Geografia Espaço e identidade Levon Boligian, Andressa Alves 2 Componente curricular Geografia



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. Acesso em: 16 jan. 2016.

Boa parte do processo de emancipação desses municípios e, consequentemente, de muitos desses centros urbanos ocorreu à medida que as fronteiras econômicas ou agrícolas se expandiram em direção à porção ocidental do país. A primeira frente pioneira (como são chamadas historicamente as fronteiras econômicas agrícolas) do século XX foi a que se expandiu para o interior paulista e paranaense nas décadas de 1940 e 1950. Entre as décadas de 1950 e 1960, as frentes desbravaram o interior dos estados do Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso). Durante a década de 1970 e o início da década de 1980, elas chegaram à Região Norte do país (veja o mapa acima).

As fronteiras agrícolas do Norte e do Centro-Oeste atraíram milhões de pessoas, principalmente migrantes oriundos do interior das Regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Esses migrantes eram, em sua maioria, lavradores à procura de trabalho nas novas áreas de cultivo e de criação que se abriam, já que, em muitos casos, haviam sido expropriados de suas terras nas regiões de origem. Os chamados posseiros se apropriaram de terras devolutas, ainda encobertas de florestas e cerrados, formaram pequenas e médias propriedades e desenvolveram o cultivo de produtos alimentares por meio da mão de obra familiar.
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Na maioria das vezes, após o assentamento dos lavradores migrantes, as fronteiras agrícolas passaram a assistir também à chegada de grandes fazendeiros e de empresários, que adquiriam extensas áreas de terras, desencadeando um intenso processo de concentração fundiária nessas regiões. Os maiores índices de concentração fundiária se referem às fronteiras agrícolas do Norte e do Centro-Oeste, em razão da instalação de grandes estabelecimentos rurais dedicados à extração madeireira, à mineração, à produção pecuária bovina ou à monocultura de produtos de exportação, como milho, algodão e soja (veja o texto do quadro a seguir). Esse processo de ocupação das terras prejudicou os pequenos lavradores estabelecidos na região, muitos dos quais têm sido expulsos de suas terras por grileiros.



Grileiro: pessoa que busca se apossar de propriedade alheia por meio da utilização de falsas escrituras de propriedade.

Além da grilagem de terras, o avanço do agronegócio tem levado à dispensa da mão de obra empregada nas grandes fazendas, devido aos investimentos em mecanização das lavouras. Como consequência desses processos, o êxodo rural aumenta, o que explica, em grande parte, a elevação das taxas de urbanização dessas regiões nas últimas décadas, sobretudo com o incremento populacional das áreas urbanas das capitais estaduais e dos centros regionais.

O grão que conquistou o Brasil

A partir da década de 1970, a soja tornou-se uma das commodities mais valorizadas no mercado mundial de produtos agropecuários. Para introduzi-la no Brasil, e produzi-la em larga escala, foi criado em 1975 o Centro Nacional da Pesquisa da Soja, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O principal objetivo era dominar a tecnologia para desenvolver variedades de sementes desse grão adaptadas às condições ambientais de nosso país, sobretudo no que dizia respeito ao clima e aos solos.

Dessa forma, os trabalhos da Embrapa permitiram que ainda no final da década de 1970 áreas do Cerrado pudessem ser ocupadas com a soja, impulsionando o avanço das fronteiras agrícolas em direção às regiões Centro-Oeste e Norte do país.

Na década de 1980 as plantações de soja chegaram ao oeste da Bahia, e nos primeiros anos da década de 1990 a leguminosa já era plantada em fazendas no sul do Maranhão e no Piauí. Atualmente, também existem extensas áreas com essa monocultura em Rondônia, Acre, Tocantins e Roraima. Em todas essas áreas onde a cultura da soja foi sendo introduzida, as cidades cresceram e municípios se emanciparam, aumentando ainda mais a ocupação do território nacional.

Esse é o caso de Sorriso, município do estado do Mato Grosso que conta atualmente com cerca de 70 mil habitantes. Com menos de três décadas de existência, Sorriso surgiu em virtude da expansão da fronteira agrícola em direção à Região Norte durante a década de 1980, a princípio em razão da atividade madeireira e, mais recentemente, do desenvolvimento da cultura da soja, sendo hoje em dia o município que, proporcionalmente, mais produz esse grão no país.

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Mario Friedlander/Pulsar Imagens

Vista aérea do município de Sorriso, (MT), 2013.

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Mapa: ©DAE/Allmaps

Fonte: IBGE Mapas. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2016.
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Desconcentração industrial e crescimento das cidades médias no Brasil

Após um período de intenso crescimento populacional dos grandes centros urbanos e do aumento do número de cidades, o processo de urbanização brasileiro vem se alterando. Nos últimos anos tem ocorrido o crescimento das cidades de porte médio, com populações entre 100 e 500 mil habitantes, localizadas em grande parte no interior do país.

Na década de 1940, existiam no Brasil dez cidades consideradas de porte médio. Em 2015, esse número tinha subido para 263. Veja a tabela abaixo.



Porte das cidades

Número de cidades – décadas

1940

1950

1960

1970

1980

1991

2000

2010

2015

Entre 100 e 200 mil hab.

6

4

18

38

56

78

114

121

157

Entre 200 e 500 mil hab.

4

5

6

15

32

45

78

93

106

Mais de 500 mil hab.

2

3

4

8

13

22

30

22

24

Mais de 1 milhão de hab.

2

2

2

5

8

9

13

14

17

Fontes: SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001; IBGE. Estimativas da população/Sidra. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2016.

Segundo os últimos levantamentos censitários do IBGE, atualmente as cidades de porte médio são as que apresentam as maiores taxas de urbanização.

As pequenas cidades foram as que menos cresceram nas últimas décadas, havendo até centenas de casos em que a população diminuiu. De acordo com dados do censo 2010, aproximadamente 60% dos municípios brasileiros tiveram sua população reduzida durante a década de 2000.

A tendência atual de crescimento acelerado das cidades médias está relacionada principalmente ao fenômeno de interiorização do crescimento econômico do país, promovido, como vimos, pelo avanço das fronteiras agrícolas e também pela desconcentração da atividade industrial.

Os avanços tecnológicos alcançados nas últimas décadas, principalmente nos transportes e nas telecomunicações, relativizaram a importância histórica de certos fatores referentes à localização das atividades fabris, sobretudo a necessidade de tais atividades estarem próximas aos grandes centros consumidores. Tal fato tem levado muitas empresas a se instalar em cidades do interior, que oferecem vantagens como o custo da terra mais baixo, sindicatos de trabalhadores mais complacentes, menos problemas de infraestrutura urbana e, no caso das regiões de fronteira agrícola, para muitas agroindústrias, a proximidade das fontes de matérias-primas. Nesse sentido, as metrópoles vêm perdendo o poder que tinham, até algumas décadas atrás, de atrair investimentos de capitais produtivos e grandes fluxos migratórios.
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É importante ressaltar que metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, continuam a centralizar as decisões, especialmente as de ordem econômica, já que ainda abrigam as sedes de grandes empresas nacionais e estrangeiras. Em contrapartida, a maioria das cidades médias tornou-se centro de convergência populacional, recebendo migrantes oriundos principalmente das pequenas cidades de seu entorno, o que caracterizou um importante fluxo migratório do tipo cidade-cidade em todas as regiões do país.



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Mapa: ©DAE/Allmaps

Fontes: SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2001; IBGE. IBGE teen/Sidra. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2016.
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Rede urbana brasileira

De acordo com o que estudamos, o vertiginoso processo de urbanização pelo qual o Brasil passou deu origem, em poucas décadas, a metrópoles, cidades médias e milhares de pequenas cidades. Todos esses centros urbanos espalhados pelo país passaram a ordenar os fluxos de pessoas, mercadorias, informações e capitais no interior do território brasileiro, configurando uma complexa rede geográfica de cidades que denominamos rede urbana.

De acordo com estudos recentes, há no Brasil 190 cidades principais, que estruturam essa grande rede urbana. Juntas, essas cidades reúnem quase 60% da população do país (cerca de 114 milhões de pessoas), ainda que representem apenas 3% dos municípios brasileiros.

Entre essas 190 cidades, existe uma hierarquia que se estabelece de acordo com uma série de características urbanas, como o nível de centralização de decisões políticas e empresariais, a diversificação das atividades econômicas e a área de influência nacional ou regional. Com base nessas características, atualmente o IBGE estrutura a hierarquia da rede urbana brasileira da seguinte forma:

Grande metrópole nacional: cidade de São Paulo. Com 12 milhões de habitantes, encontra-se no ápice da hierarquia, conectando a rede urbana de nosso país à rede de metrópoles mundiais. Exerce forte influência econômica sobre todo o território nacional e concentra a maioria das sedes de grandes empresas nacionais e estrangeiras. Além disso, interfere em importantes aspectos da vida cultural, científica e social do país.

Metrópoles nacionais: Rio de Janeiro e Brasília. Na hierarquia urbana de nosso país, essas cidades estão abaixo apenas da grande metrópole nacional. Com 6,5 milhões de habitantes, o Rio de Janeiro exerce forte influência econômica e cultural. Já Brasília, com 3 milhões de habitantes, exerce importante influência administrativa e de gestão pública em nível nacional.

Metrópoles: encontram-se em um segundo nível da hierarquia urbana nacional. São cidades cuja população varia de 1,6 a 5,1 milhões de habitantes. Essas cidades têm economia diversificada e abrigam a sede de importantes empresas e órgãos públicos. Sua influência, contudo, é menor que a das metrópoles nacionais.

Capitais regionais: cidades que abrigam° entre 250 mil e 955 mil habitantes e exercem forte influência regional. Reúnem estrutura diversificada de comércio, serviços e indústrias.

Centros sub-regionais: centros urbanos que abrigam entre 71 mil e 195 mil habitantes e exercem forte influência sobre os municípios em seu entorno.

Centros de zona: são pequenas cidades, em geral, com 60 mil habitantes ou menos, com influência restrita a sua área imediata (essa categoria não está incluída no mapa que segue).

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Fonte: IBGE. Regiões de influência das cidades 2007. Disponível em: . Acesso em: 16 jan. 2016.

Mapa: ©DAE/Allmaps

Professor, utilizando um mapa-múndi, auxilie os alunos a comparar a hierarquia da rede urbana brasileira com a rede mundial de cidades globais e de megacidades.


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Culturas em foco

Música sertaneja: gênero do campo ou da cidade?

Durante um século, o gênero sofreu diversas modificações e absorveu influências que o transformaram na música pop do país.

Desde o primeiro registro, há mais de um século, a música sertaneja não parou de se reinventar. Muitas duplas se dividiram em carreiras solo, a viola recebeu o acompanhamento da bateria e do contrabaixo elétrico e as letras, que antes contavam histórias do campo, foram substituídas por canções que falam de dramas amorosos e de festas regadas a bebidas.

Conhecida como “música caipira” na primeira metade do século 20, o gênero originário do interior de São Paulo se transformou em “música sertaneja” e, atualmente, faz sucesso com os cantores do “sertanejo universitário”.

Difundindo a música caipira

No início, a música capiria utilizava um instrumental baseado no choro, com a viola e o violão já em destaque. As canções tinham até 30 minutos e contavam histórias que transmitiam valores como heroísmo, vingança e justiça. Assim, os passamentos do povo caipira não se perdiam. “O caipira talvez seja o único camponês do Brasil que tem a sua história conhecida por muito”, afirma Vilela.

Gravadas, as músicas sofrem uma enorme redução: para cerca de quatro minutos. Com a radiodifusão, a música caipira se espalha pelo estado de São Paulo e conquista jovens do interior e da capital. Raul Torres, que fazia sucesso com emboladas, entrega-se à música caipira e grava Cabloca Tereza. Até hoje ele é considerado um dos grandes cantores e compositores do gênero.

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Copacabana



Duplas ao som da viola

A partir dos anos 1940, jovens do interior passam a tocar a música capiria difundida na capital. Eles padronizam o gênero com a viola e o violão. Surge um novo estilo de sertanejo, mais próximo do gosto caipira. As duplas, geralmente, são compostas por irmãos. Ambas as vozes cantam em dueto o tempo todo e não apenas no refrão. O resultado é patente: a sonoridade fica mais inteira e coesa.

Nessa época, surge uma das maiores duplas da história da música sertaneja: Tonico e Tinoco. Eles começam a cantar em Botucatu, no interior de São Paulo. Ao longo de 60 anos de carreira, fazem cerca de 40 mil apresentações e vendem mais de 150 milhões de cópias.

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Continental



O pagode caipira

No final dos anos 1950, surge um dos maiores ícones da viola, Tião Carreiro. Nascido no norte de Minas Gerais, ele sofre influências do melodismo nordestino e introduz um novo estilo na música sertaneja.

O chamado “pagode caipira”, criado a partir de uma fusão entre o cururu e o recortado (um tipo mais sofisticado do cateretê), abandona a narrativa linear e adota letras mais soltas. Tião Carreiro e Pardinho gravam o Pagode do Ala.

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Continental



Sertanejo romântico

Léo Canhoto e Robertinho estreiam um novo estilo caipira – a música sertaneja romântica – com a canção Apartamento 37. Com o êxodo rural, os jovens têm um choque de cultura ao chegar a São Paulo. A educação tradicional de casa bate de frente com novos costumes da capital. O mercado fonográfico percebe essa mudança e investe no novo sertanejo.

Com sucesso da Jovem Guarda, nos anos 1960, o sertanejo adota algumas bases do rock: instrumentos elétricos começam a ser usados, como guitarra, bateria, teclado e contrabaixo elétrico. O visual dos cantores também muda. Se antes eles se vestiam como homens do campo, agora se espelham no cowboy estadunidense. Aliás, o country dos Estados Unidos também influencia essa nova fase.



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RGE
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Conquista do mercado

Chitãozinho e Xororó eram originalmente uma dupla caipira. Suas canções se baseavam no sertanejo tradicional, como em Caboclo na cidade. No início da década de 1980, porém, os irmãos decidem mudar o visual e o ritmo.

Com a canção Fio de cabelo, eles conquistam um enorme sucesso, fazendo explodir o sertanejo romântico. As letras sobre o campo são substituídas por histórias que, geralmente, falam de amor.

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Copacabana



Sertanejo ganha o Brasil

Enquanto alguns cantores continuam investindo na música e nos valores caipiras, as duplas do sertanejo romântico refletem as estratégias do mercado fonográfico. É o caso de Leandro & Leonardo (Pense em mim), João Paulo & Daniel (Estou apaixonado) e Zezé di Camargo e Luciano (É o amor).

Empurrado por esse mercado, o sertanejo, antes restrito ao interior de São Paulo, Minas Gerais, Centro-Oeste e Paraná, agora começa a ganhar o Brasil.

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Copacabana



Sertanejo universitário

Seguindo um momento de crescimento econômico, em que os cursos universitários se expandem por praticamente todo o território nacional, e com uma base na música pop, o chamado sertanejo universitário mantém os mesmos instrumentos elétricos do sertanejo romântico, mas muda o tratamento sonoro. As letras se tornam mais coloquiais, sem abandonar a temática amorosa.

Em 2007, João Bosco e Vinícius gravam Falando sério mostrando que o sertanejo tinha condições de disputar com o mercado pop internacional.

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Universal Music



Dinheiro, mulheres e festas

As letras do novo sertanejo falam de festas, mulheres, sexo, amor e dinheiro. Esse mundo também reflete a mudança do homem do campo. Se antes ele era um camponês simples, agora, com a modernização, ele é representado pelos grandes empresários que dominam o campo, arrendando a terra para produzir em larga escala.

O carro, símbolo de ascensão social na Jovem Guarda, como em O Calhambeque, de Roberto Carlos, volta a ser tido como símbolo de status. A dupla Munhoz & Mariano faz sucesso com a música Camaro amarelo, seguindo a tendência de Israel Novaes com Vem ni mim Dodge Ram.

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Som Livre

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