Língua Portuguesa volume 1



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. Acesso em: 22 abr. 2016.
Produção de autoria

Neste capítulo, você pôde ler entrevistas com etnolinguistas. São poucas as pessoas que se dedicam a essa profissão. Agora, você poderá conhecer profissões pouco comentadas, mas interessantes e úteis à sociedade.

Reúna-se com alguns colegas para escolher o entrevistado e fazer a entrevista, que deverá ser apresentada — por meio de gravação de áudio ou de texto escrito — aos demais colegas da classe e ao professor em dia combinado.

a) Pensem nas profissões exercidas por pessoas da região. Identifiquem uma que, embora pareça interessante, vocês não conheçam bem, e sobre a qual gostariam de ter mais informações.

b) Conversem com um desses profissionais perguntando se pode conceder a entrevista. Combinem o encontro.

c) Elaborem as questões de modo a saber: o que faz o profissional e em que campo atua; que aspectos de personalidade são compatíveis com a rotina do trabalho; que estudos ou saberes técnicos são imprescindíveis; que contribuição para a comunidade essa profissão traz; que carreira ou outras oportunidades oferece; etc.

d) Elaboradas as questões, reflitam qual será a melhor ordem para apresentá-las ao entrevistado.

e) No momento da entrevista, ouçam as respostas com atenção, observem se, pela resposta, a pessoa “adianta” alguma pergunta planejada e a eliminem ou procurem, no momento, obter detalhes sobre o que ela disse.

f) A apresentação do entrevistado deve estar na mesma modalidade (oral ou escrita) que a entrevista em si.

Preparando a transcrição do texto ou a versão a ser publicada por escrito

Preparem a transcrição da entrevista (se ela foi feita em áudio) ou preparem uma versão menos informal do texto. Para isso, se fizeram uma gravação da entrevista, ouçam de novo o áudio e transcrevam as partes principais. Verifiquem no texto se:



os trechos escolhidos dão a ideia da profissão do entrevistado;

a introdução apresenta o entrevistado de maneira adequada e pode atrair o leitor para ler a entrevista;

o título dá ideia da profissão e de aspectos apontados pelo entrevistado em suas respostas;

foi eliminada a maioria das marcas de oralidade.

Guardem a entrevista para ser aproveitada na antologia a ser organizada no fim do ano.



No mundo da oralidade

Apresentação oral

Estilos de samba

Leia o trecho da matéria jornalística a seguir sobre o samba e sua relação com a cultura brasileira.

O samba nasceu na Bahia, no século 19, da mistura de ritmos africanos. Mas foi no Rio de Janeiro que ele criou raízes e se desenvolveu, mesmo sendo perseguido. Durante a década de 1920, por exemplo, quem fosse pego dançando ou cantando samba corria um grande risco de ir batucar atrás das grades. Isso porque o samba era ligado à cultura negra, que era malvista na época. Só mais tarde é que ele passou a ser encarado como um símbolo nacional, principalmente no início dos anos 40, durante o governo de Getúlio Vargas. Nessa música brasileiríssima, a harmonia é feita pelos instrumentos de corda, como o cavaquinho e o violão. Já o ritmo é dado, por exemplo, pelo surdo ou pelo pandeiro. Com o passar do tempo, outros instrumentos, como flauta, piano e saxofone, também foram incorporados, dando origem a novos estilos de samba. “À medida que o samba evoluiu, ele ganhou novos sotaques, novos modos de ser tocado e cantado [...]”, afirma o músico Eduardo Gudin. [...]

PORTILHO, G. Como surgiu o samba?. Mundo Estranho. São Paulo, Abril, n. 85. Disponível em: . Acesso em: 22 abr. 2016.

Diversos estilos de samba se formaram dos anos 1920 para cá. A proposta é você e seus colegas organizarem-se em grupos e seguirem os passos abaixo:

a) Cada grupo escolhe um destes estilos de samba para pesquisar: samba de roda, samba de breque, partido-alto, samba-enredo, samba-rock, samba-soul, samba-reggae, bossa nova, pagode.

b) A equipe deve pesquisar a história e as características principais desse estilo: quando surgiu, onde, principais compositores, instrumento musical mais característico, etc. Também deve escolher uma ou duas músicas para apresentar à classe.

c) Organizem a apresentação oral da pesquisa, apoiada em slides e/ou fotos, além de, se possível, providenciarem a letra por escrito e a reprodução de uma gravação da música.


Heitor dos Prazeres/Coleção Particular

Heitor dos Prazeres. Roda de samba, 1957.
Óleo sobre tela. Dimensões: 50 cm × 60 cm.



Aproveite para...

... ler

Ganga-Zumba, de João Felício dos Santos, Editora do Brasil.

O livro conta a história de Ganga-Zumba, herói e primeiro líder do Quilombo dos Palmares. Foi ele o rei de um povo que lutou pelo direito à dignidade humana até o fim. Nessa história, ainda menino, com a ajuda de seus deuses ancestrais, Ganga-Zumba vai em busca da liberdade para si e para seu povo.

Editora do Brasil/Reprodução

... assistir a

Noel — Poeta da Vila, de Ricardo van Steen (Brasil, 2006).

Aos 17 anos Noel Rosa, um estudante de Medicina que toca em banda regional com outros jovens do bairro, é um jovem que gosta de improvisar quadras debochadas. Ele simpatiza com classes menos favorecidas economicamente e marginalizadas. Certo dia conhece Ismael Silva, compositor que o desafia a compor um samba. Seu samba “Com que roupa?” faz grande sucesso nas rádios. A partir dessa experiência, ele se dedica ao mundo do samba.



... ouvir

O canto dos escravos. Clementina de Jesus, Doca, Geraldo Filme.

Lançado em LP em 1982 e relançado em CD em 2003, esse é um dos primeiros registros sonoros dos vissungos cantados no tempo da escravidão no Brasil. Interpretados por Clementina de Jesus, Doca e Geraldo Filme, ícones da nossa música, compõem um dos mais belos trabalhos artísticos dedicados à preservação das tradições culturais dos africanos escravizados no Brasil.



... acessar

http://slavevoyages.org/

O Banco de Dados do Tráfico Transatlântico de Escravos reúne informações sobre mais de 35 mil viagens negreiras. Ele oferece a pesquisadores, estudantes e o público em geral uma oportunidade de redescobrir a realidade de um dos maiores deslocamentos forçados de povos na história do mundo. Acesso em: 12 maio 2016.

http://www.socioambiental.org/pt-br/o-isa/programas/povos-indigenas-no-brasil

Trata-se de referência nacional na produção, análise e difusão de informações qualificadas sobre os povos indígenas no Brasil. Acesso em: 12 maio 2016.

Literatura

O herói e a construção da identidade nacional

Não escreva neste livro.

Interdisciplinaridade com: Geografia, História, Sociologia.
Para começar

A letra de música reproduzida a seguir denomina-se "Chegança", termo que pode significar, entre outras coisas, tanto a ação de chegar quanto uma dança dramatizada de origem ibérica. De qual sentido de chegança será que ela trata? Leia-a e responda às questões propostas na sequência.


Texto

Chegança



Antonio Nóbrega e Wilson Freire

Sou Pataxó,

sou Xavante e Cariri,

Ianomâmi, sou Tupi

Guarani, sou Carajá.

Sou Pancararu,

Carijó, Tupinajé,

Potiguar, sou Caeté,

Ful-ni-ô, Tupinambá.
Depois que os mares

dividiram os continentes

quis ver terras diferentes.

Eu pensei: “vou procurar

um mundo novo,

depois do horizonte,

levo a rede balançante

pra no sol me espreguiçar”.


Eu atraquei

num porto muito seguro,

céu azul, paz e ar puro...

Botei as pernas pro ar.

Logo sonhei

que estava no paraíso,

onde nem era preciso

dormir para se sonhar.

Mas de repente

me acordei com a surpresa:

uma esquadra portuguesa

veio na praia atracar.

Da grande nau,

um branco de barba escura

vestindo uma armadura

me apontou pra me pegar.


E assustado

dei um pulo lá da rede,

pressenti a fome, a sede,

e pensei: “vão me acabar”.

Me levantei

de borduna já na mão.

Ai, senti no coração,

o Brasil vai começar!

borduna: arma indígena de forma cilíndrica, feita de madeira dura.

Luciano Tasso/


Arquivo da editora

NÓBREGA, Antonio; FREIRE, Wilson. Chegança. In: NÓBREGA, Antonio. Madeira que cupim não rói. Intérprete: . São Paulo: Brincante/Eldorado, 1997. 1 CD. Faixa 3.



Os autores

Antonio Nóbrega (1952-) nasceu no Recife (PE). É artista de múltiplas facetas: compõe, dança, canta, toca instrumentos, além de escrever, dirigir e atuar em seus espetáculos, que divulgam a cultura nordestina.

Wilson Freire (1959-) é de São José do Egito (PE). Médico, escritor, compositor e cineasta, é parceiro de Antonio Nóbrega em várias composições.

Futurapress/Acacio Nascimento




Antonio Nóbrega, em fotografia de 2009.

1. Leia abaixo um comentário de Caiapó Kaká Werá Jecupé, escritor indígena caiapó, citado em artigo acadêmico a respeito do uso do termo índio.
http://pt.slideshare.net/Tupari/a-literatura-indgena-na-escola-um-caminho-para-a-reflexo-sobre-a-pluralida

“[...] Antes de existir a palavra índio para designar todos os povos indígenas, já havia o espírito índio espalhado em centenas de tons. Os tons se dividem por afinidade, formando clãs, que formam tribos, que habitam aldeias, constituindo nações. Os mais antigos vão parindo os mais novos. O índio mais antigo dessa terra hoje chamada Brasil se autodenomina Tupy, que na língua sagrada, o abanheenga, significa: tu = som, barulho; e py = pé, assento; ou seja, o som de pé, o som assentado, o entonado. [...]”

A partir dessa visão, notamos a impossibilidade da redução das inúmeras culturas tribais, de suas “centenas de tons”, à palavra utilizada pelo colonizador para denominá-las, já que o termo índio não só demonstra um equívoco geográfico, mas principalmente uma ignorância cultural. [...]

Apud THIÉL, Janice Cristine; QUIRINO, Vanessa Ferreira dos Santos. A literatura indígena na escola.


X Congresso Nacional de Educação. Disponível em:
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