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Acesso em: 14 abr. 2016. Correções aqui de Roberta Estrela D'Alva.
A autora
Roberta Estrela D’Alva, de Diadema (SP). Formada pela Escola de Comunicação e Artes da USP-SP e Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, é atriz-MC, pesquisadora, diretora, slammer e escritora. É cofundadora do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, primeira companhia de Teatro-Hip-Hop do Brasil e do coletivo Frente 3 de Fevereiro, grupo ativista que trabalha com temas ligados ao racismo na sociedade brasileira.
Fotoarena/Fábio Guinalz
Cultura hip-hop
A cultura hip- hop partiu da ideia de animar as street parties (festas de rua) do Bronx (bairro nova-iorquino de população majoritariamente negra) entre as décadas de 1960 e 1970. Essas festas eram, ao mesmo tempo, um espaço de misturas musicais e de inovações gestuais.
Hip é um termo utilizado nos guetos negros estadunidenses; provém da palavra hep, que significa, na gíria, 'negro livre', mas também competição e ainda inteligência, no sentido de capacidade de 'se virar'. Hop é uma onomatopeia para 'salto', e to hop significa dançar. O termo hip-hop destaca, assim, o lugar privilegiado da dança, que é a mais antiga expressão artística do movimento: a sonoridade da expressão evoca a dança e os personagens que os breakers do Bronx faziam.
Poetry slam ou slam de poesia
Slams ou poetry slams são encontros em que há performances de recitação de poemas, geralmente em forma de competição.
Sendo a sua ideia democratizar a poesia, todos podem participar, com liberdade total de estilo, de gênero e de assunto abordado.
1. O título do poema é “Dura ação”, um jogo de palavras em que dura pode funcionar como uma qualidade do substantivo ação ou, ligando-se a esse substantivo, indicar apenas a palavra duração. Procure deduzir:
a) Em que consiste essa “dura ação”?
b) Quais os versos que comprovam sua resposta?
2. A autora usa elementos do hip-hop em sua poesia, que é escrita para ser, principalmente, falada. Alguns recursos formais que favorecem o ritmo para a declamação podem ser identificados. Copie em seu caderno aqueles que podem ser encontrados no poema “Dura ação”:
▸ esquema fixo de rimas.
▸ esquema variado de rimas.
▸ versos iniciados pelas mesmas palavras.
▸ ausência de paralelismo.
▸ número fixo de sílabas poéticas.
▸ número variado de sílabas poéticas.
▸ estrofes de quatro versos.
▸ variação do número de versos em cada estrofe.
▸ repetição, na mesma estrofe, de certas palavras com consoantes explosivas como p e b.
3. Além desses recursos, muitos versos e estrofes são compostos por orações ou termos com estruturas que se repetem ou são bastante parecidas. Veja alguns exemplos:
O grito, o rosnar, a absoluta beleza
A absoluta razão, a absoluta regra, a absoluta pureza
[...]
Mas sou forte, sou viga, sou aço
[...]
Subindo a escada que desce
Desfiando o tecido que tece
[...]
Ai, que assim me quebro
Ai, que assim me arrebento
Ai, que assim continuo fingindo e pretendendo
Ai, me ensina a ser flor
Luciano Tasso/Arquivo da editora
Qual é a importância dessas repetições para a compreensão de um poema feito para ser expresso em voz alta?
4. Certamente você já ouviu poemas ditos em voz alta. Se você, antes da leitura, pôde ouvir o poema expresso por Roberta Estrela D’Alva, provavelmente percebeu o quanto sua declamação é vigorosa, é intensa. Em sua opinião, qual é a importância da expressão em voz alta para a poesia?
5. O poema “Dura ação” já foi apresentado como forma de representação de uma voz feminina e como expressão da necessidade de lutar sem endurecer, sem perder a ternura. Nessa composição, percebe-se que o feminino ganha aspectos completamente diferentes do feminino representado na cantiga de amor e mesmo no poema “O marruêro”.
a) Que feminino é esse?
b) Roberta Estrela D’Alva é atriz-MC e escritora. Além disso, sua poesia é muito influenciada pelo hip-hop, movimento cultural bem representado nas periferias de algumas cidades brasileiras e, inicialmente, dominado por homens. Em sua opinião, que papel social pode ter uma voz feminina vinda da periferia?
c) Que público essa voz pode atingir?
Quem fala, fala para quem?
Neste capítulo você pôde ler três textos poéticos de épocas distintas, ligados cada um a determinado contexto histórico. Esses textos encontraram um público contemporâneo a seus autores, pessoas que vivem ou viveram na época em que esses textos foram produzidos. Procuramos ajudá-lo a observar, em cada texto, recursos de construção que possibilitaram a cada autor dirigir-se a seu público e encontrar nessas pessoas pontos de contato, de modo que elas se identificassem com esses textos.
Essa situação de encontro entre autor e público pode levar à questão: o texto literário — ou a obra de arte de modo geral — é produzido para atrair as pessoas? Esse é o objetivo maior? Não é simples determinar se o texto é escrito em função do público ou se a natureza de um texto é que atrai certo público.
O que se pode afirmar, contudo, é que a composição poética, nos três textos apresentados, está inserida na respectiva tradição cultural e se vincula à origem de seus autores. Para confirmar isso, basta recuperar as palavras do poema de Catulo da Paixão Cearense grafadas de modo a imitar certo tipo de fala, ou mesmo a adoção do estilo de escrita próprio ao movimento hip-hop, adotado por Roberta Estrela D’Alva.
Criando um movimento próprio ou aderindo a um já existente, um artista, com sua produção individual, insere-se em uma tradição, que atinge um tipo específico de interlocutor.
Entretanto, essa produção artística pode provocar prazer estético e identificação em pessoas que não participam do contexto histórico em que a obra foi criada, ou seja, pode atrair um público que não teria como ser previsto pelo artista.
As cantigas trovadorescas são o melhor exemplo disso, pois, para nós, leitores do século XXI, são, de certa forma, as mais distantes. Isso acontece porque uma produção fundamentada em questões pessoais e locais pode ter pontos de contato com ideias e sentimentos universais, que atraem interlocutores de diversas épocas e lugares. Assim, uma obra que a princípio poderia estar confinada a determinado grupo, a um movimento apenas, pode ganhar outros espaços e outros leitores/ouvintes.
Converse com os colegas e o professor: você já se surpreendeu com sua reação positiva a uma obra de arte que aparentemente nada tem a ver com sua realidade? Se possível, relate à classe essa experiência explicando qual foi o ponto de contato dessa obra com sua história.
Para ler outras linguagens
O contador de histórias e a expressão corporal
Neste capítulo está em questão a expressão oral de poemas e cantigas, sobretudo com acompanhamento musical. Provavelmente você já percebeu que a maneira como se canta, o modo de posicionar o corpo, o microfone, assim como a expressão facial ajudam a marcar o ritmo e a transmitir a mensagem das palavras.
Isso não acontece apenas no caso de poemas e cantigas. A contação de histórias, por exemplo, para continuarmos no universo literário, também apresenta características próprias em sua modalidade oral.
A tarefa aqui é observar o modo de um contador de histórias se apresentar: elementos que o ajudam nessa atividade, sua postura física, etc.
1. Na imagem a seguir, veja um exemplo de uma contação de histórias.
LatinStock/Nitro/Leo Drumond
Contação de histórias para crianças de 7 a 9 anos na Borrachalioteca, em Sabará (MG). Criada em 2002, no interior de uma borracharia no bairro Caieira, a borrachalioteca conta com um acervo de mais de 10 mil obras literárias. Fotografia de 2008.
a) Levando em conta essa imagem, quais são os elementos de que pode se valer um contador de histórias?
b) Uma outra pessoa pode ajudá-lo nessa tarefa? Como?
c) Observe o público dessa contação de histórias: crianças de 7 a 9 anos. Você considera que a caracterização da pessoa que conta histórias parece adequada para esse público? Por quê?
2. Reúna-se com alguns colegas. Imaginem que alguém vá contar uma história para a classe de vocês. Suponham que seja um profissional experiente, que vá fazer isso de modo a agradar o público de adolescentes de sua turma.
a) Que história ele poderia contar?
b) De que modo ele poderia se caracterizar para contar essa história?
c) Que instrumento ele poderia usar para ajudá-lo nessa contação?
E por falar em...
Cultura popular
Leia o texto a seguir, que trata de manifestações culturais típicas do Espírito Santo.
Principais manifestações folclóricas do Espírito Santo
O Atlas do Folclore Capixaba, que pode ser visualizado no endereço eletrônico
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