Português 9º ano


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Cumprido

executado

Decente

digno, correto, decoroso

Descente

que desce

Deferir

atender, conceder

Diferir

distinguir-se; posicionar-se contrariamente; adiar (um compromisso marcado)

Delatar

denunciar

Dilatar

estender; retardar

Descrição

ato de descrever

Discrição

qualidade de discreto; discernimento

Descriminar

inocentar; descriminalizar

Discriminar

distinguir, diferenciar

Despensa

lugar onde se depositam alimentos, móveis e objetos

Dispensa

documento ou ato em que se pede ou concede a desobrigação de algo

Discente

relativo a alunos

Docente

relativo a professores

Emergir

trazer ou vir à tona

Imergir

afundar-se

Emigrar

sair de um país para ir viver em outro

Imigrar

estabelecer-se em país estrangeiro, em geral definitivamente

Eminente

proeminente; excelente; superior

Iminente

que está por acontecer; próximo; imediato

Estático

sem movimento; parado, imóvel

Extático

encantado, maravilhado, absorto

Flagrante

ação notada e/ou registrada no momento da ocorrência

Fragrante

aromático, cheiroso, perfumado

Fluir

correr, circular

Fruir

desfrutar, utilizar

Incidente

episódio

Acidente

desastre; relevo geográfico


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Infligir

aplicar castigo ou pena

Infringir

transgredir

Intenção

propósito_

Intensão

intensidade; força

Intercessão

ato de interceder

Interseção

cruzamento; ato de cortar

Mandado

ordem judicial

Mandato

período de permanência em cargo

Paço

palácio real ou episcopal

Passo

ato de deslocar o apoio do corpo de um pé a outro enquanto se anda; marcha

Peão

indivíduo que anda a pé; peça de xadrez; toureiro que lida o touro a pé; homem da plebe

Pião

brinquedo cônico, geralmente de madeira e com ponta metálica, que, desenrolando-se de um cordel ao ser lançado, gira rapidamente

Ratificar

confirmar, validar, comprovar, reafirmar

Retificar

corrigir

Recrear

proporcionar recreio_

Recriar

criar de novo

Sesta

repouso após o almoço

Sexta

redução de sexta-feira; hora canônica; intervalo musical

Soar

dar ou produzir som; ecoar

Suar

transpirar

Tachar

censurar, notar defeito em; pôr prego em

Taxar

cobrar tributo, imposto sobre; fixar o preço, o valor

Tráfego

no trânsito, movimento ou fluxo de veículos

Tráfico

negócio ilícito

Viagem

jornada, percurso

Viajem

flexão do verbo viajar


Página 297

Suplemento com orientações para o professor

9º ano
Página 298



Apresentação

Caro professor:

O exercício pleno da cidadania e a construção de identidades livres pressupõem a autonomia de agir e de pensar. Foi considerando isso que fizemos esta coleção: para ajudar os alunos a desenvolverem capacidades que lhes permitam adquirir cada vez mais autonomia de ação e de pensamento e também para garantir a você, professor, essa mesma autonomia em seu trabalho.

Você notará que cada volume desta coleção está dividido em três cadernos, cada um priorizando um componente do ensino de Língua Portuguesa: Caderno de Leitura e Produção, Caderno de Práticas de Literatura, Caderno de Estudos de Língua e Linguagem.

Apesar dessa forma de organização dos saberes da disciplina, o objetivo não é tratar cada componente de maneira estanque, mesmo porque cada caderno não aborda exclusivamente um dos componentes, apenas prioriza um deles, sempre buscando estabelecer relações com os demais. Ao contrário, essa divisão não tem outro objetivo senão garantir sua liberdade de escolher os caminhos a seguir com sua turma, ora dando ênfase a um aspecto do uso da língua, ora enfatizando outros.

É porque acreditamos em você, professor, na sua capacidade de discernir quais são as necessidades da sua turma, quais objetivos a serem alcançados e em que ritmo, que lhe apresentamos esta coleção.

Esperamos estar com você, lado a lado, apoiando-o nessa caminhada.
Página 299

Sumário

O Manual do Professor...........................................................................................300

Pressupostos teórico-metodológicos..............................................................301

1. Ensino e aprendizagem de língua materna.........................................301

1.1. Leitura e produção de textos orais e escritos........................303

1.2. Leitura literária.........................................................................311

1.3. Conhecimentos linguísticos 314



2. Avaliação da aprendizagem para refletir sobre o ensino...............................318

2.1. Como a coleção organiza o trabalho com a avaliação............319



Estrutura da obra 320

1. Caderno de Leitura e produção 320

2. Caderno de Práticas de literatura 323

3. Caderno de Estudos de língua e linguagem 324

Uma sugestão de como utilizar a coleção 327

Mapa de conteúdos da coleção 330

Leituras complementares 335

Leituras complementares — 9º ano 363

Referências bibliográficas 382

Fichas de avaliação das produções 384

Sugestões de respostas, comentários e orientações para a mediação do professor 392

Página 300

O Manual do Professor

Este Manual do Professor contém:

• explicitação dos pressupostos teórico-metodológicos nos quais se baseou a obra;

• textos de referência para compreender melhor os pressupostos da obra;

• explicação da estrutura da obra;

• mapas de conteúdo da coleção;

• sugestão de como usar esta coleção;

• orientações sobre as atividades e respostas;

• textos complementares de subsídio teórico ou temático para o trabalho com as unidades;

• esquemas do conteúdo e anexos do Caderno de Estudos de Língua e Linguagem.


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Pressupostos teórico-metodológicos

1. Ensino e aprendizagem de língua materna

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental (PCN), pode-se considerar o ensino e a aprendizagem de Língua Portuguesa, como prática pedagógica, resultantes da articulação de três variáveis:

o aluno;

os conhecimentos com os quais se opera nas práticas de linguagem;

a mediação do professor.



O primeiro elemento dessa tríade — o aluno — é o sujeito da ação de aprender, aquele que age com e sobre o objeto de conhecimento. O segundo elemento — o objeto de conhecimento — são os conhecimentos discursivo-textuais e linguísticos implicados nas práticas sociais de linguagem. O terceiro elemento da tríade é a prática educacional do professor e da escola que organiza a mediação entre sujeito e objeto do conhecimento. [ênfases adicionadas] (BRASIL/MEC/SEB, 1998: 22)

Mais do que se articularem, os elementos dessa tríade aluno — conhecimento — mediação do professor dialogam e se confrontam num movimento contínuo. Para compreendermos melhor essas relações é necessário entendermos a natureza do homem, do conhecimento e da linguagem. Especialmente nos últimos vinte anos, as teorias de aprendizagem de cunho socioconstrutivista — baseadas nos estudos de Vygotsky — e as teorias enunciativo-discursivas sobre língua e linguagem — que têm em Bakhtin o seu precursor — vêm nos ajudando nessa tarefa.

Tanto as teorias de aprendizagem socioconstrutivistas quanto as de linguagem enunciativo-discursivas têm como pano de fundo a concepção de homem como um ser social e histórico que se constitui nas e pelas relações com os outros, que se dão em certo tempo e espaço, por meio da linguagem.

Para Vygotsky ( 1992), se somos sujeitos que nos construímos nas relações com os outros, é no tempo e no espaço em que essas relações acontecem que apreendemos e produzimos conhecimento, que desenvolvemos a nossa consciência como sujeitos. O conhecimento, portanto, é também um produto dessas relações. Como reitera Cavalcanti (2005: 189),



... o conhecimento na perspectiva histórico-cultural de Vygotsky é uma produção social que emerge da atividade humana, que é social, planejada, organizada em ações e operações e socializada (Pino, 2001). Essa ação humana está subordinada à criação de meios técnicos e semióticos, estes últimos particularmente destacados por Vygotsky. A atividade humana é produtora, por meio dela o homem transforma a natureza e a constitui em objeto de conhecimento (produção cultural) e, ao mesmo tempo, transforma a si mesmo em sujeito de conhecimento.

A construção do conhecimento que acontece nas relações sociais só é possível porque mediada por meios técnicos e semióticos — também criados socialmente —, que são os signos, constituídos como linguagem:



Pela linguagem os homens e as mulheres se comunicam, têm acesso à informação, expressam e defendem pontos de vista, partilham ou constroem visões de mundo, produzem cultura.

(BRASIL/MEC/SEB, 1998: 22)

Se a nossa consciência se constitui nas relações sociais, por meio da linguagem, a apropriação de todo e qualquer conhecimento se dá de fora para dentro, sendo resultado de um processo de internalização que é longo e tem início no momento em que tomamos contato com o novo conhecimento, na relação com o outro: a apreensão do conhecimento surge e se constitui na tensão, no conflito entre o que vem do outro e o que está no pensamento


Página 302

daquele que irá apreendê-lo. Em outras palavras, essa apreensão não se dá de forma passiva, automática, transmissiva, mas de modo conflituoso, como resultado de um processo de reconstrução interna, de transformação, em que cada um de nós imprime sua marca ao que recebe de fora. Esse processo de internalização — que resulta na aprendizagem do novo conhecimento — é o que impulsiona o desenvolvimento das funções psicológicas.1

Assim sendo, se o conhecimento se constrói nas relações sociais, os alunos, como sujeitos da ação de aprender, que agem com e sobre o objeto de conhecimento, o fazem nas trocas verbais, nas interações de sala de aula, seja com seus pares, seja com seu professor, seja, ainda, com os diferentes textos dos diferentes autores que leem. Portanto, é a qualidade dessas trocas verbais em sala de aula que possibilitará aos alunos a aprendizagem de novos conhecimentos.

Desse modo, ao professor, como sujeito da ação de ensinar, cabe planejar como se darão essas trocas. Para tanto é necessário que, de um lado, ele tenha o domínio do conhecimento sobre o objeto de ensino — no nosso caso, os saberes da língua portuguesa — e, de outro, o conhecimento didático que lhe possibilitará planejar a transposição desses saberes, traduzida em situações didáticas que favoreçam aos alunos o contato com os novos conhecimentos, de modo a antecipar as situações de conflito e preparar-se para mediá-las, visando à potencialização da aprendizagem.

A perspectiva da qual deve partir o professor de língua materna para ensinar os conhecimentos discursivo-textuais e linguísticos implicados nas práticas sociais de linguagem leva-nos a falar um pouco mais sobre a concepção de linguagem como produto e forma de interação verbal.

Para Bakhtin (1953), a linguagem, como produto das relações sociais e como forma de interação, só existe e se realiza nessas relações, na interação entre, no mínimo, duas consciências (os interlocutores da situação), e seu uso está sempre orientado no sentido de um querer dizer do locutor (intencionalidade), em uma determinada situação social concreta de comunicação (situação enunciativa). Quer dizer, ao nos comunicarmos com o outro, o fazemos em situações específicas e produzimos os nossos textos (enunciados) atribuindo às palavras sentidos muito próprios, em função das intenções do nosso dizer. Portanto, cada enunciado produzido (o texto oral ou escrito), em certo contexto, leva o acento do locutor (suas apreciações valorativas sobre o que está sendo objeto da conversa/do diálogo). Por isso diz-se que um enunciado é sempre único, não se repete.

É a isso que Bakhtin/Volochinov ( 1929: 95) se referem quando afirmam que a palavra está sempre carregada de um conteúdo ou sentido ideológico ou vivencial resultante da orientação que lhe foi conferida por um contexto e uma situação precisos.

Para Bakhtin ( 1953), os enunciados se realizam na forma de gêneros do discurso — formas de uso da língua —, surgidos no âmbito das diversas esferas de atividade humana (literária, jornalística, artística, do trabalho, etc.), e, por isso, constituídos sócio-historicamente.

Sob a perspectiva das concepções de homem, conhecimento e linguagem aqui apresentadas, pensar o ensino e a aprendizagem de língua materna é planejar situações didáticas em que os alunos façam uso da língua nas mais diferentes situações comunicativas e analisem esses usos (que estão em constante modificação) visando à aprendizagem das diferentes práticas sociais da leitura e da escrita que favoreçam a formação de um sujeito para os múltiplos letramentos.2

1 Ao conceito de aprendizagem podemos associar o de ZPD — Zona Proximal de Desenvolvimento —, elaborado por Vygotsky para explicar as possibilidades de a aprendizagem influenciar o processo de desenvolvimento mental. O autor assim a define: “[...] a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes” (Vygotsky, 1984: 97). No texto sugerido para leitura complementar, você encontrará mais sobre o assunto.

2 Esse conceito será abordado ao longo da apresentação dos pressupostos da obra ao tratarmos do trabalho com os componentes de ensino: leitura, produção, conhecimentos linguísticos e literatura. Para aprofundamento, conferir Rojo, Roxane. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.
Página 303

É essa a dinâmica das relações dos elementos que compõem a tríade aluno — conhecimento — mediação do professor no ensino da língua portuguesa. E é considerando essa dinâmica que esta coleção se coloca como um material de apoio a você, professor. O conjunto de atividades, pensadas na sequência aqui proposta em cada um dos três cadernos que compõem cada volume da coleção — Leitura e Produção, Prática Literária e Estudos de Língua e Linguagem —, é resultado de um recorte dos conhecimentos da língua que leva em conta tanto os conhecimentos que se espera que os alunos construam ao longo dos anos finais do Ensino Fundamental quanto o modo como os sujeitos aprendem.

Você observará, ao longo dos capítulos, unidades e cadernos, que há diversidade de tipos de atividades e proposição de modos de organização da turma que favorecem a interação entre alunos, em pequenos grupos ou no coletivo, e entre alunos ou aluno e professor; verá sugestões de distribuição das atividades para serem realizadas em sala de aula ou fora dela, como lição de casa; verá momentos em que o foco são os conhecimentos que os alunos têm construídos e que, posteriormente, serão confrontados com os novos conhecimentos tomados como objeto de ensino e aprendizagem; verá, ainda, momentos em que o registro escrito será fundamental e outros em que o que mais importa é a troca, a discussão oral.

Nosso propósito é apresentar a você o resultado da transposição didática dos saberes relevantes da disciplina, realizada por nós, autoras. Entretanto, será você, nas relações sociais de sua sala de aula, a se apropriar deste material para transformar as sequências propostas em efetivas situações didáticas, no momento em que promover o trabalho com elas, na interação com os alunos, de acordo com o modo como planejar usá-las.

1.1. Leitura e produção de textos orais e escritos

1.1.1. O ensino de leitura e produção textual sob a perspectiva dos múltiplos letramentos

Letramento é o que as pessoas fazem com as habilidades de leitura e de escrita, em um contexto específico, e como essas habilidades se relacionam com as necessidades, valores e práticas sociais. (Soares, 1998: 72)

A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e os PCNs reafirmam o consenso de que a principal função da escola é a formação de um cidadão crítico, ético, livre e participativo, coconstrutor de uma sociedade mais justa. Para tanto, porém, é preciso que se garantam espaços educativos nos quais os alunos possam livremente questionar, pensar, assumir e criticar valores, normas e direitos.

Nesse sentido, cabe ao ensino de Língua Portuguesa possibilitar aos alunos que desenvolvam uma postura crítica diante dos fatos, das interações e, portanto, dos textos para que o indivíduo possa ganhar autonomia, valorizar sua própria cultura e pôr em prática o verdadeiro sentido de liberdade e democracia, valores tão caros à cidadania.

Para favorecer o desenvolvimento de tal postura diante dos textos que circulam em uma sociedade heterogênea e complexa como a nossa, as atividades didáticas devem explorar não só os textos que se apresentam em variados suportes ou em diferentes esferas de circulação dominantes e “globais” (livros, jornais, revistas, sites institucionais da internet, cinema, publicidade), mas também aqueles de circulação mais restrita, “locais” (rap, blog, chats na internet), sempre levando em conta as diferentes linguagens que os compõem (verbal, não verbal, escrita, oral ou multimodal).

Isso significa que, nas atividades de ensino de Língua Portuguesa, é preciso considerar as diferentes práticas de letramento, isto é, as diferentes formas de interagir com a escrita em práticas sociais e de acordo com o contexto em que a linguagem é utilizada (família,
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igreja, escola, sindicatos, etc.). Se para cada prática social há um tipo de letramento, ou seja, formas específicas de fazer uso da linguagem, podemos então afirmar que, mais do que apenas um tipo de letramento, há letramentos (assim mesmo, no plural) ou letramentos múltiplos; e o letramento escolar é apenas um deles.

Havendo um letramento que é específico da situação escolar (que envolve, por exemplo, leitura de textos expositivos em livros didáticos ou apostilas, redação de textos que não são divulgados a ninguém, a não ser ao professor, ou de respostas em provas, etc.) e outros que encontram lugar fora da escola, ocorre que nem sempre o primeiro encontra utilidade ou pelo menos acomodação fora do espaço escolar. Não raro, indivíduos letrados via escolarização encontram dificuldades ao deparar com situações de comunicação social que exigem práticas não desenvolvidas no letramento escolar.

Como afirma Soares (1998: 58), despertar para o fenômeno do letramento e incorporá-lo ao nosso vocabulário educacional significa que já compreendemos que nosso problema não é apenas ensinar a ler e a escrever, mas é, também, e sobretudo, levar indivíduos — crianças e adultos — a fazer o uso da leitura e da escrita, envolver-se em práticas sociais de leitura e de escrita.

Portanto, é importante que a escola, além de trabalhar com as formas tradicionais de letramento escolar, aceite em seu seio outras formas, outros “letramentos”, abarcando em suas aulas novos conteúdos que propiciem não só a inclusão de crianças das mais diversas origens socioculturais, mas também a plena formação de um cidadão que valoriza as práticas letradas da sua comunidade e ao mesmo tempo é capaz de interagir com a linguagem nas mais diversas situações sociais.


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