2ª etapa: Organização do debate
Nessa etapa, é fundamental orientar os alunos a preparar o “cenário” do debate. É importante que eles organizem, no espaço escolhido para a realização da atividade, três lugares de destaque (um para cada debatedor e outro para o mediador). Além disso, seria interessante dispor as cadeiras para a plateia que assistirá ao debate em meia-lua, para facilitar a visão dos debatedores e do público.
Depois do sorteio do mediador (que poderá ser feito no momento de apresentação da proposta aos alunos), o tempo de duração da atividade deve ser definido, considerando um fator fundamental: ela não pode ser muito longa para não ficar cansativa (sugerimos que a atividade dure, no máximo, uma hora). Em seguida, pode-se determinar o tempo de fala de cada um dos debatedores (tanto para a argumentação inicial quanto para as respostas para as perguntas do oponente e da plateia). Quanto aos representantes dos grupos escolhidos para questionar a posição dos debatedores, é necessário que preparem, por escrito, as perguntas a serem feitas durante o debate.
Também é importante que os alunos que ficarão responsáveis por falar em público (mediador e debatedores) tenham a ajuda do professor e dos colegas para “treinar” as suas falas, sendo orientados quanto à clareza e coerência do que vão dizer, ao tom de voz que devem adotar para serem ouvidos por todos, ao contato visual que devem estabelecer com seus interlocutores e ao nível de linguagem compatível com a situação de formalidade em que se encontram. Os debatedores, em especial, devem ser orientados também em relação a outros aspectos que são fundamentais quando se trata de um debate. É importante que eles percebam que precisam ouvir atentamente o colega que está defendendo a posição contrária, a fim de identificar os argumentos e opiniões do adversário que podem servir de base para a organização da sua contra-argumentação. A capacidade de ouvir o outro e identificar aspectos ou argumentos questionáveis na sua argumentação é o que determinará a elaboração de uma boa contra-argumentação que revele a fragilidade dos argumentos do colega que defende uma posição contrária. Além disso, também é importante “treinar” uma postura de “debatedor”: é preciso olhar para o(s) interlocutor(es), enfatizar determinados pontos ou argumentos por meio de expressões orais e faciais e também pela modulação da voz.
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Bibliografia
Os textos indicados a seguir constituem a base de fundamentação teórica desta obra. Podem ser consultados pelo professor que desejar aprofundar-se no estudo de determinados aspectos, períodos ou conceitos.
Com relação aos textos literários, a indicação bibliográfica dos trechos transcritos neste livro constitui farta fonte de consulta que pode orientar o professor na busca de outros textos.
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GRAMÁTICA
RESPOSTAS AOS EXERCÍCIOS
UNIDADE 4 Linguagem
CAPÍTULO 12 Linguagem e variação linguística
Linguagem e língua (p. 128)
1 Vemos, no anúncio, um jacaré, árvores e uma massa negra, constituída pela impressão de vários carimbos sobrepostos, que avança em direção à floresta. O estranhamento é desencadeado pela presença de carimbos em um cenário composto de um animal e árvores.
2 O objetivo desse texto publicitário é levar as pessoas a exigirem o cumprimento de uma lei destinada a garantir a preservação da Mata Atlântica. Nesse sentido, o texto que aparece no canto direito inferior adverte para o impacto negativo da burocracia que dificulta e retarda o cumprimento das leis, representada pelos muitos carimbos sobrepostos que compõem a massa negra que avança sobre a floresta.
3 a) O texto do canto inferior direito, ao se referir diretamente a esse leitor: “Exija que a Lei da Mata Atlântica não fique só no papel”.
b) O texto dirige-se mais especificamente a pessoas que se preocupam com a preservação ambiental e estão dispostas a participar de campanhas para diminuir a burocracia envolvida em processos importantes para a causa ambiental.
4 O leitor precisa ser uma pessoa preocupada com a preservação ambiental e ciente das dificuldades e demora que, muitas vezes, uma lei enfrenta para ser efetivamente executada. Deve saber, ainda, que, entre as florestas brasileiras, a Mata Atlântica é a que foi mais destruída pela ação humana. Portanto, quanto mais longa for a demora no cumprimento de uma lei de proteção da Mata Atlântica, maior o risco de as poucas áreas em que ela ainda existe serem devastadas.
Atividades (p. 129)
1 O anúncio apresenta a imagem de parte das pernas de alguém, dobradas uma sobre a outra e com os pés descalços, sugerindo uma pessoa deitada de lado. Logo acima do tornozelo esquerdo, vê-se um zíper parcialmente aberto, indicando que a pessoa deitada está vestindo o que parece ser uma outra pele. Essa impressão é reforçada pela presença de costuras, visíveis nas laterais dessa segunda pele, e pelas dobras na altura dos joelhos, como as que se costuma observar na roupa de alguém com as pernas flexionadas.
2 O estranhamento é provocado pela impressão de que a pessoa deitada está vestindo uma pele e não peças de roupa, como seria esperado.
> O anúncio busca provocar um estranhamento no leitor com o objetivo de levá-lo a reconhecer um terrível dado da realidade: muitas pessoas desfavorecidas economicamente não têm roupas adequadas para se proteger do frio durante o inverno.
3 A imagem leva o leitor a reconhecer a existência de pessoas muito desfavorecidas, que não têm roupas adequadas para enfrentar o frio. O texto afirma que, no inverno, muitas pessoas só podem “contar com a própria pele”. O Exército da Salvação, por receber doações de agasalhos e distribuí-los entre as pessoas necessitadas, cria condições para que essas pessoas estejam adequadamente vestidas para enfrentar as baixas temperaturas durante o inverno. O leitor é levado a concluir, então, que a existência de instituições como essa contribui para evitar que as pessoas que não têm condições de se agasalhar adequadamente passem frio no inverno.
4 a) O texto marca um diálogo entre quem atua no Exército da Salvação (“recebemos”) e o leitor, referido no texto pelo uso dos verbos doe e ajude, flexionados no imperativo (“Doe um agasalho e ajude quem precisa. Recebemos doações”).
b) A função do diálogo é transferir para o leitor a responsabilidade pela continuidade do trabalho realizado pela instituição, que depende da sua doação de agasalhos.
c) O anúncio pressupõe um leitor informado sobre as atuais condições de vida nos grandes centros urbanos, onde é comum encontrar muitas pessoas bastante carentes, em especial os moradores de rua, que não têm roupas adequadas para se proteger do frio. O outro pressuposto é o de que as pessoas conhecem a função social e humanitária de instituições como o Exército da Salvação, que dependem da doação para realizar seu importante trabalho assistencial.
Variação e norma (p. 130)
1 No primeiro quadrinho, uma moça vê um rapaz muito bonito e se interessa por ele. No segundo quadrinho, ela se decepciona ao ouvir dele a seguinte pergunta: “Oi! Tem pobrema de nós bater um papo?”. No terceiro quadrinho, nota-se que a moça foi embora e o rapaz fica sem entender o que aconteceu.
2 O que provoca a reação da moça é a maneira como o rapaz pronuncia a palavra problema (“pobrema”) e o fato de utilizar a estrutura de nós bater um papo (ela provavelmente esperaria algo como “de nós batermos um papo”).
> Pode-se supor que ela tenha ficado tão chocada porque esperava que um rapaz como aquele, bonito e atraente, falasse de uma forma diferente.
3 A atitude da mulher deixa implícita uma expectativa característica dos membros de qualquer comunidade linguística: a de que existe apenas uma forma “correta” de pronunciar as palavras. O aluno certamente não formulará uma resposta nesses termos. É provável, inclusive, que reproduza o mesmo comportamento da personagem e conclua haver, sim, “erros” na fala do rapaz. Sugerimos que respostas como essa sejam aproveitadas para dar início à discussão sobre normas urbanas de prestígio e variedades linguísticas.
Atividades (p. 132)
1 O dono do papagaio reage de forma ameaçadora por estranhar a maneira como o papagaio se expressou. O esperado seria que a ave dissesse frases curtas e repetitivas, mas a fala dela revelou um raciocínio articulado expresso por meio de uma fala sofisticada que o seu dono parece não haver compreendido.
> No segundo quadrinho, o papagaio fala frases curtas e repetitivas, que correspondem ao que seu dono esperaria dele,
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para evitar o perigo representado pela rispidez com que seu dono reagira à sua fala anterior.
2 Esse contraste revela uma importante questão a respeito do uso que se espera que determinados falantes façam da linguagem: além de o uso que fazemos da linguagem ser um aspecto importante na determinação da imagem que nossos interlocutores fazem de nós, também há expectativas sobre o modo como usamos a linguagem a depender de quem somos. No caso da tira, não se espera que um papagaio seja capaz de falar de modo tão articulado. Além disso, a linguagem utilizada pelo animal é extremamente formal em um contexto de informalidade (uma suposta “conversa” com seu dono, em que a ave reclama de não poder exprimir sua “potencialidade linguística em sua total plenitude”).
> O contraste entre as falas do papagaio contribui para a construção do humor da tira, porque revela a estratégia empregada pela ave para se livrar da fúria de seu dono: corresponder às expectativas dele, expressando-se da maneira como sabia ser esperado.
3 O texto trata do lançamento de um site com o Dicionário do Paulistanês por uma empresa de turismo e eventos da cidade de São Paulo (SP Turis). Segundo o texto, esse dicionário traz, de forma bem-humorada, mais de 150 palavras e expressões percebidas como típicas da variedade linguística falada pelos paulistanos.
4 Além de Orra, meu! no título do texto, o autor usa as seguintes expressões e gírias típicas do paulistanês: encanado, truta, bróder, boiando, bodeado, balada, busão, mó legal, manos, minas, demorô, miar.
a) Orra, meu! é uma expressão que exprime “espanto, admiração” ou até mesmo “provocação”; encanado significa “cismado, preocupado”; truta equivale, no contexto, a “legal, bacana, interessante”; bróder é uma forma aportuguesada do termo em inglês brother e, no paulistanês, indica que “alguém é um amigo próximo, irmão”; boiando seria algo como “não entender alguma coisa”; bodeado significa “chateado”; balada, no contexto, equivale ao “ato de ir a uma boate, sair à noite para dançar ou festejar”; busão é um termo usado para se referir a “ônibus”; mó legal é uma expressão para dizer que “algo é muito bom”; manos/minas são termos utilizados para se referir a “jovens paulistanos do sexo masculino e feminino, respectivamente”; demorô é uma expressão afirmativa que equivale a “com certeza” ou “sim, vamos!”; miar, no contexto, significa “morrer, desaparecer”.
b) O autor faz uso de expressões e gírias típicas da fala do paulistano como uma estratégia para estabelecer uma relação entre a linguagem utilizada no texto e o assunto nele tratado: o lançamento de um dicionário de paulistanês. Como se viu nos itens anteriores, a expressão Orra, meu!, usada no título, e os termos e as expressões utilizados no texto são associados à variedade linguística falada pelos paulistanos. É importante destacar para os alunos que o autor se vale de uma representação estereotipada da variedade linguística falada pelos indivíduos nascidos na cidade de São Paulo.
5 Caramelo faz uso do jargão que, como se viu no capítulo, identifica um uso específico da linguagem associado a um determinado grupo profissional. No caso da tira, Caramelo usa o jargão caracterizado por termos e expressões referentes ao campo da economia, conhecido popularmente como “economês”.
> Como se vê no último quadrinho, Caramelo e seu amigo Mauro desejam investir uma moedinha. Caramelo recorre ao jargão dos economistas para explicar ao amigo o funcionamento dos investimentos no mercado financeiro e concluir que eles podem ficar tranquilos, pois aplicarão seu dinheiro com segurança.
6 A graça da tira está no estranhamento provocado pelo contraste entre a fala de Caramelo nos três primeiros quadrinhos, quando usa o jargão da economia para explicar o funcionamento dos investimentos no mercado financeiro, e a situação trivial apresentada no último: ele e Mauro desejam investir uma simples moedinha. O estranhamento se deve ao fato de Caramelo repetir, em sua fala, termos e expressões do campo da economia que podem ser incompreensíveis para a maioria das pessoas (“fundo direto de monetarização”, “percentual inflacionário do período”, “oscilação indexada do valor de venda”, etc.). Contribui também para a graça da tira o fato de o caramujo fazer uso do economês para tratar de algo que não exigiria uma análise tão complexa: o investimento de uma moedinha. No caso da tira, não se espera que Caramelo (ou qualquer outro falante que não seja especialista na área) seja capaz de falar como um economista. Além disso, a linguagem utilizada por Caramelo é extremamente formal, em um contexto de informalidade em que Mauro responde ao economês do amigo com uma gíria (“maneiro”). Portanto, o uso do jargão por Caramelo e o grau de formalidade de sua fala, no contexto em que ocorrem, contribuem, também, para a construção do humor da tira.
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