Tempos modernos tempos de sociologia helena bomeny



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. Acesso em: maio 2016.

Práticas inter e multidisciplinares no ensino

Cantando o Brasil

Ao longo do curso, a música brasileira e o cinema nacional acompanharam os temas tratados. Quantos estilos musicais seus alunos conhecem? Proponha aos alunos a formação de uma banda ou coral para cantar o Brasil em diversos estilos: funk, pagode, rock, forró, xote, sertanejo, clássico, bossa nova etc. Além de ser uma oportunidade de integrar a comunidade escolar por meio da música, é um recurso para os estudantes ampliarem suas percepções sobre a diversidade cultural brasileira.

Comentários e gabaritos

Leitura complementar

A imagem que abre esse capítulo é a tela O violeiro, de Almeida Jr., com a observação de que o caipira e o sertanejo (mestiços do interior) foram as primeiras construções da imagem do povo brasileiro no início da história republicana do país. Esse texto de Lúcia L. Oliveira mostra como o rural deu voltas: um século depois, tornou-se conectado com a cultura de massas e com o mundo global. Este talvez seja um dos grandes desafios da Sociologia contemporânea – compreender a construção de uma nova identidade rural que conjuga tradição e modernidade.

Na Leitura complementar do Capítulo 15 foi introduzida a discussão sobre o lado perverso das relações sociais no campo – migração, trabalho precário e escravo ao lado de intensa modernização. O texto chamava a atenção para a presença de relações rurais nos espaços urbanos vivenciada por migrantes e seus descendentes.


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Esses aspectos devem ser trabalhados com os alunos de modo que possam perceber que, a despeito do intenso processo de urbanização, o mundo rural sobrevive e se “reinventa”. Seria interessante chamar a atenção deles para o fato de que, apesar das relações políticas “mandonistas” (ver Capítulo 4), o mundo rural participa da “modernidade política” em razão da multiplicidade de movimentos sociais e organizações da sociedade civil que atuam na luta por direitos de cidadania e por direitos humanos.

Um aspecto que pode ser interessante discutir com a turma é a ideia de autenticidade cultural: Existiria uma cultura rural autêntica? Como os estudantes veem a difusão dos estilos sertanejo, sertanejo universitário e outros ligados ao campo? Como se relacionam com os grupos que valorizam esses estilos musicais? Como convivem com a diferença?

Sugerimos que a leitura do texto e o debate sejam enriquecidos com cenas de programas de TV que abordem o mundo rural, possibilitando a discussão sobre a imagem da sociabilidade no campo veiculada pelos meios de comunicação.

Sessão de cinema

Jeca Tatu

Sugerimos explorar com os alunos as tensões vividas pelo migrante em sua fase de adaptação nos centros urbanos. Algumas questões podem ser propostas: as relações de trabalho no campo; as relações familiares e de amizade e suas diferenças das relações observadas nas cidades grandes; como a ida de Jeca Tatu para a cidade grande mostra as diferenças entre os padrões de socialização no campo e na cidade, entre outras.



O auto da Compadecida

A esperteza do personagem principal exemplifica em alguns momentos as principais características dos brasileiros estudadas por Holanda e DaMatta (homem cordial e jeitinho brasileiro), com destaque para a intimidade com os santos, retratada em O auto da Compadecida propriamente dito. Ajude os estudantes a entenderem a relação dos brasileiros com as esferas pública e privada com base em cenas do filme, articulando-as com as formulações dos autores estudados.

Construindo seus conhecimentos

Monitorando a aprendizagem

1. a) A ideia-chave desse autor é o “homem cordial” – tipo sociológico que age pela emoção, abdica da formalidade e do respeito aos esquemas universais e apoia-se na lógica dos favores. O “homem cordial” não diferencia o espaço público do privado, ou seja, atua no espaço público com as mesmas regras e valores que utiliza na esfera privada.

b) Porque o espaço público é tomado como um prolongamento do espaço privado. Essa confusão de valores favorece a ocorrência de fenômenos como o coronelismo, o apadrinhamento, o “jeitinho” e a corrupção, em que os interesses pessoais estão acima do bem comum. A essa lógica o autor chamou de patrimonialismo: em lugar de critérios universais e objetivos, o “homem cordial” leva em consideração os laços sentimentais e familiares.

c) O objetivo dessa questão é auxiliar os alunos a identificar no contexto urbano algumas práticas ainda associadas ao patrimonialismo e aquelas relacionadas com as normas universais (modernas). Ajude-os a perceber tanto as mudanças como as permanências, mostrando que a vida urbana pede regras universais e a sociedade brasileira as cria, mas elas se combinam com a lógica patrimonialista. Para isso utilize alguns exemplos, como a moderna legislação sobre o trânsito e expedientes usados por muitos motoristas para burlá-las.

Também os auxilie a compreender a diferença entre normas que protegem segmentos específicos (filas exclusivas para gestantes, idosos e pessoas com necessidades especiais, por exemplo) e esquemas que contrariam as normas universais (furar fila). A interpretação delas no Brasil é complexa por causa da combinação dessas duas lógicas, e não porque prevaleça uma sobre a outra.



2. “A casa e a rua” são categorias que se prestam a uma leitura da sociedade brasileira porque “casa” e “rua” não se referem simplesmente a espaços geográficos ou coisas físicas. São noções que exprimem valores morais e representam espaços de ação social. A casa define tanto um espaço íntimo e privativo de uma pessoa como um espaço máximo e absolutamente público, como ocorre quando nos referimos ao Brasil como nossa casa.
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A rua é vista como o lugar do impessoal, do isolamento e do desumano. É o espaço da malandragem e do perigo, daquilo que não tem dono (na rua se pode fazer tudo e de qualquer forma). Estar em casa ou na rua envolve mudanças de atitudes, gestos, roupas, assuntos e até de papéis sociais. É muito comum que mesmo o sujeito que faz questão de manter sua casa limpa e organizada se sinta à vontade para jogar lixo na calçada. Para muitos brasileiros, atitudes como essa não são vistas como contraditórias. É por isso que o código da casa (pessoal e hierarquizante) e o código da rua (individualista e igualitário) são percebidos por nós como lógicas diferentes, mas nem por isso exclusivas ou hegemônicas.



De olho no Enem

1. A atividade menciona três cientistas sociais brasileiros, dois dos quais da primeira geração – Caio Prado Jr., Sérgio Buarque de Holanda (esses dois, juntamente com Gilberto Freyre, foram chamados por Antonio Candido os “demiurgos do Brasil”) e Celso Furtado (este influenciado por Caio Prado Jr. em sua discussão sobre a economia dependente do Brasil). A questão envolve uma atenta interpretação do texto para perceber que os três, segundo a descrição de R. Schwarz, operam com a ideia de que o Brasil é promessa de um “vir a ser” – no imaginário popular, um “país do futuro”.

2. O fragmento do livro Raízes do Brasil, de Sérgio B. de Holanda, um dos intérpretes do país estudado nesse capítulo, mostra que o traço marcante da vida pública brasileira estava assentado na penetração dos interesses privados. O que evidencia que os vínculos privados eram os mais decisivos no texto é o trecho: “As agregações e relações pessoais, [...] as lutas entre facções, entre famílias, entre regionalismos, faziam dela [sociedade brasileira] um todo incoerente e amorfo”.

Assimilando conceitos

Segundo Roberto DaMatta, o jeitinho é um modo pacífico de contornar o anonimato da lei e situações universalizantes, como a burocracia. A charge mostra alguém se beneficiando de um direito que não lhe diz respeito – passar-se por mulher grávida para ter atendimento preferencial. A situação ironizada beira a fraude, mas o “jeitinho” estaria na inventividade e na “conversa” (lábia) para convencer o outro da pertinência da situação.



Olhares sobre a sociedade

1. O objetivo dessa atividade é contribuir para que os alunos percebam a diversidade de leituras possíveis sobre o Brasil, exercitar a reflexão, a crítica, a argumentação e a síntese de ideias. Ao final do trabalho em grupo, proponha à turma um debate. É importante ter em mente que esse exercício pode melhorar a capacidade argumentativa deles fundamentada no discurso científico. Tome como critérios para a percepção do desenvolvimento dos alunos a capacidade de avaliar a informação; as justificativas empregadas e a capacidade de relacionar dados e chegar a conclusões.

Exercitando a imaginação sociológica

A ideia de “brasilianização” de regiões do mundo vista por seu lado negativo remete às diversas imagens do Brasil, como a de “Belíndia” e da falta de seriedade das instituições e do povo brasileiro (ver a seção Olhares sobre a sociedade). Por sua vez, as reações dos que veem positivamente a “brasilianização” no exterior também partem de ideias que foram forjando-se no país desde o início do século XX: a mestiçagem, a hibridez e a capacidade de assimilar as diferenças são características da sociedade brasileira que favorecem o convívio democrático, sendo exemplares para um mundo cada vez mais segregador. Um exemplo dessa visão foi apresentado na Leitura complementar do capítulo inicial, Que país é este?, da Parte III (“O destino nacional”, de Darcy Ribeiro).

O ponto central é contribuir para que os alunos reflitam se essas duas abordagens são excludentes e o que é possível fazer para não neutralizar os elementos integradores da cultura brasileira por meio de uma experiência segregadora no campo socioeconômico. Nesse sentido, seria interessante estimulá-los a produzir um texto reflexivo e também propositivo, ou seja, no qual eles possam apontar caminhos para a superação desse “dilema brasileiro”.
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4ª Capa

ISBN 978-85-10-06156-8



1 Expressão latina que significa: “Tenha a coragem de saber, de aprender!”.


2 xelim − unidade de moeda equivalente a 12 pence


3 Não inclui religião não declarada e não determinada. Fonte: IBGE, censos demográficos.


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