1. O que está sendo representado?
2. Qual é o papel de cada personagem dessa imagem?
3. Associe a imagem às informações anteriores e escreva um pequeno texto sobre o imperialismo na China.
Professor, as orientações e respostas referentes a esta seção estão no Manual do Professor.
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Japão
A palavra Japão, utilizada no Ocidente, é de origem chinesa e quer dizer “ilha do Sol nascente”. Já aqueles que os ocidentais denominaram de japoneses chamam seu país de ninhon ou nippon ou, ainda, nihonjin, palavras que remetem ao mesmo significado.
O arquipélago japonês é povoado há milhares de anos. Os ainos dominaram o território por um grande período, mas foram pouco a pouco suplantados por outros povos, a maioria de origem chinesa, que se estabeleceram no local, assim como os de origem coreana. No século VI, foi introduzido o budismo. No século seguinte, o primeiro Estado japonês alcançou estabilidade. Havia forte influência chinesa nos protocolos, nas insígnias hierárquicas, no calendário, bem como na escrita, que foi sendo adaptada ao idioma nipônico.
A organização política do Japão foi modificada algumas vezes, em períodos sucessivos, passando por fases de governo imperial, oligárquico e militar, todos marcados por fracas relações comerciais e culturais com o Ocidente.
Ainos é a denominação de um grupo étnico que surgiu por volta do século XII, em Hokkaido, nas ilhas Curilas e Sacalina, atual Japão. Sua cultura pode ser encontrada, ainda hoje, na região do Tibete e nas Ilhas Andamão, no Oceano Índico.
A abertura japonesa
Assim como a China, o Japão inicialmente evitou a influência ocidental em seu território e em sua economia; porém, em 8 de julho de 1853, uma esquadra norte-americana apareceu na Baía de Edo (hoje Tóquio).
O comodoro Matthew Calbraith Perry exigiu a presença de um emissário de xógum para entregar uma carta do presidente estadunidense Millard Fillmore, que dava um ultimato aos japoneses: estabelecer relações comerciais pacíficas ou sofrer as consequências de uma guerra.
Sabendo o que acontecera com a China, as autoridades japonesas cederam às pretensões estadunidenses. Pelo Tratado de Kanagawa, assinado em 1854, o Japão cedia os portos de Shimoda e Hokkaido, e um consulado dos Estados Unidos foi aberto no país. Mais tarde, britânicos, russos e holandeses obtiveram privilégios semelhantes.
A abertura acelerou o processo de mudança. A oposição ao xogunato aumentou, levando o jovem imperador Mutsuhito a assumir o poder em 1868.
Esta crise econômica é acompanhada de crise política e torna as classes populares das cidades e dos campos mais turbulentas. Cresce a hostilidade aos estrangeiros e por volta de 1858-1860 adquire a forma de numerosos atentados individuais.
Estes atingem também políticos japoneses favoráveis à política pró-ocidental do xógum. Esta política de concessões é vivamente criticada pelos adversários tradicionais dos Tokugawa, em particular os grandes daimios do sul cujos feudos, mais evoluídos economicamente, estão sufocados no quadro vetusto do Antigo Regime japonês. O sobressalto nacional cristaliza-se em torno do imperador e de seus conselheiros de Kyoto: é o movimento “lealista”, sustentado por jovens samurais [...]. Em seus espíritos, o tradicionalismo conservador mescla-se confusamente com uma sincera aspiração reformista. As casas comerciais sustentam o Movimento e fornecem fundos aos adversários do xógum.
CHESNEAUX, Jean. A Ásia Oriental nos séculos XIX e XX. São Paulo: Pioneira, 1976. p. 43-44.
Dentre as diretrizes gerais desse movimento, destacavam-se: unir todas as classes de alto a baixo; destruir os “maus hábitos” e adotar, como base, os costumes do Ocidente; buscar o conhecimento em todas as partes do mundo; e convocar assembleias para resolver assuntos de Estado.
Glossário
Vetusto: velho, antigo, ultrapassado.
Xógum: designação do general que comandava o exército japonês. Era quem efetivamente governava o país.
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No plano político, foi promulgada uma Constituição nos moldes ocidentais. A nobreza perdeu o direito de usar armas, e a linhagem cedia lugar à capacidade. A ascensão social só seria possível por mérito, e não mais pelo nascimento.
Em pouco tempo, mais de 3 mil especialistas estrangeiros trabalhavam no país; o exército foi modernizado; o serviço militar e o ensino das crianças tornaram-se obrigatórios; e o sistema educacional foi reformado, seguindo o modelo francês e depois o alemão. Milhares de jovens japoneses foram estudar no exterior. O governo financiava a pesquisa e investia na formação de técnicos. O processo de industrialização acelerou-se.
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Retrato da imperatriz Shoken (1850-1914), que foi casada com o imperador Meiji, século XIX. Na pintura, observa-se a incorporação dos costumes ocidentais. Tanto as vestimentas da imperatriz quanto o cenário e a técnica são característicos do Ocidente.
Os japoneses compreenderam que, para se ajustar ao novo modelo de governo e comércio a que haviam se submetido, era necessário agir como as potências ocidentais. Assim, rapidamente tornaram-se também uma potência imperialista.
Ao contrário da China, o Japão não sofreu durante muito tempo com o colonialismo do Ocidente. Herbert Norman, no seu estudo pioneiro Japan’s emergence as a modern state, escreveu que “o cadáver vasto e prostrado da China serviu como escudo do Japão diante da cobiça mercantil e colonial das potências europeias”. Em pouco tempo, o império japonês se apresentaria como um rival ao mundo ocidental, utilizando uma agressiva política de expansão regional. A Restauração Meiji, ao abolir as antigas estruturas feudais sem, todavia, alterar profundamente as bases da sociedade japonesa, permitiu aos privilegiados da antiga ordem reciclar-se em homens de negócios, mantendo a crença social nas fortes tradições ancestrais.
COGGIOLA, Osvaldo. Japão: 500 anos de história, 100 de imigração – 1854-2008. São Paulo: Duetto, 2008. v. 2. p. 23.
O sucesso japonês foi rápido. Em pouco tempo, já exportava para os mercados europeus e a agricultura tornou-se eficiente; a seda desempenhou um papel importante, bem como a indústria de produtos de algodão. A mão de obra qualificada e instruída, aliada à cultura que valorizava o trabalho, facilitou esse progresso.
Os japoneses demonstraram os frutos férteis de seu sucesso econômico derrotando a China na Guerra de 1895, tomando Taiwan, aumentando a influência que exerciam sobre a Coreia e conseguindo uma posição na luta por esferas de influência na China. Eles se afirmaram de forma ainda mais impressionante na guerra contra a Rússia em 1904. O Japão arrasou a Rússia e foi a primeira vez na História Moderna que uma potência asiática derrotou uma europeia. O ataque naval no estreito de Tsushima em maio de 1905, particularmente, chocou os europeus. A armada japonesa se mostrou mais rápida, mais moderna e melhor equipada do que a frota russa, que foi completamente destruída.
FRIEDEN, Jeffry A. Capitalismo global: história econômica e política do século XX. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. p. 77.
Glossário
Meiji: a Era Meiji ou "governo iluminado".
Prostrado: fraco, desfalecido, que se encontra abatido.
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O Japão na Coreia
A Coreia manteve, durante muito tempo, boas relações com o Japão, especialmente do século III ao V, quando os japoneses começaram a ocupar uma parte da Península Coreana.
Por meio do contato com a Coreia, os japo neses conheceram aspectos que se enraizaram em sua cultura, como o confucionismo, o taoismo e o budismo, este último também por influência da China.
Ao longo dessa relação, muitos coreanos se instalaram no Japão, fato que, aliado à distribuição dos territórios no leste da Ásia, fez a Coreia se tornar uma ponte quase obrigatória entre o Japão e a China. Esse fato despertou, na década de 1580, a disputa entre chineses e japoneses pelo território coreano.
A Coreia, governada desde o século XIV pela Dinastia Yi, tinha uma identidade cultural própria, porém sofreu grande influência das sociedades chinesa e japonesa.
Em 1894, o governo coreano, que pagava tributos aos chineses, solicitou apoio militar da China para reprimir uma rebelião interna. Na ocasião, tanto China como Japão enviaram auxílio, o que intensificou a presença de ambos na região e aumentou a tensão entre os dois países.
Essa tensão culminou com a Guerra Sino-Japonesa (1894-1895), vencida pelo Japão, que, em 1910, anexou a Coreia e iniciou um processo de colonização na península.
Horace Bristol/Corbis/Latinstock
Hasteamento da bandeira em frente a uma tropa de soldados em formação após a declaração da independência da Coreia. Seul (Coreia), 1946.
Embora tenha possibilitado alguma modernização com a construção de escolas, estradas e hospitais, a ocupação japonesa impôs significativas restrições aos coreanos, como a proibição do uso do idioma local e o uso obrigatório de nomes japoneses. Além disso, os melhores cargos públicos na Coreia eram ocupados por japoneses.
A Coreia tornou-se para o Japão uma colônia rural de exploração. Assim, trabalhos penosos e forçados foram impostos a milhares de coreanos.
Foi apenas após a Segunda Guerra Mundial que a Coreia conseguiu conquistar a independência, mas divergências ideológicas em seu território fizeram com que o país se dividisse em Coreia do Norte e Coreia do Sul.
A ocupação da Manchúria
A Manchúria – região localizada a nordeste da China – faz fronteira com a Rússia, a noroeste, e com a Coreia do Norte, a sul. É considerada muito importante estrategicamente por estar justamente entre o Japão e a China, além de apresentar abundância em minérios de ferro e recursos agrícolas.
Inicialmente, o território pertencia à China; porém, com o declínio do Império Chinês, foi disputado na Guerra Russo-Japonesa (1905-1910).
Enquanto os japoneses procuravam expandir seu território, numa investida de conquistas pela Ásia, o objetivo dos russos era conquistar a região para expandir a ferrovia transiberiana, que os levaria das principais cidades russas ao Extremo Oriente e possibilitaria o abastecimento da região da Sibéria, também anexada pela Rússia.
Depois de várias batalhas e tentativas diplomáticas de acabar com o confronto, os japoneses tomaram o Porto de Arthur – principal da região – e derrotaram os russos. Foi a primeira vez que um país asiático derrotou um país europeu.
O Japão, então, dominou a Manchúria e consolidou sua posição criando o Estado de Manchukuo. Apesar disso, com a derrota dos japoneses na Segunda Guerra Mundial, em 1945, a Manchúria voltou a pertencer à China, que na ocasião também anexou portos e estradas da região.
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© DAE/Studio Caparroz
Fonte: LE MONDE diplomatique. Atlas der Globalisierung. Taz: Berlin, 2011. p. 30.
Organizando ideias
Leia a seguir o trecho da reportagem e responda às questões.
ONU: China acusa Japão de roubar ilhas
O ministro chinês das Relações Exteriores, Yang Jiechi, acusou nesta quinta-feira o Japão de roubar da China um arquipélago no Mar da China Oriental disputado pelos dois países, durante seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.
“A China exorta firmemente o Japão a cessar imediatamente todas as atividades que violam a soberania territorial chinesa, a adotar ações para corrigir seus erros e a voltar ao caminho para resolver a disputa mediante negociações”, declarou Yang.
“O Japão roubou estas ilhas em 1895, ao final da guerra sino-japonesa, e forçou o governo chinês e firmar um tratado desigual para ceder estes territórios”.
O chanceler reafirmou que as ilhas “formam parte integrante do território chinês desde a antiguidade”.
“As ações tomadas pelo Japão são totalmente ilegais e inválidas. Não podem, de nenhuma maneira, mudar o fato histórico de que o Japão roubou as ilhas Diaoyu e que a China tem soberania territorial sobre elas”, proclamou Yang.
As tensões entre Pequim e Tóquio cresceram após o Japão decidir nacionalizar as ilhas, chamadas de Senkaku pelos japoneses.
O primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, afirmou na quarta-feira nas Nações Unidas que “não há compromisso” possível com a China sobre a soberania das ilhas Senkaku.
O arquipélago, situado 200 km a nordeste de Taiwan e 400 km a oeste de Okinawa, no sul do Japão, é desabitado, mas fica em uma área rica em pesca e possivelmente sobre importantes recursos minerais.
ONU: China acusa Japão de roubar ilhas. Agence France-Press (AFP).
1. Do que trata a reportagem?
2. Qual é a opinião do governo chinês em relação ao assunto abordado pela reportagem?
3. Por que os dois países estão tão interessados nesse arquipélago?
4. As ações japonesas citadas na reportagem pertencem exclusivamente ao presente? Explique.
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A conquista da Índia
Os europeus interessavam-se pela Índia desde o século XV, período das Grandes Navegações e da chegada de Vasco da Gama ao local, mas foi durante o século XVIII que a Inglaterra dominou a região.
Os ingleses, com seu costume de ter os olhos fixos no horizonte, já tinham tomado a iniciativa do comércio direto com o Extremo Oriente. Em 1600, ainda entusiasmada pela derrota infligida à Invencível Armada de Felipe II da Espanha, a rainha Elizabeth I concedeu um monopólio de comércio à Company of Merchants of London Trading to the East Indies. A guerra contra a Espanha tinha cortado todo o abastecimento de pimenta, antes carregada em Lisboa, e foi essa iguaria, cujos preços nas partidas comercializadas pela Holanda haviam explodido, que levou os londrinos a criar sua própria companhia. [...]
A missão de um navio da Companhia das Índias durava muitos meses. Às vezes a embarcação só voltava ao porto de origem dois anos depois da partida, pois, além de as negociações comerciais no Oriente serem muito demoradas, era preciso esperar por ventos favoráveis para tomar o caminho de volta. Desde os portos do noroeste da Europa até Cantão, situado na costa chinesa, na embocadura do rio das Pérolas, um grande centro comercial, contam-se de 15 a 16 mil milhas. [...]
A companhia possuía cerca de 30 navios, número que passou a 37 em 1757, dos quais os maiores, como Le Condé, Le Centaure, La Chine e Le Robuste chegavam a 1.500 toneladas. Cerca de três a quatro navios desapareciam por ano, entre 1723 e 1744. Nesse período, o tráfego de navios foi irregular, até mesmo em extremos: do total de embarcações, 35 fizeram 61 viagens de Lorient às Índias e à China; outros 19 percorreram a rota só uma vez, oito trafegaram duas, seis fizeram três e somente dois, quatro viagens. Essa média tão baixa pode ser atribuída a diferentes fatores.
Além das tempestades, de encalhes devidos à má previsão de rotas, um grande número de barcos foi capturado ou incendiado, e outros foram retirados de circulação.
Nas 14 mil viagens ao Oriente efetuadas em três séculos, pelas diferentes versões da Companhia das Índias, 1,5 milhão de homens não voltaram mais. Muitas vozes se ergueram contra esses empreendimentos, cujas frotas enviadas pela Inglaterra, por Portugal e pela Holanda sugavam todo o dinheiro da Europa para “comprar mercadorias inúteis”. Na verdade, seus lucros fabulosos e seu poder inquietavam as nações. A partir de 1874, a Inglaterra não renovou mais a carta da East Company. [...]
CASTELBAJAC, Bernadette de. Companhia das Índias, grandes negócios em muitas versões. História Viva. Disponível em: . Acesso em: fev. 2016.
Entre o final do século XVIII e as primeiras décadas do século XIX, os britânicos, por meio da Companhia das Índias Orientais, conquistaram militarmente a Índia.
Durante a dominação da Índia, os ingleses pautaram-se pela seguinte premissa: dividir para dominar. Para alcançar esse objetivo, usaram estratégias como: utilização de mercenários de uma região para impor domínio sobre outras; concessão de vantagens a certos governantes ou etnias; aprofundamento das divergências religiosas; superioridade econômica e bélica.
A presença britânica na Índia era altamente lucrativa: proporcionava empregos aos militares, cobradores de impostos, juízes e burocratas, que dificilmente teriam oportunidades semelhantes na metrópole. A colônia era uma válvula de escape para muitos.
Na área econômica, os mercados indianos absorviam as manufaturas britânicas, o que provocou a ruína de muitos produtores locais. De exportadores de produtos têxteis, os indianos tornaram-se importadores. Em outros setores, a produção artesanal sucumbiu diante de concorrência de artigos metropolitanos.
Os altos impostos, o desrespeito às tradições culturais indianas, a deposição de príncipes que não se submetiam aos ditames dos colonizadores e as humilhações a que os nativos foram submetidos contribuíram para que ocorresse uma grande rebelião contra os britânicos.
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O motim de 1857, conhecido como Revolta dos Cipaios (também sepoys ou saphis, soldados indianos que serviam no exército britânico), iniciado como uma revolta de quartel, expandiu-se com o apoio popular e de príncipes, e os insurretos chegaram a controlar Délhi e outras cidades.
Coleção particular
Gravura anônima sobre a Revolta dos Cipaios, c. 1895.
Apesar de algumas vitórias iniciais, os rebeldes acabaram vencidos. Já os britânicos contaram com a ajuda de príncipes protegidos, grandes proprietários enriquecidos e tropas originárias de outras regiões. Durante a revolta, os dois lados praticaram atrocidades. Rebeldes massacraram mulheres e crianças inglesas. Por outro lado, aldeias foram queimadas, insurretos foram massacrados e diversos líderes nativos acabaram executados.
O que se verificou após o motim de 1857 foi a intensificação do racismo. A cidade de Délhi foi saqueada, e os muçulmanos, alvos principais, foram duramente reprimidos.
Em 1858, a Coroa britânica havia assumido diretamente o governo da colônia. Mais tarde, em 1877, a rainha Vitória foi proclamada imperatriz da Índia.
O imperialismo britânico beneficiou alguns poucos indianos que foram cooptados das mais diversas formas. Como resultado, houve um grande processo de ocidentalização da sociedade indiana. Na década de 1880, por exemplo, havia cerca de 8 mil indianos com diploma universitário em meio a um crescente movimento de modernização das cidades, que contava com a implantação de ferrovias e telégrafos.
[...] A rainha Vitória fez publicar solenemente em todas as grandes cidades uma proclamação conciliadora, na qual se comprometia a proteger os príncipes e a respeitar as religiões e os costumes indígenas, e também concedia seu perdão a todos os rebeldes, exceto aos assassinos de súditos britânicos. Às veleidades reformistas e ao intervencionismo político da época precedente, sucederam-se circunspecção e conservadorismo social. Suspenderam-se as anexações de Estados principescos e seus soberanos foram cobertos de honrarias. Favo re ceu-se a aristocracia das terras para atrair essa classe que fornecera demasiados chefes à revolta e para enquadrar mais eficazmente, através dela, as massas camponesas que lhe eram fiéis. De maneira geral, reforçaram-se as hierarquias sociais. Ao mesmo tempo, o exército das Índias foi reequilibrado (cem mil cipaios a menos, vinte mil europeus a mais) e reorganizado com base nas castas e nas religiões. Fracionado em comunidades homogêneas, ele de fato se tornou menos suscetível de unir-se em bloco contra seus senhores. Assim garantida a ordem, a dominação britânica na Índia entrava em sua fase de apogeu, que duraria até a Primeira Guerra Mundial.
POUCHEPADASS, Jacques. In: FERRO, Marc (Org.). O livro negro do colonialismo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. p. 339.
Coleção particular
Novas coroas para os mesmos velhos. Charge de John Tenniel, publicada em 15 de abril de 1876, que mostra o primeiro-ministro Benjamin Disraeli oferecendo a coroa da Índia à rainha Vitória.
Glossário
Circunspecção: cautela, moderação.
Veleidade: fantasia, utopia.
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Organizando ideias
Professor, as orientações e respostas referentes a esta seção estão no Manual do Professor.
Em dupla, analise os textos que descrevem o imperialismo britânico na Índia. Depois façam o que se pede.
Texto 1
No caso da Índia, algumas vezes alega-se que o status do país como uma preciosidade militar essencial para a Coroa britânica retardou o crescimento devido à negligência colonial em relação às necessidades econômicas. É verdade que o principal gasto da Grã-Bretanha na Índia, a construção de um sistema ferroviário extenso, fora motivado por razões militares. Mas, longe de retardar o desenvolvimento, as ferrovias provavelmente foram a maior fonte de qualquer sucesso econômico registrado na Índia. No entanto, tal fato sozinho era insuficiente. Da mesma forma como os governantes da China e do Império Otomano, tanto os britânicos quanto seus aliados indianos preocupavam-se prioritariamente em manter o controle político, e viam com suspeita as medidas desenvolvimentistas agressivas.
FRIEDEN, Jeffry A. Capitalismo global: história econômica e política do século XX. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. p. 112.
Texto 2
A expansão imperialista é acompanhada pela luta do capital contra as ligações sociais e econômicas dos nativos, os quais são espoliados dos seus meios de produção e força de mão de obra.
A catástrofe da comunidade nativa é um resultado direto da rápida e violenta ruptura das instituições básicas da vítima (se a força é ou não usada no processo, não parece absolutamente relevante).
Essas instituições são rompidas pelo fato de uma economia de mercado ser impingida a uma comunidade de organização completamente diferente; o trabalho e a terra são transformados em mercadorias, o que, mais uma vez, é apenas uma fórmula curta para a liquidação de toda e qualquer instituição cultural em uma sociedade orgânica [...]. As massas indianas na segunda metade do século XIX não morreram de fome porque eram exploradas por Lancashire [região de grande produção têxtil na Inglaterra]; pereceram em grande número porque tinha sido destruída a comunidade de aldeia indiana.
POLANYI, Kan. In: DAVIS, Mike. Holocaustos coloniais. Rio de Janeiro: Record, 2002. p. 20.
1. De acordo com os textos, como o imperialismo britânico alterou a sociedade indiana?
2. Por que era importante manter o controle político na região dominada? Expliquem.
3. Expliquem a frase final do texto 2: “[...] pereceram em grande número porque tinha sido destruída a comunidade de aldeia indiana”.
4. Associem a imagem abaixo aos textos e respondam: Quais foram as consequências do domínio britânico sobre a Índia?
Coleção particular
Primeira página do suplemento ilustrado do periódico Le Petit Journal, 1897.
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