-MUNICIPIO+DO+AMAZONAS+OFICIALIZA+LINGUAS+INDIGENAS.html>. Acesso em: 22 abr. 2016.
tukano: língua mais falada entre as que pertencem à família tukano.
baniwa: língua pertencente à família aruak.
a) O título dessa notícia revela ao leitor um fato inusitado. Explique a afirmação.
b) Essa notícia pode exemplificar uma informação dada na entrevista com o professor Aryon. Explique a relação entre os textos.
Conhecimentos linguísticos
Para conhecer
Influência indígena
As línguas gerais formaram-se na época da colonização sobretudo em função da necessidade de os portugueses estabelecerem comunicação com os povos nativos. Pertenciam ao grupo tupi e eram empregadas pelos jesuítas na comunicação com os indígenas com quem mantinham contato.
Havia duas línguas gerais: a língua geral amazônica (nheengatu), usada no norte do país, e a língua geral paulista, empregada em São Paulo e disseminada pela ação dos bandeirantes, que desbravavam os sertões para capturar indígenas e fazê-los escravos. Essa última desapareceu por volta do século XVIII.
A língua indígena que mais influenciou o português foi o tupi, com cerca de 10 mil vocábulos.
Influência africana
Na primeira metade do século XVI, os portugueses começaram a trazer ao Brasil africanos para usá-los como mão de obra escrava nos engenhos de açúcar do Nordeste. Esses escravizados pertenciam à cultura banto (grupo ocidental — Congo e Angola) e à sudanesa (grupo oriental — Moçambique e outras regiões). Esses grupos linguísticos são os que mais contribuíram para a formação do português que falamos no Brasil.
Variedades linguísticas
Na Unidade 1 deste livro estudamos variedades linguísticas e refletimos sobre o preconceito em relação a alguns falares. Retomamos essa questão aqui, levando em conta a história da língua no processo de colonização do Brasil.
Na época da colonização, povos indígenas variados e africanos escravizados viram sua língua e cultura diluírem-se em meio à língua trazida pelo colonizador europeu, o português. Lembrando que tanto nações indígenas quanto escravizados africanos já tinham uma língua com a qual se comunicavam em sua comunidade, o português que falavam compunha-se de termos e expressões próprios de sua língua de origem, não sendo reconhecido pela camada escolarizada da população, situação que ainda hoje tem seus vestígios. Isso nos faz constatar que o preconceito linguístico está relacionado com o preconceito social e econômico: quem parece não dominar a variedade-padrão da língua ao menos em determinadas ocasiões demonstra pertencer a grupos sociais com menos acesso à educação oficial e pode ter menos poder econômico. Esses grupos, porém, que dominam a língua por meio da qual se comunicam, erigiram um falar mais espontâneo, menos influenciado pelas normas de uma gramática prescritiva.
1. Leia a letra da canção "Chico Mineiro", de Tonico e Francisco Ribeiro.
Chico Mineiro
Tonico e Francisco Ribeiro
Fizemo a última viagem,
Foi lá pro sertão de Goiás.
Fui eu e o Chico Mineiro
Também foi o capataz.
Viajemo muitos dias
Pra chegá em Ouro Fino,
Aonde passemo a noite
Numa festa do Divino.
A festa estava tão boa,
Mas antes não tivesse ido:
O Chico foi baleado
[...]
Quando vi seus documento
Me cortou o coração
Vi sabê que o Chico Mineiro
Era meu legítimo irmão.
©Dreamstime.com/Onmyvespa
In: PIMENTA, Alexandre. Saudade seresteira: músicas brasileiras e internacionais cifradas com letras. Belo Horizonte: Leitura, 2003. p. 87.
a) Em suas pesquisas, a etnolinguista Yeda Pessoa destaca que, além do léxico, existem características semelhantes entre o português falado no Brasil e as línguas africanas. Leia algumas dessas características para responder às questões propostas na sequência.
▸ 1a: Omissão das consoantes finais das palavras, por exemplo, sabê em lugar de saber.
▸ 2a: Ausência de encontros consonantais, por isso flor pode transformar-se em fulô.
▸ 3a: Concordância nominal marcada apenas pelo artigo ou outro determinante que acompanha o substantivo. Exemplo: os livro.
Na canção, é possível encontrar ao menos duas das características comentadas pela entrevistada. Identifique-as e acrescente exemplos.
b) Dentre os termos que apresentaram omissão das consoantes finais, quais poderiam confirmar o companheirismo entre o eu lírico e Chico Mineiro?
c) Se você pesquisar na internet a letra dessa música, encontrará versões diferentes. Leia a seguir parte de uma outra versão e procure formular hipóteses que expliquem os possíveis motivos de haver mudanças nos versos transcritos.
https://www.letras.mus.br/sergio-reis/401073/
Fizemos a úrtima viagem
Foi lá pro sertão de Goiás
Fui eu e o Chico Mineiro
Também foi o capataz
Viajamos muitos dias
Pra chegar em Ouro Fino
Disponível em: . Acesso em: 22 abr. 2016.
2. Línguas indígenas como o tupi e o guarani se caracterizam pela escassez de grupos consonantais. Assim a palavra cruz, no tupi, se transformou em curuçá. No entanto, é no léxico que encontramos sua grande contribuição.
As entradas e bandeiras, ao expandirem o território do Brasil, em busca de riquezas, também foram responsáveis pela expansão do léxico, pois os bandeirantes utilizavam palavras de origem tupi para nomear, por exemplo, lugares e acidentes geográficos.
a) Leia, no quadro a seguir, alguns termos tupis e seus significados. Explique, no caderno, o possível sentido dos topônimos Iguaçu, Paraíba, Paranaguá, Ibiúna, Igaraçu, Itabuna.
Termo tupi
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Significado
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açu, uaçu, guaçu
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grande
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aíba
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ruim, mau, imprestável
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guá, goá
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vale, golfo, baía
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i, ig, u
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água, rio
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ibi
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terra, solo
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igara
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canoa
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itá
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pedra
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pará, paraná
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rio, mar
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una, ú
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preto
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Entradas e bandeiras
As entradas e bandeiras foram expedições de desbravamento territorial, em busca de riquezas minerais, organizadas no Brasil Colônia entre os séculos XVII e XVIII. Se elas moldaram geograficamente o Brasil como o conhecemos hoje, expandindo o território, também tinham caráter belicoso, pois se infiltravam nos sertões caçando e escravizando indígenas, além de confrontarem povos considerados invasores.
As entradas geralmente eram expedições oficiais, ou seja, organizadas pelas autoridades coloniais. Eram compostas, em sua maioria, por soldados portugueses e brasileiros (a serviço das províncias). Tinham como objetivo principal fazer o mapeamento do território brasileiro, sobretudo da região interior. As informações recolhidas eram enviadas a Portugal, com o intuito de aumentar o conhecimento sobre o território e possibilitar a colonização do interior do Brasil. Também combatiam grupos indígenas resistentes aos colonizadores.
As bandeiras, por sua vez, tinham motivação particular, isto é, eram organizadas por colonos estabelecidos nos povoados. Costumavam ser lideradas por paulistas — chamados de bandeirantes — e formadas por familiares mais pobres e agregados, entre outros. Seu objetivo principal era descobrir minas de ouro, prata e pedras preciosas, além de escravizar indígenas.
cifotart/shutterstock.com
Victor Brecheret. Monumento às bandeiras, 1954. Escultura em exposição permanente em frente à Assembleia Legislativa, no Ibirapuera, em
São Paulo (SP). Fotografia de 2013.
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b) Com o item anterior, você pôde observar o sentido de alguns topônimos de origem indígena, sobretudo do tupi. Provavelmente na região onde você mora também há topônimos de origem indígena. Reúna-se com alguns colegas, selecionem topônimos locais que não sejam nomes de pessoas e pesquisem a origem dessas palavras.
3. Nas entrevistas lidas neste capítulo você teve a oportunidade de conhecer a importância das línguas africanas e das línguas indígenas para a formação do léxico do português brasileiro. A seguir, há várias palavras: algumas de origem africana, outras de origem indígena. Reúna-se com alguns colegas e, com a ajuda de um dicionário, descubram quais são de origem africana.
▸ andirá
▸ berimbau
▸ capim
▸ caçula
▸ axé
▸ marimbondo
▸ quitanda
▸ tanga
▸ cupuaçu
▸ jacaré
▸ fubá
▸ mandioca
▸ moqueca
▸ poti
▸ beiju
▸ cambuci
▸ quiabo
▸ curinga
▸ caboclo
▸ pipoca
©Dreamstime.com/Diogo Piloto Proenca
Cupuaçu, fruta amazônica.
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Conclusão
Línguas africanas e línguas indígenas forneceram contribuições significativas para o léxico do português falado no Brasil.
Devemos considerar também que nosso falar mais sonoro possivelmente é contribuição das línguas africanas, uma vez que algumas delas não apresentam encontros consonantais, têm padrão silábico formado por consoante + vogal, e as sílabas de suas palavras não costumam terminar em consoantes. Dessa forma, pode-se justificar, na linguagem oral, o acréscimo de vogais para desmanchar grupos consonantais, o desaparecimento das consoantes finais das palavras e a ausência do s na concordância nominal. De acordo com os estudos da etnolinguista Yeda Pessoa de Castro, as línguas do grupo banto não usam a desinência s para fazer concordância, por isso temos a tendência de fazer o mesmo no Brasil.
Exemplos dessa possível influência de línguas africanas no português brasileiro falado: fulô (em vez de flor), caboco (em vez de caboclo), os pato (em vez de os patos).
Atividades de fixação
1. Você já ouviu (ou disse) a frase “Vamos deixar de nhe-nhe-nhem”? Qual o possível sentido de nhe-nhe-nhem (ou nhem-nhem-nhem ou ainda nhenhenhém)?
2. Para formar um grau aumentativo na língua tupi acrescentam-se os sufixos ûasu (ugûasu), usu. Levando em conta essas informações, explique o que significa Paraguaçu (pará-gûasu).
3. Na língua tupi, o grau diminutivo faz-se com acréscimo dos sufixos im e i ou com o adjetivo mirim. Qual é o significado de Itaim?
4. No português brasileiro, há diminutivos irregulares que apresentam sufixo im, os quais possivelmente representam a influência da língua tupi sobre o idioma. Pesquise e escreva em seu caderno exemplos desse uso.
5. Muitas palavras de origem sudanesa são encontradas na linguagem dos candomblés. Faça uma pequena pesquisa e cite algumas delas.
Atividades de aplicação
1. (Enem, 2015)
Yaô
Aqui có no terreiro
Pelú adie
Faz inveja pra gente
Que não tem mulher
No jacutá de preto velho
Há uma festa de yaô
Ôi tem nêga de Ogum
De Oxalá, de Iemanjá
Mucama de Oxossi é caçador
Ora viva Nanã
Nanã Buruku
Yô Yôo
Yô Yôoo
No terreiro de preto velho Iaiá
Vamos saravá (a quem meu pai?)
Xangô!
Viana, G. Agô, Pixinguinha 100 anos. Som Livre, 1997.
A canção Yaô foi composta na década de 1930 por Pixinguinha, em parceria com Gastão Viana, que escreveu a letra. O texto mistura o português com o ioruba, língua usada por africanos escravizados trazidos para o Brasil. Ao fazer uso do ioruba nessa composição, o autor:
a) promove uma crítica bem-humorada às religiões afro-brasileiras, destacando diversos orixás.
b) ressalta uma mostra da marca da cultura africana, que se mantém viva na produção musical brasileira.
c) evidencia a superioridade da cultura africana e seu caráter de resistência à dominação do branco.
d) deixa à mostra a separação racial e cultural que caracteriza a constituição do povo brasileiro.
e) expressa os rituais africanos com maior autenticidade, respeitando as referências originais.
2. (Enem, 2014)
A forte presença de palavras indígenas e africanas e de termos trazidos pelos imigrantes a partir do século XIX é um dos traços que distinguem o português do Brasil e o português de Portugal. Mas, olhando para a história dos empréstimos que o português brasileiro recebeu de línguas europeias a partir do século XX, outra diferença também aparece: com a vinda ao Brasil da família real portuguesa (1808) e, particularmente, com a Independência, Portugal deixou de ser o intermediário obrigatório da assimilação desses empréstimos e, assim, Brasil e Portugal começaram a divergir, não só por terem sofrido influências diferentes, mas também pela maneira como reagiram a elas.
ILARI, R.; BASSO, R. O português da gente: a língua que estudamos, a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2006.
Os empréstimos linguísticos, recebidos de diversas línguas, são importantes na constituição do português do Brasil porque:
a) deixaram marcas da história vivida pela nação, como a colonização e a imigração.
b) transformaram em um só idioma línguas diferentes, como as africanas, as indígenas e as europeias.
c) promoveram uma língua acessível a falantes de origens distintas, como o africano, o indígena e o europeu.
d) guardaram uma relação de identidade entre os falantes do português do Brasil e os do português de Portugal.
e) tornaram a língua do Brasil mais complexa do que as línguas de outros países que também tiveram colonização portuguesa.
3. (Enem, 2011)
http://www.revistalingua.uol.com.br
Palavra indígena
A história da tribo Sapucaí, que traduziu para o idioma guarani os artefatos da era da computação que ganharam importância em sua vida, como mouse (que eles chamam de angojhá) e windows (oventã)
Quando a internet chegou àquela comunidade, que abriga em torno de 400 guaranis, há quatro anos, por meio de um projeto do Comitê para Democratização da Informática (CDI), em parceria com a ONG Rede Povos da Floresta e com antena cedida pela Star One (da Embratel), Potty e sua aldeia logo vislumbraram as possibilidades de comunicação que a web traz.
Ele conta que usam a rede, por enquanto, somente para preparação e envio de documentos, mas perceberam que ela pode ajudar na preservação da cultura indígena.
A apropriação da rede se deu de forma gradual, mas os guaranis já incorporaram a novidade tecnológica ao seu estilo de vida. A importância da internet e da computação para eles está expressa num caso de rara incorporação: a do vocabulário.
— Um dia, o cacique da aldeia Sapucaí me ligou.
“A gente não está querendo chamar computador de ‛computador’”. Sugeri a eles que criassem uma palavra em guarani. E criaram aiú irú rive, “caixa para acumular a língua”. Nós, os brancos, usamos mouse, windows e outros termos, que eles começaram a adaptar para o idioma deles, como angojhá (rato) e oventã (janela) — conta Rodrigo Baggio, diretor do CDI.
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