Dos primeiros humanos ao renascimento manual do professor gislane azevedo



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Veja o filme O sétimo selo, de Ingmar Bergman, 1959. Cavaleiro medieval abalado com a devastação da peste negra desafia a Morte para uma partida de xadrez, que decidirá se ele parte ou não com ela.

Fim do complemento.

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OLHO VIVO

LEGENDA: O casamento dos Arnolfini, de Jan van Eyck, 1434.

FONTE: Jan van Eyck/National Gallery, London.

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Cena de um casamento burguês

A cidade de Bruges, na Bélgica atual, foi o centro comercial mais importante do norte europeu. A pintura reproduzida nesta seção reflete um pouco a riqueza que circulava em Bruges na época. Isso se observa pelo luxo das roupas e pela decoração do ambiente.

Há controvérsias sobre a identidade do jovem casal. Acredita-se que o rapaz seja membro da família Arnolfini, mercadores e banqueiros de Bruges, e a moça seja uma desconhecida ou integrante da família Cenami, um rico grupo proveniente da península Itálica.

Na época, os casamentos não necessitavam de testemunhas. Nesse caso, no entanto, o quadro praticamente adquire o caráter de uma certidão de casamento. Vamos ver o porquê.

1. A única vela acesa representa Deus, que tudo vê.

2. A assinatura do pintor está em lugar de destaque no quadro. Nela, ele escreveu em latim: "Jan van Eyck esteve aqui em 1434".

3. Presente típico do futuro marido para a noiva, o rosário de cristal sugere a pureza da mulher.

4. A imagem refletida no espelho mostra o próprio pintor, com roupas azuis, e outra pessoa como testemunhas do casamento.

5. Dar uma das mãos à mulher e levantar a outra em sinal de juramento são sinais de que se tratava de um casamento.

6. A laranja era artigo importado, de luxo. Simboliza também o pecado da luxúria, redimido com o casamento.

7. Espelhos de cristal como este eram objetos raros e caros. Em geral, usava-se metal polido.

8. As cortinas eram fechadas à noite, separando a cama da sala.

9. O vestido é enfeitado com pele de arminho.

10. O ato de dar à noiva a mão esquerda costumava indicar que a mulher vinha de uma camada social mais baixa e devia renunciar aos direitos de herança.

11. O ventre saliente era sinal de beleza na época, e não indicava, necessariamente, gravidez. O casal da pintura não teve filhos.

12. A capa é de veludo, forrada com pele de lontra ou de marta.

13. Os panos vermelhos da cama simbolizam a paixão.

14. Os pés descalços e com meias fazem alusão ao Antigo Testamento, segundo o qual o chão em que se pisa se torna sagrado durante o matrimônio.

15. A cor verde do vestido simboliza fertilidade. Os vestidos brancos das noivas foram introduzidos na segunda metade do século XIX.

16. O salto reforçado do tamanco indica que o noivo não era da aristocracia. Os aristocratas ou andavam a cavalo ou eram carregados em liteiras.

17. O cachorro simboliza o bem-estar, a fidelidade e o amor terreno.

Texto elaborado com base em: CUMMING, Robert. Para entender a arte. São Paulo: Ática, 2000; HAGEN, Rose-Marie; HAGEN, Rainer. Los secretos de las obras de arte. v. 1. Madrid: Taschen, 2005.

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2. O Renascimento artístico, científico e intelectual



Humanismo e racionalismo

A reativação do comércio e a maior circulação de dinheiro entre os séculos XI e XIV provocaram uma reforma educacional e a formação de escolas e universidades independentes do controle da Igreja, que se preocupava em formar teólogos, médicos e advogados.

As novas escolas e universidades que surgiram naquele momento afirmavam a importância central do ser humano, considerado a obra suprema de Deus. Conhecida como antropocentrismo, essa concepção era coerente com o princípio grego segundo o qual "o ser humano é a medida de todas as coisas". O antropocentrismo se chocava com a orientação das universidades controladas pela Igreja, nas quais o pensamento era dominado pelo teocentrismo - para o qual Deus (Théos, em grego) é a fonte de todo o conhecimento e deve estar no centro da reflexão filosófica.

O centro principal de reflexão nas novas universidades passou a ser a atividade humana e suas diversas ramificações. Dessa forma, foram priorizadas disciplinas voltadas para os estudos humanos, como Poesia, Filosofia, Gramática, Matemática, História e Eloquência, além daquelas ligadas ao antigo Direito Romano.

Esse movimento de ideias, conhecido como Humanismo, também procurou resgatar o conhecimento e as artes da Antiguidade clássica e atingiu outras áreas do saber, como Medicina, Astronomia, Filosofia, Literatura e Artes. Textos de autores gregos e romanos, que nos séculos anteriores encontravam-se sob o controle da Igreja, foram recuperados pelos estudiosos laicos. Obras de arte, templos e palácios, objetos de decoração e peças variadas da Antiguidade clássica passaram a ser a principal referência de pintores, escultores, decoradores e arquitetos da península Itálica, a partir do século XV.

LEGENDA: O italiano Piero di Cosimo é o autor desse painel renascentista, produzido entre 1505 e 1510, com o nome de A descoberta do mel por Baco.

FONTE: Reprodução/Worcester Art Museum, Worcester.

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Como o ser humano estava no centro das atenções, tudo o que se referia a ele deveria ser valorizado. Difundiu-se entre os estudiosos a ênfase na procura de explicações racionais (baseadas na razão, não na fé) para os fatos da natureza. Essa corrente de pensamento, conhecida como racionalismo, contrariava a ideia de que a Igreja e os livros sagrados seriam suficientes para responder a todas as dúvidas humanas.

A partir da península Itálica, a difusão do humanismo pelo continente europeu deu origem ao Renascimento, um movimento ainda mais amplo, voltado à renovação intelectual e artística, que alcançou várias áreas do conhecimento humano.

LEGENDA: Desenho de Leonardo da Vinci conhecido como Homem vitruviano (1490). O nome é uma alusão ao romano Marcos Vitrúvio Polião, que escreveu um tratado sobre arquitetura, no qual estuda também as proporções do corpo humano. O desenho de Da Vinci representa uma figura masculina inscrita simultaneamente em um quadrado e em uma circunferência, em duas posições superpostas. Esse estudo exemplifica o humanismo renascentista, que considerava o ser humano como "medida de todas as coisas".

FONTE: Leonardo da Vinci/Galleria Dell'Academia, Veneza.

Boxe complementar:

VOCÊ SABIA?

O termo Renascimento

O nome Renascimento - ou Renascença - foi dado pelo arquiteto toscano Giorgio Vasari (1511-1574) para evidenciar o desejo de que renascessem o pensamento e a arte dos antigos gregos e romanos.

Fim do complemento.

Reflexões políticas e investigação científica

A principal obra de ciência política do Renascimento foi O príncipe, de 1513, escrita pelo florentino Nicolau Maquiavel (1469-1527). No livro, o príncipe (ou rei, governante) não deveria se deter diante de nenhum obstáculo na luta para conquistar ou conservar o controle de um Estado, mesmo que isso implicasse o uso da força e da violência contra seus adversários.

Com o Renascimento, a exploração científica do corpo humano e a prática de dissecação de cadáveres ganharam impulso: órgãos até então desconhecidos foram observados e descritos e suas funções foram esclarecidas.

LEGENDA: As três Graças, óleo sobre painel pintado entre 1504 e 1505 por Rafael. No Renascimento, a preocupação com o corpo humano teve efeito nas artes plásticas: pintores e escultores redescobriram a beleza da nudez feminina e masculina.

FONTE: Raphael/Museu Conde, Chantilly, França/Giraudon/The Bridgeman/Keystone

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Geocentrismo × heliocentrismo

Segundo a doutrina da Igreja católica, a Terra (geo, em grego) era o centro do Universo, e o Sol e a Lua gravitavam em seu redor. Essa teoria é conhecida como geocentrismo. Levado pelo espírito investigativo do Renascimento, o astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) contestou essa concepção e propôs o heliocentrismo, afirmando que a Terra girava ao redor do Sol (helio, em grego).

As ideias de Copérnico foram retomadas por outros cientistas, nas décadas seguintes, como Giordano Bruno (1548-1600), Galileu Galilei (1564-1642) e Johannes Kepler (1571-1630). Mais tarde, apoiado no trabalho desses cientistas, em 1687 o inglês Isaac Newton (1643-1727) publicou o livro Principia, que lançou os fundamentos da Física moderna.

Boxe complementar:



FILME

Veja o filme Giordano Bruno, de Giuliano Montaldo, 1973. História do astrônomo italiano Giordano Bruno (1548-1600), condenado à morte pela Inquisição por defender o heliocentrismo.

Fim do complemento.

A arte renascentista

Um dos primeiros pintores a dar caráter artístico à sua atividade e a assinar suas obras foi Giotto di Bondone (1267-1337), nascido na península Itálica. Ele inovou não apenas ao retratar pessoas, animais e objetos com grande realismo, mas também por ter introduzido noções de profundidade na pintura. Dessa forma, abriu caminho para a introdução da perspectiva, desenvolvida mais tarde por Filippo Brunelleschi (1377-1446), Leon Battista Alberti (1404-1472) e Leonardo da Vinci (veja o boxe As três dimensões da pintura na página seguinte ).

Utilizando princípios matemáticos, Brunelleschi criou o conceito de perspectiva exata: quanto mais distante um objeto estivesse em relação ao observador, tanto menor deveria ser representado na tela, para reproduzir fielmente a realidade.

A perspectiva exigia do pintor conhecimentos não só de Geometria e Matemática, mas também de ótica. Além disso, ele deveria saber reproduzir as variações de cor, de luz e sombra que a realidade apresentava. Com todas essas mudanças, pintores, escultores e arquitetos passaram a ser vistos como verdadeiros artistas, não mais como artesãos.

LEGENDA: Detalhe de afresco da Basílica de Santa Cruz, em Florença (Itália), criado pelo artista italiano Giotto, no século XIV. A pintura representa a renúncia de São Francisco de Assis aos bens materiais. São Francisco é representado com o dorso nu e os braços levantados na frente de vários religiosos.

FONTE: Bridgeman/Keystone

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Professor(a), no Procedimento Pedagógico deste capítulo há uma proposta de discussão teórica acerca do conceito de Renascimento.



DIALOGANDO COM... ARTE

As três dimensões da pintura

Até a Idade Média, a pintura com representação de imagens e cenas era feita em apenas duas dimensões: altura e largura. Com a técnica da perspectiva, as figuras passaram a ser representadas em três dimensões - largura, altura e profundidade.

Com isso, as imagens ganhavam volume e pareciam adquirir vida na tela, tinha-se a impressão de que existia algo para além da tela. Para melhor compreensão, compare as duas pinturas desta seção.

LEGENDA: Encadernação em bordado do século XIV representa o arcanjo Gabriel ao lado da Virgem Maria, com um vaso de lírios (simbolizando o ventre fértil de Maria) e uma pomba branca (o Espírito Santo).

FONTE: Reprodução/ Project Gutenberg

LEGENDA: Parte central do tríptico intitulada Anunciação, do flamengo Robert Campin. O tríptico (em óleo sobre madeira) é conhecido como Retábulo de Mérode e foi criado entre 1427 e 1432.

FONTE: Reprodução/Metropolitan Museum of Art, New York.

Os mecenas

Interessadas em se impor socialmente perante a nobreza e o clero, as grandes famílias de mercadores e banqueiros passaram a custear o trabalho de pintores, escultores e arquitetos e a exibir em seus palacetes as obras encomendadas a eles. Esses protetores das artes - encontrados também na nobreza e no alto clero - ficaram conhecidos como mecenas. Com o mecenato, arte, riqueza e poder ficaram intimamente associados.

Professor(a), no Procedimento Pedagógico deste capítulo há um texto complementar que relaciona o mecenato, o desenvolvimento artístico do Renascimento e a influência da Igreja nas artes do período.

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Em Florença, por exemplo, o mecenas mais importante era a poderosa família Medici, que influenciou a vida política da cidade por quase três séculos. Cosimo de Medici (1389-1469), o patriarca, e seus filhos financiaram as atividades de diversos artistas. Entre os favorecidos estava Michelangelo Buonarroti (1475-1564), um dos maiores artistas de todos os tempos, que fez diversas esculturas para a capela dos Medici e também trabalhou para o Vaticano, tendo redesenhado a Igreja de São Pedro e executado as pinturas do teto da Capela Sistina.

Outros importantes artistas renascentistas foram Sandro Botticelli (1444-1510), Rafael Sanzio (1483-1520), Ticiano Vecellio (1490-1576) e Paolo Veronese (1528-1588).

LEGENDA: Escultura em mármore da câmara mortuária do estadista italiano Lourenço de Médici, situada em Florença, Itália. O monumento foi criado por Michelângelo, no século XV.

FONTE: Bridgeman/Keystone



Renovação literária

Uma renovação no campo das letras vinha ocorrendo na Europa desde os últimos séculos da Idade Média, devido principalmente ao trabalho de três escritores da península Itálica: Dante Alighieri (1265-1321), Francesco Petrarca (1304- -1374) e Giovanni Boccaccio (1313-1375).

A (re)invenção, por Johannes Gutenberg, dos tipos móveis de impressão no século XV foi um fator que contribuiu para consolidar o surgimento de novas formas literárias e permitiu a publicação de livros com grandes tiragens (veja o boxe na página seguinte).

Iniciada na península Itálica, essa renovação literária logo se espalhou para países como Espanha, França, Portugal e Inglaterra.

Em Portugal se destacaram o poeta Luís de Camões (1503-1580), com a forma da epopeia greco-latina em Os lusíadas, e o dramaturgo Gil Vicente (cerca de 1465- -1536), com peças satíricas como a Farsa de Inês Pereira e o Auto da barca do inferno. Na Espanha, surgiu o escritor Miguel de Cervantes (1547-1616), autor de Dom Quixote e, na Inglaterra, surgiu William Shakespeare (1564-1618), considerado por muitos o maior dramaturgo de todos os tempos e autor de peças como Hamlet, Romeu e Julieta, A megera domada, Macbeth e Rei Lear.

LEGENDA: Capa da primeira edição de O engenhoso fidalgo dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, impresso em Madri, no ano de 1605.

FONTE: Reprodução/http://bibliotecadigitalhispanica.bne.es.

Boxe complementar:



FILME

Veja o filme Agonia e êxtase, de Carol Reed, 1965. História dos embates entre Michelangelo e seu mecenas, o papa Júlio II, que encomenda a pintura do teto da Capela Sistina, no Vaticano.

Veja o filme A megera domada, de Franco Zeffirelli, 1967. Petruchio, um cavalheiro pobre, casa-se com Katharina, rica e voluntariosa, e tenta dominá-la. Mas ela está determinada a manter sua independência.

Fim do complemento.

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Tipos móveis de impressão

Os tipos móveis de impressão (feitos de argila cozida e depois de outros materiais) já haviam sido inventados pelo artesão chinês Bi Sheng entre 1041 e 1048.

No entanto, na Europa, até meados do século XV, a reprodução de um livro era feita manualmente, um a um, por copistas. Além de lento, esse trabalho podia causar imprecisões, fazendo com que o mesmo original variasse de uma cópia manuscrita para outra.

No invento de Johannes Gutenberg (cerca de 1397-1468), as letras do alfabeto eram feitas em pequenos blocos de chumbo - os tipos -, colocados um ao lado do outro para formar palavras, frases e páginas. Essas eram, depois, impressas em uma prensa. Cada página montada com os tipos podia ser impressa (ou copiada) várias vezes.

Gutenberg imprimiu seu primeiro livro, uma edição da Bíblia em latim, por volta de 1450. As 180 cópias da primeira edição, impressas em três prensas, somavam 230 mil páginas ao todo e ficaram prontas em dois anos.

LEGENDA: Pergaminho do século XV com duas folhas da Bíblia impressa na oficina de tipos móveis de Gutenberg.

FONTE: Bridgeman/Keystone

Os tipos móveis de impressão de Gutenberg causaram o impacto de uma revolução na vida cultural europeia. A nova invenção tornou possível a rápida difusão de livros e, consequentemente, dos ideais do Humanismo e do Renascimento.

Outro resultado do invento de Gutenberg foram as mudanças na técnica de produção de imagens. Com as novas formas de impressão, as iluminuras desapareceram para dar lugar a uma nova manifestação de arte gráfica: a gravura.

SUA OPINIÃO

Assim como a invenção de Gutenberg permitiu a publicação de muitos livros, embora poucos tivessem acesso a esse conhecimento (muitos eram analfabetos), a internet nos dias de hoje também oferece muita informação. Mas nem todos a acessam. Em 2014, apenas 44% dos lares no mundo tinham acesso à internet.

1. Em grupos, pesquisem o número de usuários de internet no Brasil, as diferenças regionais e os fatores que impedem a universalização do acesso.

2. Depois, debatam: A internet contribui para democratizar as informações? Qual é o impacto da inclusão (ou exclusão) digital na vida das pessoas? De que modo a internet afeta as relações de ensino e aprendizagem no mundo?

3. Então resumam o debate num único texto, em formato de carta, a ser enviado ao governo brasileiro, procurando sensibilizá-lo para o problema.

4. Além disso, montem um mural destacando a diversidade de questões relacionadas ao acesso à internet no Brasil.



ORGANIZANDO AS IDEIAS

NÃO ESCREVA NO LIVRO

ATIVIDADES

1. A partir do século XI, os avanços tecnológicos, a expansão da produção agrícola e o movimento das Cruzadas provocaram transformações econômicas importantes na Europa. Explique essas transformações e aponte os principais efeitos desse processo na organização da sociedade europeia.

2. O humanismo foi um movimento de ideias nascido das universidades laicas que se estabeleceram em diversas cidades da Europa, na Idade Média. Quais eram seus interesses culturais e fundamentos filosóficos?

3. As transformações culturais e filosóficas do Renascimento permitiram inúmeras inovações no campo artístico, na reflexão política e na investigação científica. Aponte as principais mudanças ocorridas nesses três aspectos da cultura europeia entre os séculos XIV e XVI.

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INTERPRETANDO DOCUMENTOS: IMAGEM

NÃO ESCREVA NO LIVRO

ATIVIDADES

Observe atentamente a imagem a seguir. Trata-se de uma vista da cidade de Florença atribuída ao artista Francesco di Lorenzo Rosselli (c. 1445-1513), produzida entre 1471 e 1482. Por meio da análise da imagem, é possível refletir sobre os processos de transformação ocorridos nas sociedades europeias entre a Baixa Idade Média e o início da Idade Moderna. Com base nisso e na observação da imagem, responda ao que se pede.

LEGENDA: Panorama da cidade de Florença, Itália, no fim do século XV.

FONTE: Dea Picture Library/Getty Images

a) A técnica empregada pelo artista para representar a vista da cidade de Florença evidencia uma importante inovação da arte renascentista. Descreva essa inovação e indique de que modo ela aparece nessa imagem.

b) De que modo o artista representou o espaço urbano de Florença em sua imagem?

c) Na imagem, é possível observar uma contraposição entre a paisagem urbana e a paisagem campestre. Relacione essa contraposição com as transformações sociais e econômicas ocorridas na Europa a partir da Baixa Idade Média.

3. O contexto das críticas à Igreja

Durante a Idade Média, a Igreja católica era o principal centro de poder na Europa. Sua influência era tamanha que reis e senhores feudais recorriam a ela para governar (reveja o Capítulo 11).

Tanto poder terreno distanciou a Igreja dos assuntos espirituais. Para muitos de seus integrantes, riqueza e prazeres físicos tornaram-se mais importantes do que a fé. Essa inversão de valores pôs em xeque a credibilidade da instituição (veja crítica a essa situação na pintura da página seguinte).



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A falta de retidão da Igreja católica nos séculos anteriores contribuiu para a grave crise do século XIV e afetou a estabilidade e o poder da Igreja (reveja o item A crise do século XIV, na página 247).

Além das disputas políticas envolvendo o alto clero, pesaram sobre a instituição denúncias de corrupção e outras acusações de ordem moral. Diante desse cenário, alguns filósofos cristãos, influenciados pelo pensamento humanista, passaram a responsabilizar a Igreja e seus dogmas pela perpetuação da miséria e da ignorância na sociedade europeia.

Um desses pensadores foi o sacerdote e professor inglês da Universidade de Oxford, John Wyclif (1324-1384), que dedicou boa parte da vida à crítica indignada da corrupção e da arrogância vigentes na hierarquia eclesiástica. A mesma atitude adotou John Huss (1371-1415), sacerdote e reitor da Universidade de Praga (hoje capital da República Tcheca), que denunciava a venda de indulgências (veja o boxe Venda de indulgências na página seguite). Tanto ele quanto Wyclif foram acusados de heresia pela Igreja e condenados à morte na fogueira.

LEGENDA: Pintura a óleo sobre madeira de Hieronymus Bosch, intitulada A nave dos insensatos (1490-1500). A obra contém uma clara crítica à Igreja católica: na cena representada, enquanto uma freira e um frade cantam, outra religiosa (à esquerda) oferece bebida a um homem deitado. À direita, uma pessoa vomita.

FONTE: Hieronymus Bosch/Museu do Louvre, Paris.

Apesar da repressão da Igreja, o movimento contra as práticas imorais do clero cresceu de forma contínua: na esfera da reflexão sistemática e teórica, o humanista holandês Erasmo de Roterdã (1466-1536), em seu Elogio da loucura, condenava a corrupção existente na instituição; no âmbito da literatura, o escritor francês François Rabelais (1494-1533) escreveu excelente sátira literária sobre o tema, Gargântua e Pantagruel.

Assim, quando em 1517 o monge Martinho Lutero (1483-1546) protestou contra o comportamento do alto clero e do papado, outras pessoas sentiram-se motivadas a fazer o mesmo. Esse movimento, que ficou conhecido como Reforma, tornou-se tão amplo que provocou uma cisão na Igreja.

Boxe complementar:

FILME

Veja o filme Lutero, de Eric Till, 2003. O monge Martinho Lutero revolta-se contra as imoralidades da Igreja católica, publicando as 95 teses que criticam ferozmente a instituição.

Fim do complemento.

258


DIALOGANDO COM...RELIGIAO

Venda de indulgências

Indulgência é o perdão que a Igreja oferece àqueles que se arrependem de seus pecados. Nos primeiros tempos, a indulgência assumia a forma de penitência pública - autoflagelação, por exemplo. Por volta do século XI, as antigas penitências foram substituídas por prestação de serviços - como amparo aos doentes, construção de igrejas, etc. - ou pela cooperação com a instituição. Em 1095, o papa Urbano II ofereceu indulgência plena a quem participasse da Primeira Cruzada (reveja o Capítulo 11).

Nos séculos seguintes, as indulgências se transformaram em cartas vendidas aos fiéis. Aqueles que as comprassem recebiam o perdão dos pecados já cometidos e, de acordo com o valor pago, tinham também o perdão dos pecados futuros.

Em 1513, o papa Leão X oficializou a venda de indulgências visando arrecadar dinheiro para concluir as obras da Basílica de São Pedro, em Roma. A partir de então, o comércio de indulgências assumiu tamanhas proporções que passou a ser intermediado pela casa bancária dos Fugger, uma família de banqueiros, transformando-se, de fato, em um grande negócio.

LEGENDA: Detalhe da obra A venda de indulgências, xilogravura original criada no século XVI pelo alemão Hans Holbein, o Jovem (1497-1543).

FONTE: Reprodução/Wikipedia

4. Teses e ideias de Lutero

Martinho Lutero era um monge agostiniano que lecionava Teologia na Universidade de Wittenberg, na atual Alemanha. Em 1517, em uma carta dirigida a seu superior, ele formulou 95 teses, nas quais tecia profundas críticas à venda de indulgências e a outras práticas da Igreja, por acreditar que elas não encontravam respaldo na Bíblia.

As teses de Lutero obtiveram apoio de diversos príncipes e outros integrantes da nobreza, interessados no enfraquecimento da Igreja - dona da maior parte das terras da região.

Em 1521, Lutero foi excomungado pelo papa e se recusou a se retratar. Para escapar à repressão da Igreja, refugiou-se no castelo de um príncipe que o apoiava. Durante seu refúgio, traduziu o Novo Testamento para o alemão e produziu um grande volume de textos criticando várias práticas da Igreja.

Graças à (re)invenção dos tipos móveis feita por Gutenberg, os escritos de Lutero foram reproduzidos aos milhares em pouco tempo. As ideias reformistas saíram do âmbito religioso, ganharam as ruas e os campos e estimularam sentimentos de revolta social e de mudança entre os camponeses.

LEGENDA: Detalhe do retábulo da Igreja de Torslunde, Dinamarca, de 1561. Nele, a pregação de Martinho Lutero é retratada em meio a símbolos do catolicismo, como a pia batismal, a hóstia e a cruz.

FONTE: De Agostini Picture Library/A. Dagli Orti/The Bridgeman/Keystone

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