Fronteiras da Globalização 3



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Além de definir a População em Idade Ativa (PIA), a composição etária reflete-se na estrutura da PEA e considera:

- Taxa de atividade - percentual de população de 10 anos ou mais, que participa efetivamente do mercado de trabalho, estando empregada ou não.

- Razão de dependência - expressa a proporção das crianças e dos idosos, que não exercem atividade remunerada, entre a População em Idade Ativa.

No Brasil, segundo a Pnad 2014, a População em Idade Ativa (ocupada ou não) somava 159,2 milhões de pessoas. Nesse mesmo período, a População Economicamente Ativa estava estimada em 105,8 milhões de pessoas e a taxa de atividade era de 67,5%.

Setores de atividades econômicas

Os setores evoluíram de acordo com as mudanças econômicas que transformaram um Brasil agrário em industrializado.

FONTE: Cesar Diniz/Pulsar Imagens

FONTE: Cassandra Cury/Pulsar Imagens

FONTE: Marcia Minillo/Arquivo da editora

LEGENDA DAS IMAGENS: A População Economicamente Ativa divide-se entre os três setores de atividades econômicas: primário (A), secundário (B) e terciário (C). O primário é voltado para o meio rural, enquanto o secundário e o terciário são tipicamente urbanos. Fotos: A - Cabo Frio (RJ), 2015; B - Acari (RN), 2014; C - São Paulo (SP), 2016.

Com o advento da globalização, o setor terciário passou a ocupar lugar cada vez mais importante na PEA brasileira. Veja o gráfico a seguir.

FONTE: Adaptado de: IBGE. Síntese dos indicadores sociais 2015. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv95011.pdf. Acesso em: 25 mar. 2016. CRÉDITOS: Arte Ação/Arquivo da editora

Diferenças de gênero no trabalho

Apesar de as mulheres serem maioria no Brasil e também na População em Idade Ativa (PIA), elas ainda são minoria na população ocupada (42,5%). Sua situação trabalhista não é melhor que a dos homens. Preconceito, salários mais baixos e dupla jornada (casa-serviço) são alguns dos desafios enfrentados pelas brasileiras. Os homens recebem os maiores salários, como se pode comprovar no gráfico abaixo.

2004*

* Valores inflacionados pelo INPC de setembro de 2013.

FONTE: Adaptado de: IBGE. Síntese dos indicadores sociais 2014. p. 132. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv91983.pdf. Acesso em: 25 mar. 2016. CRÉDITOS: Arte Ação/Arquivo da editora

As desigualdades de gênero no mercado de trabalho não estão apenas no rendimento; o acesso de mulheres a cargos de chefia e gerência é menor se comparado ao dos homens. Segundo a Pnad 2013, a menor proporção estava no Nordeste e a maior, na região Centro-Oeste.

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LEGENDA: Diretora de produção em indústria orienta sua equipe de trabalho, em São Paulo (SP), em 2016. As mulheres vêm conquistando cargos de maior destaque no mercado de trabalho.

FONTE: Marcia Minillo/Arquivo da editora

Embora lentamente, a igualdade de direitos entre os gêneros no Brasil vem se consolidando, e a participação feminina na sociedade é cada vez maior. Segundo a Pnad 2014, as mulheres já são mais de 40% da força de trabalho no Brasil e chefiam quase 30% das famílias brasileiras. Paralelamente, o número de homens que trabalham e se ocupam dos afazeres domésticos também tem aumentado nas últimas décadas.

Trabalho informal

O conceito da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para trabalho informal compreende a ideia de precariedade do trabalho e a falta de acesso às políticas de proteção social.

O mercado de trabalho brasileiro registrou, segundo a Pnad 2014, uma taxa de 42,3% de trabalhadores informais. As taxas mais altas estão nas regiões Nordeste (60,4%) e Norte (59,8%) e as mais baixas no Sul (31,8%) e no Sudeste (32,8%).

Apesar do crescimento do trabalho formal, em 2014, milhões de pessoas exerciam atividades informais. Esse contingente abrange principalmente mulheres, idosos e jovens. A informalidade também é maior entre a população preta ou parda (48,4%) do que entre brancos (35,3%).

Boxe complementar:

Trabalho escravo e infantil

Embora exista no Brasil uma legislação trabalhista avançada e que procura proteger o trabalhador, nosso país lida, ainda, com situações preocupantes nesse âmbito: o trabalho escravo e o trabalho infantil.

Consideramos trabalho escravo aquele que é executado sem remuneração ou aquele em que os trabalhadores, além de baixa remuneração, são mantidos em condições sub-humanas (péssimos alojamentos, má qualidade da alimentação, excesso de horas trabalhadas, etc.).

Como se trata de atividade ilegal, é difícil encontrar estatísticas sobre esse tipo de trabalho. Entretanto, resgates de trabalhadores da condição de escravo têm mostrado que eles se concentram na região Norte, na silvicultura e em lavouras temporárias e, na região Sudeste, nas plantações de cana-de-açúcar. Nos dois casos, a maioria dos trabalhadores escravizados é natural da região Nordeste.

Assim como o trabalho escravo, a exploração do trabalho infantil é considerada crime. Segundo a Constituição brasileira de 1988, menores de 16 anos são proibidos de trabalhar, exceto como aprendizes e somente a partir dos 14 anos.

Apesar de o trabalho de menores ser proibido por lei, milhares de crianças, que deveriam estar na escola ou brincando, exercem atividades agrícola ou informal para ajudar na complementação da renda familiar. Há também os casos em que a mão de obra infantil é empregada por ser mais barata que a adulta.

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o trabalho infantil está em queda no Brasil, mas há ainda mais de 3 milhões de trabalhadores na faixa etária entre 5 e 17 anos. As áreas que mais empregam crianças são o trabalho doméstico e a agricultura. Há também casos de violência e exploração sexual.

LEGENDA: Menor de idade trabalhando como ambulante no Rio de Janeiro (RJ), em 2014.

FONTE: Luciana Whitaker/Pulsar Imagens

Fim do complemento.

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Composição étnica

Os indígenas (primeiros habitantes), os negros (trazidos do continente africano para trabalhar na condição de escravos) e os brancos (europeus, principalmente) formam os três grupos básicos que compõem a população brasileira.

A intensa miscigenação, ou mestiçagem, entre esses grupos originou mulatos (brancos com negros), cafuzos (indígenas com negros) e caboclos ou mamelucos (indígenas com brancos). No entanto, o IBGE usa a nomenclatura parda para definir todos os mestiços.

Segundo a Síntese dos indicadores sociais 2015, publicada pelo IBGE, mais da metade da população brasileira identificou-se como parda e preta.

LEGENDA: Família indígena da etnia Barasana, na Aldeia Rouxinol, igarapé Tarumã-Açu, em Manaus (AM). Foto de 2014.

FONTE: Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

Nessa pesquisa não há dados separados para as populações parda ou indígena. Entretanto, a distribuição populacional no território, de acordo com sua cor, ocorreu de forma diferenciada. A população branca apresentou maior concentração nas regiões Sul e Sudeste; as populações preta e parda, nas regiões Norte e Nordeste. Os diferentes processos de povoamento e ocupação das regiões explicam essa situação: encontramos maior concentração de pardos nas regiões Norte e Nordeste em razão da mestiçagem entre os primeiros habitantes (indígenas), o colonizador europeu branco (português) e os africanos. A população negra concentrou-se no Sudeste e no Nordeste pelo fato de a escravidão ter sido mais intensa nessas regiões. Já a maior concentração de brancos na região Sul é explicada, entre outros fatores, pela menor utilização da mão de obra escrava nas atividades econômicas, ainda que Portugal também tenha tido a preocupação de ocupar essa região para garantir a posse efetiva do território brasileiro. A imigração de europeus para o Sul e Sudeste, principalmente a partir do século XIX, também contribuiu para o predomínio da população branca nessas regiões.

FONTE: Adaptado de: IBGE. Síntese dos indicadores sociais 2015. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv95011.pdf. Acesso em: 25 mar. 2016. CRÉDITOS: Arte Ação/Arquivo da editora

Distribuição da população no território

População absoluta é o número total de habitantes de um país ou de um lugar, sem considerar sua superfície ou área. Dividindo o número total de habitantes de uma nação ou lugar (população absoluta) por sua superfície ou área territorial (em quilômetros quadrados), obtemos a população relativa ou densidade demográfica.

A densidade demográfica brasileira é de aproximadamente 23,7 hab./km2, porém a ocupação do território é bastante desigual. Existem em nosso país municípios com menos de 1 hab./km2, como Atalaia do Norte, no estado do Amazonas, e outros com mais de 12 mil hab./km2, como São João de Meriti, no Rio de Janeiro. Mais da metade da população do país vive em 304 dos 5.570 municípios do Brasil.

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Uma das características mais marcantes da distribuição espacial da população brasileira sempre foi a concentração em determinadas áreas do país. Veja o mapa abaixo.

FONTE: Adaptado de: SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. 34ª ed. São Paulo: Ática, 2013. p. 132. CRÉDITOS: Allmaps/Arquivo da editora

A busca por melhores condições de vida ou o surgimento de novas atividades econômicas em determinadas áreas, em certos momentos, explicam o aumento populacional causado, principalmente, pelos movimentos migratórios. A região Sudeste, por exemplo, foi um polo de atração populacional durante o processo de industrialização do país, na segunda metade do século XX.

Segundo a Pnad 2014, as regiões mais populosas eram Sudeste e Nordeste, abrigando, respectivamente, 42% e 27,7% da população brasileira; em seguida, vinham as regiões Sul, com 14,3%; Norte, com 8,5%; e Centro-Oeste, com apenas 7,5%. No entanto, enquanto as três primeiras apresentavam diminuição de sua representatividade nacional, as duas últimas vinham aumentando consistentemente as delas.

Além de verificar como a população se distribui pelas regiões brasileiras, a Pnad investiga também sua distribuição entre as zonas urbana e rural. De acordo com a pesquisa realizada em 2014, o Brasil tinha 85, 1% de sua população vivendo nas cidades e 14,9% no campo. A região mais urbanizada era o Sudeste e a menos urbanizada, o Nordeste. As maiores taxas eram a dos estados do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Goiás e do Distrito Federal. As menores foram encontradas nos estados do Maranhão, Pará, Piauí e Alagoas.

LEGENDA: Vista aérea de parte do município de Recife (PE), em 2016.

FONTE: Hans Von Manteuffel/Pulsar Imagens



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Condições de vida e desigualdade social

Os resultados gerais do Censo 2010, complementados pela Pnad 2013, mostram avanços sociais do Brasil na última década. Houve um aumento na renda domiciliar. Entre os anos 2000 e 2010, Nordeste e Centro-Oeste foram as regiões que apresentaram maior crescimento. A região Norte ficou em terceiro lugar.

De acordo com a Pnad 2013, o rendimento médio mensal real dos trabalhadores foi de R$ 1.921,00, representando um expressivo aumento em relação ao verificado em 2009 (R$ 1.242,00). Como consequência desse aumento de rendimentos, houve uma ampliação da classe média, que passou a ter maior acesso a bens duráveis, com destaque para computadores com acesso à internet e telefones celulares, por exemplo.

LEGENDA: Shopping center no município de Teresina (PI), em 2015.

FONTE: Delfim Martins/Pulsar Imagens

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, a valorização do salário mínimo, o aumento do emprego e os programas de transferência de renda como Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada (BPC) foram fatores que contribuíram para o crescimento do rendimento médio mensal dos brasileiros no período.

Além do aumento de renda, houve também avanços nos indicadores sociais, como queda da mortalidade infantil e aumento da frequência escolar, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Veja a tabela a seguir.

Tabela: equivalente textual a seguir.



Indicadores

2001

2014

Esperança de vida (anos)

68,9

75,1

Mortalidade infantil (‰)

28,7

14,4

Analfabetismo (%)

12,4

8,3

Taxa de fecundidade (%)

2,4

1,74

Taxa de natalidade (‰)

20,9

14,4

Taxa de mortalidade (‰)

6,9

6

FONTE: IBGE. Síntese dos indicadores sociais 2015. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/ liv95011.pdf; IBGE. Brasil em síntese. Disponível em: http://brasilemsintese.ibge.gov.br/populacao.html. Acesso em: 23 mar. 2016.

Apesar de as condições de vida do povo brasileiro terem apresentado um avanço na primeira dé cada do século XXI e de o Brasil ter alcançado, em 2015, um alto Índice de Desenvolvimento Humano (0,755), ainda encontramos grandes desigualdades na sociedade.

Um indicador relevante para o entendimento do grau de desigualdade e concentração dos rendimentos é o Índice de Gini. Este índice serve para medir a concentração de qualquer indicador, pois é uma medida do grau de concentração de uma distribuição, cujo valor varia de 0 (zero) até 1 (um), isto é, varia da completa igualdade (0) à completa desigualdade (1).

Conforme dados da Pnad 2013, o Índice de Gini da distribuição dos rendimentos mensais das pessoas com rendimento no Brasil ficou em 0,495. Desde 2001, esse índice vem apresentando uma trajetória descendente, mas ainda é um dos mais altos do mundo.

Quando se trata de desigualdade social no Brasil, ficam evidentes as diferenças de rendimentos e do nível educacional entre grupos de cor ou raça. Essas desigualdades remontam às antigas bases colonial e escravocrata brasileiras, que estabeleceram diferentes oportunidades para brancos e negros. Sobre essa questão, leia o texto a seguir.

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Boxe complementar:



Leitura e reflexão

Ícone: Não escreva no livro.

Oito dados que mostram o abismo social entre negros e brancos

A população negra brasileira ainda enfrenta um abismo de desigualdade. São os negros as maiores vítimas da violência e os que sofrem mais com a pobreza. Eles também têm pouca representatividade nas esferas políticas e têm renda média muito menor que a dos brancos.

A discussão sobre estas barreiras a serem superadas volta ao centro do debate [...], quando o Brasil comemora o Dia da Consciência Negra. A data foi escolhida por ser o dia da morte de Zumbi dos Palmares, símbolo da luta pela liberdade e valorização do povo afro-brasileiro. Dos mais de 5,5 mil municípios do país, apenas 1.047 adotaram feriado na data.

Veja a seguir alguns dados que mostram esse abismo:

1. Mulheres negras são as que se sentem mais inseguras



Dados do IBGE mostram que as mulheres negras, quando comparadas com outros segmentos da população, são as que se sentem mais inseguras em todos os ambientes, até mesmo em suas próprias casas.

[...]


Esse padrão de vulnerabilidade se repete em outros indicadores de violência. Segundo dados do IBGE e do Ipea, a população negra é vítima de agressão em maior proporção que a população branca - seja homem ou mulher.

Tabela: equivalente textual a seguir.



Sexo/cor

Vítimas de agressão

Homens brancos

1,50%

Homens negros

2,10%

Mulheres brancas

1,10%

Mulheres negras

1,40%

2. Brasil só teve um presidente negro

Nilo Procópio Peçanha foi o primeiro - e até agora o único - presidente do Brasil negro. Filho de pai negro e mãe branca, Peçanha assumiu a presidência após a morte de Afonso Pena e ficou no cargo entre 1909 e 1910.

3. Negros são a maioria no Bolsa Família



A população negra é também mais vulnerável à pobreza. Sete em cada 10 casas que recebem o benefício do Bolsa Família são chefiadas por negros, segundo dados do estudo Retrato das desigualdades de gênero e raça, do Ipea.

O perfil dos domicílios das favelas brasileiras também aponta para o abismo social que ainda persiste entre brancos e negros no Brasil. [...]

4. Joaquim Barbosa foi o primeiro presidente negro do STF



Antes de Joaquim Barbosa, o Supremo Tribunal Federal teve apenas outros dois ministros negros. O último deles, Hermenegildo de Barro, saiu do cargo em 1931. Ou seja, a corte ficou 72 anos sem nenhum representante afrodescendente. Em 2012, Barbosa se tornou o primeiro presidente negro da mais alta corte do país.

5. Mulheres negras são mais atingidas pelo desemprego

[...] Entre as brancas, o desemprego é de 9,2%, enquanto entre as mulheres negras ultrapassa os 12%.

6. Taxa de analfabetismo é duas vezes maior entre os negros

[...] a taxa de analfabetismo entre os negros (11,5%) é mais de duas vezes maior que entre os brancos (5,2%).

7. Renda dos negros é 40% menor que a dos brancos

Tabela: equivalente textual a seguir.

Rendimentos médios reais recebidos no mês

Raça/cor

Renda média

Brancos

R$ 1.607,76

Negros

R$ 921,18

Brasil

R$ 1.222,90

8. Menos de um terço dos candidatos a governador nas eleições deste ano [2014] eram pardos ou negros

SOUZA, B. Exame.com, 20 nov. 2014. Disponível em: http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/8-dados-que-mostram-o-abismo-social-entre-negros-e-brancos. Acesso em: 23 mar. 2016.

- Com base no texto e nos seus conhecimentos, faça as atividades propostas.

1. Procure no texto duas situações que comprovem que há um abismo de desigualdade entre brancos e afrodescendentes. Comente-as.

2. Analise a situação das mulheres negras com relação ao desemprego.

3. Na sua opinião, o feriado do Dia da Consciência Negra pode contribuir para diminuir a discriminação étnica e socioeconômica no Brasil? Justifique sua resposta.

4. Elabore um pequeno texto, em seu caderno, que aborde a questão racial no Brasil. Depois, troque seu texto com os colegas da sala e conversem sobre as conclusões a que vocês chegaram.

Fim do complemento.



110

Diálogos

Atividade interdisciplinar: Geografia, Língua Portuguesa e Sociologia.

A cultura popular brasileira escrita por Câmara Cascudo

O Brasil é uma nação que absorveu diversas culturas originárias de outros povos. A chegada dos europeus nessas terras, no final do século XV, revelou um grande contraste cultural com os nativos que aqui viviam. Daí por diante, outras culturas foram introduzidas durante o processo de colonização das terras brasileiras.

Africanos de diversas etnias foram trazidos por meio do tráfico de escravos. A miscigenação entre os povos nativos, os europeus e os africanos figura como a mais significativa base da cultura popular brasileira.

Mais recentemente, principalmente ao final do século XIX e início do século XX, contribuições culturais de povos vindos do Japão, da Alemanha, da Itália, do Líbano, etc., tam bém agregaram elementos à nossa cultura.

Muitas pessoas contribuíram para um melhor entendimento acerca da cultura local, dentre eles podemos destacar o historiador, antropólogo, advogado e jornalista nascido no Rio Grande do Norte, Luís da Câmara Cascudo, considerado um dos principais estudiosos da cultura popular no século XX. Veja o que um professor universitário escreveu sobre Cascudo:

Através desses e de outros de seus estudos, foram configurados dimensões de sociabilidade do homem comum brasileiro, visíveis no cotidiano da alimentação, moradia e vestuário, gestos, lembranças, comemorações e tantas outras faces da condição humana.

SILVA, Marcos (Org.). Dicionário crítico Câmara Cascudo. São Paulo: Perspectiva, 2003. p. XIII.

LEGENDA: Luís da Câmara Cascudo (1898-1986). Foto tirada no escritório do autor em Natal (RN), em 1958.

FONTE: Arquivo/Estadão Conteúdo/AE

LEGENDA: Uma das festividades mais prestigiadas no Brasil, o Festival Folclórico de Parintins, com seus bois-bumbás Caprichoso e Garantido. Parintins (AM), em 2015.

FONTE: Raimundo Paccó/Frame/Folhapress



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Com mais de 150 livros publicados, Câmara Cascudo deixou um importante legado histórico-cultural para o Brasil. Seus estudos catalogaram diversas festividades, tradições, alimentos, lendas, contos e ritmos populares. Assim, o estudioso define a palavra folclore:

Todos os países do mundo, raças, grupos humanos, famílias, classes profissionais, possuem um patrimônio de tradições que se transmite oralmente e é defendido e conservado pelo costume. Esse patrimônio é milenar e contemporâneo. Cresce com os conhecimentos diários desde que se integrem nos hábitos grupais, domésticos ou nacionais. Esse patrimônio é o FOLCLORE. Folk, povo, nação, família, parentalha. Lore, instrução, conhecimento na acepção da consciência individual do saber. Saber que sabe. Contemporaneidade, atualização imediatista do conhecimento.

CASCUDO, Luís da Câmara. Folclore do Brasil. São Paulo: Global, 2012. p. 9.

LEGENDA: Capa do Dicionário do Folclore Brasileiro, um dos livros mais conhecidos de Câmara Cascudo.

FONTE: Rubens Chaves/Acervo da editora

LEGENDA: Apresentação da Cavalhada em São Luiz do Paraitinga (SP), em 2014. A Cavalhada é uma representação de batalhas travadas na Europa, durante a Idade Média.

FONTE: Rubens Chaves/Folhapress

LEGENDA: Desfile do boi-bumbá no município de Nazaré da Mata (PE), em 2014.

FONTE: Marco Antônio Sá/Pulsar Imagens



Em 1954, no Rio de Janeiro, foi lançada a 1ª edição do Dicionário do folclore brasileiro, uma obra de referência e de grande relevância para os estudos da cultura popular brasileira, consagrada como uma das maiores contribuições ao estudo sistemático de nosso folclore.

Veja a seguir alguns verbetes retirados do livro de Luís da Câmara Cascudo.

Açaí: macerato das frutas da palmeira açaí, saboroso e nutritivo, e de uso generalizado na região Amazônica.

Barriga verde: nome dado aos naturais do estado de Santa Catarina.

Deixada: abandonada pelo esposo.

Mamaluca: filha de branco com mulher indígena.

Mamata: rendimentos abundantes sem trabalho.

Papa-goiaba: o natural do estado do Rio de Janeiro, o fluminense.

CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro/São Paulo: Ediouro. 1999.

LEGENDA: Açaí

FONTE: Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

- Qual dos verbetes anteriores você já tinha escutado ou lido em algum jornal, livro ou revista? Que verbetes típicos da sua região você conhece? Converse sobre isso com os colegas.


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