Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim



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). Identifique quais conteúdos parecem estar mais relacionados à:

a) Sociologia.

b) História.

c) Economia.

d) Geografia.

e) Biologia.



2. Os dados ligados à Sociologia são aqueles relacionados à estrutura política, à cidadania, à democracia, à composição e às características da população, aos hábitos e condições de trabalho, às famílias, às desigualdades, a grupos sociais específicos (como as populações indígenas), etc. Organizados em duplas ou em trios, escolham um tópico relacionado à Sociologia e outros dois tópicos ligados a outras ciências. Sigam as orientações. a) Abram as páginas correspondentes aos três tópicos. Observem cada uma delas, comparem e reflitam:

· Como as informações estão sendo apresentadas (textos, gráficos, tabelas, quadros, mapas, etc.)?

· Por que vocês acham que os técnicos do IBGE escolheram apresentar essas informações dessa maneira?

· A apresentação das informações facilita a compreensão em alguns casos? Quais? Também é possível que a apresentação torne-os mais difíceis de entender? Vocês conseguem dar exemplos disso?

b) Leiam atentamente as informações disponíveis sobre os assuntos que vocês escolheram. Analisem, anotem e discutam com os colegas:

· as informações que vocês acharam mais curiosas, estranhas, diferentes, inesperadas;

· as informações que vocês já conheciam ou já tinham percebido intuitivamente, isto é, sem conhecer os dados, apenas com suas experiências de vida.

c) Elaborem, com base nessas informações, três perguntas sobre a sociedade brasileira e a vida das pessoas no país. Elas podem ser perguntas que busquem:

· explicações (Por que acontece?).

· compreensão (Como acontece?).

· exploração aprofundada (Quais são...? Quem são...? Qual é...?).

d) Façam um planejamento no caderno e depois realizem oralmente uma apresentação curta, seguindo o roteiro proposto.

· Digam quais foram os temas escolhidos.

· Falem brevemente quais foram as principais informações obtidas nas páginas disponíveis sobre o tema.

· Expliquem se foi fácil ou difícil entender as informações e se essa facilidade/dificuldade está relacionada com o jeito com que a página apresenta os dados. Falem um pouco sobre como os dados estavam na página (texto, gráficos, tabelas, mapas, etc.) para ilustrar o que vocês querem dizer.

· Apresentem as perguntas que vocês elaboraram.

FONTE: Filipe Rocha/Arquivo da editora

Conceitos-chave:

Família, laços de parentesco, relações de dominação, família nuclear, família extensa, instituições sociais, integração social, socialização, papéis sociais, família patriarcal, famílias monoparentais, relações de gênero.



Revisar e sistematizar

1. Explique o que significa falar em "família patriarcal" no Brasil.

2. Relacione as transformações econômicas e sociais ocorridas no século XX com a instituição social família.

3. De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, qual é o papel social da família como instituição?

4. Aponte alguns resultados do maior reconhecimento, pela sociedade brasileira e pelo Estado, de arranjos familiares diferentes daquele composto de pai, mãe e filhos.

5. Cynthia Sarti e outros antropólogos identificaram entre as famílias pobres uma organização em rede, que acontece também nas elites. Qual é a importância desse tipo de organização?

6. Quais são as implicações de alterações na família quanto à socialização das crianças? Qual é o papel da escola?

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Teste seus conhecimentos e habilidades

1. [...], longe de ser uma estrutura natural, [a família] é uma formação recente, moderna, e de uma classe específica: a burguesia. É o que o historiador francês Philippe Ariès analisa em seu livro História social da criança e da família. Não que a família não existisse como realidade concreta na Idade Média e nas sociedades primitivas. Como já nos mostrava Marx, a constituição da família como o lugar da procriação é a condição de possibilidade para a formação social. [...]. Na Idade Média, por exemplo, a vida familiar era a mundana, que se contrapunha à vida religiosa. [...] [a família] não existia como unidade autônoma, ela fazia parte de um grupo maior: clã, tribo ou feudo. Com o passar dos séculos, a família, antes lugar do profano, torna-se, pouco a pouco, lugar do sagrado. [...] Essa inversão valorativa tem seu fundamento nas transformações da estrutura social.

BERG, Tábata. O batalhador e sua família. In: SOUZA, Jessé. Os batalhadores brasileiros. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2010. p. 125.

Tomando como referência o texto, podemos afirmar que:

I. a família tal como a conhecemos não é natural, mas uma instituição social passível de mudanças.

II. as configurações da família mudam conforme as diferentes épocas históricas.

III. a família nuclear é uma instituição universal, e instituições não são passíveis de mudanças.

IV. nos dias atuais, observamos várias e diferentes formas de família.

Estão corretas:

a) Apenas I e II.

b) Apenas I, II e IV.

c) Apenas III e IV.

d) Apenas II, III e IV.

e) Apenas IV.

2. Em 26 de junho de 2015, uma rede social mundial disponibilizou aos usuários uma ferramenta para que colorissem suas próprias imagens como forma de celebrar a decisão da Suprema Corte americana sobre o casamento homoafetivo. Essa medida, tanto nos Estados Unidos como em diversos outros países do mundo, significa uma mudança de costumes que representa:

a) a manutenção do tradicional conceito de família, do casamento entre um homem e uma mulher.

b) a imposição de um costume posto de cima para baixo, visto ter sido decidido por uma minoria de juristas.

c) a aceitação do direito de constituir família para todos os indivíduos, independentemente de sua orientação sexual.

d) uma imposição dos governantes como forma de angariar votos.

e) uma moda sem grandes alterações da atual modalidade de família nuclear.



3. Observe atentamente o gráfico.

Distribuição de famílias em domicílios particulares e proporção de arranjos familiares com parentesco - Brasil - 2004/2013

FONTE: Extraído de: IBGE. Síntese de Indicadores Sociais. Uma análise das condições de vida da população brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 2014. Créditos: Banco de imagens/Arquivo da editora

A análise dos indicadores sobre as famílias, segundo o gráfico realizado a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - Pnad 2013, demonstra que:

a) a comparação dos dados de 2004 com os dados de 2013 permite identificar mudanças nos arranjos familiares: cresce o número de casais sem filhos; cai o número de casais com filhos, assim como há um aumento do número de mulheres sem cônjuge e com filhos.

b) a comparação dos arranjos familiares com parentesco nos dois períodos aponta que, em 2004, o número de arranjos unipessoais era maior do que em 2013.

c) em 2004, o número de mulheres sem cônjuge que viviam sozinhas e tinham filhos era maior do que em 2013.

d) a comparação dos dados nos referidos períodos revela que, em 2004, havia menos casais com filhos.

e) a comparação entre os anos de 2004 e 2013 não nos permite afirmar que houve mudanças na distribuição percentual dos arranjos familiares no Brasil.



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Descubra mais

As Ciências Sociais na biblioteca

ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. São Paulo: Saraiva, 2006.

A saga das personagens ajuda a entender a família patriarcal brasileira do início do século XIX.

LEGENDA: Capa do livro Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida (ed. Saraiva).

FONTE: Reprodução/Ed. Saraiva

GIDDENS, Anthony. Mundo em descontrole: o que a globalização está fazendo de nós. 3ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.

Análise das mudanças no âmbito da família no contexto da globalização.

HEILBORN, Maria Luiza (Org.). Família e sexualidade. Rio de Janeiro: Ed. da FGV, 2008.

Textos que tratam das transformações nas relações familiares nas últimas décadas e das condições de mudança na iniciação dos jovens à sexualidade.

MALOT, Hector. Sem família. 2ª ed. Curitiba: Chain, 2010.

História de um garoto que busca seus pais biológicos.

TEZZA, Cristovão. O filho eterno. Rio de Janeiro: Record, 2007.

Romance autobiográfico da relação entre um pai e um filho com síndrome de Down. O impacto da notícia, o tempo e o futebol aproximam os dois.

As Ciências Sociais no cinema

A árvore da vida, 2011, Estados Unidos, direção de Terrence Malick.

O relacionamento entre pai e filhos em uma família da década de 1950, nos Estados Unidos, faz refletir sobre a origem do Universo e o sentido da vida.

LEGENDA: Cena do filme A árvore da vida, dirigido por Terrence Malick.

FONTE: Emmanuel Lubezki/Fox Filmes



A família Bélier, 2014, França/Bélgica, direção de Eric Lartigau.

O dilema de uma adolescente francesa e os enfrentamentos próprios da idade, associados à condição particular de sua família no meio rural.



Doméstica, 2012, Brasil, direção de Gabriel Mascaro. Disponível em: http://pt.gabrielmascaro.com/Domestica. Acesso em: 5 out. 2015.

A vida de sete empregadas domésticas acompanhadas pelas lentes de jovens que vivem nas casas onde elas trabalham.



Kramer vs. Kramer, 1979, Estados Unidos, direção de Robert Benton.

Relato do divórcio de um casal com hábitos culturais e estilos de vida contemporâneos, processo com consequências na vida tanto dos pais quanto do filho.



Pai patrão, 1977, Itália, direção de Paolo Taviani e Vittorio Taviani.

História de um menino e seu relacionamento com o pai em uma área rural italiana.



Que horas ela volta?, 2015, Brasil, direção de Anna Muylaert.

O convívio da filha da empregada doméstica na moradia dos patrões da sua mãe desperta conflitos nas relações sociais.

As Ciências Sociais na rede

IBGE Teen. Disponível em: http://teen.ibge.gov.br. Acesso em: 17 jul. 2015.

Página do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística dedicada a estudantes de Ensino Fundamental e Médio. Traz informações que permitem análises amplas da sociedade brasileira.

BRASIL. Portal Brasil. Disponível em: www.brasil.gov.br/saude/. Acesso em: 17 jul. 2015.

Página do Governo Federal que apresenta as políticas públicas realizadas pelos programas sociais de atendimento à maternidade, à infância e à adolescência e à população idosa, planejamento familiar e outros.

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Bibliografia

ABRAMO, Helena; BRANCO, Pedro (Org.). Retratos da juventude brasileira: análises de uma pesquisa nacional. São Paulo: Fundação Perseu Abramo/Instituto Cidadania, 2005.

LEGENDA: Capa do livro Retratos da juventude brasileira, organizado por Helena Wendel Abramo e Pedro Paulo Martoni Branco (ed. Fundação Perseu Abramo).

FONTE: Reprodução/Fundação Perseu Abramo

ATHAYDE, Phydia de. Família de cara nova. Carta Capital, São Paulo, 9 de julho de 2008, p. 22-26.

BERG, Tábata. O batalhador e sua família. In: SOUZA, Jessé. Os batalhadores brasileiros. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2010.

BERGER, Peter; BERGER, Brigitte. O que é uma instituição social? In: FORACCHI, Marialice; MARTINS, José de Souza M. Sociologia e sociedade. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2000.

BILAC, Elisabete. A família e a fragmentação do social. Cadernos de Sociologia. Número especial: Natureza, história e cultura. Programa de Pós-Graduação em Sociologia, IFCH/UFRGS, 1993. p. 93-98.

BOTTOMORE, T. B. Introdução à Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1970.

BOUDON, Raymond; BOURRICARD, François. Dicionário crítico de Sociologia. São Paulo: Ática, 2001.

BOURDIEU, Pierre. O espírito de família. In: BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus, 1996. p. 124-133.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 30 jun. 2015.

BRUSCHINI, Maria Cristina A. Mulher, casa e família: cotidiano nas camadas médias paulistanas. São Paulo: Fundação Carlos Chagas/Vértice/Revista dos Tribunais, 1990.

CARSTEN, Janet. After Kinship. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.

CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. v. II de A era da informação. São Paulo: Paz e Terra, 2003. p. 167-292.

DURKHEIM, Émile. De la división del trabajo social. Buenos Aires: Schapire, 1973.

FLANDRIN, Jean-Louis. Famílias: parentesco, casa e sexualidade na sociedade antiga. Lisboa: Presença, 1992.

FORQUIN, Jean-Claude. Escola e cultura. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. Rio de Janeiro: Record, 1997.

GIDDENS, Anthony. Mundo em descontrole: o que a globalização está fazendo de nós. 3ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.

HEILBORN, Maria Luiza (Org.). Família e sexualidade. Rio de Janeiro: Ed. da FGV, 2008.

LEGENDA: Capa do livro Família e sexualidade, organizado por Maria Luiza Heilborn.

FONTE: Reprodução/Ed. da FGV

INSTITUTO Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Séries estatísticas & Séries históricas. Disponível em: www.ibge.gov.br/series_estatisticas/. Acesso em: 30 jun. 2015.

JACQUET, Christine; COSTA, Lívia da. A Sociologia francesa diante das relações entre beaux-parents: enteados nas famílias recompostas após divórcio ou separação. BIB, São Paulo, Anpocs, n. 57, 1º sem. 2004, p. 49-67.

KIEFER, Sandra. Estado de Minas Gerais (MG): mulher é a nova chefe do lar. In: IPEA, Revista Desafios do Desenvolvimento. Disponível em: www.ipea.gov.br. Acesso em: 8 out. 2012.

LECHTE, John. 50 pensadores contemporâneos essenciais: do estruturalismo à pós-modernidade. 3ª ed. Rio de Janeiro: Difel, 2003.

LÉVI-STRAUSS, Claude; SPIRO, Melford; GOUGH, Kathleen. A família: origens e evolução. Porto Alegre: Vila Martha, 1981.

NOGUEIRA, Maria Alice. Trajetórias escolares, estratégias culturais e classes sociais. Teoria & Educação, n. 3, 1991, p. 89-112.

POLETTO, Juarez. Vaidade. Curitiba: Mileart, 2002.

SARTI, Cynthia. A família como espelho. Um estudo sobre a moral dos pobres na periferia de São Paulo. Tese de Doutorado, Departamento de Antropologia, FFLCH, USP, São Paulo, 1994.

SCOTT, Russell Parry. Família, gênero e poder no Brasil do século XX. BIB, São Paulo, Anpocs, n. 58, 2º sem. 2004, p. 29-78.

SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999.

STRATHERN, Marilyn. After Nature: English Kinship in the Late Twentieth Century. Cambridge: Cambridge University Press, 1992.

VERÍSSIMO, Érico. O arquipélago. v. I [O tempo e o vento - parte III]. 5ª reimpr. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

WOORTMANN, Klaas. A família das mulheres. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro/Brasília: CNPq, 1987.



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CAPÍTULO 4 - O sentido do trabalho

LEGENDA: Esta charge do desenhista russo Polygraphus ironiza o processo de colocação profissional por parte dos empregadores.

FONTE: Polygraphus/Shutterstock



ESTUDAREMOS NESTE CAPÍTULO:

as relações dos trabalhadores com seu trabalho, o sentido do trabalho na modernidade e os seus diferentes significados e características conforme o tempo e as organizações sociais. Na sociedade capitalista, os processos de racionalização tiveram como consequência o aumento da produtividade, do controle e da subordinação do trabalhador ao processo produtivo. Apresentaremos um panorama sobre as ocupações, as situações de desemprego e as mudanças observadas que levaram alguns estudiosos a duvidar da centralidade do trabalho na sociedade contemporânea. O capítulo mostra que variáveis como gênero e raça produzem diferenciações no mercado de trabalho. A desigualdade se faz presente na medida em que determinados grupos sociais encontram maiores dificuldades em serem contratados, não são amparados pelas leis trabalhistas ou não recebem os mesmos salários e oportunidades que outros grupos.

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O trabalhador e o trabalho no mundo atual

Eu às vezes fico a pensar

Em outra vida ou lugar

Estou cansado demais

Eu não tenho tempo de ter

O tempo livre de ser

De nada ter que fazer

É quando eu me encontro perdido

Nas coisas que eu criei [...]

Eu acordo pra trabalhar

Eu durmo pra trabalhar

Eu corro pra trabalhar [...]

VALLE, Marcos; VALLE, Paulo Sérgio. Capitão de indústria. Intérprete: Os Paralamas do Sucesso. In: 9 Luas. EMI, 1996. 1 CD.

FONTE: Filipe Rocha/Arquivo da editora

A letra da música alerta para o fato de o trabalho poder criar um conflito entre o ser, o ter e o fazer. Muitas dessas questões decorrem de problemas históricos da formação do país e do sistema capitalista. Outras mudanças mais recentes no mundo do trabalho, como o estabelecimento de metas diárias e prêmios por produtividade, aperfeiçoam os métodos de controle sobre o trabalhador. Ao intensificar sua atividade, o trabalhador aumenta a produtividade das empresas, ou seja, em menor tempo e com menos recursos, cresce a produção.

Por estar intensamente integrado às atividades produtivas, o trabalhador tende a deixar de lado aspectos importantes de sua vida, como sugere a música: "Eu não tenho tempo de ter / O tempo livre de ser". Essa sobrecarga de trabalho dificulta o convívio dos indivíduos e de sua família, como acontece com trabalhadores que realizam longas jornadas de trabalho, excedendo o que estabelece seu contrato ou os padrões reconhecidos internacionalmente.

LEGENDA: O conflito entre as obrigações do trabalho e as outras esferas da vida do indivíduo aparece nesta tirinha de André Dahmer.

FONTE: André Dahmer/Acervo do artista

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Atualmente, muitos trabalhadores, mesmo em seu tempo de descanso, ficam à disposição das empresas, que usam os meios móveis de comunicação para recrutá-los. A letra da música revela essa imposição da rotina profissional que interfere no ambiente doméstico: "Eu acordo pra trabalhar / Eu durmo pra trabalhar / Eu corro pra trabalhar".

O refrão da música remete às incertezas que rondam as pessoas, seu trabalho e sua vida: "É quando eu me encontro perdido / Nas coisas que eu criei". Os tipos de trabalho e as formas de sua organização na contemporaneidade geralmente reduzem o espaço da criatividade, do livre pensar, do aperfeiçoamento, tendendo a impedir o indivíduo de viver sem estar premido pelo tempo, sem liberdade de escolha no trabalho e com dificuldade de equilibrar os diversos aspectos da vida (trabalho, descanso, convívio e lazer). Formas rígidas e restritivas de organização levam ao trabalho alienado, aquele em que o trabalhador não se reconhece no produto do seu trabalho nem consegue apreender o processo de produção como um todo. Ele não se vê como semelhante a outros trabalhadores nem se identifica com eles. A teoria da alienação, desenvolvida originalmente pelo filósofo alemão Karl Marx (1818-1883), nos mostra também que o trabalhador não fica com toda a riqueza que gera no processo produtivo, pois parte dela é apropriada pelo capitalista.

LEGENDA: Na imagem acima vemos um pai estadunidense dividindo-se entre os cuidados com a filha e as atividades de trabalho. A foto exemplifica como os computadores ampliaram as possibilidades de trabalho para além do espaço da empresa. Foto de 2014.

FONTE: Sandy Huffaker/The NYT

Pausa para refletir

Leia o trecho sobre o mito de Sísifo e depois responda à questão.



Por ter enganado Tânatos, deus da morte, sucessivas vezes, Sísifo foi condenado, por toda eternidade, a empurrar uma pedra para o topo de uma montanha e, lá do alto, soltá-la de volta para baixo, repetindo o processo ininterruptamente. Com isso, tornou-se um símbolo do trabalho humano feito em vão.

Adaptado de: GUIA visual da mitologia no mundo. São Paulo: Abril, 2010. p. 171.

· Com base no conceito de trabalho alienado, responda: de que modo o mito de Sísifo pode ser comparado ao dia a dia dos trabalhadores?

LEGENDA: Neste vaso grego datado do século IV a.C., Sísifo é representado cumprindo sua sina: empurrar inutilmente montanha acima uma pedra que sempre voltará a rolar.

FONTE: The Art Archive/Musée Archéologique Naples/Gianni Dagli Orti/The Picture Desk/Agência France-Presse

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O sentido do trabalho

A etimologia da palavra trabalho está relacionada ao tripalium, instrumento de suplício composto de três estacas. No início, era utilizado na agricultura, sendo posteriormente empregado com fins de tortura. Isso porque, ao longo da História, o trabalho esteve relacionado a esforço físico e cansaço e, em muitas sociedades, constituiu uma obrigação à qual os seres humanos deveriam se submeter. Atualmente, o trabalho se tornou necessário para a obtenção de uma remuneração ou salário para assegurar a sobrevivência ou o sustento da maioria da população. Mas trabalho é só isso?

LEGENDA: A tirinha do cartunista Benett, de 2015, nos faz refletir sobre o sentido da vida do trabalhador contemporâneo.

FONTE: Bennet/Acervo do Artista

O significado atribuído ao ato de trabalhar tem variado ao longo do tempo. Nas antigas Grécia e Roma, a base da mão de obra era escrava, constituída geralmente por prisioneiros de guerra ou escravizados por dívida. O trabalho manual era considerado indigno pelas elites, que usavam os escravos na produção para poder dedicar seu tempo às atividades intelectuais, políticas e artísticas. Naquelas duas sociedades não existia remuneração para essas atividades. Os proprietários de terras e escravos, que acumulavam riqueza e desempenhavam funções políticas, tornavam-se mecenas de intelectuais, filósofos e artistas, ou seja, sustentavam-nos com seus bens para que continuassem produzindo pensamento, obras de arte, peças de teatro, entre outras coisas. É importante ressaltar que as mulheres, salvo exceções, eram excluídas tanto da atividade política quanto da filosofia, da arte e da intelectualidade.

Durante a Idade Média, a estratificação social na maior parte da Europa era estamental. Na sociedade hierarquizada em estamentos raramente havia mobilidade social. Os trabalhadores, chamados servos, ocupavam a posição mais baixa da estrutura social. A sua função era trabalhar para que a nobreza e o clero pudessem se dedicar a outras atividades, como as batalhas e os compromissos ligados à religião. Nas sociedades feudais europeias, as ferramentas e os recursos necessários para produzir qualquer coisa - depois chamados por Marx de meios de produção - encontravam-se concentrados nas mãos de alguns poucos homens da nobreza, que transmitiam esses bens por meio de herança aos filhos homens e/ou de dotes de casamento aos que desposassem suas filhas. A maioria da população trabalhava para esses proprietários, os senhores da terra, numa relação de subordinação.

Glossário:

suplício: tortura, punição corporal.

salário: palavra derivada do latim salarium argentum, que significa "pagamento em sal". Os soldados eram pagos com sal (soldo) no Império Romano.

Fim do glossário.



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