ValorReterBncia= 0 1-B 9-12 13-16 17-20 21-25 26-29 30-33 34-37 38-41 41 Resultado em Pontos = 0 1 2 3 4 5 6 7 B 9 10
2. Fazer pontos em ctrculos com a mão dominante (15 seg. )
Número de Ctrculos em poMoe:
Velor ReferBncia = 0 1 10 11215 16 20 21425 26 30 31S 5 36 0 41 50 51 IS E Resultado em PoMos = 0
RM, NM 1990)
425
Ii
INSUCESSO ESCOLAR - ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA
O TPMBO foi desenvolvido por Bruininks 1978, no sentido de proporcionar uma informação útil sobre as aquisições motoras de crianças e jovens, avaliando não só funções e disfunções motoras, mas também, inclusivamente, atrasos de desenvolvimento, com a finalidade de desenvolver e avaliar programas de treino motor e reeducação motora.
Trata-se de um instrumento extremamente versátil e cuidadosamente elaborado, especialmente centrado na avaliação das componentes puramente expressivas da motricidade global, composta e fina.
O teste, na sua forma reduzida, tem como finalidade o estudo de três componentes da proflciência motora:
- motricidade global;
- motricidade composta; e,
- motricidade fina,
integrando 14 itens que formam oito subtestes estruturados de forma a avaliar alguns aspectos específicos do desenvolvimento motor.
Os subtestes da forma reduzida utilizados foram os seguintes:
- Corrida de agilidade - consiste numa corrida curta de 13, 7 metros envolvendo a captação e o transporte de um objecto;
- Equih7 rio - avalia a habilidade da criança em manter o equilibrio postural numa posição estática unipedal e num deslocamento dinâmico;
- Coordena ão bilateral - avalia a habilidade da criança em coordenar as mãos e os pés em movimentos dissociados sequenciais e simultâneos, utilizando ambos os lados do corpo;
- Força - avalia a força dos membros inferiores num salto horizontal a pés juntos;
- Coordenação dos membros superiores - avalia as habilidades da criança na recepção bimanual e na coordenação oculomanual de uma bola de ténis dirigida a um alvo;
- Velocidade de reacção - mede a velocidade de resposta motora a um estímulo visual (régua) em movimento vertical;
- Visuomotricidade - avalia a motricidade fina na realização grafomotora de labirintos e de cópias de figuras geométricas;
- Dextralidade - mede a destreza e a velocidade manipulativa dos membros superiores.
426
PROFICIÉ NCl A MOTORA
QUADRO II
Estrutura da forma reduzida do TPMBO (1978)
MOTRICIDADE MOTRICIDADE GLOBAL FINA
Subteste l: Subteste 6:
Conida de agilidade MOTROCIDADE COMPllSTA Velocidade de reacção
Subteste 2: (GLOBAL E FINA) Subteste 7:
Equil rio Subteste 5: Coordenação dos u no
Subteste 3: membros superiores Subteste 8:
Coordenação bilateral Velocidade e precisão
dos membros
Subteste 4: superiores
Força e dextralidade
O teste foi aplicado dentro das condições constantes do respectivo manual, respeitando todo o rigor inerente à recolha de dados, após reunião de sensibilização com os professores em que se explicou os objectivos da pesquisa e os concomitantes critérios de selecção das crianças com DA e com insucesso escolar, bem como os procedimentos para a escolha aleatória das crianças com aproveitamento escolar.
Como é óbvio, as investigações educacionais, que são desenvolvidas dentro das escolas regulares, estão sujeitas a uma série de limitações impostas pela natureza relativamente inconstante do seu envolvimento humano e material; por esse facto, o presente estudo não escapa a esta generalização, tanto mais que se trata de um dos primeiros estudos- pilotos com tais características, para além de abranger uma amostra cuja caracterização é deveras complexa, considerando a falta de uma definição consensual da criança com DA, a que já fizemos referência.
RESULTADOS: ANÁLISE E DISCUSSÃO
Considerando o objectivo do estudo, os resultados foram recolhidos de acordo com os seguintes quadros:
Quadro I - Caracteriza ão da Amostra - estatística descritiva básica das médias e dos desvios-padrões para a totalidade das variáveis de estudo;
Quadro II - Análise da Variância - one way ANOVA para a comparação dos resultados do grupo de crianças N e do grupo de crianças com DA na totalidade das variáveis;
427
INSUCESSO ESCOLAR - ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA
Quadro I11- Variáveis que caracterizam significativamente cada um dos grupos; e fmalmente,
Quadro IV - Matrizes de correla ão para a relação entre as variáveis da totalidade da amostra.
CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
QUADRO III
Caracterização da Amostra
VARIÁVEIS TOTAL CRIANÇAS NCRIANÇAS COM DA Média DP MédiaDP Média DP
Corrida de agilidade 8. 63 1. 78 9. 33 1. 40 7. 93 1. 84
Equilfbrio 7. 10 1. 76 7. 73 1. 57 6. 47 1. 71
Coordenação bilateral 2. 63 0. 95 3. 07 0. 68 2. 20 0. 98
Força 6. 07 1. 41 6. 60 0. 88 5. 53 1. 63
Componentes motricidade
global 24. 47 4. 63 26. 73 3. 45 22. 20 4. 55
Coord. mb. super.
Componentes motricidade
composta 4. 53 0. 96 4. 87 0. 88 4. 20 0. 91
Velocidade de reaeção 5. 10 2. . 17 6. 33 1. 99 3. 87 1. 54
Visuomotricidade 5. 87 1. 56 6. 93 1. 06 4. 80 1. 22
Dextralidade 8. 53 1. 82 9. 47 2. 06 7. 60 0. 80
Componentes motricidade
fina 19. 57 4. 54 22. 73 3. 75 16. 40 2. 65
Proficiência motora 48. 17 8. 73 53. 67 6. 47 42. 67 7. 08
Médias e desvios-padrões (DP) para a totalidade da amostra, para o grupo de crianças N e para
o grupo de crianças com DA.
Em primeiro lugar são apresentados os valores da motricidade global, em
seguida os valores da motricidade composta, os valores da motricidade fina,
e por último, os valores totais da proficiência motora para a totalidade das
variáveis da forma reduzida do TPMBO.
Numa rápida análise, verif Icamos que os resultados de todas as componentes da motricidade estudadas são superiores nas crianças N em comparação
com as crianças com DA. Os resultados ilustram uma superioridade das
crianças N em comparação com as crianças com DA em todas as medidas
das componentes da motricidade, quer globais (Gráfico 1), quer finas
(Gráf Ico 2), quer da prof Iciência motora (Gráf Ico 3) na totalidade das variáveis estudadas.
428
PROFICIÊNCIA MOTORA
GRÁFICO I
Mouicidade global
10
M 8
d 6
i 4
a 2
s
0 I
Comda Equib'brio Coordenação Força
de agilidade bilateral
Variáveis TPMBO Ì
Normais ~- DA
I
GRÁFICO 2
Motricidade fna
10
M 8
d 6
i4 Y
2
Velocidade de reacção Visuomotricidade Dextralidade Variáveis TPMBO
~- Normais - - DA
GRÁFICO 3
Profciência motora
8
é 6
, *
d *
4 '
a 2
0 I I l i
Motricidade Motricidade Motricidade
global composta fina
Vaiiáveis TPMBO
-0- Normais *- DA
429
INSUCESSO ESCOLAR - ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA
Numa análise global e sincrética dos dados, o grupo das crianças N revelou, em todas as variáveis da proficiência motora, uma superioridade clara em relação ao grupo das crianças com DA, reforçando o papel da proficiência motora no aproveitamento escolar em termos de presença ou ausência de repetência no 2. o ano de escolaridade.
As crianÇas N, ao nível das componentes da motricidade global, correm mais depressa, equilibram-se em termos unipedais e dinâmicos durante mais tempo, coordenam melódica e cinestesicamente as extremidades de forma mais rápida e precisa, evidenciam mais força dos membros inferiores e saltam mais a pés juntos.
Nas componentes da motricidade composta, demonstram mais eficácia na coordenação oculomanual receptiva e propulsiva e, finalmente, nas componentes da motricidade fina, apresentam uma velocidade reactiva superior, revelam uma visuomotricidade com menos inêxitos e com um transporte visual mais consentâneo e pormenorizado com as figuras copiadas e, por último, apresentam uma microdextralidade dominante mais eficaz em duas tarefas de velocidade-precisão.
Em resumo, a sua proficiência motora, combinando o nível de eficácia nas variáveis motoras globais, compostas e finas, é claramente superior à das crian as com DA.
As crianÇas com DA da nossa reduzida amostra evidenciaram resultados mais baixos em todas as variáveis da proficiência motora, sugerindo um perfil motor mais vulnerável, quer nas componentes mais globais, quer nas mais finas, o que pode trazer alguma compreensão à problemática da maturação motora e funcional no potencial de aprendizagem, independentemente de muitas crianças com DA revelarem uma integridade motora global, e mesmo por compensação, ou por efeitos ecológicos específicos, um perfil motor adequado.
Perante os resultados globais do TPMBO, as crianças N revelaram valores acima da média, enquanto as crianças com DA demonstraram valores abaixo da média.
Anúlise da variância (ANOVA)
No Quadro IV é apresentada uma ANOVA (razão F de Fisher) com os respectivos graus de liberdade e os graus de probabilidade, para verificar as diferenças significativas entre o grupo de crianças N e o grupo de crianças com DA na totalidade das variáveis (Ferguson 1981).
430
PROFlCIÊNCIA MOTORA
QUADRO IV
ANOVA - Comparação dos resWtados obtidos pelo grupo
de crianças N vs. grupo de crianças com DA na totalidade das variáveis
VARIÁVEIS Graus liberdade Fisher Prob. Val. test
Componentes motricidade tina 28 26. 61 0. 000 4. 29 Visuomotricidade 28 24. 30 0. 000 4. 15 Proficiência motora (T) 28 18. 43 0. 000 3. 73
Velocidade de reacção 28 13. 43 0. 001 3. 28 Dextralidade 28 9. 98 0. 004 2. 90 Componentes motricidade global 28 8. 82 0. 006 2. 74
Coordenação bilateral 28 7. 39 0. 011 2. 54 Corrida de agilidade 28 5. 31 0. 031 2. 15 Força 28 4. 65 0. 040 2. 06 Equil'brio 28 4. I 8 0. 050 1. 96
Análise da variância para comparação dos grupos de crianças N e de crianças com DA.
O Quadro IV mostra diferen as signifcativas entre os dois grupos para valores p<. O5, em todas as variáveis da proficiência motora, em todas as componentes da motricidade fina e da motricidade global, apenas exceptuando a variável das componentes da motricidade composta.
A verificação destas diferenças significativas ilustra que a proficiência motora, tal como é medida pelo TPMBO, é substancialmente superior no grupo de crianças N, pondo em relevo a vulnerabilidade do potencial motor do grupo das crianças com DA, primeiro nas componentes da motricidade fina e segundo nas da motricidade global, confirmando inúmeras investigações já anteriormente referenciadas.
A não-existência de diferenças significativas, aliás zzxínimas, nas componentes da motricidade composta (recepção manual e coordenação oculomanual) parece sugerir a observância de uma reduzida discriminação desta variável da proficiência motora, quando se compara ambos os grupos.
Pela análise dos dados, a verificaÇão das hipóteses nulas (Ho I, Ho 2 e a Ho 4) definidas na nossa pesquisa é rejeitada devido à existência de diferenças significativas entre os grupos. Apenas a Ho 3 é aceite, por não se ter identificado diferenças significativas entre eles.
431
INSUCESSO ESCOLAR - ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA
Variáveis que caracterizam significativamente cada um dos grupos
No Quadro V são apresentadas as variáveis que caracterizamtivamente cada um dos grupos, através de uma análise de dados analysis - critério t Student, de Bouroche e Saporta 1980) que a média do grupo com a média geral.
QUADRO V
Variáveis que caracterizam significativamente o grupo de crianças N e o grupo de crianças com DA
Médias DP V. tes Prob. VaááveVCaracterísticas Gruno Geral Gmuo Geral
Grupo de crianças N (N=15)
Componentes motricidade fna 22. 733 19. 567 3. 750 4. 536 3. 76 0.
Visuomotricidade 6. 933 5. 867 1. 062 1. 565 3. 67 0. 000
Proficiência motora (T) 53. 667 48. 167 6. 467 8. 730 3. 39 0.
Velocidade de reacção 6. 333 5. 100 1. 989 2. 166 3. 07 0. 001
Dextralidade 9. 467 8. 533 2. 061 1. 821 2. 76 0. 003
Componentes motricidade global 26. 733 24. 467 3. 454 4. 631 2. 64 0. 004
Coordenaçãobilateral 3. 067 2. 633 . 680 . 948 2. 46 0. 007
Corrida de agilidade 9. 333 8. 633 1. 398 1. 779 2. 12 0. 011
Força 6. 600 6. 067 . 879 1. 413 2. 03 0. 021
Equil'brio 7. 733 7. 100 1. 569 1. 758 1. 94 0. 026
Componentes motricidade composta 4. 867 4. 533 . 884 . 957 1. 88 0. 039
Grupo de crianças com DA (N=15)
Componentes motricidade composta 4. 200 4. 533 . 909 . 957 - 1. 88 0. 03
Equil'brio 5. 467 7. 100 1. 707 1. 758 - 1. 94 0. 026
Força 5. 533 6. 067 1. 628 1. 413 - 2. 03 0. 021
Conida de agilidade 7. 933 8. 633 1. 843 1. 779 - 2. 12 0. 017
Coordenaçãobilateral 2. 200 2. 633 0. 980 0. 948 - 2. 46 0. 007
Componentes motricidade global 22. 200 24. 467 4. 549 4. 631 - 2. 64 0. 004
Dextralidade 7. 600 8. 533 . 800 1. 821 - 2. 76 0. 003
Velocidade de reacção 3. 867 5. 100 1. 543 2. 166 - 3. 07 0. 001
Pro ciência motora (T) 42. 667 48. 167 7. 077 8. 730 - 3. 39 0.
Visuomotricidade 4. 800 5. 867 1. 222 1. 565 - 3. 67 0. 000
Comoonentes motricidade f'ma 16. 400 19. 567 2. 653 4. 536 - 3. 76 0. 000
(Clusrer analysis - Critério t Student que compara a média do grupo com a média geral).
As variáveis que caracterizam significativamente o grupo de crian as N concentram-se, essencialmente, na totalidade das variáveis da motricidade fna, na visuomotricidade e na totalidade da proficiência motora, enquanto as variáveis que caracterizam significativamente o grupo de crianças com DA se concentram na totalidade das variáveis da motricidade composta, no equi
432
PROFICIENCIA MOTORA
librio e nafor a, marcando uma diferença nos perfis de proficiência motora dos grupos, privilegiando o grupo das crianças N nas componentes motoras mais complexas e hierarquizadas em termos neurofuncionais, obviamente mais interligadas com o aproveitamento e/ou o rendimento nas aprendizagens escolares.
A constatação de que o grupo de crianças com DA se caracteriza mais significativamente pelas componentes da motricidade composta e da motricidade global sugere que a sua proficiência motora é mais vulnerável e neurofuncionalmente menos estruturada e cuja repercussão em termos de repetência escolar parece fornecer alguma razão causal. Em síntese, a análise dos dados demonstra que os grupos estudados são significativamente diferentes na proficiência motora, sugerindo mesmo subtipos motores específicos.
Matrizes de correlação para a totalidade da amostra
Para investigar até que ponto as variações de uma variável correspondem às variações numa ou mais variáveis da proficiência motora, procurando verificar quais os graus de relação, de associação e de variação em uníssono e em simultaneidade entre as variáveis das motricidades global, composta e fina, apresentamos o Quadro VI da matriz de correlação, para valores de p <. 05 para a totalidade da amostra, tomando como referência o coeficiente de correlaçãoproduto-momento de Pearson (Pearson Product-Moment Correlation Coejficien Fergusson 1976).
QUADRO VI
Matriz de correlação para a totalidade da amostra
Cor. Fqu. Coor. For. M. G. M. C. Vel. Vis. Dext. M. F. P. M.
Cocrida de agilidade 1. 00
Equil'brio 0. 27 1. 00
Coordenaçãobilateral 0. 61 0. 62 1. 00
Força 0. 69 0. 35 0. 56 10. 00
Motricidadeglobal 0. 77 0. 77 0. 84 0. 78 1. 00
Motricidadecomposta 0. 54 0. 50 0. 50 0. 36 0. 61 1. 00
Velocidade de reacção 0. 44 0. 48 0. 55 0. 52 0. 62 0. 68 1. 00
Visuomotricidade 0. 43 0. 35 0. 39 0. 60 0. 42 0. 33 0. 42 1. 00
Dextralidade 0. 27 0. 31 0. 36 0. 42 0. 42 0. 33 0. 420. 441. 00
Motricidade fina 0. 46 0. 47 0. 54 0. 62 0. 65 0. 56 0. 870. 840. 751. 00
Proficiência motora 0. 71 0. 68 0. 74 0. 76 0. 91 0. 67 0. 790. 710. 630. 871. 00
Pela análise do quadro-matriz de correlação, nenhuma variável apresenta uma correlação perfeita com outra variável; todavia, idenúficámos uma correlação excelente entre o resultado total da proficiência motora na sua forma
433
INSUCESSO ESCOLAR - ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA
reduzida e a totalidade da motricidade global (r=. 91), sugerindo uma concordância extremamente forte entre ambas as variáveis e ilustrando a característica funcional do TPMBO.
Em contrapartida, a correlação com a totalidade da motricidade fina (r=. 87) revela uma correlação de menor magnitude, apesar de se considerar uma correlação muito forte em analogia com muitos testes em psicologia e em educação.
Outra correla ão muito forte foi encontrada entre as variáveis da totalidade da motricidadefina e a velocidade de reacção (r=. 87), sugerindo entre elas uma variação concordante muito significativa.
Correlações fortes foram identiflcadas entre as seguintes variáveis:
totalidade da motricidade global e coordena ão bilateral (r =. 84); totalidade da motricidade fna e visuomotricidade (r =. 84).
Correlações satisfatórias foram ainda encontradas nos seguintes pares variáveis :
- totalidade da proficiência motora e velocidade de reacção (r =. 79);
- totalidade da motricidade global e força (r =. 78), a mesma variávei com a variável da corrida de agilidade e com a variável do equihbrio (r =. 77);
- totalidade da proficiência motora com a for a (r =. 76), a mestna variável com a variável da coordenação bilateral (r =. 74) e com a variável da corrida de agilidade (r =. 71), todas elas componentes da motricidade global, enquanto a mesma variável se correlacionou no mesmo grau com a visuomotricidade, componente da motricidade fina; por último,
- totalidade da motricidade fina com a dextralidade (r =. 75).
De realçar a inexistência de correlações fortes com as variáveis da motricidade composta, bem como a observância de correlações fracas e pobres entre as variáveis da motricidade global e as da motricidade fina, sugerindo que ambas as componentes motoras se distinguem e se diferenciam em termos funcionais envolvendo, provavelmente, subsistemas independentes, algo que nos parece relevante para o estudo da proficiência motora em geral e nas crianças em particular.
Conclusões
Os resultados encontrados neste estudo dão suporte às perspectivas de autores pioneiros como Orton 1937, Kephart 1960, Ajuriaguerra 1961, Critchley 1970, Frostig 1971 e 1972, Cruickshank 1972, Guilmain 1971,
434
PROFICIÊNCIA MOTORA
Denckla 1973 e 1974, e aos estudos mais recentes de Dobbins e Rarick 1975, Benton e Pearl 1978, Krus e Bruininks 1981, Denckla 1979 e 1985 e de Bruininks 1974, 1977, 1978 e 1989, que verificaram nas suas pesquisas diferenças relevantes na prestação motora entre crianças normais e crianças com DA.
Em relação à verifica ão das hipóteses nulas definidas, para uma probabilidade de erro de 0. 05, três das quatro são rejeitadas, visto terem sido encontradas diferenças significativas entre os dois grupos, quer nas variáveis da motricidade global e fina, quer, igualmente, nas variáveis totais da proficiência motora.
Em termos de proficiência motora, e à luz do tratamento estatístico efectuado, as crianças com DA exibem diferenças significativas quando comparadas com crianças normais da mesma idade.
O estudo sugere que as diferen as significativas entre os dois grupos de crianças em todas as componentes da proficiência motora medidas segundo o TPMBO constatam nelas padrões de proficiência motora distintos, substanciando nas crianças com DA défices motores especi cos na motricidade composta e global, e, fundamentalmente, na motricidade fina, componente esta mais envolvida nos processos de aprendizagem simbólica, tendo em atenção os trabalhos de pesquisa revistos.
Os resultados apurados na motricidade composta e global do TPMBO suportam os dados de Denckla 1985 e Levison 1985, que identificaram nas crianças com DA défices vestibùlares e cerebelosos observáveis igualmente na prestação inferior da nossa amostra, acusando aquelas frequentes quedas, reequilibrações abruptas pouco económicas e reguladas, distonias, descontrolo e insegurança gravitacional. Os resultados do nosso estudo parecem demonstrar que as crianças com DA evidenciam problemas de integração vestibular, tonicopostural e proprioceptiva (tactiloquinestésica), a sugerirem problemas de integração não só sensorial, como psicomotora, a que não serão estranhas certamente as suas repercussões nos processos de atenção e de recepção, elaboração e expressão de informação exteroceptiva (auditiva e visual), obviamente mais envolvidos na aprendizagem dos processos simbólicos da leitura, da escrita e do cálculo.
Foram igualmente confirmados os estudos de Benton e Pearl 1978, na medida em que as crianças com DA revelaram movimentos da mão mais lentos e pobres, quer na velocidade de reacção, quer na visuomotricidade e na dextralidade, reforçando nelas o surgimento de uma coordenação oculomanual e de uma micromotricidadè mais tensas e dismétricas. A lentidão entre os processos de input e de output da prova de reacção com a queda vertical da régua, as distorções visuomotoras e visuoespaciais verificadas nas cópias de figuras geométricas, a preensão imprecisa e insegura do lápis, a tríade instável, as hesitações entre a mão iniciativa e a mão auxiliar na distribuição de cartas e as sincinésias, as mioclonias, as disquinésias flutuantes e descoordenadas, os tremores distais na marcação de pontos, etc.
435
INSUCESSO ESCOLAR - ABORDAGEM PSICOPEDAGÓGICA
parecem, no seu todo, apontar para uma imaturidade psicofuncional da motricidade fina já revelada também nos estudos de Frostig e Maslow 1973 e de Denckla, Rugel e Broman 1981.
Os resultados parecem indiciar dois tipos de coordenação quando: encara as componentes da motricidade global e as componentes da motrici- dade fina. Uma coisa parece ser a coordenação revelada nas expressões eor porais globais nos grandes espaços, como na aprendizagem da dança ou do desporto; outra coisa parece ser a coordenação evidenciada na sala de aula, que subentende a aprendizagem do desenho, da escrita ou do cálculo, efectivamente mais ligada a outras exigências de controlo (Stein 1985).
De acordo com Rolland 1980 e 1989, para produzir processos de motricidade fina complexos, o ser humano, ao longo da filogénese e da ontogénese, desfrutou e desfruta de uma área única no lobo frontal, a área 8, isto é, o campo frontal visual (frontal eye field) associado à área suplementar motora, de onde emergiu a fabricação e a manipulação de objectos, certamente um dos mais relevantes processos da sua evolução antropológica e da sua aprendizagem (Fonseca 1989).
De assinalar, na nossa pesquisa, que nas provas da motricidade fina a magnitude das diferenças obtidas pelas crianças com DA é comparativamente maior do que na motricidade global quando comparadas com as crianças normais, pondo em realce que a znicromotricidade põe em evidência substraetos neurológicos mais complexos e mais especializados hemisfericamente, na medida em que engloba, e abrange, mais processos de reaferência espaeial agida e representacional.
Os dados da nossa investigação destacam, em termos gerais, uma imaturidade na proficiência motora nas crianças com DA, imaturidade neurofuncional e psicofuncional mais emergente nas componentes da motricidade fina do que nas componentes da motricidade global ou composta, sugerindo naquela, de alguma forma, maiores implicações nos processos de aprendizagem simbólica. Segundo Denckla 1973 e Annett 1973, coexiste uma robusta correlação entre a velocidade-precisão de movimentos finos coordenados e a linguagem (leitura), sugerindo uma disfunção neuroevolutiva no eixo cefalocaudal, eixo este fortemente implicado na maturação motora. Os nossos dados chegam aos mesmos pressupostos, salvaguardando as necessárias limitações do presente estudo.
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