, nenhum de nós poderá levar a vida adiante.

III. Ocupado demais com seus próprios interesses, Rogério deixou de ver o que era realmente importante.



6. Transcreva no caderno as orações subordinadas adverbiais reduzidas que aparecem nos períodos I, II e III e classifique-as.

> Transforme essas orações reduzidas em desenvolvidas, mantendo as relações sintáticas de subordinação estabelecidas nos períodos.

Analise a tira a seguir para responder às questões 7 e 8.

LAERTE


0220_002.jpg

© LAERTE


LAERTE. Classificados: livro 1. São Paulo: Devir, 2001. p. 43.

7. Para explicar por que não pode comprar pipocas, o menino recorre a uma oração subordinada. Qual é ela? Como deve ser classificada?

a) Que relação de sentido foi estabelecida entre as informações presentes na fala do menino?

b) O pipoqueiro concorda com a mãe do menino. Que argumento ele apresenta para justificar sua posição?

8. O humor da tira está associado a um período composto por subordinação presente na fala do pipoqueiro. Qual é ele?

> Como se classificam as orações desse período? Explique qual a relação entre o período identificado e o efeito de humor criado na tira.
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Enem e vestibulares

(FGV)

I. Mandou, chegou.

(Slogan publicitário de uma empresa de serviço de encomenda expressa.)



II. Vim, vi, venci.

(Tradução de uma frase latina, atribuída ao general e cônsul romano Júlio César.)



a) A ordem dos verbos, nas duas frases, é aleatória ou é determinada por algum fator específico? Explique.

b) Transcreva no caderno essas frases, unindo as orações que compõem cada uma delas mediante o emprego das conjunções adequadas à relação de sentido que nelas se estabelece.

Usos das orações subordinadas adverbiais consecutivas

Entre as orações adverbiais mais empregadas estão as que chamamos de adverbiais consecutivas, que servem para indicar uma consequência do que se afirma em outra oração. Geralmente, as orações consecutivas são antecedidas por um advérbio de intensidade (tão, tanto, tamanho, etc.) ou por um adjetivo modificado por esse tipo de advérbio. No texto que você irá ler a seguir, há várias ocorrências de orações adverbiais consecutivas. As conjunções que introduzem essas orações estão marcadas na cor laranja, e os verbos de cada oração, na cor verde. Ao ler o texto, procure observar o tipo de informação que a oração consecutiva acrescenta ao conteúdo da oração com a qual se relaciona.



Meu ideal seria escrever...

Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse – “ai meu Deus, que história mais engraçada!”. E então a contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa, enlutada, doente. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso, e depois repetisse para si própria – “mas essa história é mesmo muito engraçada!”.



Que um casal que estivesse em casa mal-humorado, o marido bastante aborrecido com a mulher, a mulher bastante irritada com o marido, que esse casal também fosse atingido pela minha história. O marido a leria e começaria a rir, o que aumentaria a irritação da mulher. Mas depois que esta, apesar de sua má vontade, tomasse conhecimento da história, ela também risse muito, e ficassem os dois rindo sem poder olhar um para o outro sem rir mais; e que um, ouvindo aquele riso do outro, se lembrasse do alegre tempo de namoro, e reencontrassem os dois a alegria perdida de estarem juntos.

Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera a minha história chegasse – e tão fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida e tão pura que todos limpassem seu coração com lágrimas de alegria; que o comissário do distrito, depois de ler minha história, mandasse soltar aqueles bêbados e também aquelas pobres mulheres colhidas na calçada e lhes dissesse – “por favor, se comportem, que diabo! Eu não gosto de prender ninguém!”. E que assim todos tratassem melhor seus empregados, seus dependentes e seus semelhantes em alegre e espontânea homenagem à minha história.

E que ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil maneiras, e fosse atribuída a um persa, na Nigéria, a um australiano, em Dublin, a um japonês em Chicago – mas que em todas as línguas ela guardasse a sua frescura, a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que no fundo de uma aldeia da China, um chinês muito pobre, muito sábio e muito velho dissesse: “Nunca ouvi uma história assim tão engraçada e tão boa em toda a minha vida; valeu a pena ter vivido até hoje para ouvi-la; essa história não pode ter sido inventada por nenhum homem, foi com certeza algum anjo tagarela que a contou aos ouvidos de um santo que dormia, e que ele pensou que já estivesse


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O objetivo desta tarefa é levar o aluno a utilizar uma das estruturas mais recorrentes da língua – as orações subordinadas adverbiais – e produzir, por meio da estrutura selecionada, efeitos de sentido específicos, tal como as orações subordinadas adverbiais consecutivas na crônica de Rubem Braga.

No momento de avaliar as crônicas escritas pelos alunos, é necessário observar se eles foram capazes de reproduzir uma estrutura sintática recorrente a partir da escolha de uma das relações propostas na tarefa: condição, tempo ou causa. Além disso, deve-se analisar se os alunos estabeleceram corretamente a correlação tempo/modo entre os verbos que ocorrem na oração principal e os das orações subordinadas.

morto; sim, deve ser uma história do céu que se filtrou por acaso até nosso conhecimento; é divina”.

E quando todos me perguntassem – “mas de onde é que você tirou essa história?” – eu responderia que ela não é minha, que eu a ouvi por acaso na rua, de um desconhecido que a contava a outro desconhecido, e que por sinal começara a contar assim: “Ontem ouvi um sujeito contar uma história...”.

E eu esconderia completamente a humilde verdade: que eu inventei toda a minha história em um só segundo, quando pensei na tristeza daquela moça que está doente, que sempre está doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa de meu bairro.

BRAGA, Rubem. O meu ideal seria escrever. In: As cem melhores crônicas brasileiras / Joaquim Ferreira dos Santos, organização e introdução. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. p. 94-95.

O texto que você acabou de ler é de autoria de Rubem Braga, um dos principais cronistas brasileiros do século XX. Vemos na crônica diversas ocorrências de orações adverbiais que são introduzidas pela conjunção que e trazem, em seu predicado, verbos na forma do pretérito imperfeito do subjuntivo, como chegasse, mandasse, lembrasse, tratasse, etc. Trata-se de orações adverbiais consecutivas, pois indicam uma consequência ou um efeito de algo que foi apresentado em outra oração.

Você deve ter observado que a grande maioria dessas orações subordinadas consecutivas está ligada à oração com o verbo escrever, que aparece logo no início do texto. Veja alguns exemplos a seguir. Observe que todas as orações introduzidas pela conjunção que trazem um efeito relacionado à expressão tão engraçada, que modifica o substantivo história no interior da oração com o verbo escrever.

Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada...

... que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto...

... que minha história fosse como um raio de sol...

Que nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera a minha história chegasse – e tão fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida...

... que o comissário do distrito, depois de ler minha história, mandasse soltar aqueles bêbados e também aquelas pobres mulheres colhidas na calçada...

... que em todas as línguas ela guardasse a sua frescura, a sua pureza, o seu encanto surpreendente...

... que no fundo de uma aldeia da China, um chinês muito pobre, muito sábio e muito velho dissesse...

As orações consecutivas desempenham um papel tão importante dentro da crônica que o seu uso também é observado no interior de outras orações também consecutivas.

No esquema apresentado a seguir, você pode visualizar como se dá, no texto, a articulação de uma oração consecutiva com outra oração do mesmo tipo.

Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada...

que aquela moça que está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal risse, risse tanto...

que nas cadeias, nos hospitais, e em todas as salas de espera a minha história chegasse – e tão fascinante de graça, tão irresistível, tão colorida e tão pura...

que chegasse a chorar e dissesse – “ai meu Deus, que história mais engraçada!”.

que todos limpassem seu coração com lágrimas de alegria...

Essas sucessivas articulações que envolvem um mesmo tipo de oração servem para realçar o efeito que o cronista gostaria de produzir com a criação de uma história que ele define como “tão engraçada”.

O fato de os verbos dessas orações serem sempre flexionados no pretérito imperfeito do Subjuntivo mostra que estamos diante de algo que não é real. Em outras palavras, a série de consequências indicadas pelas orações consecutivas produzidas pelo cronista é a expressão do seu desejo, e não de algo que tenha se concretizado.

Pratique

As orações subordinadas adverbiais são classificadas de acordo com o tipo de circunstância que acrescentam ao predicado da oração principal. Essas orações desempenham, por essa razão, um importante papel na construção de sentido de um texto: por meio delas, é possível apresentar uma série de informações que nos remetem, por exemplo, ao contexto em que um enunciado é produzido e às intenções de quem os produziu. Na crônica que você acabou de analisar, as orações adverbiais consecutivas fazem referência a circunstâncias específicas que são, em todos os casos, interpretadas como sendo consequências possíveis do que se afirma em outra oração.

A sua tarefa será produzir uma crônica com várias ocorrências de um mesmo tipo de oração subordinada adverbial, a partir da seguinte afirmação inicial: Eu sei que terei um dia feliz se... ou Eu sei que terei um dia feliz quando... ou Eu sei que terei um dia feliz porque...

Elabore sua crônica de modo a produzir um efeito especial com o tipo de oração selecionado. Observe a conjunção que você escolheu para introduzir essas orações e use apropriadamente os tempos e modos verbais no interior de cada período.



Sugestão de atividade complementar. Como tarefa adicional, é interessante solicitar ao aluno que faça uma pesquisa para encontrar um texto no qual um tipo de oração adverbial é empregado diversas vezes para produzir um determinado efeito. Esse texto pode ser a letra de uma música, um poema, uma peça publicitária, um texto jornalístico, etc. É importante o aluno ter em mente que não apenas as orações subordinadas adverbiais podem acrescentar informações ao que se afirma em outra oração. Todos os tipos de oração que foram estudados (as coordenadas, as subordinadas substantivas e as subordinadas adjetivas, além das subordinadas adverbiais) se articulam com outras orações para produzir os mais diferentes efeitos de sentido.
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Gramática

Unidade 4 - Articulação dos termos na oração

Nos capítulos desta unidade você vai aprender como se caracteriza a variedade culta do português com relação à concordância nominal e verbal, à regência nominal e verbal e à colocação pronominal.

Uma discussão muito importante será a que trata do preconceito que sofrem os falantes que fazem uso das regras de concordância características de variedades sem prestígio social. O que diferencia o modo como esses falantes estabelecem as relações de concordância nominal e verbal daquele prescrito pela gramática normativa? Por que não faz sentido discriminá-los com base nessa diferença?

Capítulos

13. Concordância e regência, 224
• Concordância nominal e verbal
• Regência nominal e verbal


14. Colocação pronominal, 255
• Os pronomes oblíquos átonos
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Capítulo 13 - Concordância e regência

Concordância nominal e verbal

Leia com atenção o diálogo na tira abaixo para responder às questões de 1 a 3.

Níquel Náusea

Fernando Gonsales

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© FERNANDO GONSALES

GONSALES, Fernando. Níquel Náusea: vá pentear macacos! São Paulo: Devir, 1994. p. 29.

1. Nos dois primeiros quadrinhos da tira, Níquel Náusea repete uma mesma fala. Por que ele faz isso?

> Algo inesperado ocorre no terceiro quadrinho. Explique.

2. Você aprendeu que variedade linguística é cada um dos sistemas em que uma língua se diversifica, refletindo diferenças regionais, sociais, etc. Há, na tira, exemplos de duas variedades distintas. No caderno, transcreva as falas representativas de cada uma delas.

a) Qual das variedades que você transcreveu tem maior prestígio social e costuma ser empregada em situações de maior formalidade?

b) Considere o prestígio social de cada uma das variedades transcritas e explique por que o ratinho teria escolhido empregar a variedade que aparece nos dois primeiros quadrinhos para falar com a ratinha.

3. Do ponto de vista da gramática normativa, o que chama a atenção na fala representativa da segunda variedade? Explique.

O humor da tira do Níquel Náusea é construído a partir do confronto entre falas representativas de duas variedades linguísticas distintas. É interessante observar que, além da evidente diferença entre as palavras utilizadas para representar uma e outra variedades, há também marcas formais que as distinguem.

A principal diferença formal apresenta-se no modo como as palavras se relacionam, umas com as outras, no interior dos sintagmas.

Nos dois primeiros quadrinhos, vemos o rato “ensaiando” uma fala que, por sua estrutura, representa uma das variedades cultas da língua, mais adequada a um contexto formal e, por isso mesmo, um tanto artificial e deslocada no contexto informal e oral que a tira representa. No terceiro, ele “traduz” essa fala para sua variedade. Como se viu, o “choque” entre duas variedades tão distintas, no contexto da tira, produz o humor.

Quando comparamos as duas estruturas, percebemos uma evidente diferença no modo de expressar uma ideia de plural no interior das orações. Na variedade culta, o núcleo do sintagma nominal que atua como sujeito (coisas) determina que todos os termos que com ele se relacionam também assumam uma forma plural: as, ficam, brilhantes.
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Na variedade estigmatizada, observa-se um processo distinto: a ideia de plural é marcada somente uma vez, no artigo (as) que determina o núcleo do sintagma nominal (coisa).

A comparação entre os dois exemplos nos leva a concluir que, nas duas variedades linguísticas, são diferentes os mecanismos de concordância nominal e verbal.

Tome nota

Concordância é um processo utilizado pela língua para marcar formalmente as relações de determinação ou dependência morfossintática existentes entre os termos dos sintagmas no interior das orações.

A concordância nominal se estabelece entre o núcleo de um sintagma nominal (em suas flexões de gênero e número) e todos os termos que o determinam.

A concordância verbal se estabelece entre o verbo (em suas flexões de número e pessoa) e o sujeito da oração com o qual ele se relaciona.

Cuidado com o preconceito

A análise das estruturas presentes na tira do Níquel Náusea nos permite constatar algo muito importante sobre as relações de concordância: elas podem ser organizadas a partir de princípios diferentes. Por esse motivo, quando falantes de uma variedade estigmatizada disserem algo como As laranja tá madura, não devemos concluir que essas pessoas estão cometendo um erro gramatical. No sistema de concordância da variedade linguística que falam, a regra geral determina a flexão de número somente para o determinante do sintagma nominal (no caso, o artigo). Em termos do conteúdo informacional, uma fala como essa é equivalente à de um falante de outra variedade que diz As laranjas estão maduras.

O importante, quando refletimos sobre formas diferentes das estabelecidas pela gramática normativa, é lembrar que elas devem ser consideradas em seus contextos de ocorrência. Em situações formais, espera-se o respeito à norma gramatical.

Conheceremos, a seguir, as várias regras que, da perspectiva da gramática normativa, organizam as relações de concordância nominal e verbal no português.



Concordância nominal

Observe a tira.

MINDUIM

CHARLES SCHULZ



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PEANUTS, CHARLES SCHULZ © 1991 PEANUTS WORLDWIDE LLC./DIST. BY UNIVERSAL UCLICK

SCHULZ, Charles. Minduim. Jornal da Tarde. São Paulo, 17 fev. 2004.

Na fala de Snoopy, o adjetivo antigas refere-se ao núcleo do sintagma nominal tigelas de cachorro, que é o substantivo tigelas. Por esse motivo, flexiona-se no feminino plural para concordar com o termo que determina.



tigelas de cachorro antigas
sintagma nominal
núcleo do sintagma: tigelas

Embora haja uma série de regras específicas, a concordância nominal no português padrão é determinada por um princípio geral.


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Tome nota
Os adjetivos, pronomes adjetivos, artigos, numerais e particípios concordam em gênero e número com o núcleo do sintagma nominal que determinam, isto é, flexionam-se para gênero e número acompanhando as flexões do elemento substantivo (substantivo, pronome ou numeral substantivo) a que se referem.

Casos especiais

Os casos apresentados a seguir tratam especificamente da relação entre adjetivos e substantivos. Eles devem ser considerados referência para outras situações equivalentes em que ocorram pronomes ou numerais com valor adjetivo.

Adjetivos pospostos aos substantivos

Modificam dois ou mais substantivos

Quando um ou mais adjetivos modificam dois ou mais substantivos que os antecedem, há duas possibilidades de concordância.



1. O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo mais próximo. Nesse caso, entende-se que o adjetivo refere-se somente a esse substantivo. Veja.

A moça e o rapaz alto sentaram no fundo da sala.

1º substantivo (feminino, singular): moça
2º substantivo (masculino, singular): rapaz
adjetivo (masculino, singular): alto

2. O adjetivo flexiona-se no plural. Nesse caso, entende-se que o adjetivo refere-se a todos os substantivos que o antecedem. Veja.

A moça e o rapaz altos sentaram no fundo da sala.

1º substantivo (feminino, singular): moça
2º substantivo (masculino, singular): rapaz
adjetivo (masculino, plural): altos

Tome nota
Caso os substantivos a serem modificados por um adjetivo no plural sejam de gêneros diferentes, a concordância é feita no masculino.

Adjetivos antepostos aos substantivos

Modificam dois ou mais substantivos

O(s) adjetivo(s) concorda(m) em gênero e número com o primeiro substantivo da sequência.



Quando criança, eu costumava correr por vastos prados e campinas.

adjetivo (masculino, plural): vastos
1º substantivo (masculino, plural): prados
2º substantivo (feminino, plural): campinas

Quando criança, eu costumava correr por vastas campinas e prados.

adjetivo (feminino, plural): vastas
1º substantivo (feminino, plural): campinas
2º substantivo (masculino, plural): prados
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Dúvidas frequentes

Algumas palavras e expressões, na língua, costumam provocar dúvidas em relação à concordância nominal. Vamos conhecer alguns desses casos a seguir.

Obrigado(a)

Observe a fala de Hagar, no último quadrinho da tira abaixo.

HAGAR

CHRIS BROWNE



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© 2016 KING FEATURES/IPRESS

BROWNE, Chris. Hagar. Folha de S.Paulo. São Paulo, 8 maio 2002.

O particípio obrigado, na fala de Hagar, aparece no masculino. Isso acontece porque o referente desse termo é o próprio viking, que se afirma “obrigado” a alguém. No caso, é como se ele se afirmasse “obrigado” aos donos do castelo que acabou de saquear. Trata-se de um comportamento inesperado, porque é como se ele ficasse agradecido por ter tido a oportunidade de roubá-los.

Para compreender por que o particípio obrigado deve sempre concordar com quem agradece, precisamos lembrar que a expressão muito obrigado(a) deve ser entendida como “eu estou muito obrigado(a) a você” (isto é, algo que você fez em meu favor, ou algo que me deu de presente, me deixa com alguma obrigação em relação a você).

Tome nota
Na expressão muito obrigado, o particípio obrigado é usado com valor adjetivo e, por isso, deve concordar em gênero e número com o gênero da pessoa que fala. Portanto, se o agradecimento parte de uma mulher, a expressão deve assumir a forma feminina; se parte de um homem, deve assumir a forma masculina.

Menos

Menos é sempre invariável, tanto na sua função de pronome adjetivo indefinido (modificando substantivos) como na função de advérbio (modificando adjetivos).

Observe.


Depois das explicações, os alunos ficaram com menos dúvidas.

substantivo (feminino, plural): dúvidas
pronome adjetivo indefinido (invariável): menos

Andreia é menos ocupada do que sua irmã.
adjetivo (feminino, singular): ocupada
advérbio de intensidade (invariável): menos
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De olho na fala

Falantes de uma variedade linguística de menor prestígio costumam estabelecer a concordância de gênero entre o termo menos e o substantivo ou adjetivo ao qual está associado. É muito comum ouvirmos, por exemplo, algo como Tinha menas pessoas no jogo de ontem do que no da semana passada. Essa é uma concordância vetada pela gramática normativa.

Recentemente, porém, passou-se a utilizar na modalidade culta coloquial o termo menas com um valor irônico ou jocoso. Esse uso, inspirado em construções como a descrita, ocorre sempre que desejamos reprovar o comportamento exagerado de alguém. É importante notar que esse é um fenômeno exclusivo da fala e que o termo aparece isolado, sem modificar adjetivos ou substantivos, usado com valor de interjeição. É o que ocorre, por exemplo, na tira abaixo.

Geraldão

Glauco

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© GLAUCO/FOLHAPRESS

GLAUCO. Geraldão. Folha de S.Paulo. São Paulo, 23 jun. 2006.

Mesmo / próprio

Os chamados pronomes de reforço, mesmo e próprio, devem concordar em gênero e número com a pessoa a que fazem referência. Veja.



Foram as nadadoras mesmas que pediram a substituição do técnico.
substantivo (feminino, plural): nadadoras
pronome (feminino, plural): mesmas

As moradoras da favela construíram elas próprias o prédio para a escola comunitária.
pronome pessoal (feminino, plural): elas
pronome (feminino, plural): próprias

Meio

A palavra meio pode atuar como um numeral ou como um advérbio, a depender da palavra que modifica. Quando determina um substantivo, ela funciona como um numeral adjetivo, devendo, portanto, concordar em gênero com o substantivo. Veja.

Hagar

Chris Browne



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© 2016 KING FEATURES/IPRESS

BROWNE, Chris. Hagar. Folha de S.Paulo. São Paulo, 18 mar. 2006.
Página 229

No primeiro quadrinho, a fala de Helga exemplifica o uso de meio como numeral adjetivo, concordando em gênero com o substantivo que determina.

“… meia caneca de café, meio ovo …”
numeral adjetivo (feminino): meia
substantivo (feminino): caneca
numeral adjetivo (masculino): meio
substantivo (masculino): ovo

Quando modifica um adjetivo, sua função é de advérbio e, nesse caso, é invariável. Observe.



Mariana é meio desconfiada. Não acredita nas histórias que lhe contam as colegas.
advérbio (invariável): meio
adjetivo (feminino): desconfiada

Bastante

A palavra bastante também pode funcionar como adjetivo ou advérbio, a depender da palavra que modifica. Quando modifica um substantivo, ela tem valor adjetivo, devendo concordar em número com o substantivo a que se refere. Observe.



Compramos bastantes roupas na liquidação do shopping.

adjetivo (plural): bastantes

substantivo (plural): roupas

Quando modifica um adjetivo, sua função é de advérbio sendo, portanto, invariável. Veja.



Achei bastante complicadas as questões da prova de física.
advérbio (invariável): bastante
adjetivo (feminino, plural): complicadas

Anexo / incluso

Os adjetivos anexo e incluso devem concordar com o substantivo que modificam.



A cópia anexa do documento deve ser enviada ao juiz em envelope lacrado.
substantivo (feminino, singular): cópia
adjetivo (feminino, singular): anexa

Os certificados inclusos deverão ser assinados pelo diretor da escola.
substantivo (masculino, plural): certificados
adjetivo (masculino, plural): inclusos
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É proibido / é bom / é necessário

Expressões como é proibido, é bom, é necessário costumam criar problemas para alguns falantes da língua, que não sabem se os adjetivos proibido, bom e necessário devem concordar com o substantivo que modificam.

Há duas situações possíveis.

1. O substantivo que atua como núcleo do sujeito da oração vem precedido de artigo ou outro elemento determinante. Nesse caso, o adjetivo deve concordar, em gênero e número, com o substantivo.

Observe.


A cautela é necessária no trato com os animais ferozes.
artigo (feminino, singular): A
substantivo (núcleo do sujeito) (feminino, singular): cautela
adjetivo (feminino, singular): necessária

A entrada de animais é proibida no clube.
artigo (feminino, singular): A
substantivo (núcleo do sujeito) (feminino, singular): entrada
adjetivo (feminino, singular): proibida

A torta de maçãs da minha mãe é boa.
artigo (feminino, singular): A
substantivo (núcleo do sujeito) (feminino, singular): torta
adjetivo (feminino, singular): boa

2. O substantivo que atua como núcleo do sujeito da oração não é precedido por qualquer elemento que o determine. Nesse caso, o adjetivo deve permanecer no masculino singular. Veja a fala de Caramelo, no primeiro quadrinho da tira.

BICHINHOS DE JARDIM

CLARA GOMES

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© CLARA GOMES

GOMES, Clara. Bichinhos de jardim. Disponível em:


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