Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim



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Pausa para refletir (Marx)

1. Em cada época histórica as sociedades apresentam características econômicas que lhes são próprias e, consequentemente, formas de organização de trabalho próprias. As tecnologias de cada época têm um papel fundamental na organização do trabalho. Por exemplo, nas últimas décadas do século XX, o desenvolvimento das tecnologias informacionais e a revolução microeletrônica levaram a mudanças na maneira de produzir e trabalhar.

2. São vários os exemplos que o estudante pode trazer: referir-se ao uso do computador (que, acoplado às linhas de montagem, traz mudanças para o trabalhador e novas exigências). O uso do computador pessoal possibilitou, dentre outras mudanças, o rompimento da divisão espaçotemporal de trabalho e não trabalho, pois o trabalhador de diferentes setores passa a poder trabalhar em qualquer lugar.

Pesquisa

Oriente os estudantes na pesquisa nos meios de comunicação, inclusive quanto à elaboração das questões a serem investigadas - no caso, o conteúdo da lei, as discussões sobre o trabalho doméstico e a situação das trabalhadoras e dos trabalhadores dessa categoria com a implantação da regulamentação de sua profissão no país. Siga as sugestões do item Pesquisa: um exemplo, neste Manual.



Debate (Pochmann)

A partir de dois extratos de texto de Marcio Pochmann e do item sobre terceirização no Brasil, os estudantes poderão se reunir em equipes, discutir os argumentos contra e a favor da terceirização, anotá-los na forma de tópicos e apresentá-los para a turma. Caberá ao professor sintetizar o debate, montando um quadro comparativo, e finalizar a discussão.



Encontro com cientistas sociais (Holzmann)

Sugerimos a produção de uma síntese acerca da diversidade de situações e das condições desses trabalhadores no Brasil, acompanhada de exemplos. Oriente os estudantes a conversar com conhecidos e parentes para buscar exemplos, além de pesquisar em jornais, revistas e sites.



Encontro com cientistas sociais (Marx)

Este breve texto contribui para a discussão e construção do paralelo entre mudanças técnicas e organizacionais, sobretudo por tratar a relação homem-máquina no capitalismo, na qual esta dita o ritmo do trabalhador.



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Intelectuais leem o mundo social (Wood Jr.)

Mediante o debate de pontos elencados de vantagens e desvantagens da tecnologia em relação ao trabalho, estimule os estudantes a se posicionarem quanto à questão em termos econômicos, políticos e científicos.



Diálogos interdisciplinares (Rifkin/Castells)

1. Rifkin estabelece uma relação mais direta e generalizada entre o processo de reestruturação produtiva e o desemprego no mundo, com uma visão pessimista. Já Castells relativiza essa questão, mostrando que a crise do emprego não se apresenta de modo homogêneo entre os setores econômicos, na medida em que novos setores têm sido criados.

2. Resposta pessoal. Se necessário, recorra ao professor de Matemática para auxiliar na avaliação dos gráficos construídos.

Comentário: No Brasil, a realidade social do trabalho alterou-se significativamente entre os anos 1990 e o início do século XXI. Na década de 1990, o contingente de trabalhadores formais vinha diminuindo, enquanto aumentava o número daqueles na informalidade (que alcançava mais da metade da População Economicamente Ativa (PEA) no início dos anos 2000). Na primeira década dos anos 2000, houve uma retomada no crescimento dos postos de trabalho formais no Brasil, o que de certa forma confirma a grande variabilidade de situações relacionadas ao desemprego, conforme o período e o contexto a que nos referimos. Há autores, na Sociologia, que se referem à "reestruturação à brasileira", porque a redução dos quadros de trabalhadores, muitas vezes, aconteceu em empresas que não informatizaram de todo a produção e os serviços. Logo, as teses mais disseminadas são, na verdade, olhares sobre a realidade de países desenvolvidos. Há que se observar as especificidades de cada setor e de cada país, ainda que a economia tenha se globalizado.

3. Resposta pessoal.

Revisar e sistematizar

1. As tecnologias são formas de conhecimento produzidas por uma determinada sociedade. Diferentemente da técnica, a tecnologia é resultado da aplicação prática da ciência, e é ela própria base para a produção de novos conhecimentos. Ela também causa mudanças nas maneiras de trabalhar, produzir e, até mesmo, nas relações sociais.

2. Conforme a discussão apresentada no capítulo, as tecnologias em si não podem ser consideradas as únicas responsáveis pela redução de postos de trabalho. Há outros fatores que levam à redução de postos de trabalho. Dentre eles, podemos citar as crises econômicas, a competição econômica no sistema capitalista e o papel do Estado, que pode ou não aprovar medidas que restrinjam a criação de novos empregos.

3. O taylorismo consistiu em uma forma de organizar e racionalizar o trabalho, com base na análise do tempo e dos movimentos dos trabalhadores no processo de produção. O objetivo era tornar ainda mais rigorosos a separação entre concepção e execução das tarefas e o controle sobre o trabalhador. O fordismo foi um sistema de produção em massa organizado no início do século XX, com base na padronização e na simplificação das tarefas e na intensificação do ritmo do trabalho mediante o uso de esteiras rolantes e de incentivos salariais. Assim, na indústria brasileira, as indústrias automobilística, de eletrodomésticos, de peças e de base (siderurgia, petroquímica) são exemplos de setores em que o taylorismo-fordismo se faz presente, porque envolvem padronização dos produtos, produção em larga escala e separação entre execução e concepção.

Comentário: Espera-se que nesta atividade o estudante mobilize conhecimentos de Geografia. Se possível, organize uma atividade de pesquisa com os estudantes ou divida-os em grupos para tal.

4. Com a mecanização e informatização de diversos setores da economia, muitos postos de trabalho foram reduzidos. As políticas neoliberais levaram, de modo geral, à diminuição do número de trabalhadores efetivos - com contratos por tempo indeterminado e carteira

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assinada - e ao crescimento da informalidade, com trabalhadores à margem das garantias de proteção e benefícios. Ocorreu ainda o aumento do trabalho atípico (fora dos moldes da CLT) ou do emprego precário, executado por terceirizados, temporários, entre outros. No Brasil, o desemprego nos anos 1990 foi fruto do enxugamento dos quadros de empregados das empresas privadas, sobretudo pela reestruturação produtiva industrial e do setor público, em função das privatizações que aconteceram então. Nos países desenvolvidos, o desemprego caracteriza-se pela substituição de trabalhadores por equipamentos da revolução informacional e pela migração de postos de trabalho para países em que os direitos do trabalhador são mais frágeis e os salários, menores.



5. Quando nos referimos a relações contratuais de trabalho, são diversas as modalidades: contratos de trabalho por tempo determinado, temporário, estágios, prestação de serviços, etc. A terceirização é uma das modalidades de trabalho flexível, pois a empresa contratante pode romper o contrato ou dispensar a contratada por diversas razões e a qualquer momento. E, quando isso ocorre, a contratada (prestadora de serviços), por sua vez, tende a demitir os trabalhadores ou remanejá-los para atender a outras contratantes, provocando insegurança nas condições de trabalho.

6. Os sindicatos têm o papel de representar os trabalhadores: eles negociam e fecham acordos de trabalho, além de fiscalizar o cumprimento dos acordos e das convenções trabalhistas. Entre os desafios, podemos citar a representação de categorias cada vez mais fragmentadas, a redução de suas bases, novas demandas mais gerais na sociedade (saúde, ecologia, etc.) e exigências que se impõem sobre a categoria que representam.

Teste seu conhecimento e habilidades

1. d;

2. e.

Atividade complementar

Questões sobre o filme O corte

Para esta atividade, os estudantes deverão assistir ao filme O corte, de Costa-Gavras (Bélgica/ França/Espanha, 2005). Se possível, programe uma exibição do filme em sala de aula. Em seguida, peça que respondam ao seguinte questionário:



1. Qual é a temática do filme e em que época se passa?

O filme trata do desemprego decorrente das mudanças introduzidas pelas empresas nas sociedades capitalistas a partir dos anos 1980 e 1990.



2. No filme, em que consiste a reestruturação feita pela empresa? Associe com o que você aprendeu sobre reestruturação produtiva no texto do capítulo.

A empresa demite porque está fazendo uma reestruturação produtiva para enxugar mão de obra e obter lucros maiores. Como vimos no capítulo, as empresas passaram a efetuar a racionalização econômica diante da crise dos anos 1970. Esse processo constituiu-se como reação às mudanças e oscilações do mercado, visando tornar as empresas mais competitivas com a introdução de inovações tecnológicas e organizacionais.



3. Que questões o filme suscita a respeito do trabalho e do desemprego?

Resposta pessoal.



4. Quais críticas você faz da realidade retratada pela trama?

Resposta pessoal.

Esse filme também permite que se trabalhe em conjunto com os professores de História e de Geografia. Eles poderão solicitar aos estudantes que observem o contexto em que se desenrola a trama (qual país/ região e sua especificidade quanto ao desemprego) ou que observem o ambiente urbano e suas contradições. Pode-se também remeter o filme ao conteúdo de outros capítulos do livro, como família, cultura, meio ambiente, cidadania e política, pois essas questões aparecem de forma transversal no enredo.

Leituras recomendadas

AGRICULTURA familiar produz 70% dos alimentos consumidos por brasileiro. Portal Brasil, 24 jul. 2015. Disponível em: www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2015/07/agricultura-familiar-produz-70-dos-alimentos-consumidos-por-brasileiro. Acesso em: 11 fev. 2016.

Matéria com dados sobre a participação da agricultura familiar na economia brasileira.



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CATTANI, Antonio David. A riqueza desmistificada. Porto Alegre: Marcavisual, 2013.

O autor mostra o outro lado das desigualdades socioeconômicas: a riqueza acumulada por poucos indivíduos no mundo.

EMBRAPA. Agricultura familiar no Brasil. Disponível em: www.embrapa.br/aiaf-14-agricultura-familiar-no-brasil. Acesso em: 11 fev. 2016.

O site reúne dados e gráficos sobre a agricultura familiar no Brasil.

KNOWLES, Caroline. Trajetórias de um chinelo: microcenas da globalização. Contemporânea - Revista de Sociologia da UFSCar. São Carlos, v. 4, n. 2, jul.-dez. 2014, p. 289-310.

A autora se utiliza de recursos comparativos simples para analisar o fenômeno da globalização recente.

PASSERINO, Liliana Maria; MONTARDO, Sandra Portella. Inclusão social via acessibilidade digital: proposta de inclusão digital para pessoas com necessidades especiais. Revista Compós, v. 8, 2007. Disponível em: http://compos.org.br/seer/index.php/e-compos/article/viewFile/144/145. Acesso em: 11 fev. 2016.

Análise e proposta da inclusão digital como meio de socialização para pessoa com deficiência.

PINTO, Gerald Augusto. A organização do trabalho no século 20: taylorismo, fordismo e toyotismo. 2ª ed. São Paulo: Expressão Popular, 2010.

O livro faz uma análise das transformações na organização do trabalho.

REIS, Cristina Fróes; MOREIRA, Vivian Garrido. A "PEC das empregadas" como exemplo emblemático das conquistas sociais recentes. Brasil Debate, 23 set. 2014. Disponível em: http://brasildebate.com.br/wp-content/uploads/2014/09/A-PEC-das-empregadas_versao-completa.pdf. Acesso em: 11 fev. 2016.

Artigo com subsídios para a discussão sobre os direitos trabalhistas para as trabalhadoras domésticas.

FONTE: Angeli/Acervo do artista



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Capítulo 6

A CULTURA E AS SUAS RAÍZES

Aqui começam as orientações para o Capítulo 6 (p. 167 a p. 200).

O Capítulo 6 analisa, entre outras questões, a cultura como produção social de bens materiais e simbólicos. Discute temas como civilização, formação da identidade cultural de um povo, articulação entre diversidade cultural e construção da identidade e as diferentes expressões culturais no âmbito da sociedade globalizada.

Conceitos-chave: tecnologias da informação e comunicação (TICs), cultura, funcionalismo, estruturalismo, estrutural-funcionalismo, civilização, imperialismo, etnocentrismo, relativismo cultural, diversidade cultural, interação cultural, identidade cultural, ideologias, comunidade, minorias sociais, hegemonia cultural, consumo, distinção social, massa, indústria cultural, desenraizamento cultural, transculturação, contradições sociais, solidariedade.

Objetivos do capítulo para o estudante

· Compreender que a cultura é um aprendizado social e consiste na produção de bens materiais e simbólicos.

· Identificar que o termo civilização expressa o conceito que a sociedade ocidental tem de si mesma.

· Reconhecer que a identidade cultural envolve a experiência e a consciência de pertencer a um coletivo.

· Conhecer como os grupos sociais minoritários produzem culturas alternativas.

· Analisar os hábitos culturais influenciados pelos meios de comunicação de massa e pelas novas formas de comunicação propiciadas pela tecnologia.

· Discutir como o fenômeno da globalização, no âmbito da cultura, aproxima grupos geograficamente distantes e aprofunda as diferenças sociais.

Questão motivadora

Nossa sugestão para despertar o interesse dos estudantes para o assunto cultura é iniciar a discussão com uma tempestade de ideias. Solicite aos estudantes que conversem entre si, descrevam e registrem alguns traços culturais. Eles podem mencionar aquilo de que gostam ou não gostam, ou então se dividir em grupos para pesquisar sobre os gostos de diferentes grupos sociais (por exemplo, classes populares e elites da região). Peça aos estudantes que levem em consideração diversos temas: comida, vestuário, cinema, música, tipos de leitura, lazer, etc. Esse material deve ser exposto e classificado: o que pode ser considerado hábito cultural, estilo de vida de certa classe social, etc. Esse levantamento é a base para o professor dar início ao estudo da cultura. Depois do registro das ideias em uma cartolina ou em papel kraft, você pode destacar os elementos que dão a ideia de cultura, como construção dos gostos, de estilos de viver, de pensar e de agir. Chame a atenção dos estudantes para que observem como são diversas as manifestações culturais e a forma pela qual diferentes disciplinas, como Arte, Filosofia, História, Economia, Geografia, etc., abordam aspectos variados da cultura.

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Dica

Para evitar dificuldades maiores no tratamento da temática, recomendamos que a sequência de apresentação deste capítulo seja seguida. Desse modo, será mais fácil fazer a ligação entre os conceitos e passar pelo gradiente das concepções do senso comum e das diferentes correntes das Ciências Sociais - e mesmo das Ciências Humanas - com respeito a cultura, civilização, identidade cultural, diversidade cultural, desigualdades sociais e cultura, cultura popular, cultura alternativa e minorias sociais, indústria cultural, cultura na sociedade globalizada e transculturação.

Avaliação

Dada a inter-relação dos conceitos trabalhados e a realidade diversificada da cultura e de suas interpretações, sugerimos que oriente os estudantes a realizarem uma pesquisa na internet e nos meios de comunicação para uma apresentação individual, por escrito, de um dos seguintes temas:



1. imigrantes no Brasil (origens, motivo da vinda ao país, atividades produtivas, alimentação, costumes, influências na cultura brasileira, etc.);

2. diversidade cultural e regional no Brasil (diferenças geográficas, econômicas, artísticas, relação com o meio, distribuição da população, difusão cultural, etc.);

3.funkeiros (características, origens, razão explicitada da manifestação cultural);

4. hip-hop (características, origens, razão explicitada da manifestação cultural).

Pluri e interdisciplinaridade: um exemplo no Capítulo 6

Vamos explicitar uma tentativa de trabalho conjunto com outras disciplinas, tomando o exemplo da atividade da seção Encontro com os cientistas sociais (p. 181), que se baseia em um trecho do livro O povo brasileiro, de Darcy Ribeiro.

Essa atividade de reflexão individual pode ser ampliada com um trabalho que envolva outras disciplinas do Ensino Médio. É importante que os professores das áreas correspondentes participem do planejamento e da execução da atividade. Um início possível é relacionar as visões da Biologia e das Ciências Sociais para comentar a questão da mestiçagem posta pelo autor, desmistificando ideias errôneas sobre o funcionamento da natureza e introduzindo o debate das questões culturais. Caso a disciplina Psicologia integre a grade curricular de seu estado, faça menção à relação entre perfis psicológicos individuais e um fenômeno de natureza coletiva. Os conceitos de identidade e alteridade, importantes para a reflexão em Filosofia, também podem ser aproveitados no desenvolvimento dessa atividade. Pode-se recorrer aos conhecimentos de História para contextualizar o período referido (de formação da identidade brasileira) e a contemporaneidade, principalmente no enunciado da atividade. A disciplina de Língua Portuguesa pode ser mobilizada em comentários sobre a mencionada homogeneidade da língua no território brasileiro, matizando-a com o conceito de variações linguísticas (lexicais, fonológicas, de prosódia, socioculturais, etc.), enquanto a disciplina Arte pode comentar as manifestações culturais e artísticas que compõem (ou que foram utilizadas para compor) a identidade nacional.

Complemento teórico

Apresentamos aqui mais elementos para a sua reflexão sobre o fenômeno da cultura e sua relatividade de acordo com os contextos sociais e a linha de interpretação científica. O fragmento a seguir, de autoria do sociólogo Bernard Valade, compõe o verbete "cultura" do livro Tratado de Sociologia, organizado por Raymond Boudon.



Cultura - um conceito ambíguo

Referência obrigatória quando se trata do conceito de cultura nos domínios constitutivos das ciências humanas, a obra de Alfred L. Kroeber e Clyde Kluckhohn (1952) oferece-nos um conjunto de 163 definições. [...]

os conteúdos apresentam variações tais que se pode falar de "selva conceitual". Entre a constatação de dispersão e os grandes estudos fundadores da antropologia cultural para os quais o inventário de 1952 remete, desenham-se campos de investigação com fronteiras mais ou menos bem delimitadas. No "território do historiador", a cultura popular é objeto de um levantamento cadastral que os estudos realizados por Robert Mandrou, Geneviève Bollème, Carlo Ginzburg e Jean-Claude Schmidt tornaram possível. [...]

Classificada, por referência a um grupo etário, a um grupo social ou às técnicas modernas de

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comunicação, como juvenil, operária ou de massa, a cultura é igualmente interrogada quanto à sua formação e difusão, às utilizações que suscita e aos efeitos que provoca. Delimitada muito claramente, como é o caso da cultura cívica e da cultura política recentemente constituída como objeto de análise, ou apreendida de modo aproximativo através da extrema diversidade de suas manifestações seculares pelo historiador da cultura medieval, a cultura, encarada de um ponto de vista sociológico, requer portanto uma reflexão preliminar [...].

Ela [a função polêmica atribuída ao conceito] é inerente ao campo de forças que o próprio domínio da cultura constitui. As tensões que efetivamente perpassam estão registradas, sendo a ela reduzidas, na definição proposta na última versão do Dictionnaire de l'Académie Française [Dicionário da Academia Francesa] - "No plano social, afirma-se ali, cultura designa hoje em dia o conjunto dos aspectos intelectuais, morais, materiais, dos sistemas de valores, dos estilos de vida que caracteriza uma civilização." [...] As relações entre elementos contrários ou conflituais - intelectuais e materiais, culturais e sociais - são do mesmo modo pacificadas no seio dessa confederação de termos [...].

[...] a assimilação da cultura do espírito ao apanágio de uma classe privilegiada, a tensão entre natureza e cultura, assim como as relações que se estabelecem entre as formas culturais e os quadros sociais, devem situar-se portanto numa perspectiva histórica, que não permite que se pense ininterruptamente a cultura em termos de produção, de difusão e de consumo.

VALADE, Bernard. Cultura. In: BOUDON, Raymond (Org.). Tratado de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995. p. 489-518.

Comentários sobre as atividades



Pesquisa (Beattie)

A pesquisa é bastante livre em sua proposta. Uma possibilidade é organizar a turma de modo que cada estudante ou grupo se responsabilize por pesquisar um povo diferente, buscando contemplar todos os continentes. Procure orientá-los a pesquisar e sistematizar, resumidamente, aspectos selecionados: religião, culinária, relações de parentesco, organização econômica e manifestações artísticas. John Beattie propõe o movimento de desnaturalização, atitude de afastar-se de sua própria realidade para compreendê-la melhor e, consequentemente, compreender melhor as demais realidades. Assim, o objetivo da pesquisa é não só levar os estudantes a entrar em contato com a diversidade cultural, mas principalmente questionar sua própria vivência e o olhar com relação ao outro. Portanto, a etapa do debate é fundamental e será mediada por você, que deve fazer interferências pontuais a fim de problematizar o tema, evitando que se limite a uma exposição de semelhanças e diferenças.



Encontro com os cientistas sociais (Ribeiro)

1. Resposta pessoal.

2. Resposta pessoal. Verifique se o estudante, em sua resposta, evita e/ou questiona lugares-comuns e busca fazer uma avaliação ponderada, distinguindo indivíduo, comunidade e sociedade, ainda que sem usar esses termos.

3. No trecho reproduzido, percebe-se que, para Darcy Ribeiro, a identidade cultural nacional ainda está em construção. Embora haja características que "unificam" o país, como o uso da língua portuguesa e a virtual ausência de sentimentos separatistas, os brasileiros pouco se apegam a um passado em comum e, no contato entre diversas matrizes étnico-culturais, construíram diferentes costumes em cada parte do país. A resposta para a segunda parte da atividade é pessoal.

Debate (Milanez e Alcântara)

Resposta pessoal.

Uma fonte possível de pesquisa para os estudantes é o site Povos Indígenas do Brasil, do Instituto Socioambiental. Na aba "No Brasil atual", o item "Contato com não índios" traz informações gerais sobre as diferentes maneiras que o contato entre indígenas e não indígenas tomou no decorrer da História. Além disso, na página relativa a cada povo indígena há um item denominado "Histórico de contato", com informações mais específicas. Disponível em: pib.socioambiental.org. Acesso em: 28 maio 2016.

Pausa para refletir (Bosi)

Você poderá citar outros objetos que exemplifiquem o conceito de cultura descrito pelo autor, como barragens, pontes, edifícios conhecidos no país, distribuição de água e saneamento em sua cidade, meios de transporte coletivo, infovias que suprem a comunicação, uma orquestra, uma



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