Português: contexto, interlocução e sentido



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8 O eu lírico afirma que seus poemas não se destinam aos homens importantes e orgulhosos ou aos mortos ilustres ou de famílias nobres.

a) “Não para o homem orgulhoso / Que se afasta da lua enfurecida / Nem para os mortos de alta estirpe / Com seus salmos e rouxinóis”.



b) Sim. Na segunda estrofe o eu lírico também se vale de duas negações para deixar evidente a que pessoas seu trabalho não se destina: “Não para o homem orgulhoso / [...] / Nem para os mortos de alta estirpe / […]”.

9 Aqueles para quem o eu lírico escreve (os amantes que carregam nos braços “as dores dos séculos”) ignoram o ofício do eu lírico e não o pagam ou o elogiam.

> O fato de os interlocutores do eu lírico ignorarem o seu ofício e não lhe garantirem qualquer forma de reconhecimento (pagamento ou elogio) sugere o motivo de ele definir seu trabalho como “arte taciturna”: trata-se de um ofício exercido de maneira discreta, silenciosa, apenas com o objetivo de atingir o “coração” dos amantes que sofrem.

10 O que permite associar o poema ao gênero lírico é, em primeiro lugar, o fato de haver um eu lírico que manifesta a expressão do seu mundo interior ao definir o seu trabalho como poeta de forma bastante pessoal, deixando claro que seus versos são voltados para aqueles que amam e carregam “as dores dos séculos”. Além disso, é possível perceber a subjetividade presente nas imagens utilizadas para caracterizar esse ofício e os outros recursos estilísticos presentes no poema (por exemplo, o uso da negação para definir a quem o poema não se destina).

CAPÍTULO 4

Literatura é gênero II: o dramático

Leitura da imagem (p. 35)

1 Vemos, em primeiro plano, três pessoas: uma mulher e duas crianças. Ao fundo, atrás das pessoas, avista-se uma porta de uma casa bem simples.

2 O gesto da mulher, que abraça as duas crianças, e o modo como elas se agarram à mulher sugerem que elas se sentem não apenas acolhidas nos braços dela, mas também protegidas. É possível imaginar que se trata de uma mãe e seus dois filhos.

3 O olhar do menino é de assustado.

> O olhar da mulher é, ao mesmo tempo, de raiva e de desafio.

4 Resposta pessoal. O aluno deve perceber que a combinação de olhar enraivecido com o gesto protetor sugere que a mulher encara a pessoa que está fora da foto como uma ameaça e, por isso, assume uma postura de desafio e coragem.

5 As roupas são aparentemente simples e a casa que se avista em segundo plano não tem qualquer marca que indique uma condição social mais elevada (não é pintada, não mostra nenhum tipo de ornamentação, nenhuma vegetação, nada). Por isso, esses elementos sugerem tratar-se de personagens de uma condição social mais baixa.

6 Resposta pessoal. Espera-se que o aluno, após observar os gestos (de proteção, de busca de abrigo) e os olhares das personagens (raiva, susto), perceba que a cena sugere uma possível ameaça desencadeada pela presença da pessoa que não aparece e a reação das personagens a essa suposta ameaça.

Da imagem para o texto (p. 35)

7 O aluno deve destacar marcações de cenário, iluminação, música, entrada de personagens, suas reações, de modo que, no momento de montar a peça, diretor e atores tenham alguma orientação sobre como proceder em cena (“Apaga a luz do set das vizinhas; orquestra sobe; Jasão vai aparecendo no outro lado do palco; Joana [...] começa a cantar.”). Além disso, o texto estrutura-se como um diálogo entre duas personagens (Jasão e Joana), sem que haja a intermediação de um narrador. Os comentários feitos trazem informações sobre gestos ou comportamentos (“vai até ela e solta seus cabelos, jeitosamente”), mas não esclarecem o que eles significam, deixando a interpretação por conta do leitor.

8 A cena trata do reencontro entre um homem (Jasão) e uma mulher (Joana), que viveram juntos. Estão separados e, pela fala de Joana, podemos inferir que ela se sentiu traída e explorada por Jasão.

9 Joana mostra-se mais exaltada. Não quer conversa com Jasão e se irrita quando ele começa a dizer que ela ainda está “enxuta” e pode conseguir outro homem, ou voltar para o marido. Jasão comporta-se de modo mais contido, cuidadoso, procura ganhar a simpatia de Joana, agir como alguém que se preocupa com ela, que ainda gosta dela, apesar de estarem separados.

10 Na cena, fica claro que Jasão abandonou Joana por interesses financeiros ou materiais. Ele vai se casar com a filha de Creonte, o homem que “tem de sobra prestígio, posição” e que fará com que o samba de Jasão “toque em tudo quanto é programa”. O fato de ele abandonar Joana desencadeará a tragédia apresentada em Gota d’água.

11 Resposta pessoal. A fala é muito forte, porque Joana cobra de Jasão tudo o que fez por ele. Percebe-se que ela investiu toda a sua força vital para transformá-lo em um homem e, por meio dele, alcançar a felicidade. Nesse sentido, é uma fala comovente, que desperta a simpatia da plateia por essa mulher guerreira, lutadora, que fez de tudo para ver seu homem alcançar o sucesso e, quando esse momento chega, é abandonada, trocada por uma mulher mais nova e rica. A fala dá à plateia (ou aos leitores da peça) argumentos para
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compreender o desespero que move a personagem, entender as razões que o geraram e para aderir ao sofrimento de Joana.



Texto para análise (p. 38)

1 Não. Em Gota d’água, Jasão reencontra Joana para lhe dizer que ela ainda pode refazer sua vida, encontrar alguém e ser feliz. Em Medeia, Jasão diz que o “temperamento exacerbado” e as “palavras insensatas” dela são os elementos que determinam a sua expulsão de Corinto.

2 Não. Em Medeia, as personagens são nobres: Jasão é um herói, líder dos argonautas; Medeia é uma poderosa feiticeira, filha de um rei. Em Gota d’água, as duas personagens têm uma condição social mais baixa e vivem em um subúrbio do Rio de Janeiro.

3 Em Medeia, a ambição de Jasão se manifesta como desejo de poder. Quando troca Medeia pela filha de Creonte, Jasão conquista o poder que lhe garante uma condição de superioridade em relação aos demais cidadãos. Em Gota d’água, a mesma personagem ambiciona a fama (ver sua música tocar em todas as rádios) e a riqueza que virá em consequência disso. O modo de concretizar essa ambição, porém, é o mesmo: casar-se com a filha de Creonte.

> Como Paulo Pontes e Chico Buarque fizeram a adaptação da tragédia grega para um conjunto habitacional de um subúrbio carioca da década de 1970, temos o retrato do ambiente e das motivações que caracterizam esse espaço físico e social. Jasão é, agora, um sambista humilde que deseja alcançar aquilo que nunca teve: dinheiro, reconhecimento e sucesso. Nesse sentido, o objeto de sua cobiça (fama e riqueza) é claramente influenciado pelo contexto em que se encontra.

4 Na introdução da cena, a voz do coro aponta para o elemento desencadeador da tragédia que se abate sobre todos: o desrespeito aos juramentos, a desonra, a falta de palavra em nome de interesses pessoais levando à destruição. No final do trecho, o corifeu (regente do coro) alerta o público para o poder destruidor das paixões: “Há algo terrível e incurável, acima de qualquer compreensão mortal, no ódio que nasce entre próximos e amados”. Medeia, que cometeu atrocidades em nome de seu amor por Jasão, ao ser abandonada, é capaz de crimes ainda mais terríveis em nome de seu ódio.

5 Sim. Tanto Joana quanto Medeia têm suas ações determinadas por suas paixões. O amor que têm por Jasão e a traição que sofrem ao serem abandonadas levam-nas a agir de maneira violenta e irracional.

> Embora as respostas dos alunos possam diferir em função da interpretação que cada um faz das ações de Medeia/Joana, poderíamos dizer que nos compadecemos delas pela traição que sofreram em nome da ambição de Jasão e que nos aterrorizamos com a violência de sua vingança em nome dessa paixão.

CAPÍTULO 5

Literatura é expressão de uma época

Leitura da imagem (p. 40)

1 A tela é composta por uma série de 28 imagens da explosão de uma bomba atômica.

a) Resposta pessoal. Pode-se imaginar que Andy Warhol pretendeu destacar o grau de destruição e mortalidade associado à explosão da bomba atômica. Nesse sentido, o vermelho seria uma alusão ao “banho de sangue” promovido por esse tipo de ação bélica. Como a obra é composta por uma série de imagens de explosões atômicas, até a tela ficar completamente escura, pode-se imaginar que a sugestão seja de aniquilação total.



b) Resposta pessoal. Espera-se que os alunos façam uma associação entre a predominância da cor preta, no último painel, e a aniquilação total promovida por uma explosão nuclear.

2 Resposta pessoal. O aluno pode supor que, por se tratar de uma obra que apresenta várias explosões de bombas atômicas, pretenda despertar o choque ou mesmo o medo do observador. Por outro lado, pode considerar que a repetição da imagem da explosão provoca uma certa banalização da cena, como se a ameaça do holocausto nuclear fosse algo incorporado à nossa realidade e, portanto, não mais capaz de provocar o medo ou o choque. Nessa segunda interpretação, a reação pode ser de indiferença, por exemplo. Uma terceira possibilidade é o aluno imaginar que a intenção do artista é provocar o questionamento do observador com relação à ameaça representada pelo holocausto nuclear. Nesse caso, a repetição das explosões, na tela, com a predominância da cor preta nas últimas imagens, poderia dar origem a uma indagação: se dezenas de bombas atômicas explodirem, criando o cenário apocalíptico imaginado pelo artista, quem vai sobrar no mundo para ver esse “espetáculo” de destruição em massa? A obra pode ser vista, ainda, como uma manifestação de Warhol da banalização do poder de destruição do ser humano. Assim, do mesmo modo como as prateleiras de lojas e supermercados estão cheias de produtos idênticos, os arsenais nucleares das grandes potências também estão lotados de bombas capazes de destruir o mundo e a humanidade infinitas vezes. Essa visão poderia gerar uma certa indiferença no observador, porque o pânico e o pavor associados à primeira explosão acabam por perder força e impacto quando a imagem do cogumelo atômico se repete à exaustão. A “mística” da bomba desaparece quando ela se torna um objeto de consumo de massa.

3 A obra de Warhol não representa o registro de uma explosão real. Na verdade, o artista faz diferentes intervenções na imagem de uma bomba atômica explodindo: opta por utilizar as cores vermelha e preta, reproduz a mesma explosão 28 vezes, organizando as imagens lado a lado, mas modificando a relação entre as duas cores utilizadas. Esses aspectos da obra tornam evidente que não se trata de um registro da realidade, mas do modo como o olhar do artista interpreta a ameaça nuclear.

4 Como se trata de uma tela que apresenta várias reproduções da imagem de uma explosão atômica, essa obra não poderia ter surgido antes do final da década de 1940, já que o primeiro bombardeio atômico sobre uma cidade só ocorreu em 6 de agosto de 1945. Além disso, o estilo da obra também sugere um contexto mais contemporâneo, associado à arte pop, que surgiu na década de 1950, na Inglaterra, e explodiu nos anos 1960, nos Estados Unidos. A utilização de elementos da cultura popular elevados à condição de arte é a marca característica desse movimento. Esses aspectos, facilmente reconhecíveis na obra de Andy Warhol, são indícios fortes do contexto em que essa tela foi criada.

5 Pode-se observar, no quadro de Berkeley, dezenas de soldados escoceses e franceses que lutam entre si. Parece ser uma batalha travada entre soldados a cavalo. As armas utilizadas são as espadas e algumas espingardas.

6 a) Na obra de Stanley Berkeley, vemos soldados lutando ferozmente, no chão ou montados a cavalo. A guerra aparece como registro de uma cena histórica — trata-se de uma das batalhas travadas em Waterloo (confronto militar ocorrido no dia 18 de junho de 1815, próximo à cidade de Waterloo, na Bélgica, de onde partiram exércitos ingleses, belgas, austríacos e russos para derrotar os franceses que combatiam por Napoleão) — e revela uma visão “ética” da batalha. O artista dá um tratamento positivo ao tema da guerra, em geral, e desse confronto, em particular, já que registra um momento importante no combate ao domínio napoleônico sobre a Europa no início do século XIX. No caso da tela de Andy Warhol, não vemos mais soldados ou mesmo uma batalha. O ser humano saiu de cena, embora continue a ser vítima da guerra. Nesse caso, não se pode mais reconhecer uma ética que organize os conflitos ou mesmo regras específicas de engajamento em uma batalha. A explosão da bomba de átomos aniquila tudo o que estiver em seu raio de ação.

b) Sim. No século XIX, a guerra era vista como uma forma legítima de expansão territorial ou de defesa. O poder de destruição das armas era infinitamente mais limitado. Na segunda metade do século XX, o ser humano já havia presenciado a explosão de duas bombas atômicas e reconhecido que havia criado condições para extinguir a vida na Terra. As guerras deixaram de ser vistas como


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necessárias ou justificadas, passando a ser objeto de crítica ou de temor. É de se esperar, portanto, que as duas obras revelem a visão de guerra característica do período em que os artistas viveram. Também há diferenças na linguagem utilizada, ou seja, no modo de pintar. Stanley Berkeley busca dar realismo à cena retratada por meio do detalhamento da imagem. Quem observa sua obra tem a impressão de movimento dos soldados que combatem. Pode-se quase “sentir” o tiro que alveja, pelas costas, o soldado escocês que aparece em primeiro plano, com os braços levantados, caindo para trás. Pode-se também completar o movimento do salto de outro escocês, preparando-se para combater um francês que acabou de ser derrubado de seu cavalo, do lado direito inferior. A tela de Warhol, por sua vez, usa recursos de uma linguagem moderna — a da fotografia — e explora a multiplicação das imagens de uma explosão nuclear e as cores vermelha e preta para cumprir sua intenção de ressaltar o horror e a banalização da guerra contemporânea, que assume contornos apocalípticos.



Da imagem para o texto (p. 41)

7 a) O acontecimento central é o bombardeio que está prestes a ocorrer em uma cidade.

b) Guernico corre para a Central Sanitária, onde é o responsável pela organização do socorro aos feridos. Ele corre, portanto, para socorrer aqueles que serão atingidos pelas explosões.



8 Os aviões, os carros, as armas (bombas, metralhadora, fuzil), a lanterna elétrica e as ambulâncias são indicadores de que a ação se passa no século XX. Além disso, a alusão aos “fascistas” faz referência ao regime político (e à ideologia a ele associada) estabelecido por Benito Mussolini, na Itália, em 1922.

9 Sim. O adjetivo implacável sugere que o avanço dos aviões não pode ser evitado. Como esse avanço será sinônimo de destruição, o adjetivo pode também ser ampliado para indicar que o bombardeio e a destruição não têm como ser evitados. O segundo adjetivo, mecânico, destaca o aspecto desumano da ação.

10 A audição: o barulho dos aviões e das explosões. A visão: a escuridão da noite. O tato: a vibração provocada pelos aviões.

> A referência constante ao barulho dos aviões e à escuridão da noite faz com que o leitor perceba melhor os diferentes estados de espírito de Guernico: a expectativa pelo início do ataque, a irritação pela demora, a urgência para chegar ao local de socorro.

Texto para análise (p. 46)

1 O eu lírico questiona se a morte pode ser considerada, metaforicamente, “sono”.

a) A vida é também definida a partir de uma metáfora: “sonho”. A partir dessa metáfora, o eu lírico passa a caracterizar a existência humana: as experiências arrebatadoras são vazias ou falsas (“cenas de êxtase passam qual espectros”) e os momentos de prazer são fugazes e ilusórios (“Os prazeres transitórios semelham visões”). Por meio dessa caracterização, ele sugere o sentido que atribui à vida, definida como sonho: trata-se de algo irreal, ilusório.

b) Ao associar essa caracterização da vida como algo ilusório ao último verso do conjunto, iniciado com uma conjunção adversativa, o eu lírico sugere que, embora a morte seja vista como um momento de grande dor, ela marca, na verdade, o fim de uma existência irreal. Sendo assim, pode-se afirmar que, para o eu lírico, a morte não deveria ser vista como sofrimento, mas como libertação de uma existência ilusória.

2 No segundo conjunto de versos, o eu lírico caracteriza a vida do ser humano na terra como “maldita”, pois não é possível se libertar de uma existência marcada pela ilusão e tampouco antecipar o que nos reserva a morte quando chegar.

a) Esses versos ampliam o sentido dos anteriores, ao caracterizar a visão que o eu lírico tem da vida do ser humano, e concluem o raciocínio desenvolvido no poema a respeito da visão da morte.

b) A passagem deve ser interpretada como a incapacidade de o ser humano, segundo o eu lírico, perceber que a morte (“Seu augúrio futuro”) representa o “despertar” do seu “sonho”, isto é, o fim de uma vida irreal, ilusória.

3 O primeiro “momento” do poema é constituído pelos quatro primeiros versos, em que o eu lírico trata dos símbolos usados, geralmente (“Conforme o povo traduz”), em uma lápide para representar as datas de nascimento (uma estrela) e morte (uma cruz) de alguém. O segundo “momento”, por sua vez, consiste nos quatro últimos versos do poema, nos quais o eu lírico afirma que aqueles que repousam no cemitério prefeririam que os símbolos fossem invertidos (o nascimento seria indicado pela cruz, e a morte, pela estrela).

a) Nos primeiros quatro versos, a estrela indica o que é comum vermos em lápides, de forma metafórica, a data de nascimento da pessoa ali enterrada; a cruz (símbolo associado ao cristianismo e colocado sobre o túmulo de alguém), por outro lado, representaria a data em que aconteceu a morte. Nos quatro últimos versos, de acordo com o contexto, a cruz representaria a vida, vista como algo árduo, pesado ou sofrido, considerando uma analogia com outra referência cristã — o sofrimento imposto a Cristo, que carregou nos ombros a cruz em que foi pregado —; a estrela seria o símbolo da morte, também por associação com outra visão espiritual sobre o significado do fim da existência — os que morrem vão para a luz, ou seja, para um lugar em que as mazelas cotidianas e o sofrimento deixam de existir.

b) Considerando o segundo significado atribuído aos dois símbolos, podemos afirmar que, para o eu lírico, a vida é vista como um momento de provação ou de sofrimento; a morte, por outro lado, traria a libertação ou o descanso eterno.

4 Não. No poema de Keats, a visão que o eu lírico tem da vida é a de que ela é ilusória e fugaz. A morte, por outro lado, é vista por ele como o fim dessa existência ilusória, pois obriga o ser humano a “despertar” do “sonho” que chamou de vida. No poema de Quintana, as visões de vida e morte são diferentes: a primeira é vista como provação, sofrimento ou trabalho árduo; a segunda, por sua vez, representaria o descanso ou a recompensa ao fim da existência.

5 Além das diferentes visões da vida e da morte apresentadas, o que mais chama a atenção é a linguagem utilizada em cada um dos textos: no poema de Keats, os termos mais rebuscados, a organização mais complexa das frases e a estruturação do poema em dois conjuntos de versos indicam não se tratar de um texto contemporâneo. No poema de Mario Quintana, por outro lado, temos uma linguagem mais simples e com frases mais compreensíveis, o que nos leva a identificar uma estruturação linguística muito próxima da que utilizamos hoje e nos permite associar o momento de produção do texto com uma estética contemporânea.

Enem e vestibulares (p. 47)

1 Alternativa C.

2 “A literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos.”

“[...] assim como não é possível haver equilíbrio psíquico sem o sonho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social sem a literatura.”



3 01 + 04 = 05

Jogo de ideias: mesa-redonda (p. 48)

A atividade proposta tem por objetivo, além de aprofundar a discussão apresentada nos cinco primeiros capítulos (e, em especial, a que é feita no Capítulo 3), levar os alunos a compreender melhor como a linguagem do cinema e das HQs, nos dias atuais, cumpre um papel semelhante ao da literatura no que diz respeito à “apresentação” de perfis de heróis. Além disso, achamos ser possível, por meio dessa atividade, estimular a análise dos aspectos presentes nos filmes e HQs escolhidos pelos alunos que permitem identificar elementos semelhantes na caracterização


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dos (super-)heróis que os protagonizam e dos heróis épicos e modernos das narrativas literárias. Acreditamos, também, que a tarefa de montar uma mesa-redonda (com papéis muito bem definidos a serem desempenhados pelos representantes dos grupos) para discutir o perfil de herói presente nas produções cinematográficas e HQs selecionadas contribuirá para que os alunos tenham estimulada a habilidade de expressar-se oralmente com clareza, desenvoltura e coerência, além de perceberem a importância de “preparar” a fala que farão, seja na função de integrante da mesa, mediador, de debatedor ou de plateia. Para que a atividade tenha o êxito esperado, é importante que os alunos sejam orientados a preparar muito bem cada uma das etapas propostas. A seguir, apresentamos algumas sugestões:



1ª etapa: Preparação da mesa-redonda

Nessa 1ª etapa, é interessante orientar as equipes a definir previamente as tarefas que cada integrante (ou grupo de integrantes) deverá realizar, dividindo, dessa forma, o trabalho a ser feito. Por exemplo: quem identificará as características do herói de cada filme ou HQ e selecionará exemplos em que essas características sejam reveladas? Quem ajudará o aluno escolhido como integrante da mesa a organizar as anotações que fará para sua apresentação?

No que diz respeito à identificação do perfil de herói de cada um dos protagonistas dos filmes e HQs, é necessário chamar a atenção dos alunos para alguns elementos importantes nos filmes ou HQs que selecionarem. Por exemplo, nos filmes Homem de ferro e Thor (sugeridos como possibilidades), é importante que os alunos observem que tanto Tony Stark/ Homem de Ferro quanto Thor apresentam características muito semelhantes às de alguns heróis mitológicos, como Ulisses, pois ambos são arrogantes, egoístas, imprudentes, mas tremendamente corajosos e capazes de feitos heroicos para salvar a humanidade, inclusive arriscando as próprias vidas. Já o Capitão América, mesmo antes de fazer a experiência que lhe deu grande porte físico e força, tinha como características inerentes à sua personalidade a coragem, a bravura e a postura ética. Batman, por sua vez, é um herói em conflito, movido, no início, pelo desejo de vingar a morte dos pais, mas depois é capaz de abdicar da sua vida e da mulher que ama para garantir a segurança de sua cidade. Lanterna Verde e Demolidor também têm momentos de conflito em relação a fazer ou não a escolha certa.

Há outros elementos a serem identificados, mas o importante é que os alunos percebam os aspectos que, em cada protagonista dos filmes ou HQs selecionados por eles, revelam ações ou comportamentos que podem ser vistos como heroicos e as características (físicas, emocionais, sociais) que aproximam ou diferenciam esses personagens dos perfis de herói clássico ou moderno. Tanto nos filmes quanto nas HQs, há exemplos em que esses elementos estão presentes.



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