Por que uma idéia de dois mil e quinhentos anos atrás pareceria hoje mais relevante do que nunca? Como os ensinamentos do Buda podem nos ajudar a resolver muitos problemas do mundo



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*i&éf4 CúfíSíaetaao uma ameaça tão grande para o governo durante a administração do presidente Ranasinghe Premadasa, que de 1989 a 1993 foi alvo de ataques e ameaças de morte.

- Eles resolveram que era um risco grande demais me matar. No entanto insistiu que não tem nenhuma aspiração política.

- Lá no topo você pode organizar a ganância, no topo pode organizar o ódio e pode organizar a ignorância também - disse ele. - Mas você sempre pode organizar a verdade quando está no nível da comunidade, de baixo para cima.

"O que nós temos é o poder moral", acrescentou.

Nesse momento, como se seguisse a deixa, foi interrompido por uma ligação do ministro da Segurança Interna do governo, que pedia seu conselho. Era temporada de campanha, e um punhado de monges budistas estava se candidatando a mandatos no Parlamento.

- Isso seria bom, certo? - perguntei. - Monges budistas no governo poderiam assegurar que não haveria corrupção... certo?

Ele discordou.

- Achamos que eles não devem. Devem estar acima disso. Fui o primeiro a me opor à candidatura deles. Tenho certeza que seriam corrompidos pelo poder.

Nos Estados Unidos, em meio a escândalos sexuais e à política do poder dentro da Igreja Católica, supomos que os padres vão acabar acompanhando sua irmandade no legislativo. Mas de monges num país com raízes budistas tão profundas? Essa foi uma observação lamentável sobre o poder de sedução do poder.

Com um mapa diante de nós, o dr. Ariyaratne fez uma rota de excursão pelo interior do país para mim, combinando programas Sarvodaya nas aldeias em primeira mão e também pontos turísticos.

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Em Anuradhapura, um homem alto e magro chamado Vin-sor Kanakaratne, coordenador distrital da Sarvodaya, foi me encontrar no Nuwarawewa Resthouse. O nome do hotel, Nu-warawewa, é o nome do maior tanque em Anuradhapura (com seis quilômetros e meio de comprimento), criado no século II da Era Cristã. Dava para ver o reservatório da janela do hotel, mas estava reduzido a uma mera poça devido a uma seca prolongada.



Quando fomos para as aldeias rurais, Vinsor me contou que Anuradhapura é o maior município do país, com uma população de 900 mil pessoas. Das novecentas aldeias, a metade conta com a presença de Sarvodaya. Quando uma aldeia aceita o conceito Sarvodaya, elege um conselho que consiste em presidente, secretário e tesoureiro. Cada aldeão paga uma bagatela como taxa de associação — duas ou três rúpias por mês — da qual parte vai para uma conta poupança do próprio cidadão e outra parte vai para os cofres da aldeia. Depois de seis meses dessa demonstração de que eles são capazes de poupar dinheiro, os aldeóes passam a ser elegí-veis para um "empréstimo instantâneo" com taxas de juros baixíssimas. Em um ano eles podem obter empréstimo maior.

- A pobreza é o maior problema aqui - disse ele. - Mas conceder empréstimos não é a única coisa que fazemos. Nossa abordagem é holística e inclui construir uma infra-estrutura de autonomia e também psicológica. Nós os equipamos com todos os serviços sociais e treinamento comercial que eles vão precisar para melhorar suas vidas.

De acordo com o Ministério de Relações Exteriores do Sri Lanka, a renda média anual dos cingaleses é de cerca de 870 dólares, 80 por mês. A vida é dura hoje em dia, disse Vinsor. A violência e a seca têm sido um golpe duplo para a sobrevivência dessa gente. Na viagem de carro pude ver que quase todo o campo apresentava um triste tom de marrom e que os lagos estavam completamente secos.

- Não há previsão de chuva — disse ele.

- Quer dizer, para amanhã? - perguntei.

- Não, por meses.


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Vinsor, que tem 52 anos, está com Sarvodaya há 23 e já viveu algum tempo nos Estados Unidos, por isso gostou de praticar seu inglês comigo, falando bem devagar e com dicção precisa. De vez em quando fazia uma pergunta sobre o vocabulário.

- Qual é a diferença entre "percepção" e "perspectiva"? - ele perguntou no meio de uma conversa quando nos aproximávamos da primeira aldeia.

Eu sabia qual era a diferença, intuitivamente, mas diante da necessidade de explicar a distinção para um estudante de inglês como segunda língua, fiquei paralisado nesse meu trilho lingüístico. Como era autoridade, pelo menos naquele carro, arrisquei.

- Perspectiva é o ângulo do qual você olha para alguma coisa. Percepção é o modo como você vê, o seu ponto de vista individual.

Até para mim mesmo pareceu uma explicação fraca e ele me olhou como se eu fosse Webster em pessoa.

- Então talvez "perspectiva" seja o que você vê e "percepção" o que você pensa sobre o que vê.

Mais tarde tive de conferir. O verdadeiro Webster diz que "perspectiva" é "o aspecto com o qual um assunto ou suas partes são visualizadas mentalmente, especificamente: uma visão das coisas (objetos ou acontecimentos) em sua relação verdadeira ou importância relativa". "Percepção" é "consciência do meio ambiente através da sensação física", ou "capacidade de compreender: entendimento, compreensão — sinônimos — penetração, discernimento, discriminação".

Na verdade eu tinha entendido de trás para frente. Será que tinha mesmo? Eu pensava que era uma aula de vocabulário, mas era o Dhamma dele que ensinava para mim. Fiz disso o meu koan (questionamento em forma de paradoxo usado pelo zen-budismo para chegar ao conhecimento intuitivo): "Qual é a diferença entre percepção e perspectiva?" E foi muito útil imediatamente. Embora eu soubesse que estávamos indo visitar aldeias no campo, visualizei uma imagem da chegada a um centro bem pequeno, com lojas e carros e até um pequeno comitê de recepção, ao qual eu já estava acostumado e do qual gostava muito. Mas quando chegamos à aldeia de Nawa Makulewa, fiquei atônito. A estrada

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era uma trilha de gado ampliada. Havia dois ou três barracos... ponto final. A aldeia de 250 habitantes estava com Sarvodaya há quatro anos. Nós íamos comparecer a uma reunião para discutir o programa de poupança da aldeia, mas soubemos que tinha havido uma morte em uma das famílias e por isso a reunião fora cancelada. Em vez disso fomos procurar o tesoureiro da aldeia, um fabricante de móveis chamado W. W Senewerathna Banda, que tinha acabado de passar uma semana esculpindo uma maravilhosa cadeira de madeira toda ornamentada. Preço de venda: US$85. Fora frete e taxas.

- Nós éramos completamente desorganizados antes de Sarvodaya chegar - ele me disse com tradução de Vinsor. - Agora temos uma visão. Temos esperança.

Então fomos para o campo para ver de que forma o dinheiro estava sendo gasto no lugar. Uma mulher de 32 anos obteve um empréstimo de 10 mil rúpias (100 dólares) para montar uma olaria. Isso dois anos antes e já havia praticamente saldado a dívida. Outra família conseguiu recursos para pôr um teto sobre suas cabeças - literalmente. Atrás deles sua pequena casa, que em todo o resto parecia bastante pobre, agora tinha um telhado novo em folha.

Sarvodaya estava ajudando a suprir o básico elementar. Diversas vezes Vinsor observou que davam prioridade à construção de sanitários e poços. Em uma aldeia vimos um poço recém-cons-truído que economizaria para as mulheres uma caminhada de 800 metros todos os dias para pegar a cota diária de água. Seria aquele o mesmo país que dois mil anos antes deslumbrou o mundo com sistemas de irrigação muito além da imaginação de qualquer um na época? O que tinha acontecido com o Sri Lanka nesse meio tempo? Felizmente eu não tive de responder a esse koan. Já estava bastante atrapalhado usando o meu novo koan para criar um ponto de vista competente para as minhas percepções sobre o Sri Lanka. E conforme iam mudando, o respeito que nutria pela tarefa imensa do dr. Ariyaratne só crescia.



* *

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No dia seguinte, antes de sair de Anuradhapura, dei a volta na Árvore Bo, descendente da Árvore Bodhi original na índia. Antes de fazer isso, curvei-me diante de uma estátua do Buda num templo ao lado da árvore. Havia lá um monge coletando pequenas doações. Dei 100 rúpias, um único dólar, nada, mas uma enorme quantia para eles. Em troca, além do mérito e da bênção, o monge amarrou um barbante no meu pulso direito, como é o costume. Eu já havia juntado alguns desses barbantes brancos e vermelhos na índia.

— Você não pode cortá-los — havia me dito Shantum. -Servem para lembrar de estar no presente e no Dhamma.

Eu gostava porque achava que pareciam sexy. Além disso serviam para uma rápida identificação cultural para aqueles que sabiam o que significavam. Jurei não cortá-los até se desfazerem sozinhos.

Fora da cidade, num calor igual ao de uma sauna, subi 1.840 degraus de granito para ver as ruínas de um mosteiro que Mahin-da e seus companheiros monges tinham construído e onde, em 247 a.C, ele conheceu o rei Devanampiya Tissa, que participava de uma caçada real. Mahinda falou dos ensinamentos do Buda e logo depois o rei e quase todos no resto do país tornaram-se seguidores fervorosos. O peregrino chinês Fa-Hsien registrou ter visto alguns milhares de monges morando ali no início do século V. Vi um casal de namorados passeando em câmera lenta, descendo aqueles degraus, e outros poucos, no dia em que estive lá.

Mas quando cheguei ao topo, em uma das cavernas no alto do morro, chamado de Mihintale, fui cercado por um grupo de estudantes, de olhos brilhantes e bonitos com seus uniformes de escola, em excursão. Eles me abordaram e quiseram chamar a minha atenção.

— De que país o senhor é? - perguntavam em coro.

O inglês dos ceilandeses no Sri Lanka tem aquela mesma melodia do dialeto dos indianos, só que eles mesmos provavelmente rejeitariam essa comparação.

Normalmente aceito esse tipo de brincadeira, mas naquele dia eu estava distraído. A uma hora ou duas de distância da sede

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distrital de Sarvodaya em Batticaloa, no litoral leste, a minha ansiedade só fazia aumentar. No dia 2 de março, um dia depois da minha chegada no Sri Lanka, uma manchete de matéria de uma coluna no canto esquerdo inferior da primeira página do Daily News, o maior jornal de língua inglesa no país, anunciava discretamente: "Candidato do PUN assassinado em Batticaloa." Um candidato do Partido da União Nacional, o principal partido de oposição do país, concorrendo à eleição geral do município de Batticaloa, tinha sido alvejado no primeiro assassinato relacionado à campanha política. A história dizia que o LTTE apoiava um candidato da Aliança Nacional Tâmil (ANT). A diagramação da reportagem e a falta de dados sugeria que isso era tão importante como um gato que subiu na árvore. Na parte de cima da página havia uma história que um número bem maior de cingaleses ia reparar: "Seleção do críquete é um imenso jogo de paciência."



No dia seguinte ocorreu outro assassinato dentro da campanha. O delicado cessar-fogo no conflito étnico de vinte anos entre os cingaleses e os tâmeis tinha sido violado. Os jogos de guerra estavam operando novamente, e o "imenso jogo de paciência" seria muito necessário, mas um bem muito raro por ali.

Quando me aproximei de Batticaloa, notei um número cada vez maior de guardas militares armados à beira da estrada em bases militares, com barracas e arame farpado atrás deles. Até meu motorista estava ficando nervoso.

A sede municipal do movimento, numa área residencial tranqüila, estava fervilhando de atividade - a equipe dedicada e supe-ranimada, a maioria de vinte e poucos anos, corria de um lado para outro, e a papelada voava no rastro deles. Dava para ver que Sarvodaya Shramadana era uma máquina bem treinada e bem azeitada, a marca registrada do dr. Ariyaratne era evidente. O coordenador daquele centro municipal, E. L. A. Careem, a quem o dr. Ariyaratne havia avisado da minha visita, recebeu-me cheio de entusiasmo. Convidou uns oito membros destacados da sua equipe para ir à sala dele e me informar sobre seus esforços. O conflito tinha atingido sua comunidade seriamente, disseram. Empregos eram escassos. Às vezes era difícil conseguir provisões

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do outro lado das áreas de segurança, sem mencionar o constante estresse psicológico que representava a violência iminente que pairava sobre suas cabeças.

Depois observei aldeões que pediam recursos, cada um deles defendendo pequena ajuda financeira para os empreendimentos mais simples. Um rapaz requereu um empréstimo do banco de reservas Sarvodaya de 98 mil rúpias (980 dólares) para comprar uma lambreta. Com isso ele não teria mais de rodar com sua bicicleta 20 quilômetros todos os dias para pegar as provisões que vendia em sua pequena loja de rua. O rapaz já havia demonstrado que sabia poupar. Teria três anos para pagar o empréstimo, com taxas de juros menores do que um décimo das taxas de juros de empréstimos do governo. E ele teve seu empréstimo aprovado com facilidade.

Mais tarde aquele dia mesmo, o sr. Careem levou a mim e a alguns membros da equipe para uma aldeia, onde jovens da região tinham ido de ônibus para passar um fim de semana. Isso me fez lembrar dos acampamentos de verão que freqüentei quando criança, combinando despertar espiritual, serviço comunitário voluntário e incentivo à confiança nos grupos de colegas. Os habitantes das aldeias se reuniram sob uma frondosa figueira diante de dois templos, um hinduísta, o outro budista. Havia uma energia contagiante que o sr. Careem e o pessoal dele espalhava. Ele tinha me dito mais cedo que a estratégia era construir confiança, descobrir o que a comunidade considerava suas necessidades prioritárias e depois responder com um plano de ação imediato. No início notei o povo das aldeias abaixado de cócoras, ouvindo o discurso. Pude imaginar que apesar das necessidades deles serem muitas, traziam embutida uma desconfiança de forasteiros. Talvez já tivessem ouvido tudo aquilo antes. Talvez tivessem sido traídos. Talvez, cercados pela guerra civil, a paranóia e as suspeitas deles fossem justificadas.

Aparentemente acreditavam que estavam ouvindo porque alguns líderes das aldeias começaram a dar seus palpites. E de repente as pessoas começaram a se organizar em grupos pequenos. O sr. Careem empurrou-me para um desses grupos, formado por

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jovens que caminhavam alegres em fila única por uma trilha que parecia levar a lugar nenhum. Descobri um dos membros do Sarvodaya que falava inglês e que pôde me explicar enquanto andávamos. Estávamos caminhando por aquela trilha que ia dar em campos que tinham sido abandonados, ele disse. Agora os aldeões tinham esperança de poder começar a plantar ali de novo, já que a população vinha aumentando dramaticamente. Essa pessoa disse que do ponto de vista do Sarvodaya, a maior preocupação era o controle populacional - o número de grávidas na adolescência e de mães solteiras era galopante —, mas alimentar os bebês que choravam de fome era a maior necessidade do momento. Gostei de ver que Sarvodaya escutava. Essa tinha sido uma reclamação constante sobre o Peace Corps; eles chegavam e faziam o que achavam que era melhor para as comunidades, em vez de ajudá-las a fazer o que elas consideravam melhor para si mesmas. O nosso trabalho era simplesmente limpar o caminho que tinha sido coberto pelo mato. Peguei uma foice e comecei a ceifar lado a lado com os voluntários bem vestidos. Mas notei outra coisa: apesar de os habitantes das aldeias terem ido caminhando até aquele lugar junto com os voluntários, a maioria ficou parada observando o trabalho dos visitantes.



- Não esperamos que eles saiam correndo para fazer por si mesmos - explicou o meu companheiro —, senão já teriam feito isso muito tempo antes de nós chegarmos aqui. Mas achamos que se formos exemplos, o orgulho deles vai motivá-los a assumir o trabalho.

Era a estratégia Huck Finn mais uma vez. Depois de o pessoal de Sarvodaya ir embora, a esperança era que os aldeóes entenderiam que trabalho duro resulta em benefício pessoal. Aquelas eram lições quase embaraçosas de tão simples, mas o movimento Sarvodaya era exatamente isso: oferecer o fundamental. E enquanto o governo falhava em criar uma infra-estrutura de verdade, o dr. Ariyaratne e essa equipe e os voluntários ofereciam os tijolos e a argamassa para ajudar os aldeões a construir suas vidas.

Embora não tivessem pronunciado uma única palavra sobre o budismo, aquele recado de auto-suficiência e de automotivação

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era o mesmo que Buda teria dado ali. "O indivíduo, de fato é seu próprio protetor. Que outro protetor poderia haver?", diz o Buda em O Dhammapada. "Cada um tem de ser a própria luz", ele disse nas últimas horas da vida.

Um programa específico mostrou-me bem como a vida ali era tênue, e também como a abordagem budista de Sarvodaya transcendia a necessidade de uma aula de filosofia budista.

O sr. Careem e alguns colegas da sede municipal levaram-me para o que parecia uma incursão fadada ao malogro para a aldeia de Eravur, por becos e ruelas intermináveis, até darem a impressão de que eles também estavam irremediavelmente perdidos. A beira de um bairro pequeno que terminava num campo aberto, paramos numa casa vazia e entramos num cômodo sem móveis. Subitamente o barulho de risadas de crianças desfez o silêncio. De algum quarto nos fundos apareceu cerca de uma dúzia de crianças, idades entre cinco e 18 anos, e formaram um círculo. Duas garotas de 19 anos, uma hindu, a outra muçulmana, de hijab (pano que cobre a cabeça), lideraram o grupo com canções animadas e atividades lúdicas. Os muçulmanos aqui são a minoria das minorias, representam cerca de sete por cento da população.

Então mostraram para as crianças uma série de cartazes ilustrando minas terrestres. Aquele era o propósito das brincadeiras daquele grupo. Estavam aprendendo a reconhecer as armas mortais que estão por toda parte como restos esquecidos. Essa educação sobre os riscos das minas era subsidiada pela European Union Humanitarian Aid Office (ECHO) da Comissão Européia e UNICEF, mas a equipe era de Sarvodaya. Chamam toda aquela região de "área não liberada", querendo dizer área onde ainda existem esses artefatos. As minas custaram vidas e membros de crianças e adultos. Esse é o preço do ódio, da intolerância religiosa, da xenofobia e das guerras.

Quando as crianças entraram na sala, um grupo de mães também apareceu, vindas de uma cozinha nos fundos que eu não havia notado. Elas ficaram de cócoras, em silêncio, mas observando atentamente, para certificar-se de que os filhos prestavam atenção. Esse jogo e as canções que pediam para as crianças memori-

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zarem, podiam ser questão de vida ou morte, e ninguém sabia mais disso do que aquelas mulheres. Algumas contaram para mim quantos membros da família tinham perdido. Mais tarde Rajani Kanagalingam, o diretor do programa, detalhou o sucesso daquele empenho na educação sobre o risco das minas. Antes de o programa ter início em 2003, 21 pessoas tinham se ferido. Depois que começou, nenhuma. Antes, três mortes foram atribuídas a minas terrestres. Depois, uma só. As minas, eles contaram com tristeza, não distinguem se suas vítimas são tâmeis ou cingaleses, hindus, budistas ou muçulmanos, velhos ou jovens, pais ou mães, naturais do Sri Lanka ou jornalistas norte-americanos. Desse modo as minas não fazem nenhuma discriminação, como o Buda. Tentei fazer esse comentário como humor negro budista, mas não houve reação, como não devia haver mesmo.

O assunto não era de fato para ser motivo de riso, mas eu estava ficando confuso e talvez um pouco cínico. Monges na política? Budistas em guerra? Uma cultura que fora tão avançada,




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