Geografia 7º ano


Página 253 Uma Reserva da Biosfera



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Uma Reserva da Biosfera

Desde 2000, o Pantanal é reconhecido por sua importância para a biodiversidade e para o desenvolvimento econômico, social, cultural e ecológico.



Interprete

1 Observe as imagens que representam o tempo da seca e o tempo da cheia. Existe alguma diferença entre elas? Qual? De que maneira isso influencia na vida das pessoas que aí vivem?

1. Comparando o tempo da seca com o da cheia, é possível notar como a área roxa ocupa quase toda a sub-região representada no mapa. Isso indica o aumento do nível das águas no Pantanal. Para saber como essa variação influencia na vida das pessoas, basta observar na imagem que os caminhos somem com as águas. Quem vive nesses locais, por exemplo, deve se locomover com barcos nas cheias, enquanto na seca pode ir a pé, a cavalo ou usar automóvel.



Argumente

2 Por que é possível afirmar que o bioma do Pantanal é complexo?

2. Basta observar as fotos dos variados ecossistemas existentes no Pantanal. Todos têm suas diferenças, seja na seca, seja na cheia. Em cada um é possível encontrar uma rica fauna e flora, com suas características peculiares.


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PERCURSO 30 - Região Centro-Oeste: fatores iniciais da construção de espaços geográficos

1. Os primeiros exploradores

As primeiras incursões de portugueses e luso-brasileiros no espaço do atual Centro-Oeste ocorreram nos séculos XVI, XVII e XVIII e foram representadas por aldeamentos indígenas realizados por missões religiosas e pelo bandeirismo, que visava aprisionar indígenas para vendê-los como escravos no Nordeste açucareiro ou, ainda, descobrir ouro e pedras preciosas (figura 8).

Para ter ideia da extensão do deslocamento das bandeiras paulistas no século XVIII, calcule a distância, em linha reta e em quilômetros, entre a cidade de São Paulo e o extremo da seta localizada no estado do Piauí.

2.067 km, aproximadamente.


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A mineração e o surgimento de cidades no Centro-Oeste

Nos deslocamentos pelo território, os bandeirantes faziam pousos ou paradas para o descanso e, quando encontravam ouro ou pedras preciosas, fixavam-se no lugar, dando início a um arraial. Quando o ouro se esgotava nos cursos de água de onde era extraído, muitos desses arraiais eram abandonados. Entretanto, quando se iniciou a exploração de filões auríferos, a população tornou-se sedentária, permitindo a formação de povoados, que se transformaram em vilas e cidades (figura 9).

Já Corumbá, no Mato Grosso do Sul, e Cáceres, no es tado do Mato Grosso, ambas nas margens do Rio Paraguai, têm as suas origens relacionadas a postos ou fortificações implantados por portugueses e luso-brasileiros.

Arraial
Pequeno povoado.

Filão
Veio, depósito de um mesmo mineral no interior da crosta terrestre.

Sedentário
Refere-se à pessoa que tem local fixo de moradia.

Marechal Rondon e o Centro-Oeste

No final do século XIX, Cândido Mariano da Silva Rondon, militar de origem indígena nascido em Mato Grosso, iniciou um importante trabalho de conhecimento dos sertões mato-grossense e amazônico. Seus trabalhos de campo — nos quais mapeou rios, divisores de águas e características do relevo, entre outros aspectos do meio natural — foram muito importantes para a elaboração das primeiras cartas geográficas do estado do Mato Grosso.

Sob o comando de Rondon foi construída, em 1890, uma linha telegráfica entre Cuiabá e a região do Rio Araguaia, habitada pelos indígenas do grupo bororo. Posteriormente, essa linha foi estendida até Goiás.

Rondon, ao mesmo tempo que supervisionava o trabalho de construção de linhas telegráficas e levantava dados sobre a natureza, fazia também o trabalho de atração, pacificação e proteção dos índios (figura 10, na página seguinte). É dele o famoso lema “morrer se preciso for, matar nunca”, referindo-se ao seu trabalho com os indígenas.

O trabalho de Rondon e de sua equipe estendeu-se por toda a primeira metade do século XX. As expedições por ele chefiadas entraram várias vezes nos territórios das atuais regiões Centro-Oeste e Norte e contribuíram de forma significativa para o conhecimento do território brasileiro, facilitando a expansão da fronteira agropecuária, a exploração comercial da região e, por conseguinte, a construção de espaços geográficos.

Linha telegráfica
Sistema para envio e recebimento de mensagens por sinais.

No seu contexto

Você já viu alguma fotografia antiga da cidade onde você mora? Se viu, qual foi sua impressão?

Resposta pessoal. Esta é uma oportunidade para resgatar fotografias antigas da cidade, organizar um acervo e fazer até mesmo uma exposição delas, juntamente com uma pesquisa sobre a origem da cidade. Sugerimos que essa atividade seja ampliada com a participação do professor de História.
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2. A Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e a articulação com o Sudeste

Em 1914, a inauguração da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil foi um marco importante para a articulação da Região Centro-Oeste, particularmente do estado do Mato Grosso com o estado de São Paulo (em 1914, não havia o estado do Mato Grosso do Sul, que foi criado em 1977, após o desmembramento do Mato Grosso).

Partindo da cidade de Bauru, no interior de São Paulo, a E. F. Noroeste do Brasil — hoje denominada Ferrovia Novoeste —, após atravessar o oeste paulista e o Rio Paraná, entra em terras do Mato Grosso do Sul e alcança Campo Grande. Daí segue em direção à fronteira da Bolívia, atingindo a cidade de Corumbá, às margens do Rio Paraguai (figura 11).

Quem lê viaja mais
BIGIO, Elias dos Santos.
Cândido Rondon: a integração nacional. Rio de Janeiro: Contraponto, 2000.
A obra trata da atuação de Rondon na implantação de postos militares no Centro-Oeste, de linhas telegráficas e do Serviço de Proteção ao Índio (SPI).
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A implantação da E. F. Noroeste do Brasil, com extensão de 1.621 km, alterou profundamente as comunicações entre o Centro-Oeste e o Sudeste. Antes de essa ferrovia ser implantada, a comunicação entre Campo Grande, Corumbá e outras localidades, como Rio de Janeiro e São Paulo, era feita pelo Rio Paraguai. O trajeto era muito longo: do Rio Paraguai, seguia-se pelo Rio da Prata, entre Buenos Aires e Montevidéu, para daí seguir, pelo Oceano Atlântico, rumo ao Rio de Janeiro e a Santos.

A ferrovia (figura 12) permitiu a integração dos espaços geográficos do Centro-Oeste com outras áreas e estimulou as migrações, principalmente de paulistas, para o Mato Grosso do Sul, onde fundaram fazendas e abriram novas fronteiras agropecuárias.

3. Até meados do século XX, um povoamento escasso

Diferentemente das regiões Nordeste e Sudeste, a Região Centro-Oeste manteve-se isolada e pouco povoada durante muito tempo. Do período colonial até meados do século XX, a região não se transformou em forte área de atração populacional. Com exceção do curto período de tempo em que ocorreu a exploração de metais e pedras preciosas, nos séculos XVII e XVIII, não havia atrativos econômicos que justificassem expressivos fluxos migratórios para a região. Além disso, a falta de ferrovias e rodovias — com exceção da E. F. Noroeste do Brasil — dificultava a exploração dos recursos naturais, principalmente do atual Mato Grosso e Goiás. Observe, na figura 13, da página seguinte, o povoamento em 1950 e nos demais anos.



Navegar é preciso
Associação Brasileira de Preservação Ferroviária

Acesse o site do histórico das ferrovias paulistas e localize o trecho que trata da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, atual Novoeste, para saber mais sobre sua história.
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Nota: Em 1988, foi criado o estado de Tocantins, desmembrado do estado de Goiás; o atual Distrito Federal foi inaugurado em 1960, com a cidade de Brasília — é por isso que consta no gráfico somente a partir desse ano. O Mato Grosso do Sul foi criado em 1977, por isso seus dados constam no gráfico a partir do censo de 1980.

Em 1900, a cidade de Campo Grande (figura 14) era uma pequena vila, e Cuiabá possuía apenas 35 mil habitantes. Em 2014, Campo Grande passou para uma população de 843.120 habitantes. Nesse mesmo ano, Cuiabá já apresentava 574.969 habitantes.

Como vimos no início desta Unidade, Goiânia foi fundada em 1937 para ser a nova capital do estado de Goiás. Antes dela, a capital desde 1818 era a cidade de Goiás — antiga Vila Boa (figura 15). Em 1950, porém, Goiânia ainda era uma cidade pequena: tinha pouco mais de 50 mil habitantes. Em 2014 a sua população atingiu 1.412.364 habitantes.

Foi a partir de meados do século XX que a economia do Centro-Oeste cresceu, assunto que veremos no próximo Percurso.



Pausa para o cinema
História da ocupação de Goiás pelos filhos da terra.
Direção: Geraldo Moraes.
Brasil: CPCE, Iphan, MinC, 1988. Duração: 18 min.
O escritor Bernardo Elis e o historiador Paulo Bertran dialogam sobre a reconstituição da ocupação de Goiás, contrastando com as imagens que documentam a história.
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Outras rotas - Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga

Pluralidade Cultural

Remeta os alunos à figura 2, na página 247, para localizar a Chapada dos Veadeiros, no norte de Goiás, onde se situa esse sítio histórico.

Assim como em outras regiões do Brasil, o Centro-Oeste abriga grande diversidade étnica e cultural. Estima-se que nela vivem 53 mil indígenas de etnias diferentes, além da população formada pela miscigenação de indígenas, negros e eurodescendentes. Há também diversos remanescentes de quilombos, como a comunidade que conheceremos a seguir, situada no extremo norte do estado de Goiás.

“[...] Os Kalunga vivem, há mais de 200 anos, numa região inóspita, mas de rara beleza natural.

Com área de 253 mil hectares assegurada pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), 97% dos quais ainda intocados, na divisa de Goiás com o Tocantins e a Bahia [...], o Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga abriga cerca de 4 mil habitantes (60% deles com menos de 20 anos) e mil moradias, muitas delas ainda erguidas com tijolo adobe e forradas com palhas de coqueiro pindoba. Divididos em 28 pequenas comunidades, [...] eles têm um ritmo de vida estacionado no tempo, praticando a agricultura de subsistência.

O percurso entre as comunidades é feito tradicionalmente de mula, devido à falta de estradas e ao relevo montanhoso. Os poucos registros históricos dão conta de que os primeiros habitantes da região foram negros fugitivos da escravatura. O local foi escolhido pelo fato de ser distante e de ter o seu acesso dificultado pela grande quantidade de morros e serras íngremes. [...]

À espera da regularização

Dentro do sítio histórico existem mais de 90 fazendas, muitas delas em área de ocupação ilegal (sem título de posse) ou em terras devolutas do governo do estado de Goiás. Em 1996, o governo estadual reconheceu a área como patrimônio cultural e sítio de valor histórico.

[...] Assinado em 2006, um termo de cooperação entre o Incra e a Agência Rural do governo goiano definiu objetivos a identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação, regularização e titulação das terras em favor dos Kalunga [...].”

CARDOSO, José Antônio. Povo Kalunga de Goiás consolida sua identidade. Agência Sebrae de Notícias, 17 out. 2010. Disponível em: . Acesso em: 9 dez. 2014.



Interprete

1 Qual característica do meio natural estimulou a escolha dessa área ao norte de Goiás como local de habitação para as comunidades do povo Kalunga?

Argumente

2 Qual é a importância da regulamentação de áreas para preservação do patrimônio histórico, cultural e ambiental?

Contextualize

3 Pesquise se há áreas de preservação de patrimônio histórico ou cultural em seu município e sua unidade da federação. Escolha uma e procure saber sobre a história do local e do povo em questão. Busque informações sobre a cobertura vegetal e o relevo. Eles se encontram preservados? Pesquise também a atividade econômica realizada pela população.
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Atividades dos percursos 29 e 30

Registre em seu caderno.

Revendo conteúdos

1 Há alguma relação entre as altitudes do relevo e a circulação das massas de ar na Região Centro-Oeste? Explique.

2 Por que as bandeiras foram importantes para a formação de espaços geográficos no Centro-Oeste?

3 Explique por que o trabalho de Marechal Rondon foi importante para o conhecimento do território do Centro-Oeste.

4 Cite a importância da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil para a integração das regiões Centro-Oeste e Sudeste.

5 Explique a razão de a Região Centro-Oeste ter permanecido pouco povoada até praticamente os anos 1940 e 1950.



Leituras cartográficas

6 Observe o mapa a seguir e responda às questões.



a) Em quais porções do território do Centro-Oeste existe maior umidade?

b) Qual é a classe de umidade nessas porções?

Explore

7 Compare os gráficos dos regimes pluviométricos das três capitais dos estados da Região Centro-Oeste com o mapa da atividade anterior e responda:

• Os gráficos dos regimes pluviométricos de Campo Grande, de Goiânia e de Cuiabá correspondem às classes de umidade constantes do mapa? Justifique.
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8 Observe, atentamente, o perfil de relevo a seguir e responda ao que se pede:



a) Qual elemento natural marca a divisa da Região Sudeste com a Região Centro-Oeste?

b) Qual é a forma de relevo que corresponde às fronteiras do Brasil com o Paraguai e a Bolívia?

c) Quais são as duas formas de relevo da Região Centro-Oeste mostradas no perfil?

d) Nesse perfil, qual é, aproximadamente, a altitude por onde corre o Rio Paraná?

9 Leia o texto e depois responda às questões:

“A cidade de Cuiabá, embora situada em área de mesmo tipo climático que Goiânia, apresenta condições térmicas de maior aquecimento, devido à sua condição de mais expressiva continentalidade e à posição inferior de seu relevo”.

MENDONÇA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Inês M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. p. 176.



a) A qual tipo climático se refere o texto?

b) Segundo o texto, Cuiabá possui condições térmicas de maior aquecimento que Goiânia, graças à sua maior continentalidade. Explique o que é efeito continentalidade.

c) Os autores afirmam que Cuiabá está em posição inferior de relevo em relação a Goiânia. Com base na observação das figuras 1 e 2 (páginas 246 e 247, respectivamente), explique por que essa afirmativa está correta.

10 Ao estudar o clima da Região Centro-Oeste, um estudioso do assunto escreveu:

“[…] Outro aspecto a ressaltar do seu regime térmico é a notável oscilação diurna, isto é, a amplitude entre as máximas registradas nas horas dos dias e as mínimas noturnas, o que, aliás, é uma característica geral das regiões muito afastadas das influências marítimas, especialmente nas latitudes tropicais. […]”

NIMER, Edmon. Clima. In: IBGE. Geografia do Brasil. Região Centro-Oeste. Rio de Janeiro: IBGE, 1977. v. 1. p. 27.

• Em que trecho do texto o estudioso do clima confirma que a amplitude térmica diária na Região Centro-Oeste é elevada?

Pesquise

11 Faça uma pesquisa, em grupo, sobre o “pantaneiro”, típico habitante do Pantanal. Pesquise em revistas, jornais e páginas da internet a respeito dos costumes dessa população. Procure se informar sobre as origens de suas tradições e de quais povos o pantaneiro recebeu, e ainda recebe, influências culturais. Monte uma apresentação com ilustrações sobre os trajes característicos, as atividades que o pantaneiro costuma exercer, seus hábitos alimentares e outros costumes. Troque a sua pesquisa com a de outro grupo para comparar as informações obtidas.


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PERCURSO 31 - Região Centro-Oeste: a dinamização da economia

1. O avanço da ocupação territorial

Vimos no Percurso anterior que até meados do século XX a Região Centro-Oeste possuía um povoamento escasso. A economia era frágil e havia obstáculos que dificultavam o desenvolvimento, entre eles a escassez de energia elétrica, a falta de estradas e desconhecimento técnico quanto à melhor forma de utilização dos solos do Cerrado para a agricultura.

A partir dos anos 1940 e 1950 esse cenário começou a ser alterado: diversas iniciativas foram tomadas para dinamizar a economia e a integração da Região Centro-Oeste às demais regiões do Brasil.

A Expedição Roncador-Xingu: os irmãos Villas Bôas

No início dos anos 1940, o governo do Presidente Getúlio Vargas lançou o projeto “Marcha para o Oeste” com o objetivo de promover maior povoamento do Centro-Oeste. Entre outras iniciativas governamentais, foi organizada a Expedição Roncador-Xingu, em 1943, em Mato Grosso, que fez um amplo trabalho de reconhecimento e mapeamento de territórios até então desconhecidos, sob o comando dos irmãos Orlando, Cláudio e Leonardo Villas Bôas (figura 16).

Por meio da abertura de estradas e da construção de campos de pouso de emergência, calcula-se que essa expedição deu origem a cerca de 40 municípios e 4 bases aéreas.

Graças ao empenho dos irmãos Villas Bôas, foi criado em 1961, pelo governo federal, o Parque Nacional do Xingu (figura 17) — reserva indígena no alto do Rio Xingu, no estado de Mato Grosso, que abriga indígenas de diversas aldeias e tem como objetivo preservar os seus territórios e valores culturais.



Pausa para o cinema
Xingu.
Direção: Cao Hamburger.
Brasil: O2 Filmes, 2012.
Duração: 103 min.
O filme retrata a história dos irmãos Villas Bôas (Orlando, Cláudio e Leonardo), que se tornam indigenistas, e a sua luta para a criação do Parque Nacional do Xingu.

Orientações no Manual Multimídia

Objeto educacional digital

O Parque Indígena do Xingu
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Implantação de áreas de colonização

Para estimular o desenvolvimento econômico de Goiás e Mato Grosso por meio do aproveitamento e da exploração dos recursos naturais, o governo federal criou, na década de 1940, duas áreas de colonização: a Colônia de Dourados, situada a cerca de 220 quilômetros ao sul de Campo Grande, e a Colônia de Goiás, no município de Ceres, a aproximadamente 150 quilômetros ao norte de Goiânia.

Diante do sucesso dessa iniciativa, foram implantadas fazendas naqueles estados por um número crescente de pessoas vindas, sobretudo, de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Paraná.

A partir de 1970, no estado de Mato Grosso foram implantados outros projetos de colonização pelos governos federal e estadual e por empresas particulares que assentaram milhares de famílias, procedentes de diversas regiões do Brasil, em vários municípios (figura 18). Muitos desses projetos de colonização ocuparam terras indígenas, provocando conflitos de territorialidade.

Nesse processo, indígenas foram desterritorializados, expulsos para outras áreas, marginalizados, aculturados ou, ainda, integrados às comunidades locais como mão de obra nas fazendas de gado, de produtos agrícolas ou nos garimpos.

A implantação dos núcleos de colonização está vinculada à expansão das rodovias na região?

Sim. É possível observar que os núcleos de colonização estão localizados ao longo das rodovias no estado de Mato Grosso.

Migrações e a expansão da fronteira agropecuária

Desde antes dos anos 1940, existiam fazendas de gado no oeste paulista. Na expansão da pecuária, muitos fazendeiros ultrapassaram o Rio Paraná e entraram em Mato Grosso (na época não existia o estado do Mato Grosso do Sul, que foi criado em 1977 pelo desmembramento de Mato Grosso), enquanto outros partiram em direção à porção sul do estado de Goiás, onde implantaram fazendas de gado no Cerrado.

O maior fluxo migratório interno para o Centro-Oeste ocorreu a partir da década de 1960, não só formado por paulistas, mas, sobretudo, por gaúchos, catarinenses e paranaenses. Apoiados em estudos da Embrapa — empresa pública fundada em 1975 com o objetivo de produzir tecnologia de apoio à agropecuária brasileira — e no uso da calagem do solo, transformaram muitos espaços do Centro-Oeste em áreas de agricultura e pecuária moderna.

Calagem
Processo que consiste na incorporação de calcário ao solo para corrigir sua acidez, tornando-o mais fértil.
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As migrações e a expansão da fronteira agropecuária transformaram substancialmente a economia regional. Essa expansão, apoiada na construção de rodovias, possibilitou a fundação de cidades e dinamizou a economia. É esse o caso do município de Sorriso, localizado na direção norte de Mato Grosso, na beira da Rodovia Cuiabá-Santarém. As primeiras levas de migrantes aí chegaram ao final da década de 1970. Atualmente, Sorriso é o município brasileiro líder na produção de soja (figura 19).



Construção de Brasília: novo impulso para o Centro-Oeste

A construção de Brasília foi um marco para o desenvolvimento da Região Centro-Oeste (figura 20).

Desde o início do governo do presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961) até a inauguração de Brasília (1960), milhares de brasileiros, principalmente do Nordeste, mudaram-se para Goiás para trabalhar nas obras da nova capital. A transferência da sede do governo também deslocou para lá milhares de funcionários públicos federais, até então instalados na cidade do Rio de Janeiro. Além dos migrantes do Nordeste e do Rio de Janeiro, pessoas de todo o Brasil foram atraídas para o novo Distrito Federal e suas imediações e contribuíram para produzir novos espaços geográficos.
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2. Infraestrutura e integração regional

Desde a década de 1960, diversas medidas foram adotadas para estimular a integração das vastas áreas do Centro-Oeste às demais regiões do país, com destaque para os investimentos em infraestrutura, que permitiram um notável desenvolvimento econômico nos últimos 50 anos.



A construção de rodovias e a integração regional

Os governos militares, após 1964, priorizaram a construção de rodovias em Goiás, Mato Grosso e na Amazônia com o intuito de dar continuidade ao projeto de interligação dos espaços regionais iniciados pelo presidente Juscelino Kubitschek, que durante seu governo construiu a Rodovia Belém-Brasília (localize essa rodovia no mapa da página 122, do Percurso 14).

Assim, deu-se prosseguimento à construção das chamadas rodovias da integração nacional: Brasília-Acre, Cuiabá-Santarém, Transpantaneira (ligando Corumbá a Cuiabá), Campo Grande-Três Lagoas, Cuiabá-Vitória e outras. As rodovias abriram novas possibilidades para o desenvolvimento econômico da região.

As eclusas e as hidrovias

Com os modernos recursos de engenharia é possível tornar um rio de planalto navegável por meio da construção de eclusas, como as que existem no Rio Paraná e em outros rios da sua bacia, como o Tietê.

Para garantir o aproveitamento hidroviário dos rios dessa bacia, foram construídas eclusas junto às barragens das usinas de Barra Bonita, Jupiá, Três Irmãos e outras (figura 21). Atualmente, um trecho grande da Bacia do Paraná é navegável. Veja na figura 22, na página seguinte, como funciona uma eclusa.


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