IAIÁ GARCIA
Luís Garcia é um viúvo, vivendo num mundo de reclusão. A história apresenta ainda a sua filha, Iaiá, e Raimundo, um negro submisso, afeiçoado e amigo. Jorge é o filho de uma vizinha, dona Valéria. Ele é rico e bem apessoado, mantendo uma impetuosa relação amorosa com Estela, moradora na mesma casa por ser filha de um ex-empregado do pai de Jorge. Dona Valéria descobre a relação e, por considerar Estela indigna de suas posições sociais, obriga o jovem a ingressar no exército como voluntário da Guerra do Paraguai, a fim de que este esqueça suas intenções. Jorge retorna ao final da guerra, já um homem em todos os seus aspectos. Estela casara-se com Luís Garcia. Iaiá Garcia, por sua vez, está uma bonita jovem. Eles se amam e se casam.
MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS
Brás Cubas é o narrador-protagonista. Conta a sua vida começando pela doença e morte. Morre de pneumonia adquirida quando tentava descobrir um emplastro para aliviar a melancolia da sociedade, com vistas à glória e ao lucro. Sua vida é passada na mediocridade. Num retrospecto, volta ao passado, seu nascimento, sua meninice mimada, sua educação frouxa e condescendente, errada. O primeiro amor, Marcela, de curta duração, aparece aos dezessete anos. Ele se diploma em Coimbra. A mãe adoece e morre. Perde por indecisão uma cadeira de deputado e um outro amor, Virgília, arrebatada por Lobo Neves. Passa a encontrar-se com Virgília, que logo parte com o marido, nomeado presidente da província. Depois, vem Eulália, que morre de febre amarela. Ele vem a ser deputado sem expressão. Aos cinqüenta anos, reencontra-se com Virgília e com Quincas Borba, colega de escola, agora louco e com mania de filósofo do Humanitismo. Num balanço existencial, sua vida apresenta um saldo negativo: Brás Cubas, de nascimento rico, bonito de aparência, inteligente, com grandes oportunidades na vida, chegou ao fim dela de mãos vazias.
QUINCAS BORBA
Quincas Borba deixa a Rubião, seu sobrinho e herdeiro, amigo, enfermeiro e discípulo uma grande herança, cabendo-lhe cuidar do cachorro do falecido, também chamado Quincas Borba. Em viagem, de Barbacena para o Rio, para fixar-se na corte, Rubião conhece Cristiano Palha e Sofia, casal de quem fica amigo. No Botafogo, ele vive luxuosamente, fica sócio de Palha e tenta conquistar Sofia. Esta não lhe dá atenção. Palha sabe das intenções, mas não rompe, pois precisa do dinheiro do sócio, cuja generosidade é grande e a fortuna vai se desmoronando. Rubião também passa pela política sem sucesso, desfaz-se do cachorro, mas tem de reavê-lo por uma cláusula do testamento . Fica louco e promete a Sofia fazê-la duquesa. É internado. Consegue fugir, volta para Barbacena com o cachorro e ali morre, convencido de que é imperador. O cão morre três dias depois.
DOM CASMURRO
Há uma profunda amizade entre Bentinho, apelidado de Dom Casmurro, e Capitolina, apelidada Capitu, desde crianças, em casa de sua mãe, junto com tio Cosme, prima Justina, agregado José Dias e os vizinhos Pádua e dona Fortunata, pais de Capitu. Dona Glória quer o filho padre, devido a uma promessa antiga. Coloca-o no seminário. Pádua, pai de Capitu, tem esperanças de que eles se casem. Capitu envida esforços para que ele não se ordene. José Dias, o agregado, consegue convencer a mãe do contrário. Com a ajuda de Escobar, um colega de seminário, Bentinho evita a ordenação. Uma vez que esse compromisso é desfeito, Bentinho pode optar por uma carreira liberal e casar-se com Capitu. Ele, calmo, e Capitu, fogosa, amam-se. A amizade com Escobar cresce, quando este se casa com Sancha, amiga de Capitu. Do casamento de Bentinho e Capitu, nasce Ezequiel. Entretanto, o menino é parecido com o Escobar. Nada no comportamento de Capitu dá motivo a suspeitas. Escobar morre afogado e os olhares de Capitu ao cadáver despertam suspeitas em Bentinho. Este requer umas explicação. Não a conseguindo resolve suicidar-se tomando veneno no café. Mas, no momento em que vai executar o ato, o filho entra no escritório do pai que se sente com impulsos de dar o café ao filho. Ezequiel, à medida que cresce, se parece mais com o amigo do casal. A vida de ambos passa a insuportável. Numa viagem à Europa, ele abandona Capitu e o menino na Suíça e volta para o Brasil. Capitu morre na Europa, alguns anos depois, e o filho, cada vez mais parecido a Escobar, morre na Ásia, após ter feito uma única visita a Bentinho, no Brasil e ganho do pai uma viagem de estudos à Grécia, ao Egito e à Palestina.
ESAÚ E JACÓ
A época é a do final do Segundo Reinado e início da fase republicana. Natividade é a mãe dos gêmeos. Com sua irmão, dona Perpétua, ela consulta uma mãe-de-santo, Cabocla do Castelo que pergunta a ela se eles haviam brigado antes do nascimento. A obra, então, passa a envolver os dois irmãos gêmeos, Pedro e Paulo, com suas brigas e rivalidades recíprocas. Eles crescem, atingindo a mocidade, conservando-se rivais em tudo: Pedro era monarquista; Paulo, contrariamente, republicano. O primeiro vem a se formar em medicina; o segundo, em direito. No enredo, aparece Flora, uma jovem indecisa, que corresponde ao sentimento dos dois. Todavia, ela morre sem ter feito a escolha. Junto a seu túmulo, Pedro e Paulo juram uma reconciliação perpétua. Entretanto, com o passar do tempo, a velha rivalidade vem à tona. Pedro é eleito deputado pela situação, e Paulo, pela oposição. O destino, nesse tempo, proporciona uma nova oportunidade de reconciliação a ambos que fazem um novo juramento junto à mãe que agoniza.
O ALIENISTA
Conto. Médico em Itaguaí, doutor Bacamarte se dedica ao estudo da loucura e constrói a Casa Verde, asilo para loucos e campo de experiências. Com o tempo, a cidade se revolta, pois suas melhores pessoas estão internadas. Somente aceitam as idéias de Bacamarte quando ele interna também dona Evarista, sua tão amada esposa. As experiências continuam até que a maioria dos pacientes fica curada. Daí, sobrevem a Bacamarte uma dúvida: haveria loucos realmente em Itaguaí? Para solucionar o caso, ele se interna na Casa Verde, onde morre mais tarde.
MISSA DO GALO/UNS BRAÇOS/O ENFERMEIRO
Três dos mais conhecidos contos de Machado de Assis. No primeiro, aparentemente nada ocorre e, no entanto, entre um adolescente que está à espera da missa da meia-noite e uma senhora que não consegue conciliar o sono ficam perceptíveis os impulsos amorosos da adolescência e os desejos indistintos e incertos da maternidade e do erotismo. No segundo, as mesmas personagens de Missa do Galo estão presentes, sendo que Conceição é a mulher madura que consegue atrair sensualmente o jovem amendrontado. No terceiro, Procópio é a personagem válida perlo autor para ironizar o próprio homem. Procópio serve de enfermeiro a um mal-humorado coronel, de quem acaba herdando a fortuna.
RAUL POMPÉIA: Uma tragédia no Amazonas; As jóias da Coroa; O Ateneu (romances). Canções sem metro (poesia). Realista, segundo uns; naturalista, segundo outros. O Ateneu é uma confissão, autobiográfica, cheia de ressentimento e raiva: a experiência brutal do internato. Estilo trabalhado com riqueza de vocabulário e imagem, além de sensibilidade muito grande. Muito aprofundamento na psicologia humana. Linguagem de alto quilate, escrita forte e vivaz. Eloqüência de expressão, imagens brilhantes, comparações inesperadas e pitorescas. Frases ritmadas, adjetivação fácil.
O ATENEU
O menino Sérgio é interno no Ateneu, o que se transforma numa experiência brutal, dolorosa, pela dominação dos mais fortes, injustiças, perseguições, bajulação, falsidade, más companhias. Os alunos mais fracos são impelidos para o homossexualismo passivo. Ali impera a disciplina que convém ao diretor e proprietário do colégio, Aristarco, ao colégio e aos professores. Todos esses fatos, entretanto, são sufocados com festas, comemorações, visitas de ministros, desfiles. Aristarco, na verdade, é um adorador da própria imagem, um narcisista, assim como os demais professores são suspeitos e falsos. Sérgio é o narrador, ao lado de Malheiros, Cândido, Ribas, Rabelo, Egbert, Franco e outros, de puro e bem-intencionado, deixa-se levar e dominar pelo ambiente. Ele vê desmontarem as exterioridades. Não consegue estabelecer uma amizade profunda. Todas as convivências são efêmeras, disfarçadas por uma vontade angustiante de poder e pelo homossexualismo evidente. O Ateneu se incendeia, como um castigo para a influência maléfica da instituição.
NATURALISMO
NOTA INTRODUTÓRIA: Mesmas características do realismo, diferenciadas (na ideologia, não na filosofia) pelo determinismo moralista (homem dominado pelo ambiente, instintos, taras, carga hereditária; não pela razão) e pela preocupação científica (explicação pela ciência do procedimento das personagens, dos fenômenos apresentados).
ALUÍSIO AZEVEDO: Uma lágrima de mulher; Mistério da Tijuca ou Girândola de amores; Memórias de um condenado; Casa de pensão; O Coruja; O homem; O esqueleto; O cortiço; A mortalha de Alzira; O livro de uma sogra (romances). Demônios; Pegadas (contos). A flor de lis; Fritzmac (teatro). O touro negro (crônica). O mais importante e típico do movimento. Descrições movimentadas da vida coletiva da gente humilde; o dia a dia da sociedade brasileira de seu tempo. Críticas impiedosas, problemas sociais profundos, preconceito de cor e da igreja, episódios de adultério. Estilo vibrante, colorido vivo de tons fortes e quentes. Preferência por tipos vulgares e grosseiros, ambientes sujos e situações deprimentes.
O MULATO
Filho de uma escrava com um português, Raimundo, embora possuidor de tez e aparência de brancos, amarga a violência do preconceito racial da sociedade da época. A família de seu tio, principalmente, impedindo-o de casar-se com Ana Rosa, sua prima, por quem ele era apaixonado. O amor é correspondido. Entretanto, não há como contornar a oposição da família e do cônego Diogo, religioso de muita influência no lugar, que empresta sua ajuda à família aquela. Corrupto, inescrupuloso, imoral, uma das personagens mais odiosas do romance, o cônego faz gestões para convencer Ana Rosa do casamento. Além disso, ele, no passado, desonrara o pai de Raimundo e tem medo de que seu passado venha à tona. Então, ele procura, cada vez mais, difamar Raimundo, com vistas ao insucesso de seu romance com a moça. Raimundo é assassinado por Dias, um caixeiro e cúmplice do conêgo, ninguém conseguindo descobrir o assassino. Ana Rosa, grávida de Raimundo, provoca um aborto e quase morre. Num salto ao final do romance, Ana Rosa está casada com Dias, vivendo uma vida burguesa, mãe de três filhos.
O CORTIÇO
O romance mostra a oposição entre João Romão e o comendador Miranda. Este último vive na esfera social ambicionada pelo primeiro. João Romão é o símbolo da inescrupulosidade e da exploração humana para atingir uma posição idêntica à do outro. Ele é empregado numa venda e, economizando, consegue comprar o estabelecimento. Sempre dominado pela sede de enriquecer, passa por privações. Amasia-se com Bertoleza, negra, escrava. Passado o tempo, compra terrenos e constrói algumas casinhas onde instala o cortiço São Romão. Também passa a explorar uma pedreira vizinha. Ao sentir-se rico, casa-se com Zulmira, filha de um milionário, largando Bertoleza. No cortiço, os mais diversos comportamentos, através de Leandra (a Machona), Augusta Carne-Mole, Paula (a benzedeira), Rita Baiana (mulata prostituta), Jerônimo (cavouqueiro, bêbedo e amancebado), Firmo (capoeira), Libório (velho e somítico), Pombinha (menina e, depois, meretriz) e outros.
CASA DE PENSÃO
Estudante maranhense, Amâncio, com a finalidade de iniciar seus estudos superiores, vem para o Rio de Janeiro. Filho de família rica, ele é galanteador, atrevido, porém um tanto ingênuo. João Coqueiro é seu amigo e possui uma casa de pensão. Amâncio vai morar ali e se apaixona por Amelinha, irmã daquele, mantendo-se em amores com ela. Há uma denúncia e, após esta, um julgamento rumoroso, do qual Amâncio sai livre, ficando certa a intenção de que João Coqueiro queria casar Amelinha com ele, devido a sua riqueza. João Coqueiro mata Amâncio, motivado pelo resultado do julgamento.
ADOLFO CAMINHA: A normalista; Bom-Crioulo; A tentação (romances). Judite; Lágrimas de um crente (novelas). Vôos incertos (poesia). Estilo conciso. Tema característico: vida de personagens trágicas, marcadas pela frustração, crime, perversão. Supervalorização dos aspectos instintivos do homem, em crítica. Apenas narração minuciosa das ocorrências.
BOM CRIOULO
Estória do Bom Crioulo, Amaro, engajado na Marinha e envolvido amorosamente com Aleixo, um grumete. O idílio é tranqüilo com eventuais desencontros provocados pelas saídas das embarcações. Dona Carolina, portuguesa, locadora de quartos, inicialmente dá possibilidades e, depois, procura inviabilizar as relações homossexuais entre Amaro e Aleixo. Para tanto, ela consegue atrair o grumete para si, numa ausência de Amaro que, ao saber do fato, assassina o amante.
INGLÊS DE SOUZA: História de um pescador; O calculista; O coronel sangrado; O missionário (romances). Contos amazônicos (contos). Um dos principais introdutores do movimento. Influência de Zola, quanto às idéias; Eça de Queirós, quanto ao estilo. Nítidas descrições da natureza, total domínio da técnica de narração.
O MISSIONÁRIO
Padre Morais é o vigário de Silves, uma paróquia do interior do Pará. A cidade, como todas do interior, tem seus tipos característicos: o professor, o guarda-livros, o farmacêutico, o coletor, o sacristão, os fofoqueiros, os maldizentes e os intrigantes. Padre Morais, nesse meio, sente-se fútil e resolve partir para a catequese de índios selvagens. Todavia, nota-se que a convicção é minorizada por sua sede de glória. Percorrendo a terra, através de rios e matas, encontra uma família de índios já catequizados por um outro sacerdote , seu predecessor. Ali vive com todas as atenções e, num retrospecto é mostrada a sua vida infantil junto aos pais, o período de seminário e a severa disciplina naquele local. Ainda junto á família indígena, padre Morais tem sua castidade posta a prova e, ao voltar para Silves, ele tira a moral dos fatos acontecidos e acomoda-se dentro de sua nova situação e experiência.
JÚLIO RIBEIRO: O padre Belchior de Pontes; A carne (romances). Ligado à assimilação do naturalismo: romances de escândalo. Forte lirismo, expressão literária elegante e castiça.
A CARNE
A estória que se desenrola no interior paulistano, numa das antigas fazendas de café, gira em torno de Lenita, uma jovem, cujo histerismo é conseqüência de sua insatisfação sexual.
DOMINGOS OLÍMPIO: Luzia-Homem; Os anais. Regionalista nordestino. Determinismo subjacente no destino, nas reações das personagens, na tecitura dos romances. Sobrecarga de descrições, prolixidade, excessos retóricos.
LUZIA-HOMEM
Luzia, uma das retirantes de uma grande seca do Ceará , conduz a mãe entrevada. Ela se apaixona por Alexandre, representante da boa índole do sertanejo. Crapiúna, soldado violento, arma calúnia contra o outro, para que houvesse a sua prisão e o afastamento de Luzia. Com o depoimento de Teresinha, torna-se clara a intenção de Crapiúna. Preso o soldado, Alexandre é libertado. Entretanto, Crapiúna foge da prisão e parte para a vingança com Teresinha. Luzia procura defendê-la e encontra a morte. Alexandre não está presente para enfrentar Crapiúna.
OLIVEIRA PAIVA A afilhada: Dona Guidinha do poço. Primeira tentativa séria de ficção nordestina. Vitória pela densidade psicológica na primeira, e pela fluidez de linguagem na segunda obra. Fraseado direto, despojado, sem retórica, de fortes características orais. Daí, a eficácia na evocação de cenas e personagens regionais.
DONA GUIDINHA DO POÇO
Trata-se de uma obra de adultério e crime passional. As personagens são definidas pela paisagem nordestina e pelos elementos de psicologia humana e social. Dona Guidinha é a única herdeira da fazenda Poço da Moita, localizada no sertão do Ceará. Seu marido é um homem sem qualquer resquício de força moral para se impor. Juntamente com Secundino, seu futuro amante, Dona Guidinha trama o assassinato do esposo rebaixado, no que serão auxiliados por Silveira e um escravo.
PARNASIANISMO
NOTA INTRODUTÓRIA: Oposição ao romantismo, espírito positivista e científico da época, correspondência ao realismo e ao naturalismo. Surgimento na França. Arte não existe em função da humanidade, da sociedade, da moral: arte pela arte. Parnaso Contemporâneo deu nome ao movimento. Muitos adeptos, forte influencia. Não foi fiel ao modelo francês: não se ateve à mesma preocupação de objetividade, não deixou de abordar temas intimistas.
CARACTERÍSTICAS: Objetividade (apresentação do fato, personagem e coisa como são; não pela ótica do poeta) impassibilidade (isenção de ânimo). perfeição da forma (equilibrada, sem excessos), temas exóticos (angústia, vida sufocada pelo determinismo, civilizações consideradas superiores, aspectos incomuns da natureza).
OLAVO BILAC: Poesias; Poesias infantis; A tarde (poesia). Sagres (poemeto). Crônicas e novelas (prosa). O mais importante do movimento, o mais lido no início do século. Conhecido como o poeta das estrelas; eleito príncipe dos poetas brasileiros, em pesquisa pública. Estilo nobre, temas característicos do parnasianismo (prevalência: amor, pátria). Amor explorado em suas formas materiais, espirituais, platônicas, sensuais. Mulher enaltecida em suntuosidade plástica. Ao final, mais sobriedade, reflexão, melancolia. Grandeza na elaboração artística dos poemas. Poesia predominantemente descritiva (objetos, formas, linhas, cores), lírica (ardente, sensual, emotiva).
RAIMUNDO CORREIA: Primeiros Sonhos; Sinfonias; Versos e versões; Aleluias; Poesias. Conhecido como o poeta das pombas. Facilidade no versejar. Esmerado, sóbrio, nobre na forma. Falta de originalidade, contudo. Busca de explicação para a vida cheia de amarguras, desilusão, angústia, dor, pessimismo. Filosofia ímpar dentro do movimento. Nudez e plasticidade da mulher e da natureza.
VICENTE DE CARVALHO: Ardentias; Rosa, Rosa de amor; Poemas e canções (poesia). Páginas soltas; Luisinha (prosa). Linguagem simples, lírica, brasileira. Imagens sóbrias. Mar, o tema predileto. Conhecido como o poeta do mar. Parnasianismo independente, sem temática histórica, objetivismo frio. Todavia, preocupação formal, sonetos esmerados, simplicidade, clareza, poesia pictórica, escultural.
EMÍLIO DE MENEZES: Marcha fúnebre; Poemas da morte; Dies irae; Poesias; Últimas rimas; Mortalha; Deuses em ceroula. Avaliação contraditória pela crítica. Melhor nível em alguns sonetos descritivos, sátiras e epigramas. Repentista excepcional. Lírico e, principalmente, satírico.
SIMBOLISMO (fim do séc. XIX)
NOTA INTRODUTÓRIA: No mundo, pré-guerra, partilha da África, Freud e a psicanálise, Primeira Guerra Mundial (1914-1918), Revolução Russa (1917), vanguardas artísticas (Futurismo, Cubismo, Dadaísmo, Expressionismo). No Brasil, a "República da Espada", governo de Floriano Peixoto (Revolta Federalista, Revolta da Armada), Revolta de Canudos (1897), ciclo da borracha, revolta contra a vacinação obrigatória, revolta da Chibata, greves anarquistas. Na França, a criação da atmosfera espiritual para o mundo (qualidade sagrada, mística), por Paul Verlaine. Procedência da filosofia de Emanuel Swendenberg (realidades visíveis, símbolos do mundo invisível do espírito). Procura da qualidade musical e sugestiva das palavras; metáfora como expressão; modificações técnicas nas formas dos versos existentes. Obsessão com a morte e pessimismo generalizado. No Brasil, o movimento contou com a adesão de poetas, prosadores e críticos; permaneceu até‚ a Primeira Grande Guerra. Correspondência às aspirações que se insurgiam contra os preconceitos rígidos do parnasianismo. Poetas eram chamados de nefelibatas (aqueles que vivem nas nuvens).
CARACTERÍSTICAS: Fuga da realidade exterior (desligamento da realidade, volta para o íntimo, vida misteriosa, inexplicável), temática intimista (inspiração no mundo interior, no fundo da psique, no subconsciente, nas regiões inexploradas da alma, nas mais íntimas sensações - subjetivismo anímico), símbolos (meios indiretos para sugerir ou representar emoções, retratar o mundo interior, a carga emotiva do poeta), linguagem figurada, musical, colorida, rica (sonoridade, ritmo, rimas, cores, vocabulário nobre, incomum, brilhante.
CRUZ E SOUSA: Broquéis; Últimos sonetos; Faróis (poesia). Tropos e fantasias; Missal; Evocações (poemas em prosa). Cognominado cisne negro. A maior figura do movimento. Linguagem inconfundível (experiência da vida, dores, sentimentos, frustrações), musicalidade, força sugestiva. Poesia, válvula de escape para tensões interiores, prenhe de sonhos, visões, aspirações, nebulosidades, ânsia de ascensão social, acesso ao mundo dos brancos, marginalização, miséria, desprezo. Vocabulário brilhante, luminoso, rico; figuras e símbolos em profusão; linguagem lírica. Paixão pela cor branca (neve, prata, luar).
BROQUÉIS/FARÓIS/ÚLTIMOS SONETOS
Neste primeiro livro, que inicia o simbolismo no Brasil, o autor expõe a dor de ser negro, através de forte mensagem de sensualismo espiritualizado e constante repetição de termos que sugerem a cor branca: luares, neves, virginais, grinaldas, neblinas, cristalinas, pérolas e outras. Ao mesmo tempo torna absolutos o mistério, o sonho, a dor, a luz, o éter e a morte. No segundo livro, há a criação dos mais belos poemas da literatura brasileira, onde está marcada a dor de ser homem, pelo desencanto, e existe uma sinfônica musicalidade. No terceiro livro, acontece a transcendentalização do poeta. Não vinga a dor de ser negro ou a de ser homem, mas a dor e a glória de ser espírito. Seu sofrimento já pleno de paz mostra uma outra existência, uma outra vida absoluta e ilimitada.
ALPHONSUS DE GUIMARAENS Setenário das dores de Nossa Senhora; Câmara Ardente; Dona Mística; Kiriale; Pauvre Lyre; Pastoral aos crentes do amor e da morte; Poesias (poesia). Mendigos (Prosa). Conhecido como o solitário de Mariana. Fundamentalmente místico. Linguagem clássica, musical. Palavras e construções arcaicas. Poesia de lirismo amoroso. Temas: amor e morte. Nossa Senhora é celebrada constantemente. Lirismo amoroso, espiritualista, amor platônico à mulher idealizada, presença de Deus entre os homens. Cantos das belezas do catolicismo. Evasão da vida, outra constante.
PRÉ-MODERNISMO
INTRODUTÓRIA: Os mesmos antecedentes históricos do simbolismo. Autores oriundos do realismo-
naturalismo que já não se identificavam ao modelo. Preferência por problemas sócio-culturais e combate ao academicismo; apego ao real e ao vocabulário concreto; negação da impressão pessoal, fidelidade à realidade da fala, dos costumes; despreocupação do pitoresco, do mero brilho vocabular. Período com três denominações: pré-modernismo (amadurecimento das diretrizes de renovação), época nacionalista (interpretação da realidade nacional), época eclética (diversas estéticas). Na poesia, o estilo e a temática entre o parnasianismo e o simbolismo; procura de novos caminhos somente ao final da Primeira Guerra Mundial.
PROSA
EUCLIDES DA CUNHA: Os sertões; Peru vérsus Bolívia; Contrastes e confrontos; Prosa tida como das mais ricas e originais, englobando temas variados (progresso, democracia). Os sertões, tido como o maior livro do Brasil. Estilo vibrátil, nervoso, vivo, irônico. Surpreendentes figuras e comparações. Vocabulário preciso, vastíssimo, bizarro. Períodos longos devido ao rebuscamento. Dificuldade de enquadramento em escola literária.
OS SERTÕES
Denúncia ao crime que a República cometeu ao destruir Canudos, tendo o sertanejo e sua atuação como personagens e três temas: a terra (geologia do sertão, clima, seca, flora da região), o homem (formação racial do brasileiro) - a gênese do sertanejo) e a luta. A personagem principal é Antônio Maciel, Antônio Conselheiro, que, com sua vida agitada, subleva a população e luta (contra a polícia do estado, derrotada; depois, contra a tropa de mais de mil homens do governo federal, também derrotada; e, finalmente, contra a tropa de mais de cinco mil homens que, após muita resistência dos jagunços, consegue dominar Canudos). Ou seja, os sertanejos, que não poderiam nem podem ser considerados culpados, se refugiam na vila de Canudos onde conseguem um estilo comunitário de vida. Esta população miserável, abandonada pelo governo, constituída de uma miscigenação do branco com o negro e o índio, organiza-se em comunidades fechadas estabelecendo uma situação propícia ao aparecimento de líderes. Surge então Antônio Conselheiro que aglutina uma multidão junto de si. São aqueles sertanejos miseráveis, sedentos por melhores condições de sobrevivência. É quando acontece a interferência de tropas policiais. Os sertanejos resistem obstinadamente, pois a luta se revestia de um caráter religioso para eles. Os combates passam a ser cada vez mais violentos, até culminar com o arrasamento do arraial de Canudos, pelas tropas federais, numa verdadeira carnificina.
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