Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim



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Tanto o tema das classes sociais quanto o da estratificação social são muito discutidos na literatura sociológica, por comportarem diferentes concepções de divisão da sociedade. As sociedades ocidentais e algumas não ocidentais são apresentadas divididas em estratos e/ou camadas, ou seja, indivíduos e grupos estão dispostos de modo hierárquico na estrutura social.

LEGENDA: Charge de Samuca. A divisão em classes segundo a faixa de renda é considerada insuficiente pela maioria dos cientistas sociais.

FONTE: Samuca/Acervo do artista

Uma das diferenças notáveis na concepção de classe social entre autores clássicos é que, para Weber, de algum modo, o fenômeno de estratificação social traduz, de modo simplificado, a presença de classes sociais na sociedade ocidental em diferentes tempos históricos: na sociedade antiga (escravos e senhores), na medieval (servos e senhores) e na moderna (trabalhadores e capitalistas). Marx, por sua vez, via o surgimento das classes sociais como um fenômeno histórico próprio da sociedade capitalista moderna, que comporta uma estrutura de classes: as relações fundamentais entre os burgueses (capitalistas) e o proletariado (trabalhadores). Assim, a estratificação social seria um artifício para explicar a sociedade dividida, e não se confunde com o fenômeno das classes sociais.

O quadro a seguir sintetiza os critérios adotados por Marx e por Weber ao analisar as classes sociais, além de trazer a contribuição de dois sociólogos contemporâneos, o estadunidense Erik Olin Wright (1947-) e o francês Pierre Bourdieu (1930-2002), que acrescentam novos fatores ao estudo das classes sociais. Entre esses fatores, estão as diferenças de poder que Olin Wright assinala dentro da classe trabalhadora, de acordo com o cargo ocupado, e a visão de Bourdieu sobre o papel do conhecimento e da cultura na sociedade moderna.



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Síntese das principais teorias de classes e estratificação social

Karl Marx

· Classes sociais são agrupamentos de indivíduos que estão em uma posição comum nas relações de produção; uns são proprietários dos meios materiais de produção, outros detêm apenas sua força de trabalho.
· São duas as principais classes sociais modernas: os capitalistas (donos dos meios materiais de produção) e o proletariado (aqueles que vendem sua força de trabalho aos capitalistas).
· As classes sociais são antagônicas e complementares: uma não existe sem a outra. Elas se relacionam; há uma estrutura de classes.

Max Weber

· A sociedade é dividida em estratos ou camadas.
· As divisões de estratos se originam em diferenças sociais baseadas no poder, na riqueza e no status. O termo "classe" se refere apenas à esfera econômica.
· O lugar ocupado pelos indivíduos na sociedade tem a ver com sua posição econômica, mas não é apenas o controle dos meios de produção que define as classes.
· Status é uma dimensão subjetiva e separada da classe. A situação de status depende de um conjunto de aspectos positivamente avaliados em uma sociedade, como a influência e o prestígio (ou valor sociocultural) atribuídos a quem ocupa determinada posição social.

Erik Olin Wright

· Abordagem que combina aspectos das propostas de Marx e de Weber.
· A classe capitalista controla os investimentos (o capital) e os meios físicos de produção, além de ter poder sobre a mão de obra.
· Os trabalhadores não detêm controle sobre os meios de produção (terra, subsolo, insumos, água, equipamentos, instalações, etc.).
· Os responsáveis pelo trabalho administrativo (os chamados "trabalhadores de colarinho branco") são os gerentes do trabalho e têm uma posição contraditória: ora defendem os interesses dos patrões, ora os dos empregados.

Pierre Bourdieu

· Os grupos de classe são identificados pelos níveis de acesso a bens materiais e simbólicos (ou seja, não materiais, como os bens culturais). A ênfase da teoria da distinção de classe está no consumo típico de uma sociedade de massa.
· A distinção social é a diferenciação que existe entre indivíduos e grupos, e não se baseia apenas em fatores econômicos ou ocupacionais.
· Os grupos de classe agregam ao capital econômico (material) um legado relativo ao conhecimento e à cultura (iniciação à Ciência, à Arte, à Literatura). Buscam prestígio e ascensão social, desenvolvem gostos culturais e atividades de lazer, definindo padrões de consumo e um estilo de vida próprio, os quais são legitimados como os mais adequados e reproduzidos na sociedade.

No Brasil, neste início do século XXI, tem gerado debate entre os cientistas sociais se estaria havendo a emergência de uma "nova classe social". Na época, um expressivo segmento da população obteve uma mobilidade social ascendente pela facilidade de acesso a bens de consumo e a novos hábitos sociais, marcando posição por seu poder aquisitivo. A indagação que se coloca é: será essa realmente uma "nova" classe social ou apenas um estrato social que se destaca no consumo de bens e serviços, sem que tenha havido alteração na estrutura de classes e nas desigualdades da sociedade brasileira?

A Sociologia busca compreender a estrutura social mais ampla, mas também as relações entre as classes sociais, próprias da sociedade capitalista.



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Desigualdade social e dominação

LEGENDA: A desigualdade social está presente em todo o mundo. No Brasil, por exemplo, enquanto alguns cidadãos têm acesso a moradias seguras e a condições dignas de sobrevivência, outros se veem forçados a morar em regiões sujeitas a enchentes, correndo o risco de terem suas casas inundadas e seus pertences destruídos. Na foto de 2015, vista aérea da comunidade do Morro do Papagaio e edifícios de classe média, em Belo Horizonte (MG).

FONTE: Delfim Martins/Pulsar Imagens

Por ser considerada injusta e desumanizadora, a desigualdade tem sido criticada e combatida em diversas instâncias da sociedade. Ela se apresenta nas situações do cotidiano, como nas relações de classe, em que os trabalhadores estão subordinados ao capital; ou nas relações de gênero, como a histórica opressão sofrida pelas mulheres, em tempos e sociedades diversas. Há desigualdade também nas relações entre as diferentes etnias, como na exploração dos europeus do século XIX sobre os latino-americanos, asiáticos e africanos; ou, ainda, na dominação dos Estados Unidos sobre os países da América Latina no século XX.

As múltiplas expressões das desigualdades sociais revelam o fenômeno da dominação social. Em sua origem sociológica, esse fenômeno foi tratado por Max Weber como a probabilidade de encontrar submissão a uma determinada ordem por diversos motivos: conveniência, mera inclinação pessoal ou costume. Mas, nas relações sociais, em geral, a dominação apoia-se em bases jurídicas que lhe dão "legitimidade". Nesse aspecto, o fato de o Estado organizar o poder político institucionalizado contribui para um complexo ordenamento de deveres e direitos na sociedade.

LEGENDA: Charge do cartunista Laerte, publicada no jornal Folha de S.Paulo, em 2010, sobre relações de gênero.

FONTE: Laerte/Acervo do cartunista

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Em sua teoria da dominação, Weber reconhece três tipos puros de dominação social: a legal (presente na obediência às leis e às ações da burocracia, ou seja, da administração pública), a tradicional (presente na relação entre senhor e súditos) e a carismática (proveniente da devoção afetiva a um líder/herói, em razão de virtudes pessoais).

A dominação é fenômeno de comando de um grupo sobre outro e supõe que os dois lados estejam condicionados a essa situação, pondera o sociólogo brasileiro Pedro Demo (1941-). Nessa lógica, há os dominantes e os dominados, o que não significa que estes não se rebelem. Leia e reflita sobre o fenômeno, sempre presente e atual na sociedade.

A dominação, como desigualdade, é fenômeno dialético, porque estabelece uma "identidade de contrários". Quer dizer, os dois lados se repelem, porque são desiguais, mas se atraem, porque um não existe sem o outro. Há nele uma dose de tensão que o torna histórico [...]. Cabem nele também os fenômenos de influência consensual como podem ser encontrados num grupo de amigos, numa comunidade religiosa, numa família. Aí também existe o fenômeno da liderança, da obediência, do seguimento de normas. Pelo fato de a autoridade ser aceita ou eleita pela maioria e até mesmo por aclamação geral, isto não retira o âmago da questão: há desigualdade.

DEMO, Pedro. Sociologia: uma introdução crítica. São Paulo: Atlas, 1983. p. 27-28.

No dia a dia podemos perceber quanto a sociedade brasileira ainda reproduz formas de discriminação a indivíduos de grupos sociais distintos. Assim como as mulheres, os afrodescendentes são historicamente discriminados no mercado de trabalho e em outras instituições. Os meios de comunicação e o sistema educacional muitas vezes reforçam essas formas de discriminação social, reproduzindo a desigualdade. Nos anúncios publicitários, por exemplo, pardos e negros, geralmente, aparecem em pequeno número, embora constituam a maioria da população brasileira.

Debate

Reunidos em grupos e com base na letra da música e na leitura deste capítulo, debatam sobre os contrastes sociais presentes na sociedade brasileira.



Todo dia o sol da manhã

vem e lhes desafia,

traz do sonho pro mundo

quem já não o queria:

palafitas, trapiches, farrapos,

filhos da mesma agonia.

E a cidade que tem braços abertos

num cartão-postal,

com os punhos fechados na vida real

lhes nega oportunidades,

mostra a face dura do mal.

OS PARALAMAS DO SUCESSO. Alagados. In: Os Paralamas do Sucesso, 1986. EMI.

FONTE: Filipe Rocha/Arquivo da editora

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O acesso ao ensino, por sua vez, garante participação diferenciada para os grupos sociais, reproduzindo tendências elitistas. As classes dominantes, intelectual, política e economicamente, procuram garantir aos membros de suas famílias ocupações de posições privilegiadas. É comum investirem para que seus filhos estudem em instituições em que convivem apenas com outros jovens da mesma classe, o que contribui para a perpetuação da riqueza e dos privilégios sociais.

Segundo o pensamento sociológico tradicional, elite refere-se a uma fração da classe dominante que detém o poder, impõe seus padrões culturais, econômicos e/ou políticos à população e dela se mantém distante. Ao empregar o termo pela primeira vez, em 1902, no livro Os sistemas socialistas, o sociólogo italiano Vilfredo Pareto (1848-1923) instituiu a conhecida teoria das elites. Ele distinguiu a elite ampla - o conjunto de indivíduos que chegou a um escalão elevado da hierarquia profissional - de uma elite governante - um grupo mais restrito de indivíduos da elite ampla que exerce funções de direção política.

O filósofo italiano Gaetano Mosca (1858-1941), pioneiro da Sociologia Política, em sua obra Elementos da Ciência Política, afirmou que em todas as sociedades há uma elite, uma minoria que detém o poder político em detrimento da maioria. Ele criticou, portanto, as divisões baseadas nos escritos políticos de Aristóteles (c. 384 a.C.-322 a.C.), que concebiam os regimes políticos em tiranias, aristocracias e democracias. Para o filósofo italiano, em todos esses regimes há sempre uma pequena classe política dominando a sociedade. Essas elites, que costumam se perpetuar no poder por gerações, impõem-se sobre a maioria da população utilizando variados métodos, aceitos socialmente (legítimos) ou não.

Para além da desigualdade de classes, a sociedade é desigual na forma como se estabelecem as relações étnico-raciais, as relações de gênero e outras relações simbólicas.

LEGENDA: Manoel, do Atlético-PR, durante partida de futebol do Campeonato Brasileiro de 2010. Em 2012, o atleta venceu um processo por injúria qualificada contra um jogador que lhe dirigiu ofensas racistas durante uma partida em 2010.

FONTE: Heuler Andrey/Agif/Folhapress

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Pausa para refletir

Observe esta charge do cartunista Angeli.

LEGENDA: Charge de Angeli, publicada em 20 de novembro de 2006.

FONTE: Angeli/Folha de S.Paulo

Em grupos, descrevam a charge e discutam o seu significado sociológico, respondendo no caderno às seguintes questões.

1. Qual é a posição do autor da charge em relação ao preconceito e às desigualdades étnico-raciais?

2. Como a charge se relaciona com o conceito sociológico de dominação? Que mecanismo descrito no capítulo melhor se relaciona à ideia trazida pelo cartunista?

Dominação e a realidade social brasileira

Permanece em parte da cultura brasileira e na de outros países a ideia de que a busca e a obtenção de oportunidades dependem exclusivamente do querer e da vontade de cada um. Assim, a responsabilidade de conseguir instrução, formação profissional e emprego é atribuída unicamente aos indivíduos. Mas será que boa formação profissional e alto grau de instrução garantem empregos e salários condizentes? A resposta nem sempre tem sido positiva. Hoje, mais do que em outros períodos, a ênfase dada à educação como meio de ascensão na sociedade parece insuficiente para garantir oportunidades para todos, embora ainda se apresente como o caminho mais indicado para isso.

A seguir lemos um trecho que descreve a sutileza do fenômeno da dominação social.



Histórica e concretamente, deparamo-nos, no Brasil, com uma sólida relação entre domínios econômico, político e ideológico, por parte de minorias poderosas que desenvolvem contínuo trabalho de legitimação e reforço da posição que ocupam, valendo-se das instituições da sociedade civil, do aparelhamento do Estado e de peculiares estratégias econômicas, arregimentando a sociedade em torno de um conjunto de ideias e valores que sustentam, simbolicamente, uma forma de produzir, organizar e distribuir os bens sociais de maneira extremamente desigual.

CATTANI, Antonio D.; KIELING, Francisco. A escolarização das classes abastadas. In: Sociologias. Porto Alegre, ano 9, n. 18, jun.-dez./2007, p. 170-187. Disponível em: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-45222007000200009. Acesso em: 29 jun. 2015.



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LEGENDA: Vista do bairro da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ). Foto de 2012. Distante da zona central da cidade e próxima à praia, a região viu surgirem, nas últimas décadas, empreendimentos residenciais que oferecem diversos serviços aos moradores sem que eles tenham de sair do condomínio, o que reforça os contrastes sociais.

FONTE: Ruy Barbosa Pinto/Flickr/Getty Images

Os estudos desenvolvidos pelos cientistas sociais nos revelam os mecanismos de poder e as tentativas, por parte das classes dominantes, de nos fazer acreditar que esses fenômenos são algo "natural". Por essa razão, o sociólogo francês Pierre Bourdieu diz que o conhecimento exerce um efeito libertador: por meio dele a sociedade reflete e volta o olhar sobre si; seus agentes sociais descobrem o que são e o que fazem. As Ciências Sociais contribuem para conhecer as realidades sociais presentes no território brasileiro e no mundo, desenvolvendo a crítica social.

Boxe complementar:

O Brasil pensado pelos cientistas sociais

No Brasil, as Ciências Sociais firmaram-se em resposta às indagações da sociedade, descortinando a diversidade cultural, as desigualdades sociais, as diferenças regionais. Perspectivas analíticas procuram compreender e explicar os grupos e as classes sociais em sua situação histórica, como fez o sociólogo brasileiro Florestan Fernandes (1920-1995), para quem o conhecimento sociológico crítico é capaz de alertar a consciência social sobre o curso dos acontecimentos históricos.

A estrutura social, a formação econômica e política, as relações de trabalho, o processo de industrialização, a dinâmica rural-urbana e outras questões relacionadas à cultura em um país de proporções continentais foram algumas das temáticas abordadas pelos intelectuais do século XX que se debruçaram sobre a nossa realidade.

Alguns autores brasileiros do início do século passado mesclaram estudos de história, política e sociedade para o reconhecimento de uma identidade cultural da nação, na tentativa de apreender um sentimento de "brasilidade". Entre eles, destacam-se Silvio Romero (1851-1914), com Ensaios de Sociologia e literatura (1901); Euclides da Cunha (1866-1909), autor de Os sertões (1902); e Oliveira Vianna (1883-1951), que escreveu Populações meridionais do Brasil (1920).

Autores estrangeiros também pesquisaram a cultura, a formação política e a sociedade no Brasil e aqui fizeram escola, como o sociólogo francês Roger Bastide (1898-1974), um dos cientistas sociais que integraram a missão europeia trazida à Universidade de São Paulo (USP), em 1938. Bastide lecionou Sociologia, especializou-se no estudo de religiões afro-brasileiras e foi parceiro de Florestan Fernandes na obra Brancos e negros em São Paulo (1958). O francês Jacques Lambert (1901-1991), autor de Os dois Brasis (1959), e o norte-americano Donald Pierson (1900-1995), que escreveu Negros no Brasil (1942), Cruz das almas (1951) e Teoria e pesquisa em Sociologia (1965), também trouxeram sua contribuição. Cientista social renomado, o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss (1908-2009) viveu no Brasil e produziu trabalhos sobre os indígenas, entre eles, Tristes trópicos (1955).

LEGENDA: Retirantes, óleo sobre tela de Candido Portinari, de 1944, revela o olhar do artista sobre as questões sociais do país.

FONTE: Reprodução autorizada por João Candido Portinari/Imagem do acervo do Projeto Portinari/Coleção particular

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Após a década de 1930, a temática sociocultural esteve presente em interpretações com diferenças teórico-metodológicas. Obras consagradas, como Evolução política do Brasil (1933) e Formação do Brasil contemporâneo (1942), de Caio Prado Júnior (1907-1990), Casa-grande & senzala (1933), de Gilberto Freyre (1900-1987), e Raízes do Brasil (1936), de Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), marcaram a institucionalização da Sociologia no país e levaram gerações a refletir sobre as origens europeia, africana e indígena do povo brasileiro.

Ao longo do século XX, as questões políticas, como a formação da nação e das instituições, e a atuação do Estado brasileiro tornaram-se o objeto de pesquisa de alguns intelectuais. Muitos estudos sobre o desenvolvimento econômico e social, realizados em meados desse século, analisaram a questão agrária e a modernização da sociedade, a formação da classe operária e do empresariado industrial, o nacionalismo econômico, o sindicalismo e os governos ditos "populistas", entre outros temas. Dessa geração ressaltam-se: Florestan Fernandes, Hélio Jaguaribe (1923-), Celso Furtado (1920-2004), Octavio Ianni e Juarez Brandão Lopes (1925-2011).

LEGENDA: Casa-grande do Engenho Noruega, antigo Engenho dos Bois, em Pernambuco. Ilustração aquarelada de Cícero Dias para a primeira edição do livro Casa-grande & senzala, de Gilberto Freyre, 1933.

FONTE: Reprodução/Fundação Gilberto Freyre, Recife, Pernambuco.

Outro tema que marcou o pensamento social brasileiro foi a história do trabalho. Do escravo ao trabalhador livre, do habitante do campo ao da cidade, além de análises da composição étnica da classe trabalhadora, diversas pesquisas foram publicadas. Entre as publicações, estão As metamorfoses do escravo (1962), de Octavio Ianni, A integração do negro na sociedade de classes (1965), de Florestan Fernandes, História econômica do Brasil (1953), de Caio Prado Júnior, Sociedade industrial no Brasil (1964), de Juarez Brandão Lopes, e A imigração e a crise do Brasil agrário (1973), de José de Souza Martins (1938-).

Em fins do século XX, alguns dos temas tratados pelos cientistas sociais brasileiros foram a transição da sociedade agroexportadora para a urbano-industrial, a problemática do desenvolvimento e o preconceito racial. Nas primeiras décadas do século XXI, a inserção do país no contexto da economia capitalista mundial, a organização política brasileira e a dinâmica entre a realidade local e a global têm tomado a atenção dos estudiosos.

LEGENDA: Capa do livro Tristes trópicos, de Claude Lévi-Strauss (ed. Companhia das Letras).

FONTE: Reprodução/Ed. Companhia das Letras

LEGENDA: Capa do livro Os sertões, de Euclides da Cunha (ed. Ediouro).

FONTE: Reprodução/Editora Ediouro

LEGENDA: Capa do livro Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda (ed. Companhia das Letras).

FONTE: Reprodução/Ed. Companhia das Letras

LEGENDA: Capa do livro A integração do negro na sociedade de classes, de Florestan Fernandes (ed. Globo).

FONTE: Reprodução: Ed. Globo

Fim do complemento.



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Boxe complementar:



A distribuição das riquezas produzidas

A análise dos fenômenos das classes sociais e da dominação social coloca-nos diante da presença de ricos e pobres em nossa sociedade. O Brasil é um dos países com maior concentração de renda no mundo, pois há uma substancial diferença de valores entre os rendimentos e as posses dos mais ricos e dos mais pobres. É perversa e injusta a distribuição de renda e de oportunidades sociais no país. Como se pode observar no mapa, a renda per capita entre os estados brasileiros também é muito desigual.

O problema da distribuição das riquezas no Brasil é histórico-estrutural e decorre de fatores como a herança do sistema escravista e a falta de reformas sociais, econômicas e políticas. A exclusão histórica, ainda hoje, afeta parcelas significativas da população empobrecida, compostas de famílias numerosas que vivem o drama da fome e do analfabetismo. Desde a década de 1990, milhões de desempregados escolarizados e qualificados são atingidos também por novas formas de exclusão social. Ainda que nas décadas posteriores o Brasil tenha reduzido de forma expressiva a desigualdade social, como atestam os cientistas sociais e organismos internacionais, como a ONU, ela ainda é um traço profundo que perdura na sociedade brasileira.

FONTE: IBGE. Indicadores de desenvolvimento sustentável 2010; Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2014. Rio de Janeiro: IBGE. Créditos: Banco de imagens/Arquivo da editora

Fim do complemento.

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Pesquisa

Em grupos, cada turma vai realizar uma pesquisa bibliográfica sobre como um ou mais sociólogos brasileiros estudaram e interpretaram um tema da realidade social do país.



1. O professor realizará uma enquete entre as turmas com o tema: "Qual é a principal preocupação da comunidade, bairro ou cidade onde você vive?".

2. Uma vez tabulado o resultado, cada grupo pesquisará como a Sociologia brasileira estuda a preocupação mais indicada pela enquete.

a) Descubram qual(is) sociólogo(s) apresentado(s) no boxe O Brasil pensado pelos cientistas sociais tratou(aram) dessa preocupação. Então, com a orientação do professor, pesquisem textos (do próprio autor e/ou de comentaristas) que expliquem como esse problema é abordado pelo(s) autor(es) selecionado(s).

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