Dos primeiros humanos ao renascimento manual do professor gislane azevedo



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Sugestão de filme

O fim e o princípio (Eduardo Coutinho, 2006)

· Neste documentário, o diretor brasileiro parte para o interior da Paraíba a fim de registrar as memórias e as experiências dos moradores de uma pequena comunidade rural chamada Sítio Araçás. Sem um roteiro prévio, Coutinho abre espaço para que os moradores do povoado elaborem suas narrativas com base em suas memórias individuais e coletivas, possibilitando diversas reflexões sobre as relações entre memória e História, bem como sobre a importância do registro das memórias individuais como forma de construção do discurso histórico.



Sugestão de site

História da Historiografia. Disponível em: www.historiadahistoriografia.com.br/revista. Acesso em: 24 mar. 2016.

· Site da revista História da Historiografia, produzida pela Sociedade Brasileira de Teoria e História da Historiografia, pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). O site apresenta diversos textos e informações sobre a história da historiografia e questões relacionadas à metodologia e à natureza do conhecimento histórico.



UNIDADE 1 - CONHECIMENTO E CRIATIVIDADE

Procedimentos pedagógicos

No texto de abertura da Unidade I, há uma citação do historiador inglês Eric Hobsbawm (1917-2012), na qual está dito que as mudanças ocorridas na História da humanidade se deveram, e ainda se devem, ao controle que a capacidade humana conseguiu exercer sobre os elementos da natureza. A observação de Hobsbawm, bastante instigadora, abre dois pontos de entendimento. Por um lado, se está claro que a relação com os elementos da natureza é fator fundamental para o conhecimento humano, isso não significa, por outro, que essa mudança será sempre positiva e proveitosa para os seres humanos e para o mundo no qual eles habitam. O aspecto predatório e violento que o progresso assume na sociedade capitalista ocidental, por exemplo, deixa bastante perceptível que, em vez de conduzir os seres humanos a uma época de grandes realizações, o desenvolvimento pode criar um mundo caótico e, no limite, autodestrutivo.

Acerca do assunto do conhecimento e da criatividade, uma boa opção didática para conduzir os trabalhos, e que pode ser reiterada ao longo de toda a unidade, é instigar os estudantes a pensar e lançar dúvidas sobre suas concepções prévias acerca das noções de desenvolvimento e de progresso. Levando em conta esses apontamentos iniciais, à guisa de introdução, uma proposta de Atividade Alternativa é trabalhar com a sequência inicial do filme 2001: Uma odisseia no espaço (1968), do cineasta estadunidense Stanley Kubrick. Em certo momento do filme, dois grupos de primatas entram em conflito pelo domínio de uma fonte de água; em um dos grupos, os membros utilizavam ossos de animais como bastões e, por conta dessa "vantagem tecnológica", vencem a disputa. Ao fim da luta, um dos primatas lança seu osso-bastão para cima; após subir rodopiando no ar, a arma se transforma em uma nave espacial. A célebre passagem, que dura cerca de dez minutos, mostra como, na concepção do cineasta, o progresso andaria lado a lado com a violência e a brutalidade. Exibir tais cenas e instigar um debate sobre elas entre os alunos pode ser uma boa maneira de, para além de introduzir a Unidade I, apresentar-lhes uma das mais importantes obras da linguagem cinematográfica. Após o debate, cada aluno pode produzir uma pequena crítica do trecho assistido.

Com base nesses apontamentos iniciais, fica perceptível que falar em conhecimento e em criatividade como elementos de desenvolvimento humano não significa elaborar uma percepção progressista da história. Quando se trata do desenvolvimento humano, é preciso não tomar a História como mera marcha rumo ao futuro, que segue uma escala evolutiva e cumulativa. Acerca disso, note-se algo interessante: a própria linguagem traz em si diversos subentendidos e preconceitos; assim, quando se quer falar que algo ou alguém é atrasado ou antiquado, é comum algumas pessoas utilizarem os termos "pré-histórico" ou "da Idade da Pedra". Ou seja, a referência é feita a algo ou alguém que, supostamente, escaparia à dimensão do progresso humano e permaneceria preso aos confins de um passado remoto. Contudo, essa é uma concepção bastante enviesada da História, pois não existe um caminho único de progresso. Convivem, nas sociedades humanas, várias formas de conhecimento, de sabedoria e de criatividade; elas podem englobar, tal como está exemplificado no texto e nas imagens da introdução, desde as práticas medicinais indígenas até a criação de vacinas em grandes complexos laboratoriais. Necessariamente, um conhecimento não exclui ou



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se sobrepõe ao outro; os conflitos que podem surgir a partir deles se devem a interesses econômicos específicos e a diferentes concepções de cultura e de ciência. Além disso, conforme está dito nas atividades da seção Começo de conversa, na página 23, muitas mudanças extremamente significativas ocorreram por conta de invenções pequenas ou simples, como o caso do zíper.



COMEÇO DE CONVERSA

(p. 23)


1. A força criativa do ser humano se manifesta nos mais corriqueiros gestos e nas mínimas ações do cotidiano. É importante o aluno perceber que a criatividade não é um "dom" de artistas e inventores, mas uma qualidade humana. Somos criativos ao escolher as roupas que usamos, ao conversar com as pessoas, ao solucionar problemas de maneiras diferentes, ao mudar o caminho que fazemos entre a escola e a casa, ao inventarmos uma história, ao respondermos a uma questão apresentada, etc. É a criatividade, individual ou coletiva, que tem permitido aos seres humanos construir um mundo tão vasto, complexo e diversificado - pois cada indivíduo encontra uma maneira própria para enfrentar os desafios impostos pela natureza e pelo ambiente social.

2. A proposta da atividade é que os alunos reflitam sobre a relação entre conhecimento e criatividade a partir de exemplos do cotidiano. Muitas tecnologias tiveram um grande impacto no modo como vivemos, ainda que atualmente elas pareçam simples ou banais. Nesse caso, estimule os alunos a refletirem sobre objetos que são usados cotidianamente, como o velcro, o relógio de pulso, o clipe, o calendário, a caneta esferográfica, entre muitas outras possibilidades. Com base nisso, é possível refletir sobre as relações entre o desenvolvimento desses objetos e as relações sociais, já que todos eles afetaram o modo como vivemos e permitiram novas maneiras de organizar a sociedade.

CAPITULO 1

Origens da humanidade e importância da agricultura

Procedimentos pedagógicos

O capítulo 1, intitulado "Origens da humanidade e importância da agricultura", apresenta dois conjuntos que, a partir da proposta conceitual da unidade, estão diretamente relacionados entre si. Em primeiro lugar, aborda-se a origem da humanidade, a consolidação da espécie Homo sapiens sapiens ao longo do processo evolutivo e de seu inicial modo de vida nômade. Em segundo lugar, trata-se do tema da sedentarização, do domínio da agricultura e da domesticação de animais, o que resultaram na formação dos primeiros núcleos populacionais, na divisão de tarefas, na especialização de funções e na organização política e social dos primeiros grupos humanos. A ligação entre esses dois conjuntos pode ser claramente notada no Esquema-resumo, presente na página 32; essa é uma ferramenta didática que permitirá visualizar os conteúdos trabalhados ao longo do capítulo, assim como, por meio de uma série de atividades, dar fechamento às discussões propostas.

Professor, uma sugestão para o trabalho com este capítulo é retomar as discussões de conceitos que são fundamentais para o estudo da História. Um exemplo disso é o caso do conceito de temporalidade.

O historiador francês Fernand Braudel (1902-1985), em seus estudos sobre a História, debruçou-se bastante sobre o tema das temporalidades, alertando que, para além da história de curta duração, marcada por eventos de breve desenrolar no tempo, há uma temporalidade de longa duração - ou, até mesmo, de longuíssima duração (rever a introdução e ler o Texto complementar sugerido ao final das orientações deste capítulo).

Braudel, ao criticar a historiografia tradicional, que parecia tirar tudo dos eventos pontuais ao enfocar tramas políticas e as grandes personalidades, defendeu uma efetiva "dialética da duração", a partir da qual os eventos breves e longos deveriam ser pensados nas relações que entre eles poderiam ser estabelecidas e inferidas, e jamais como fatores isolados. Para isso, propunha o trabalho interdisciplinar, o diálogo da História com as outras áreas do conhecimento, como a Geologia, a Climatologia, a Biologia, a Geografia, a Sociologia e a Economia. Dessa maneira, abordar as noções de temporalidade com os estudantes é uma boa oportunidade para introduzir o trabalho interdisciplinar. No decorrer do capítulo, serão propostas leituras e atividades que dialogam com a Biologia (junto ao boxe do texto Somos todos iguais, na página 27) e com a Geografia (na seção Interpretando documentos: mapa e imagens, na página 34).

Em termos práticos, para abordar o conceito de temporalidade, é possível realizar uma Atividade Alternativa. A fim de pensar o tempo em uma dimensão concreta, pode-se pedir aos alunos que relacionem acontecimentos que envolvam a história pessoal deles, assim como a de sua família. Nessa escala temporal, quais processos são de longa duração? Quais são de curta? É possível criar uma temporalidade intermediária, algo como uma média duração? Na concepção dos alunos, o que é determinante na classificação temporal de um evento ou de um processo? Assim, o antepassado mais antigo de sua família do qual os alunos tenham notícias vai marcar a baliza temporal de longa duração. A média duração pode estar ligada, caso isso tenha ocorrido, à migração ou imigração dos avós, assim como ao nascimento dos pais. A data de nascimento dos estudantes vai dar a dimensão da curta duração.

Outro importante conceito que pode nortear o trabalho ao longo deste capítulo é o de fontes históricas ou documentos históricos. Como vimos, tratar com longas temporalidades traz consigo uma reflexão acerca do próprio pensamento histórico; o mesmo vale, também, para a questão das fontes. Na historiografia tradicional, na qual o foco era a dimensão factual, as principais fontes utilizadas eram os textos escritos. Daí surgiu a ideia de que existiria uma "Pré-História", um enorme período temporal no qual não se poderia pensar em termos históricos, por conta da ausência de textos escritos. Essa concepção, ainda muito presente no senso comum, se revela equivocada; o que se percebe, de fato, não é a

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inexistência de fontes, e sim a necessidade de mudar o próprio conceito de documento histórico.

Essa tendência em alargar o conceito de documento histórico se fez marcante desde as primeiras décadas do século XX, sobretudo na historiografia francesa. Na seção Olho vivo, na página 26, há um exemplo disso, quando se aborda o caso dos fósseis e das evidências que eles podem conter do passado. Indo além, os fósseis, pela contingência que trazem em sua formação e preservação, evidenciam algo muito importante para o pensamento histórico e que pode ser abordado e trabalhado com os estudantes: a História não é uma reconstituição do passado, e sim, como diz o historiador Fernando Novais (1933-), uma aproximação - ou, segundo outros historiadores, uma representação1. Logo, trata-se de uma interpretação que se faz do passado a partir das possibilidades oferecidas pelas fontes históricas que resistiram ao tempo, que são operacionalizadas pelo pensamento formulado no presente, por meio de conceitos e teorias.

Abordar a noção de alargamento da concepção de documento histórico em sala de aula possibilita, também, o trabalho didático com o conceito de cultura material. O conceito de cultura material se refere a todas as criações humanas que têm constituição material, como objetos, ferramentas, veículos, vestuário etc. As atividades da seção Interpretando documentos: imagem, nas páginas 28 e 34, permitem o trabalho com a cultura material em dois momentos diferentes. No primeiro caso, o documento analisado é um artefato de pedra lascada, produzida entre 1,65 milhão e 100 mil anos atrás. No segundo, os documentos são utensílios escavados em Jericó e produzidos, provavelmente, entre 7000 a.C. e 6000 a.C. É importante perceber como essas duas atividades estão inseridas dentro de uma lógica interna ao próprio capítulo: elas permitem compreender as transformações tecnológicas no desenvolvimento da humanidade, sobretudo as diferenças na cultura material propiciadas pela mudança do nomadismo para a sedentarismo.

Por fim, um tema que está diretamente atrelado ao tópico da sedentarização é o da divisão de tarefas. Tal divisão foi fundamental para a organização dos primeiros núcleos humanos e para a superação de dificuldades com abastecimento, defesa, transporte, criação de animais e agricultura. No trabalho em sala de aula, é muito importante ressaltar, junto aos alunos, essa dimensão funcional e concreta da divisão das tarefas, algo que, guardadas as devidas proporções, está presente em diversos tipos de organização social ao longo dos tempos. Contudo, a divisão de tarefas promoveu consigo uma estratificação social e uma consequente valoração diferenciada do trabalho. Assim, alguns tipos de atividades, por exigir conhecimentos específicos e especializados, assumiram maior importância; da mesma forma, alguns indivíduos conquistaram determinada autoridade por conta de sua capacidade de liderança ou riqueza. O assunto da divisão das atividades apresenta um problema que pode gerar uma discussão muito interessante e atual com os alunos. Se tal divisão é de grande importância para a organização humana, isso não quer dizer que a diferente valorização do trabalho seja uma consequência obrigatória dessa divisão. Isso é algo premente até os dias de hoje, quando as atividades intelectuais são, em geral, muito mais valorizadas do que as manuais, o que está na base de inúmeros preconceitos e desigualdades. Essa diferença também está ligada, tal como foi dito acima, a uma visão progressista da História, que credita todo mérito ao cientificismo moderno e ignora o valor das culturas e saberes tradicionais. No final do capítulo, a seção Hora de refletir, na página 38, pode ser trabalhada a partir da crítica a essa valoração diferenciada do trabalho.

ORGANIZANDO AS IDEIAS

(p. 28)


1. a) Segundo os estudos científicos, um dos hominídeos mais antigos encontrado até agora é o Ardiphitecus kadabba, que habitou a África há cerca de 5,8 milhões de anos. Entre 4,2 milhões e 1 milhão de anos atrás, surgiram as espécies de hominídeos do gênero Australopithecus, que coexistiram na África. Há cerca de 2 milhões de anos, uma dessas espécies originou o gênero Homo, do qual se originou nossa espécie, o Homo sapiens sapiens, por volta de 195 mil anos atrás. Entretanto, no atual estágio de conhecimento científico, há muitas dúvidas e suposições sobre a origem da humanidade. Não se sabe exatamente quando e por que essas mudanças ocorreram e deram origem à nossa espécie. Entretanto, sabe-se que foram necessários milhões de anos para que alterações na constituição física do corpo e nas práticas culturais levassem à formação do Homo sapiens sapiens moderno.

b) É importante que o aluno se posicione diante do tema e reflita de que modo as pesquisas sobre a origem dos seres humanos são essenciais para compreendermos cada vez mais nossa sociedade e os problemas que nos afetam. Um exemplo disso seria mencionar que tais pesquisas ajudam no conhecimento dos elementos que foram importantes para a evolução biológica e para o desenvolvimento cultural dos seres humanos, de tal forma que possamos evitar nossa extinção, como ocorreu com as espécies de hominídeos que precederam a nossa.



1 Reinhart Koselleck aborda essa questão da seguinte forma: "[...] duas considerações relevantes do ponto de vista da teoria do conhecimento: o conteúdo factual estabelecido ex post aos eventos investigados nunca é idêntico à totalidade das circunstâncias passadas, supostamente tomadas como reais naquele momento. Todo evento investigado e representado historicamente nutre-se da ficção do factual, mas a realidade propriamente dita já não pode mais ser apreendida. Com isso não se quer dizer que o evento histórico seja estabelecido sem cuidado ou de maneira arbitrária, uma vez que o controle das fontes assegura a exclusão daquilo que não deve ser dito. Mas esse mesmo controle não prescreve aquilo que pode ser dito. Pode-se considerar que o historiador, de um ponto de vista negativo, está sujeitado pelos testemunhos da realidade passada. Por outro lado, de um modo positivo, quando interpreta um evento a partir das fontes, ele se aproxima daquele narrador literário que se submete à ficção contida nos fatos para tornar mais verossímil a sua narrativa." KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto; PUC: 2006. p. 141.

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2. O Homo sapiens sapiens foi a espécie que, até 12000 a.C., em um longo processo de dispersão, ocupou quase todos os continentes do planeta. Ele chegou ao Oriente Próximo e à Ásia entre 90000 a.C. e 45000 a.C. Depois, há cerca de 40 mil anos, a partir do continente asiático, teria alcançado a Oceania por meio de embarcações. Outros grupos teriam alcançado a Europa e a Ásia central também por volta de 40 mil anos atrás. Sobre a chegada do Homo sapiens sapiens à América, há teorias controversas: algumas apontam para o período entre 15 mil e 11 mil anos atrás; outras indicam 50 mil anos atrás.

INTERPRETANDO DOCUMENTOS: IMAGEM

(p. 28)


a) A proposta da atividade é que o aluno observe e reflita atentamente sobre o documento apresentado, para perceber como a cultura material pode fornecer informações sobre o modo de vida dos primeiros hominídeos. Nesse caso, o artefato em questão é uma machadinha de mão que os pesquisadores acreditam ter sido produzida entre 1,65 milhão de anos e 100 mil anos atrás. Esse objeto foi produzido apenas com pedras, o que pode evidenciar que quem o produziu não tinha o domínio da metalurgia e de técnicas similares. Além disso, é possível observar na imagem que essa machadinha é simples e não serve para cortar objetos ou alimentos muito resistentes ou de difícil manipulação. Porém, já revela a grande capacidade mental do Homo erectus, que provavelmente utilizava esse utensílio para enfrentar problemas e melhor se adaptar ao meio em que vivia. Vale destacar que essas hipóteses são combinadas com as análises de outros documentos e vestígios do período, de modo a possibilitar o estudo desse momento da História; por isso, nesse trabalho é muito importante o diálogo entre diversas áreas do conhecimento.

b) A proposta dessa atividade é que o aluno elabore hipóteses para interpretar os possíveis usos que esse artefato tinha para os Homo erectus. Espera-se que os alunos identifiquem que o objeto em questão tem um formato que possibilita o corte (de peles, animais, etc.). Com isso, pode-se formular a hipótese de que essa machadinha era utilizada para auxiliar na caça e na alimentação desses hominídeos, já que eles eram nômades e não tinham o domínio da agricultura. Nesse caso, é possível relacionar o uso dessa machadinha para caçadas e seus utensílios para atividades que exigissem adaptação ao seu meio.



ESQUEMA-RESUMO

(p. 32)


A proposta da atividade é que os alunos destaquem o processo de transformações ocorrido desde o surgimento dos primeiros hominídeos até o surgimento das primeiras cidades e as mudanças que isso provocou na forma como os grupos humanos se organizavam. Nesse caso, os primeiros hominídeos com características humanas foram os dos gêneros Ardipithecus e Australopithecus, que surgiram na África. O gênero Homo tem sua origem no processo evolutivo de uma das espécies do gênero Australopithecus, entre 2 milhões e 800 mil anos atrás. Ao longo do tempo, surgiram diversas espécies desse gênero, como o Homo habilis, o Homo erectus e o Homo sapiens sapiens (o ser humano moderno). As características diferenciadas do Homo sapiens sapiens, como a capacidade de fala e de expressão de pensamento abstrato, bem como seu modo de vida nômade, permitiram a expansão da espécie, que, ao longo do tempo, chegou a povoar todos os continentes. Além disso, suas capacidades criativas permitiram o domínio da agricultura por volta de 10 mil anos atrás. Isso provocou intensas transformações no modo como os primeiros grupos humanos viviam, como o abandono do nomadismo, dando origem às primeiras cidades, e a criação de novas ferramentas e técnicas, o que provocou grandes transformações tecnológicas. Quando passaram a viver em cidades, os grupos humanos mudaram a forma como se organizavam, dando origem ao sistema de divisão do trabalho e às primeiras formas de estratificação social.

ORGANIZANDO AS IDEIAS

(p. 33)


1. O Homo habilis, a espécie mais antiga de Homo, surgiu do gênero Australopithecus há cerca de 2 milhões de anos. O Homo habilis tinha quase 1,60 m de altura, pouco mais de 50 quilos de massa e um cérebro de até 800 cm³; apesar de pequeno e frágil, sua capacidade de adaptação cultural e social pode ter contribuído para seu desenvolvimento. Pesquisas recentes mostram que o Homo habilis conviveu com outro hominídeo, o Homo erectus, que apareceu na África por volta de 1,8 milhão de anos atrás. Ele chegava a medir até 1,80 m e seu cérebro podia atingir 1 250 cm³; sua arcada dentária era saliente e o rosto, largo. O Homo erectus tinha uma elevada capacidade mental, andava em bandos de vinte a trinta indivíduos, fabricava utensílios, construía cabanas, dominava o fogo e organizava a caça entre os membros do grupo. O Homo sapiens sapiens teria surgido por volta de 195 mil anos atrás. Foi a primeira espécie a desenvolver a capacidade da fala, graças a uma faringe mais longa e uma língua mais flexível.

2. O domínio das atividades agrícolas, que ocorreu de forma independente em diversas regiões do mundo, provocou grandes mudanças na forma como os seres humanos viviam e se organizavam, dando início ao processo de sedentarização. Com isso, os grupos humanos abandonaram a vida nômade e passaram a constituir comunidades fixas em determinadas regiões. Isso permitiu o crescimento da produção de alimentos e também das populações que viviam nessas comunidades. Foi esse processo que deu origem aos primeiros núcleos urbanos há cerca de 10 mil anos.

3. A vida sedentária foi marcada pelo desenvolvimento de comunidades fixas e estáveis em determinadas regiões, o que só foi possível graças ao domínio das

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atividades agrícolas. Nesse sentido, os alunos podem apontar como fatores positivos da vida sedentária a maior estabilidade e garantia de alimentos, o desenvolvimento tecnológico, a criação de comunidades humanas mais amplas, entre outros fatores. Já como pontos negativos, é possível destacar o processo de estratificação social, que resultou na criação de uma sociedade na qual apenas uma parcela de indivíduos tinha privilégios, e as relações de dominação no interior das comunidades humanas. Outro fator é que as comunidades humanas se tornavam mais vulneráveis a ataques e saques e exigiam maiores defesas contra invasores.



4. a) A formação das primeiras aglomerações humanas criou novas necessidades de organização do trabalho humano. Nessas comunidades, não era mais possível que todas as tarefas fossem divididas entre todos, já que surgiram novas necessidades de trabalho, como a construção de abrigos, a defesa contra animais e invasores, a produção de ferramentas e equipamentos para a prática da agricultura, o trabalho nos campos, entre inúmeras outras. Diante disso, os grupos humanos passaram a se organizar segundo o critério da divisão de tarefas. Nesse modelo, diferentes grupos ficavam encarregados de determinados afazeres, de modo que todas as necessidades fossem atingidas pela comunidade.

b) Essa atividade possibilita diferentes posicionamentos dos alunos. Nesse sentido, é importante estimular a reflexão e a argumentação diante do problema, ressaltando que a divisão do trabalho permitiu maior organização das comunidades humanas, a fim de garantir a produção de tudo aquilo que era necessário para a manutenção e a proteção desses grupos. Por outro lado, a divisão de tarefas implicou a perda da autonomia dos indivíduos, que passaram a depender da comunidade como um todo para a sua sobrevivência.

c) Essa atividade também permite interpretações variadas dos alunos. Pode-se apontar que a divisão do trabalho continua sendo importante e válida na vida das pessoas, já que cada um é responsável por uma atividade de modo a garantir o bem-estar do conjunto da comunidade. Como exemplo, é possível lembrar diferentes profissões que são necessárias para a vida em comunidade ou mesmo a organização das atividades domésticas, que podem ser divididas entre os diferentes habitantes desse espaço. Pode-se também lembrar da existência de pequenas comunidades nas quais todos realizam as tarefas coletivamente, sem configurar uma divisão plena das tarefas. O mais importante nessa atividade não é a existência de um posicionamento que seja classificado como correto e outro errado, mas o esforço em argumentar e defender o posicionamento adotado, por isso espera-se que os alunos citem exemplos variados e que ajudem a justificar suas ideias.


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