Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim



Yüklə 2,99 Mb.
səhifə50/56
tarix02.08.2018
ölçüsü2,99 Mb.
#66341
1   ...   46   47   48   49   50   51   52   53   ...   56

446

posição musical famosa, etc. Ao ouvir as ideias dos estudantes, é importante incentivá-los a refletir sobre o esforço necessário para ter esses objetos de civilização disponíveis, bem como a respeito da cultura como trabalho e experiência que a sociedade vem acumulando e empregando no atendimento de necessidades básicas e sociais.



Intelectuais leem o mundo social (Bauman; May)

As respostas são pessoais. Para ilustrar a relação intensa entre natureza e sociedade, e a interferência dos interesses econômicos e políticos em pesquisas científicas, que podem ou não beneficiar os seres humanos, você pode se valer do boxe Agrobiotecnologia: oportunidades ou riscos?, presente no Capítulo 12 (p. 361).



Diálogos interdisciplinares

As duas propostas de pesquisas sugeridas permitem conectar os conhecimentos sociológicos aos conhecimentos de outras disciplinas abordadas nesse capítulo. A pesquisa como instrumento pedagógico foi tomada aqui como uma forma eficaz de permitir aos estudantes que reflitam sobre a própria cultura e conheçam e explorem diferentes culturas, colocando a sua própria em perspectiva analítica. Esse método é utilizado pelas Ciências Sociais e permite o desenvolvimento de um olhar que respeita a alteridade e recusa o etnocentrismo. A primeira proposta de atividade se relaciona ao pensamento do antropólogo Darcy Ribeiro. É quase uma etnogenealogia do povo brasileiro, mas dentro das possibilidades dos estudantes. A própria obra de Darcy Ribeiro, assim como os trabalhos do escritor e pesquisador Mário de Andrade e da cantora Inezita Barroso, além dos registros do grupo de pesquisa musical A Barca e do historiador e antropólogo Luis da Câmara Cascudo, entre outros, podem ser referências interessantes para levar aos estudantes. Outra referência é o documentário O povo brasileiro, sobre a obra de Ribeiro, que pode ser encontrado em DVD ou na internet. A segunda proposta de atividade se relaciona com a primeira, na medida em que os conflitos que propomos pesquisar fazem parte da nossa origem e constituição como povo. Embora a pesquisa pos-

sa se relacionar ao contexto de diversos países, sugerimos que seja orientada para a manifestação dos conflitos decorrentes do etnocentrismo no Brasil. A relação dicotômica contraditória e dialética entre civilização e selvageria, entre europeus, indígenas e povos africanos, sempre esteve presente na constituição da organização social e da identidade brasileira. Documentos históricos, em especial textos ligados à chegada dos europeus ao Brasil e às Américas e ao início de sua colonização (Carta de Pero Vaz de Caminha, relatos de Hans Staden, ensaios de Montaigne, entre outros), são fontes preciosas para esse trabalho.

Revisar e sistematizar

1. Cultura constitui-se de elementos materiais, espirituais/imateriais e sociais; compreende o conjunto de técnicas, conhecimentos e crenças de cada sociedade ou de grupos específicos que a integram. É o modo de ser e de viver das pessoas - a maneira como se comportam, a tradição linguística, os hábitos alimentares, os ritos que seguem, a forma como se relacionam, os valores que prezam e o modo como se organizam no trabalho, entre outros. Cultura é tudo aquilo que nossos antepassados nos ensinaram e que nós aprendemos, praticamos e transformamos com o tempo. Civilização é entendida em sentido amplo como uma situação de desenvolvimento histórico-social e implica a noção de progresso como melhoria e/ou aperfeiçoamento da humanidade, amparado em mudanças de costumes e no domínio técnico-científico. Para alguns cientistas sociais e historiadores, a ideia de civilização configura-se em uma visão que a cultura dominante tem de si mesma e que considera como ideal a ser atingido pelas demais culturas.

2. Para justificar o domínio imperialista das nações europeias sobre as populações de outros continentes, criaram-se, a partir do século XIX, ideologias pretensamente científicas sobre as diferenças entre os povos. Algumas dessas teorias racistas, como o evolucionismo social, construíram uma escala de valoração das sociedades que ia da "barbárie" à "perfeição/civilização", como se a humanidade estivesse em

447

estágios desiguais de desenvolvimento. Para os evolucionistas, os europeus tinham a "missão" de "civilizar" os demais povos. Já os darwinistas sociais apropriaram-se da teoria da seleção natural das espécies para aplicá-la à humanidade, vaticinando que apenas os mais fortes/civilizados sobreviveriam. Mais radicais ainda eram o arianismo e as teorias eugênicas. Essas teses acreditavam em uma diferença biológica entre as etnias e pregavam a "pureza racial", alegando a superioridade física, moral e cultural dos europeus. Seus ideólogos e seguidores defendiam medidas que iam da esterilização de povos considerados inferiores até a execução em massa deles.



3. A identidade cultural de um grupo social configura-se principalmente pelo compartilhamento de referenciais comuns, com base nas experiências vividas e na consciência de pertencer a uma coletividade. As diversas culturas têm passado historicamente por processos de dominação, por contatos que estabeleceram entre si, resultando em difusão e assimilação cultural. O grupo reforça e preserva sua identidade cultural mediante a resistência que oferece aos que tentam dominá-lo ou impor novos padrões.

4. O etnocentrismo ocorre quando um grupo ou sociedade considera sua própria cultura como superior, melhor ou mais correta do que as demais. O indivíduo ou grupo social etnocêntrico só consegue ver o mundo segundo os parâmetros de sua própria cultura e estranha o diferente, hierarquizando as práticas culturais sem respeitá-las em suas especificidades.

5. Posicionamentos etnocêntricos levam, muitas vezes, ao racismo e ao preconceito, atitudes que, ao discriminar e desvalorizar a cultura específica de outros grupos sociais, podem desencadear processos de exclusão e de não reconhecimento de direitos. As culturas se modificam por motivos diversos, entre os quais as migrações, o que leva a rearranjos nas condições de certos grupos nas cidades. Alguns grupos na periferia formam comunidades que podem ter impedida ou dificultada sua integração efetiva à cidade e aos benefícios que a infraestrutura urbana e social poderia trazer. Quando os "pedaços da cidade" tornam-se evidentes por suas diferenças, a discriminação e a exclusão social são reforçadas.

6. A diversidade cultural pode se manifestar de diferentes formas. Um exemplo são as chamadas culturas alternativas, que surgem quando grupos da classe média e dos segmentos sociais dominados criam movimentos como forma de se afirmar socialmente. Por meio de expressões diferenciadas, esses grupos manifestam sua resistência, seu protesto e reafirmam suas diferenças. Exemplos como os hippies e os punks das décadas de 1960 e 1970 e o movimento hip -hop de hoje expressam essa relação entre as chamadas minorias - por estarem destituídas de poder - e as culturas alternativas. A diversidade cultural manifesta-se também em especificidades regionais e intrarregionais em territórios e nações nos quais diferentes etnias e comunidades convivem. No Brasil, registram-se tradições advindas de descendentes de indígenas, afrodescendentes e imigrantes europeus de diversas nacionalidades - com hábitos alimentares e religiões distintas. Em cada região ou estado, um grupo cultural sobressai a outros - por exemplo, os indígenas em Mato Grosso do Sul e no Amazonas, os descendentes de imigrantes europeus no Sul do país e os afrodescendentes na Bahia. Outro exemplo da diversidade cultural é o sincretismo religioso, pelo qual várias crenças, com seus símbolos e tradições específicos, misturam-se em algumas festas e cultos.

7. A formação de hábitos culturais decorre de práticas sociais compartilhadas e depende da maneira como os indivíduos usam seu tempo livre e da forma como convivem. Os meios de comunicação de massa influem nos hábitos sociais por meio da veiculação e da associação de imagens de certos produtos a comportamentos. Embora exista uma tendência à homogeneização dos hábitos culturais, ela não é total nem duradoura, pois está limitada a determinados segmentos sociais, dependendo de recursos materiais, renda e equipamentos disponíveis. Da perspectiva ana-

448

anaglítica dos autores da Teoria Crítica, a indústria cultural dissemina hábitos de consumo porque os meios de comunicação de massa transformam os produtos culturais em mercadoria.



Teste seu conhecimento e habilidades

1. a;

2. b;

3. a.

Atividades complementares

1. Reflexão sobre o filme Matrix

Peça aos estudantes que assistam ao filme Matrix (direção de Lana Wachowski e Lily Wachowski, Estados Unidos, 1999). Caso haja possibilidade, reproduza-o em sala de aula. Em seguida, solicite que leiam o texto abaixo e realizem, em grupos, o que é proposto.



Não há como ignorar: enquanto o filme europeu se preocupa de hábito com o humano, [...] os filmes do mainstream hollywoodiano [as grandes produções norte-americanas], quem diria, ficam cada vez mais metafísicos. Tratam de deuses, demônios, alienígenas e máquinas pensantes. E seus heróis são movidos sobretudo pela questão de quem ou do que possa estar oculto por trás da ilusão do mundo visível. Assim, Hollywood passa abertamente a fazer da tão propalada crítica à indústria cinematográfica um tema próprio - e ao mesmo tempo a radicalizá-lo. [...] A dita realidade é apresentada em filmes como O show de Truman (1998) ou, de forma ainda mais coerente, Matrix (1999), como um reality show em curso, produzido com meios semicinematográficos num estúdio oculto sob a superfície do mundo. O herói de tais filmes é um iluminista, um crítico da mídia e ao mesmo tempo um detetive particular que quer desmascarar não só a cultura em que vive, mas também todo o seu mundo cotidiano como uma ilusão artificialmente produzida.

GROYS, Boris. Deuses escravizados. Folha de S.Paulo, 3 jun. 2001. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs0306200105.htm. Acesso em: 27 maio 2016.

Depois de assistir ao filme Matrix e de ler o texto de Boris Groys, peça aos estudantes que estabeleçam, em equipe, a relação entre o filme citado e a realidade cultural em que foi produzido.

As respostas dos grupos podem variar bastante. O importante é que os estudantes percebam que, ocasionalmente, alguns produtos da indústria cultural (no caso, filmes de Hollywood) subvertem a lógica do meio em que foram produzidos e da ideologia vigente na sociedade em que circulam - ainda que a crítica recorra a alegorias e parábolas futuristas.

2. Links para outras atividades

· MONCAU, Joana. Repensando o ser índio com os Guarani e Kaiowá hoje. Disponível em: http://ensinosociologia.fflch.usp.br/sites/ensinosociologia.fflch.usp.br/files/Joana_Texto.pdf. Acesso em: 11 fev. 2016.

· MONCAU, Joana. Roteiro de atividades. Disponível em: http://ensinosociologia.fflch.usp.br/sites/ensinosociologia.fflch.usp.br/files/Joana_ Atividades.pdf. Acesso em: 11 fev. 2016.

Os dois links acima propõem, respectivamente, uma reflexão e atividades sobre a percepção dos estudantes a respeito dos povos indígenas.

Leituras recomendadas

CANTARINO, Carolina. Para além da guerra, uma narrativa sobre transformação. ComCiência, 10 abr. 2008. Disponível em: www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&tipo=resenha&edicao=34. Acesso em: 3 jun. 2016.

Resenha de um livro de memórias de infância e da guerra civil em Serra Leoa.

CARVALHO, Edgard de Assis. Enigmas da cultura. São Paulo: Cortez, 2003.

O autor discute o relativismo cultural, contemplando o pensamento de autores como Lévi-Strauss, Godelier e Morin.

CHAUI, Marilena. Conformismo e resistência. São Paulo: Brasiliense, 1986.

São analisados neste livro aspectos da cultura popular no Brasil, como o autoritarismo, o conformismo e a capacidade de resistência cultural.

COHN, Gabriel (Org.). Theodor W. Adorno: Sociologia. São Paulo: Ática, 1986.

Excertos de obras clássicas de Adorno, destacado filósofo e sociólogo da Teoria Crítica, sobre cultura e indústria cultural.

DÍAZ-BENÍTEZ, María Elvira. Posições políticas. Revista da História, 1º jun. 2013. Disponível em: www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/posicoes-politicas. Acesso em: 11 fev. 2016.

Texto sobre desigualdades de raça, classe e gênero.

LIVROS contra o racismo. Revista de História, 29 nov. 2011. Disponível em: www.revistadehistoria.com.br/secao/reportagem/livros-contra-oracismo. Acesso em: 11 fev. 2016.



449

A matéria traz um exemplo de ação promovida para valorizar o trabalho de autores negros e a literatura contra o racismo.

RODRIGUES, Meghie. Um pouco sobre a arte que nasce no sertão. ComCiência, 10 jun. 2013. Disponível em: www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&edicao=89&id=1097. Acesso em: 11 fev. 2016.

Texto sobre a cultura dos camponeses brasileiros.

SIMAS, Luiz Antonio. Sabores sagrados. Revista de História. 1º abr. 2015. Disponível em: www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/saboressagrados. Acesso em: 11 fev. 2016.

A matéria traz informações interessantes sobre a culinária afrodescendente e sua importância na cultura e na religiosidade brasileira.

SCARRONE, Marcello. A língua que falamos é culturalmente negra. Revista de História, 1º maio 2015. Disponível em: www.revistadehistoria.com.br/secao/entrevista/yeda-pessoa-de-castro. Acesso em: 11 fev. 2016.

Entrevista com a etnolinguista Yeda Pessoa Castro sobre a influência africana na língua portuguesa falada no Brasil.

TED Talks. Chimamanda Adichie: o perigo de uma única história. Disponível em: www.ted.com/talks/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story?language=pt-br#t-1491. Acesso em: 11 fev. 2016.

A palestra da escritora nigeriana Chimamanda Adichie traz subsídios para a discussão sobre a visão da história da África e dos africanos.

FONTE: Daniel Argento/Jornal do Campus, USP.

450

Capítulo 7

SOCIEDADE E RELIGIÃO

Aqui começam as orientações para o Capítulo 7 (p. 201 a p. 228).

No Capítulo 7, estuda-se a religião como um importante fenômeno social na História. Esse assunto é muito importante nas Ciências Sociais e está presente nas obras dos autores clássicos da disciplina, que buscaram compreender e interpretar o papel das práticas e instituições religiosas para as relações sociais, culturais e de poder. São discutidas questões como: a religião em diversas sociedades; modernidade e religião; fundamentalismo e globalização; fundamentalismo e terrorismo; guerras e conflitos sob a insígnia da religião; a religiosidade no Brasil e outras.

Conceitos-chave: religião, processo de desnaturalização, fenômeno religioso, institucionalização social, mitos, sagrado, secularização, religiosidade, consciência coletiva, sistemas simbólicos, poder simbólico, fundamentalismo religioso, conflito social, sincretismo religioso.

Objetivos do capítulo para o estudante

· Compreender a religião como uma instituição social e objeto de estudo das Ciências Sociais.

· Reconhecer que a modernidade modifica e desloca a religião, mas não a apaga como fenômeno social.

· Refletir sobre como, diante do fenômeno da globalização, a religião adquire novos significados por ser uma esfera de identidade e de memória coletiva.

· Analisar a diversidade religiosa nas sociedades modernas.

· Discutir o fundamentalismo religioso como um possível sinal de que a secularização continua em processo.

· Reconhecer que a religião muitas vezes esconde razões políticas, econômicas e sociais de inúmeros conflitos no mundo contemporâneo.

· Compreender que a religiosidade no Brasil adquiriu características singulares, como o sincretismo religioso.

Questão motivadora

De forma geral, o trabalho com todos os capítulos desta obra pode ser iniciado com uma grande questão-problema que incentive o estudante a se aprofundar na temática. Ao finalizar uma discussão, cabe ao professor propor a sistematização do conhecimento na forma de resposta a uma questão-problema. Neste capítulo são exemplos de questões-problema possíveis: a) Globalização, terrorismo e religião se relacionam? b) A religião entrou em declínio no século XXI?



Dica

No tratamento sociológico do fenômeno religião, sugerimos uma abordagem fundamentada nos autores clássicos, principalmente Durkheim, Weber e Marx. As teorias desses autores foram capazes de relacionar aspectos da religião a outras dimensões sociais, como a política, a econômica e a cultural.



451

Avaliação

Propomos a realização de uma prova discursiva escrita, com uma ou duas questões de conteúdo amplo e sentido analítico, como a de número 1 da seção Revisar e sistematizar. No entanto, outras atividades do capítulo podem ser utilizadas como avaliação processual.

Sensibilização para a aprendizagem: um exemplo no Capítulo 7

Não apenas a abertura de uma temática nova merece trabalho de sensibilização do estudante à aprendizagem. É preciso articular formas de despertar o interesse dele para determinado assunto e promover o desenvolvimento adequado da temática, de modo a manter a atenção do estudante e fazê-lo participar.

Neste capítulo sobre religião, sugerimos que se parta de uma questão-problema. Porém, há outras possibilidades e recursos a serem aproveitados para cativar o estudante e mantê-lo diligente em seu processo de aprendizagem. Assim, sugerimos algumas atividades: a simulação de uma situação que envolva toda a turma, a tempestade de ideias, a discussão de uma matéria jornalística impressa ou televisiva, o reportar-se a um acontecimento histórico e suas condições, a análise de costumes sociais, a observação das representações que a mídia faz de comportamentos contemporâneos, a circulação pelo bairro da escola com um roteiro de observação.

A religião está presente no dia a dia das pessoas, na comunidade, em datas religiosas festivas, em movimentos sociais. A sensibilização promovida pela escola deve fazer com que os estudantes olhem esse cotidiano de expressões de crenças, rituais, credos institucionais e práticas sociais legitimadas não apenas do ponto de vista do senso comum, mas também pelas análises, teorias e recursos metodológicos da Sociologia, da Antropologia, da Estatística, da História e de outras disciplinas.

Detendo-nos no exemplo de uma das questões-problema mencionadas anteriormente, a proposta b ("A religião entrou em declínio no século XXI?"), é possível explorar o papel central da religião na organização de diferentes sociedades, as características da sociedade industrial e sua transformação recente, o avanço da ciência, a racionalização, o processo de desencantamento do mundo, o processo de secularização, as inovações tecnológicas, as mudanças de hábitos culturais, a multiplicação de manifestações religiosas e outras.

Complemento teórico

Um dos conceitos no Capítulo 7 que pode apresentar maior dificuldade de compreensão é o de desencantamento do mundo - movimento pelo qual a esfera do sagrado vai sendo invadida por manifestações profanas, explicações racionais. Weber pensou no crescente domínio da racionalização quando descreveu o conceito de desencantamento do mundo como uma característica do mundo moderno. Acompanhemos o pensamento de Octavio Ianni sobre o assunto:



Parece evidente que muito do que se realiza, em termos de modernidade e pós-modernidade, ou desencantamento do mundo, diz respeito ao indivíduo. A modernidade diz respeito à emergência do indivíduo, como singularidade, discernimento, afirmação, atividade, autoconsciência, luta, ambição, derrota ou ilusão. Esse é o indivíduo que se desenha nas realizações científicas, artísticas e filosóficas, iniciando e desenvolvendo os tempos modernos.

[...] Com o individualismo desenvolve-se o desencantamento do mundo, algo também essencial da modernidade. Na mesma medida que se afirma e expande o âmbito da razão, modifica-se mais ou menos drasticamente o significado da religião, superstição e tradição na vida do indivíduo e da sociedade. Pode-se afirmar que o desencantamento não se expressa apenas no experimentalismo de Galileu e Bacon, ou na interpretação das revoluções celestes realizada por Copérnico e Kepler. Manifesta-se nas interrogações de Hamlet metaforizadas nas "palavras, palavras, palavras", assim como na audácia do Príncipe [de Maquiavel], quando combina virtù e fortuna [habilidade e sorte]. [...]

[Esse] diálogo entre a sociologia e a literatura envolve vários enigmas fundamentais. Em uma breve enumeração, podem ser enunciados nos seguintes termos: texto e contexto, sociologia e ficção, literatura e conhecimento, sociologia, literatura e narração, narração e fabulação, tipos e tipologias, categorias e metáforas, estilos de pensamento e visões do mundo. São enigmas importantes, por suas implicações no que se pode entender por "sociologia" e "literatura". [...] É provável que toda narrativa sociológica e literária, independentemente de sua realização, possa ser tomada como uma forma de desencantamento e reencantamento do mundo. Algo que pode ser comum a todas as linguagens artísticas, científicas e filosóficas.

IANNI, Octavio. Enigmas da modernidade-mundo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. p. 194, 196 e 202.



452

Comentários sobre as atividades



Pausa para refletir (G1 - intolerância religiosa) A proposta consiste em discutir, em grupos ou em um debate amplo com a turma, sobre o conceito de intolerância religiosa, como essa prática fere a Constituição Federal e qual é, na opinião dos estudantes, a explicação para acontecimentos como esse.

1. Os estudantes devem compreender e explicar, por exemplo, que a intolerância religiosa é uma situação de confronto ou conflito, entre pessoas ou grupos sociais que pertencem a religiões diferentes, sob a alegação de motivos religiosos. Demonstra a falta de respeito à liberdade de crença religiosa e/ou às formas de expressão da religiosidade.

2. O desrespeito à liberdade religiosa e a discriminação de pessoas, por pertencerem a religiões distintas da nossa, pelo modo como professam sua fé ou expressam sua religiosidade, são proibidos pela Constituição (especialmente no artigo 5º, que será discutido mais adiante no capítulo). Os princípios que regem a lei máxima do país inspiram-se na Declaração Universal dos Diretos Humanos, garantindo liberdade de crença e não permitindo a discriminação por motivo de idade, cor ou religião. A religião faz parte da cultura dos povos, e o Brasil é um país multicultural.

3. Resposta pessoal.

Encontro com cientistas sociais (Durkheim)

Resposta pessoal.



Comentário: Durante a discussão entre os estudantes, busque pontuar o contexto da época em que o texto foi escrito. Traga também outras questões para o debate: a ciência ganhou ou perdeu espaço de lá para cá? Em que mudou a organização das instituições nesse período? Se achar interessante, envolva o professor de História na atividade.

Intelectuais leem o mundo social (Individualidade religiosa)

A atividade propõe, primeiramente, um bate-papo acerca da religiosidade e de práticas culturais religiosas existentes no contexto social em que vivem os estudantes. O objetivo é que, em grupos, elaborem argumentos para acatar ou refutar a tese contida no texto, acerca da forma individualizada de viver a religião nos dias de hoje, sob o ponto de vista dos autores clássicos das Ciências Sociais.



Yüklə 2,99 Mb.

Dostları ilə paylaş:
1   ...   46   47   48   49   50   51   52   53   ...   56




Verilənlər bazası müəlliflik hüququ ilə müdafiə olunur ©muhaz.org 2024
rəhbərliyinə müraciət

gir | qeydiyyatdan keç
    Ana səhifə


yükləyin