Geografia 6º ano



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Planejamento territorial: cada coisa em seu lugar

O território brasileiro apresenta diferentes regiões em que predominam determinadas atividades econômicas que, por sua vez, estão ligadas às áreas de concentração populacional. No entanto, devemos ressaltar que a produção do espaço geográfico é pensada e planejada, tanto no âmbito rural quanto no urbano.

O planejamento do espaço territorial começa a ser alvo de preocupações políticas nacionais com a declaração da Independência do Brasil, em 1822. O governo nessa época preocupava-se com a fragmentação do território.

No final do século XIX, com a proclamação da República, em 1889, essa preocupação começou a ser incorporada nas políticas públicas. Devido à escassez de infraestruturas, principalmente de transportes, o que impedia a integração das regiões e a circulação pelo território, o Estado começou a desenvolver os primeiros planos ligados à construção de uma malha ferroviária nacional.



Questionando

Brasil arquipélago

Para o sociólogo Francisco de Oliveira, no período que antecede 1930, o Brasil era um grande arquipélago constituído por diversas ilhas regionais. Você sabe o que isso quer dizer? Nessa fase, as “economias regionais” articulavam-se muito mais com o exterior do que com o interior do espaço nacional. Daí a ideia do arquipélago, do “ajuntamento” de ilhas regionais comandadas de fora e, portanto, cuja dinâmica regional era definida com base nos mercados externos e na produção predominante de cada região.

Responda em seu caderno:
1. Qual é o significado de arquipélago? Procure-o no dicionário.
2. Por que Francisco de Oliveira utilizou essa expressão para falar da economia no Brasil até a década de 1930?

No começo do século XX, o marechal Cândido Rondon desbravou o até então desconhecido oeste brasileiro, implementando telégrafos a fim de ligar os estados de Mato Grosso, Amazonas e Acre ao restante do país. Entre 1907 e 1917 a expedição estendeu 2,2 mil quilômetros de linhas telegráficas. Observe a imagem ao lado.



Fig. 1 (p. 266)

Marechal Rondon com oficiais da Comissão de Linhas Telegráficas de Mato Grosso, início do séc. XX.

ARQUIVO O CRUZEIRO/EM/D.A PRESS

PROPOSTA PEDAGÓGICA

Sugestões de respostas das atividades

1. Palavra de origem grega que significa mar principal. Aplica-se, hoje em dia, a qualquer extensão de água contendo ilhas e, frequentemente, às próprias ilhas.

2. Francisco de Oliveira utilizou a expressão “arquipélago” para explicar o isolamento regional das atividades econômicas no Brasil, com base na ideia de que não havia ainda uma integração do território nacional nem uma constituição do espaço geográfico brasileiro.

Referência para o(a) professor(a)

Unidade oligárquica e dominação pelo mercado: a locomotiva, puxando os vinte vagões vazios

Examinando-se mais de perto, pois, a unidade nacional compôs-se de um arquipélago de ilhotas oligárquicas, para o qual a literatura política já chamou a atenção reiteradamente; o conjunto de ilhotas, porém, não constituía uma ordem patrimonialista, nem a economia correspondia às ilhotas oligárquicas, havendo entre as duas esferas, como é evidente, troca, reforço, sustentação e, sobretudo, contradição. Surda luta entre formas distintas dos capitais agrários e industriais – e agroindustriais – e luta aberta nos períodos em que a contradição tornava-se insuportável. A dominação econômica da região, cuja atividade estava em expansão – na literatura mais clássica atribuída à expansão da demanda internacional por café –, dá-se através do pacto das ilhotas oligárquicas, que pela política (Polanyi, 1970) operou uma unificação econômica que o mercado não foi, nunca, capaz de realizar. Até os anos da revolução de 1930, e muito mais para a frente, até praticamente a década dos cinquenta, continuaram a existir, com leis e movimentos reprodutivos relativamente independentes, economias regionais, já então derrotadas do ponto de vista da concorrência mais geral entre os capitais de todo o país, mas suficientemente fortes para fecharem-se sobre si mesmas. Será apenas com os incentivos fiscais criados pela Sudene, e logo copiados para a Amazônia, que as economias regionais sucumbirão.

A contradição entre uma ordem econômica capitalista e uma ordem política oligárquica não é novidade alguma; o Japão é assim. Isto tem dado azo a teorizações sobre a economia patrimonialista do Brasil, sobre organização patrimonialista da sociedade, sobre Estado prebendário, e sobre todas as outras armas retiradas do arsenal weberiano. Que é rico mas, neste caso, impropriamente utilizado.

A Revolução de 30 amplifica a unificação do mercado, derruba as fronteiras estaduais, criando o espaço para a circulação ampliada das mercadorias, o que significa imenso reforço à acumulação de capital, pelo aumento da velocidade da sua circulação, pela mais rápida metamorfose da forma-mercadoria para a forma-dinheiro e, desta, novamente para a forma



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Posteriormente, na década de 1940, o então presidente Getúlio Vargas instituiu a “Marcha para Oeste” a fim de incentivar a ocupação do Centro-Oeste, que ainda era considerado uma região isolada e inóspita. Uma expedição chamada Roncador-Xingu foi planejada para adentrar o coração do país.

Iniciada em 1943 e liderada pelos irmãos Villas-Bôas, uma comitiva avançou pelo Brasil central, chegando até a Amazônia e travando contato com diversas etnias indígenas ainda desconhecidas. Foi esse processo que desencadeou a demarcação de terras indígenas e o confinamento dos índios que ainda existiam em reservas, já que o governo tinha planos de exploração e desenvolvimento para a região.

Paralelamente à exploração do interior do Brasil, as áreas já conhecidas e habitadas também passaram por intensos processos de mudança.

O processo de industrialização brasileira, como já vimos, trouxe a necessidade de maior integração do mercado interno. Aos poucos, foi sendo implantada uma malha rodoviária nacional, conectando os estados brasileiros às áreas industriais da região Sudeste.

Foi no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) que acelerou-se o ritmo de implantação das rodovias, graças ao estímulo da indústria automobilística. A partir do governo de Juscelino, as rodovias passaram a se tornar o foco dos investimentos em transportes terrestres no país.



Assista
Xingu
(Direção: Cao Hamburger.
Brasil: Globo Filmes, 2012.)
É um filme brasileiro que conta a trajetória dos irmãos Villas-Bôas a partir do momento em que se alistam para a Expedição Roncador-Xingu, a qual fazia parte da Marcha para o Oeste de Getúlio Vargas.

Comentário

A construção de Brasília

No ano de 1960, a capital do país foi transferida do Rio de Janeiro para Brasília. A construção de Brasília fez parte de um projeto de desenvolvimento e ocupação do território nacional. A cidade foi planejada e desenhada pelos arquitetos e urbanistas Lúcio Costa e Oscar Niemeyer para se tornar o grande símbolo do Brasil que estava se modernizando.

A construção da cidade, portanto, deveria contribuir para a interiorização da população brasileira, facilitando a integração física do território nacional. A nova capital no interior do país transformou-se em um nó de articulação na rede de circulação nacional, integrando o Norte e o Centro-Oeste a outras regiões através das estradas federais. Estas passaram a ligar Brasília a Goiânia, Belém, Rio Branco, Fortaleza, Belo Horizonte e São Paulo.

A nova capital converteu-se na rota de condução para o Norte e o Centro-Oeste, atraindo fluxo populacional e investimentos privados e estatais para essas regiões. Veja a imagem ao lado.



Fig. 1 (p. 267)

Imagem da construção de Brasília, DF, 1º jan. 1958.

KEYSTONE-FRANCE/GAMMA-KEYSTONE VIA GETTY IMAGES

capital-dinheiro. Mas não há, concomitantemente, circulação ampliada dos capitais, travada pela própria fratura na unidade nacional, ou pelas formas inacabadas ou imperfeitas de sua resolução. Para tanto, seria preciso ter resolvidas as questões agrária e do mercado de trabalho, as quais são precisamente duas travas do processo de acumulação, ou melhor dizendo, da possibilidade do processo de centralização do capital, que é do que se trata ao falar-se de circulação de capitais. Não há transferência de capitais entre as diversas regiões do país, uma das formas concretas que a centralização adquire quando a unidade nacional se nacionaliza para o capital, pelas vias do capital. Tal fato só passou a existir no Brasil quando o Estado criou o modelo institucional, seja pela forma fiscal, seja pelo câmbio favorecido. Depois, de maneira mais sofisticada – já adiantada a década de cinquenta –, ele criará o sistema de incentivos fiscais; os juros reais negativos via sistema de crédito estatal, compreendendo todas formas de centralização do capital, que o próprio capital não é capaz de operar sem a regulação do Estado. Antes disso, o que acontece, e com maior frequência, é a implantação de grupos econômicos do Nordeste no Sudeste, a exportação de capitais da região mais pobre para a região mais rica, mas feita diretamente, sem a intervenção do que se chama, modernamente, de mercado de capitais e nem sequer do mercado de crédito. Gradualmente, com a própria expansão da circulação de mercadorias, São Paulo vence, domina, mas não hegemoniza. Porque seu mecanismo de dominação é o mercado, e este é insuficiente para forjar a hegemonia. Derrubadas as fronteiras estaduais, a industrialização avança celeremente. Durante uma década, que para todo o mundo desenvolvido foi de profunda depressão, a economia nacional iniciou um movimento ascensional, transferindo o motor da divisão social do trabalho da agricultura para a indústria, cujo fôlego final somente expira rigorosamente nos anos 80.

No bojo da revolução chamada keynesiana, que na verdade é a resposta à crise mais criadora neste século, o Brasil se adianta e inova. O nacionalismo brasileiro da industrialização não é senão uma versão keynesiana do que os liberais chamarão intervenção do Estado na economia.

Fonte: OLIVEIRA, Chico. A questão regional: a hegemonia inacabada. Estudos Avançados, v. 7, n. 18. São Paulo: Edusp, maio/ago. 1993. Disponível em:


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